Brasil
O que é o embargo dos EUA a Cuba e como ele afetou a economia da ilha
Para o governo do atual presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, o embargo é o responsável pelos protestos recentes, pela situação econômica do país
Com informações de Juan Pablo Elverdín
No dia 1° de janeiro de 1959, uma unidade do exército rebelde entrou em Havana, marcando o triunfo da Revolução Cubana liderada por Fidel Castro e a derrubada do ditador Fulgêncio Batista.
O fato aconteceu pouco mais de dois anos depois da chegada dos primeiros revolucionários a Cuba a bordo do iate Granma, que foi seguida pela luta armada na Sierra Maestra. O triunfo da revolução gerou confusão e expectativas em toda a região.
As relações entre o novo governo revolucionário e os Estados Unidos, porém, foram extremamente tensas desde o início. Elas se caracterizaram principalmente pelo embargo – ou bloqueio, como é chamado em Cuba. Para o governo do atual presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, o embargo é o responsável pelos protestos recentes, pela situação econômica e pela falta de liberdade no país.
Em declarações à televisão na segunda-feira (12), após os protestos, o presidente Diaz-Canel disse que já havia sido explicado à população que todos iam “entrar num período difícil, de dificuldades e carências econômicas” a partir de 2019, quando começaram a ser aplicadas as “medidas restritivas” e uma “política de sanções” no governo de Donald Trump.
Mas em que consiste exatamente esse embargo?
Em 1960, Cuba iniciou uma onda de nacionalizações que afetou os negócios norte-americanos na ilha em um valor de US$ 1 bilhão, incluindo terras e refinarias de açúcar.
No dia 1° de janeiro de 1959, uma unidade do exército rebelde entrou em Havana, marcando o triunfo da Revolução Cubana liderada por Fidel Castro e a derrubada do ditador Fulgêncio Batista.
O fato aconteceu pouco mais de dois anos depois da chegada dos primeiros revolucionários a Cuba a bordo do iate Granma, que foi seguida pela luta armada na Sierra Maestra. O triunfo da revolução gerou confusão e expectativas em toda a região.
As relações entre o novo governo revolucionário e os Estados Unidos, porém, foram extremamente tensas desde o início. Elas se caracterizaram principalmente pelo embargo – ou bloqueio, como é chamado em Cuba. Para o governo do atual presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, o embargo é o responsável pelos protestos recentes, pela situação econômica e pela falta de liberdade no país.
Em declarações à televisão na segunda-feira (12), após os protestos, o presidente Diaz-Canel disse que já havia sido explicado à população que todos iam “entrar num período difícil, de dificuldades e carências econômicas” a partir de 2019, quando começaram a ser aplicadas as “medidas restritivas” e uma “política de sanções” no governo de Donald Trump.
Mas em que consiste exatamente esse embargo?
Em 1960, Cuba iniciou uma onda de nacionalizações que afetou os negócios norte-americanos na ilha em um valor de US$ 1 bilhão, incluindo terras e refinarias de açúcar.
A longa história do embargo
Em fevereiro de 1962, o governo de John F. Kennedy ampliou o embargo, levando as restrições às importações cubanas. A justificativa foi a Lei de Assistência Externa (Foreign Assistance Act, ou FAA) aprovada pelo Congresso em 1961 e que permitia ao presidente impor essas medidas até que o governo cubano indenizasse os cidadãos norte-americanos pelas nacionalizações.
Esse embargo ainda está em vigor, embora nas últimas décadas tenha sido tanto estendido como parcialmente atenuado em diferentes ocasiões.
Durante o governo de Bill Clinton, a Lei da Democracia Cubana (1992) e a Lei de Solidariedade pela Liberdade e Democracia de Cuba (1996) reforçaram o embargo.
Conhecida também como Lei Helms-Burton, a determinação de 1996 nasceu com o objetivo principal de limitar as operações comerciais de outros países com Cuba e levou o embargo a novos níveis. Especificamente, ela impede que o embargo a Cuba seja suspenso sem autorização do Congresso dos EUA; exige o bloqueio obrigatório de vistos para pessoas que se beneficiam com bens confiscados por Cuba; e permite que norte-americanos nascidos em Cuba processem aqueles que confiscaram suas propriedades na ilha.
A lei foi aprovada em um momento de grande tensão entre Washington e Havana após o abate de dois aviões civis pertencentes ao grupo anti-Castro “Hermanos al rescate” pela Força Aérea Cubana, em 1996. Quatro pessoas morreram nos ataques, incluindo três cidadãos norte-americanos.
