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Terra indígena no Acre sofre com cooptação de jovens pelo PCC e CV

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Reportagem da Folha de São Paulo assinada pelos repórteres Vinicius Sassine e Lalo de Almeida, que contou com apoio do Amazon Rainforest Journalism Fund, em parceria com o Pulitzer Center, mostra que no interior do Acre jovens da etnia Jaminawa estão sendo cooptados pelas maiores facções criminosas de São Paulo e do Rio de Janeiro – o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV).

O cenário do grave problema é a terra indígena Jaminawa do Rio Caeté, que fica a cerca de 80 km da cidade de Sena Madureira, distância que equivale a três horas e meia de viagem de carro por uma estrada de terra acidentada, mesmo tempo gasto quando é possível fazer o trajeto por barco, na época da cheia.

De acordo com o que foi relatado por familiares à equipe do jornal, as facções cooptaram jovens jaminawas para atuar no tráfico de drogas, o que tem resultado em várias prisões. Foram oito recentemente. Por integrarem grupos rivais, eles não podem dividir celas, e os familiares têm de se organizar para visitas em dias distintos.

Nas aldeias, quando em liberdade, esses indígenas não se encontram mais. Em meio ao avanço das facções nos últimos cinco anos, os jaminawas estão jogados à própria sorte, numa terra indígena sem demarcação. Não há reconhecimento da ocupação, delimitação e acompanhamento consistente ou fiscalização contra invasores por órgãos como a Funai.

A reportagem diz que os indígenas vivem com medo das facções. Relatam ameaças, casas queimadas e trocas de tiros nos outros territórios onde há jaminawas em Sena Madureira, também sem demarcação – São Paulino e Caiapucá. O medo se estende às casas de palafitas nas franjas do município, mantidas pelos indígenas.

Um pai resume assim a realidade do filho preso na cidade, suspeito de envolvimento com uma facção: “Meu filho caçava, pescava, fazia roça na aldeia. Na cidade, fica desamparado. Ele quer voltar para cá”, afirma.

Abandono pela Funai

Aldeias da Jaminawa do Rio Caeté não têm energia, água potável e escolas – a escola da aldeia principal ruiu. Em espaços improvisados, o ensino só existe até o quarto ano do ensino fundamental.

O abandono ocorre apesar da existência de uma decisão da Justiça Federal que determinou à Funai a conclusão do relatório sobre a ocupação territorial feita pelos jaminawas, para fins de demarcação. A decisão foi proferida em dezembro de 2016. O prazo dado era de seis meses. Nada foi feito.

Documentos mostram que a Funai, no governo de Jair Bolsonaro (PL), só reconstituiu um grupo técnico, para elaboração do relatório, em fevereiro de 2022. Este é o início de um burocrático processo que pode culminar na demarcação.

A situação da terra Jaminawa do Rio Caeté evidencia as consequências da política de Bolsonaro de barrar toda e qualquer demarcação. A homologação deste processo passa pela caneta do presidente, que cumpriu a promessa e a renovou, em caso de reeleição: “Não terá um centímetro quadrado demarcado”.

A redução de demarcações é progressiva ao longo dos últimos mandatos presidenciais, mas Bolsonaro é o primeiro a zerar tanto as declarações de posse – atos que antecedem as homologações – quanto às demarcações definitivas, segundo consultas ao Diário Oficial da União e dados levantados por Cimi (Conselho Indigenista Missionário) e ISA (Instituto Socioambiental).

Decisões da Justiça Federal não são cumpridas

Em 2018, ano em que Bolsonaro foi eleito, havia 54 decisões determinando o avanço dos processos de demarcação, diante da histórica letargia da Funai. Na reta final do mandato, após recursos na Justiça, 20 processos seguem na fase de reivindicação; 30, em estudo; 3, em reestudo; e apenas 1 está em fase de declaração de posse.