Durante a presidência de Barack Obama, as relações entre os Estados Unidos e Cuba melhoraram e surgiram medidas para amenizar a situação. As restrições às viagens foram suspensas, os voos comerciais entre os dois países foram retomados, algumas sanções foram relaxadas e Cuba foi retirada da lista dos países que apoiam o terrorismo. Em 2015, as relações diplomáticas foram retomadas com a reabertura da embaixada dos Estados Unidos em Havana.
Mas, após a posse de Donald Trump em 2017, muitas dessas mudanças foram revertidas, reforçando o embargo com sanções entre 2019 e 2021, restringindo novamente viagens e reposicionando Cuba na lista dos países que apoiam o terrorismo.
60 anos de embargo e debate
O embargo dos Estados Unidos a Cuba já dura quase 60 anos e gerou intenso debate desde sua implementação.
“O embargo como tal acabou sendo um terceiro embargo, que é bastante poroso. Mesmo antes da Lei Helms-Burton, era impossível garantir [o cumprimento das] partes extraterritoriais do embargo”, disse Eduardo Gamarra, professor de política internacional da Universidade Internacional da Flórida.
Como exemplo, ele explicou que “grande parte da onda turística em Cuba se deve ao investimento espanhol”. E continua: “Quando se analisa de perto o argumento de que o embargo causou problemas a Cuba, nota-se que essa linha de pensamento é falsa”.
“Cuba era uma economia totalmente subsidiada pela União Soviética até 1990. Quando esses subsídios acabaram, viu-se a verdadeira natureza do sistema, com monopólio estatal e pouca iniciativa privada, o que forçou o país a abrir no final dos anos 90”, analisou o professor Gamarra.
“Cuba era uma economia totalmente subsidiada pela União Soviética até 1990. Quando esses subsídios acabaram, viu-se a verdadeira natureza do sistema, com monopólio estatal e pouca iniciativa privada, o que forçou o país a abrir no final dos anos 90”
Eduardo Gamarra, professor da Universidade da Flórida
“O embargo tem sido a forma de justificar o fracasso da revolução. Muito do que está acontecendo agora é produto do acesso dos cubanos ao mundo por meio das comunicações”, completou.
Para Frank Calzón, cientista político cubano e ativista dos direitos humanos, “boa parte do que o governo cubano chama de bloqueio é mentira: os EUA vendem tudo o que precisam a Cuba, mas exigem que o pagamento seja em dinheiro. Ninguém mais acredita nas grandes mentiras do castrismo”.
Outro acadêmico a fazer coro é Sebastián Arcos, graduado em Relações Internacionais e vice-diretor do Instituto de Pesquisa Cubana da Universidade Internacional da Flórida, que diz que se trata de uma “narrativa oficial que já se arrasta há décadas”. “Os cubanos não acreditam mais nessa narrativa, é uma explicação simplista que não reflete a realidade”, afirmou.
Embargo, bloqueio ou cerco?
Por outro lado, para Arturo Lopez Levy, professor de relações internacionais da Universidade Holy Names, “é mais correto” falar de bloqueio ou cerco do que simplesmente de embargo.
“As sanções contra Cuba não são simplesmente uma restrição ao comércio. O governo dos Estados Unidos procurou gerar ‘fome e desespero’ na população para criar uma mudança de governo, conforme indica o memorando de Lester Mallory”, acrescentou, referindo-se ao documento para uso interno enviado em 6 de abril de 1960 pelo então Secretário de Estado Adjunto Lester Mallory a Roy Rubottom, Secretário de Estado Adjunto para Assuntos Interamericanos.
“O efeito em Cuba é que qualquer transação financeira custa muito mais do que o normal. Há bancos franceses, alemães, mexicanos e argentinos de todo o mundo que foram penalizados em bilhões de dólares por operações financeiras que não violam suas leis internas ou internacionais”, considerou.
Sobre os recentes protestos em Cuba, Lopez Levy disse que a pandemia e o golpe econômico que causou em Cuba foram “a gota d’água”.
“O resto do copo estava cheio de água por dois fatores: os erros de política econômica do governo cubano e os efeitos das sanções”, destacou. “As sanções tornaram quase incontrolável um problema difícil como a pandemia”.
Com quem Cuba está negociando?
De acordo com dados de 2019 do Observatório da Complexidade Econômica do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), a China é o principal destino das exportações cubanas (38,2%), seguida da Espanha (10,5%), Holanda (5,44%), Alemanha (5,37%) e Chipre (4,05%).
Na outra direção, Cuba obtém suas importações principalmente da Espanha (19,2%), China (15%), Itália (6,2%), Canadá (5,4%) e Rússia (5,39%), entre outros.
Algumas de suas principais exportações são fumo, açúcar, bebidas alcoólicas, níquel e zinco. Já as importações incluem carne de frango, trigo, milho e leite concentrado.
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Estatais federais têm rombo de R$6,7 bilhões em 2024, o maior em 20 anos
Este cenário ocorre apesar de um aumento na arrecadação federal, que atingiu R$ 2,7 trilhões em 2024, um crescimento de 9,6% em relação ao ano anterior
As empresas estatais federais brasileiras registraram um déficit de R$6,7 bilhões em 2024, o maior em 23 anos, conforme informações divulgadas pelo Banco Central nesta sexta-feira (31).
Este resultado negativo indica que as receitas dessas empresas foram insuficientes para cobrir suas despesas ao longo do ano. Até novembro de 2024, o déficit acumulado já alcançava R$6 bilhões, sinalizando uma tendência de deterioração nas contas das estatais.
Este cenário ocorre apesar de um aumento na arrecadação federal, que atingiu R$ 2,7 trilhões em 2024, um crescimento de 9,6% em relação ao ano anterior. Esse incremento foi impulsionado por elevações de impostos e pelo crescimento econômico.
O déficit das estatais federais levanta preocupações sobre a sustentabilidade fiscal e a eficiência operacional dessas empresas, especialmente em um contexto de aumento da arrecadação e desafios econômicos.
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Saiba como será a eleição de presidente da Câmara
Neste saído deputados federais escolhem a gestão para o Biênio 2025/2026
Agência Câmara
A Câmara dos Deputados vai eleger seu presidente e os integrantes da Mesa Diretora, na tarde deste sábado (1º de fevereiro). E divulgou nesta sexta-feira (31) os ritos e as normas do processo eleitoral em que deputados federais de todo o Brasil vão às urnas eleger os gestores da Casa, para o biênio 2025/26.
Roteiro da eleição da Mesa Diretora:
- 9h: fim do prazo para formalização dos blocos parlamentares
- 11h: reunião de líderes, para a definição dos blocos/partidos que ocuparão cada cargo da Mesa, conforme a proporcionalidade partidária
- 13h30: fim do prazo para registro de candidaturas
- 16h: início da sessão da eleição
Veja o roteiro da sessão:
- Abertura da sessão, com a leitura de eventuais atos de criação de blocos parlamentares e das candidaturas aos cargos da Mesa, com a respectiva situação (homologadas, retiradas ou indeferidas);
- Fala dos candidatos ao cargo de presidente da Câmara, por dez minutos, na ordem definida em sorteio;
- Fala do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira;
- Breve explicação sobre o procedimento de votação;
- Abertura do processo de votação;
- Encerramento do processo de votação;
- Apuração do resultado para o cargo de presidente da Câmara, que será proclamado imediatamente;
- Havendo segundo turno para o cargo de presidente, a votação será realizada antes da apuração do resultado para os demais cargos. Os candidatos poderão falar novamente, por dez minutos, e serão convocados por ordem alfabética;
- Assunção da Presidência pelo candidato eleito, que fará discurso, se desejar;
- Apuração do resultado para os demais cargos da Mesa Diretora;
- Havendo segundo turno para os demais cargos, este será realizado de imediato;
- Proclamação do resultado da eleição dos demais cargos, cujos eleitos serão convidados a compor a Mesa;
- Encerramento da Sessão.