O banco de dados da Funai registra 417 terras indígenas homologadas e regularizadas. Outras 235 têm processos em andamento, o que totaliza 652. Quando se incluem todas as reivindicações, o que é compilado ano a ano pelo Cimi, são 1.300 terras indígenas, o dobro do que é levado em conta pela Funai. Procurado, o órgão não respondeu aos questionamentos da reportagem da Folha.

A ausência quase total da Funai, com a consequente ampliação de frentes de vigilância pelos próprios indígenas, também é uma constante. A reportagem teve acesso a documentos de processos administrativos por meio da Lei de Acesso à Informação e consultou ações com decisões a favor das demarcações.

Na Jaminawa do Rio Caeté, os indígenas preservam a língua pano e pouco usam o português. Em cinco aldeias, em que antes existiam dois seringais, vivem 240 indígenas. Eles chegaram à terra em 1997, pelas mãos do Estado –mais especificamente por iniciativa da Funai–, depois de um histórico de mendicância em Rio Branco, a 140 quilômetros de Sena Madureira.

Peregrinação pela Amazônia

Antes da capital do Acre, os indígenas viviam em terras em Assis Brasil (AC), na fronteira com Peru e Bolívia. Segundo indigenistas que auxiliaram as famílias na busca por território, a origem do grupo está no Peru. Antepassados viviam pacificamente numa aldeia, até o aparecimento de “caucheiros peruanos” –seringueiros.

“Nasci num seringal, entre os rios Acre e Iaco”, diz Antônio Jaminawa, um dos pioneiros da terra. “No seringal, cortava, derrubava e carregava seringa. Aí mataram meu irmão, em briga de parente, e deixei o lugar. Era para ser eu, ele morreu por engano.”

A escolha do território, cujo suposto dono tinha dívidas com a União, deu-se porque jaminawas trabalharam para seringueiros do lugar, segundo Manoel Jaminawa, assistente de saúde indígena. Ele estava com Antônio na expedição de busca pela terra, em 1997. Tinha 19 anos. Famílias inteiras aguardavam o desfecho para prosseguir para a região.

Com aval da Funai, os jaminawas se instalaram. Lá, eles mantêm os hábitos de caça, pesca e cultivo de macaxeira e banana. As famílias reconquistaram uma convivência mais harmônica, que havia se perdido por uma sucessão de acontecimentos: a chegada dos caucheiros do Peru, o alcoolismo em aldeias brasileiras, a dependência de esmolas nas esquinas de Rio Branco.

A demarcação nunca saiu. A medida permitiria ações de fiscalização contra invasores. A terra é vizinha da reserva extrativista Cazumbá-Iracema, criada em 2002, cinco anos após a chegada dos jaminawas. A reserva é salpicada de propriedades rurais, onde se cria gado, e tem longas faixas de degradação.

A convivência entre os dois lados já foi conflituosa. Uma história repetida à exaustão é o assassinato de um indígena por um policial em Sena Madureira, durante disputa com um extrativista. As duas partes brigavam por terra. “Tem gente na reserva que não gosta de nós, não gosta de índio”, diz Antônio Pedro Jaminawa, que era sogro da vítima.

A corrida na Jaminawa do Rio Caeté, hoje, é pela inclusão da produção de banana e macaxeira no cardápio da merenda nas escolas estaduais e pela construção de escolas nas aldeias sem salas de aula e sem turmas a partir do quinto ano do ensino fundamental. O entendimento nas comunidades é o de que a demarcação as colocaria no mapa do Estado brasileiro.

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Polícia apreende armas e drogas após perseguição em área de mata no bairro Triângulo, em Rio Branco

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Suspeito fugiu ao avistar viatura durante patrulhamento; escopetas e mais de 100 porções de entorpecentes foram encontradas abandonadas

Durante patrulhamento de rotina na noite desta quinta-feira (31), policiais militares do 2º Batalhão apreenderam duas armas de fogo e uma grande quantidade de drogas no bairro Triângulo, em Rio Branco. A ação ocorreu após um homem, ainda não identificado, fugir por uma área de mata fechada ao perceber a aproximação da viatura.