Veja as regras:
- Para o cargo de presidente, serão admitidas candidaturas avulsas. Para os demais cargos da Mesa, seguindo as orientações das eleições anteriores, quando houver formação de bloco parlamentar, apenas serão admitidas candidaturas avulsas oriundas do mesmo Partido a que couber a vaga;
- O encaminhamento dos ofícios de constituição de blocos parlamentares ocorrerá exclusivamente por meio físico, conforme decisão da Presidência publicada em 3 de janeiro de 2023;
- O registro de candidaturas poderá ser feito na Secretaria-Geral da Mesa até as 13h30 de sábado, por meio do app lnfoleg Autenticador, ficando a homologação sob responsabilidade da Presidência;
- Os membros da Mesa e presidentes de Comissão não necessitam se desincompatibilizar previamente dos cargos que ocupam, sendo vedada a recondução para o mesmo cargo;
- A retirada de candidatura poderá ser feita até uma hora antes do início da Sessão Preparatória;
- Os nomes dos candidatos aparecerão nas urnas eletrônicas em ordem definida por sorteio a ser realizado às 14h30;
- Somente os candidatos ao cargo de presidente poderão fazer uso da palavra;
- A ordem dos nomes definida para as urnas eletrônicas será observada para a chamada dos candidatos que queiram fazer uso da palavra, dispondo cada um de dez minutos improrrogáveis. Os candidatos poderão se utilizar de quaisquer das tribunas para os seus pronunciamentos;
- Aquele que for chamado e não comparecer à tribuna perderá a possibilidade de fazer uso da palavra em momento posterior;
- Não serão permitidos apartes ou interpelações aos candidatos. Os microfones de apartes ficarão desligados;
- Nos termos do art. 7°, caput, do Regimento Interno, a eleição dos membros da Mesa será feita em votação por escrutínio secreto e por sistema eletrônico, sendo exigida maioria absoluta de votos, em primeiro escrutínio, e maioria simples, em segundo escrutínio, presente a maioria absoluta dos deputados;
- Havendo empate na segunda colocação em primeiro escrutínio, será considerado classificado para o segundo escrutínio o candidato mais idoso entre os de maior número de legislaturas;
- Se houver segundo escrutínio para o cargo de presidente, os dois candidatos mais votados terão novos dez minutos para reapresentar as suas propostas, sendo que a chamada, nesse caso, será pela ordem alfabética;
- Em caso de empate em segundo escrutínio, será considerado eleito o candidato mais idoso dentre os de maior número de Legislaturas. (Com Agência Câmara de Notícias)
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Alcolumbre voltará a presidir o Senado após eleição da Mesa neste sábado, veja a instalação das comissões e composições já definidas
À presidência do Congresso Nacional deverá ocorrer com placar de cerca de 70 dos 81 votos dos senadores neste sábado elevando o senador Alcolumbre mais uma vez à presidência do Congresso Nacional
O senador Davi Alcolumbre (União-AP) já é tratado como futuro presidente do Senado, que elegerá novos integrantes de sua Mesa Diretora na eleição marcada para as 10 horas deste sábado (1º). A volta do político amapaense ao comando do Senado e, consequentemente, à presidência do Congresso Nacional deverá ocorrer com placar de cerca de 70 dos 81 votos dos senadores.
Alcolumbre já sinalizou para integrantes do governo de Lula que deve redefinir correlação de forças na relação do Legislativo com o Executivo já na terça (4), com a instalação das Comissões do Senado. Cujas composições já foram definidas no acordo para a composição da favorita de Alcolumbre.
Com a maior bancada com 15 senadores, o PSD presidirá o colegiado mais poderoso do Senado, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O escolhido do partido para presidir esta mais importante comissão foi o senador Otto Alencar (PSD-BA), que é aliado de Lula e foi líder do governo no Senado, quando o titular Jaques Wagner (PT-BA) tirou licença. E a presidência da Comissão de Relações Exteriores também será do PSD, sob o comando do senador Nelsinho Trad (PSD-MS).
Na segunda maior bancada do Senado, 14 senadores PL ocuparão pastas estratégicas para os embates da direita com o governo de esquerda. A Comissão de Segurança Pública será presidida pelo senador Flavio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), rival de Lula. E o senador Marcos Rogério (PL-RO) presidirá a Comissão de Infraestrutura. Postos conquistados pela articulação do ex-chefe do Planalto para compor a chapa de Alcolumbre, recebendo “carta branca” para o PL atuar nas duas comissões que preside, ficando imunes a arquivamentos de requerimentos de informação ao governo e convite ou convocação de ministros.
O MDB usou a barganha de ter 11 senadores para instalar Renan Calheiros (MDB-AL) como presidente da Comissão de Assuntos Econômicos; e Marcelo Castro (MDB-PI), no comando da Comissão de Assuntos Sociais.
Os nove senadores do partido de Lula, garantiram Teresa Leitão (PT-PE) como presidente da Comissão de Educação. E deve emplacar o senador Fabiano Contarato (PT-ES) na Presidência da Comissão de Meio Ambiente, blindando a oposição de comandar o colegiado no ano da COP-30
O partido de Alcolumbre, União Brasil garantiu a Presidência da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo para a senadora Professora Dorinha Seabra (União-TO), graças ao bom relacionamento mantido pela tocantinense com o ministro Waldez Goes (PDT-AP).
A ex-ministra de Bolsonaro, senadora Damares Alves (REP-DF), predirá a Comissão de Direitos Humanos, no vácuo do protagonismo da esquerda no tema e após acusações de assédio terem derrubado o ex-ministro Sílvio Almeida.
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