De acordo com a guarnição, o suspeito caminhava pela Rua Maria de Lurdes quando demonstrou comportamento suspeito e entrou rapidamente em uma trilha. Os policiais seguiram o indivíduo a pé, mas ele conseguiu escapar pela vegetação densa. A perseguição foi interrompida por questões de segurança, e a equipe retornou ao ponto inicial para averiguações na área.

Durante as buscas, os agentes encontraram uma bolsa abandonada contendo duas escopetas desmuniciadas. Nas proximidades, também foi localizada uma sacola plástica com 66 trouxinhas de substância semelhante ao crack, 40 de skunk (tipo mais potente de maconha) e uma trouxinha maior com cerca de 45 gramas de um pó branco aparentando ser cocaína.

Todo o material apreendido foi levado à Segunda Regional da Polícia Civil para os procedimentos legais. A identidade do suspeito permanece desconhecida, e a Polícia Civil investiga o caso para localizar o responsável pelos entorpecentes e armamento.

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Ciclista fica ferido após colisão com carro na Estrada Jarbas Passarinho, em Rio Branco

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Acidente ocorreu próximo à rotatória do conjunto Ouricuri; vítima teve ferimentos no braço e dores no tórax, mas estado de saúde é estável

Um ciclista de 27 anos ficou ferido após colidir com um carro na noite desta quinta-feira (31), na estrada Jarbas Passarinho, próximo à rotatória do conjunto Ouricuri, na região alta de Rio Branco (AC). A vítima foi identificada como Luis Fernando Santos da Silva.

Segundo informações apuradas no local, Luis descia uma ladeira quando se chocou contra um veículo Citroën de cor cinza, que saía da Rua Uirapuru e acessava a rotatória no momento da colisão. O próprio ciclista relatou que o condutor do carro chegou a parar ao avistá-lo, mas, ao tentar desviar, ele perdeu o controle da bicicleta e bateu na lanterna traseira esquerda do automóvel.

Com o impacto, Luis caiu e sofreu ferimentos no antebraço direito, além de queixar-se de dores na região torácica. Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi acionada e prestou os primeiros socorros no local. O ciclista foi encaminhado ao Pronto-Socorro de Rio Branco, onde seu estado de saúde foi considerado estável.

O motorista do veículo permaneceu no local até a chegada das autoridades. Policiais do Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTRAN) isolaram a área e acionaram a perícia técnica. Após os procedimentos legais, o carro foi removido. A Polícia deve apurar as circunstâncias exatas do acidente.

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Discussão por ciúmes entre amigos termina em tentativa de homicídio com terçado em Rio Branco

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Homem de 41 anos sofreu cortes profundos após ser atacado por conhecido em bar no bairro Alto Alegre; agressor fugiu e está sendo procurado

Um desentendimento motivado por ciúmes entre dois amigos quase terminou em tragédia na noite desta quinta-feira (31), no bairro Alto Alegre, região alta de Rio Branco (AC). A vítima, Martines Santos da Costa, de 41 anos, foi atingida com golpes de terçado durante uma discussão com um conhecido identificado apenas como “Pipoca”.

Segundo relatos de familiares, os dois estavam consumindo bebida alcoólica em um bar localizado no final da Rua 7 de Setembro, quando começaram a discutir. A briga rapidamente saiu do controle e o suspeito, armado com um terçado, desferiu golpes contra Martines, que tentou se defender, mas foi atingido por cortes profundos.

Mesmo ferido, Martines conseguiu correr até sua residência, próxima ao local do ataque, onde pediu socorro à família. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi acionado e prestou os primeiros socorros no local, encaminhando a vítima ao Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (HUERB). Ele deu entrada no setor de traumatologia com um corte profundo de cerca de 20 centímetros na parte posterior do pescoço e outro menor no braço direito. Seu estado de saúde é considerado estável.

Até o fechamento desta matéria, nenhuma viatura da Polícia Militar havia comparecido ao local. A Polícia Civil deve investigar o caso para identificar e localizar o autor da tentativa de homicídio.

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