Duas comunidades rurais já sofrem com os efeitos da alagação do Rio Acre: as comunidades do Panorama e do Catuaba, na região do Belo Jardim. Essas comunidades também estão recebendo auxílio da Prefeitura de Rio Branco.
Acre
Mulher e filha de homem que morreu após ser agredido por PM em casa noturna ganham mais de R$ 120 mil na Justiça
Francisco Queiroz deve pagar R$ 120 mil de indenização por danos morais e estéticos, pensão vitalícia para a esposa e pensão alimentícia para a filha de Laércio Santos. Autônomo morreu em agosto deste ano após mais de um ano acamado. Ele foi agredido pelo PM dentro do Bar Tardezinha, em abril de 2022. Defesa do PM disse que vai recorrer.
Por Aline Nascimento, g1 AC — Rio Branco

Laércio Santos, antes e depois das agressões sofridas em um bar em Rio Branco — Foto: Arquivo pessoal
O 1º sargento da Polícia Militar Francisco Gomes Queiroz foi condenado a pagar indenização de R$ 120 mil, pensão vitalícia para a esposa e pensão alimentícia para a filha do autônomo Laércio Santos, que morreu no dia 20 de agosto após mais de um ano acamado por conta das agressões desferidas pelo PM dentro do Bar e Casa Noturna Tardezinha, em Rio Branco. O militar trabalhava como segurança na época do crime no estabelecimento.
Laércio Santos foi achado desacordado e com uma rachadura no crânio ao lado de fora da casa noturna. Após as agressões, ele passou a viver acamado, se alimentava por sonda, usava fraldas descartáveis, não falava, nem andava e dependia da ajuda dos familiares.
A família do autônomo entrou na Justiça contra o PM e a casa noturna pedindo indenização por danos morais e estéticos e pensão vitalícia. No último dia 29, a 2ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC) condenou o militar aos seguintes pagamentos:
- Danos morais – pagamento de R$ 30 mil para mulher de Laércio e R$ 30 mil para a filha de 13 anos;
- Danos estéticos – pagamento de R$ 30 mil para a mulher e R$ 30 mil para a filha;
- Pensão alimentícia – pagamento de 1/4 do salário mínimo pára filha de Laércio até ela completar 25 anos;
- Pensão vitalícia – pagamento de 1/4 do salário mínimo vigente para a mulher do autônomo
Conforme o advogado de defesa da família, Saulo Ribeiro, o Bar e Casa Noturna Tardezinha fez um acordo com em maio deste ano e se comprometeu a pagar indenização por danos morais no valor de R$ 150 mil em 30 parcelas de R$ 5 mil e também pensão para a mulher e filha de Laércio.
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Francisco Gomes Queiroz foi condenado pela Justiça — Foto: Arquivo pessoal
Contudo, até esta quinta-feira (14), os representantes do estabelecimento não pagaram nenhuma parcela do acordo e nem retornam os contatos. “O Tardezinha fez a proposta de acordo de pagar R$ 150 mil que seriam parceladas em 30 vezes no valor de R$ 5 mil mais uma pensão vitalícia de um salário mínimo durante audiência. Não pagaram sequer a primeira parcela, entramos em contato com eles, pedi uma execução fora a parte contra o Tardezinha”, acrescentou.
A reportagem não conseguiu contato com o advogado do estabelecimento.
Sobre a condenação do militar, o advogado disse que vai recorrer do valor determinado pela Justiça. “Pedi um valor bem maior e entendo que o juiz não se ateve de forma adequada em relação a todo contexto. Vamos entrar com recurso para majorar o valor”, destacou.
A defesa do PM confirmou que vai recorrer da sentença e buscar uma decisão mais justa às partes. “No entanto, neste momento, preferimos manter uma abordagem mais reservada em relação ao caso. É bem sensível a situação para todos”, resumiu o advogado Phillipe Uchôa.
‘Sofremos muito’
A mulher de Laércio Santos contou ao g1 que a família sobreviveu com doações dos amigos do marido após o crime. Ela destacou que os parentes sofreram cuidando do autônomo nos hospitais e vendo ele acamado também sofrendo.
A viúva do autônomo pediu para não ter o nome divulgado.
“Foi um ano e quatro meses de sofrimento. Agora que estou andando porque não estava andando, peguei uma anemia fortíssima de tanto cuidar dele, ainda estou doente. Além dele está sofrendo, eu sofri muito, a mãe dele e a filha dele. Foi muito sofrimento, não tem dinheiro no mundo que pague. A gente vivia de hospital em hospital cuidando dele porque não tínhamos condições financeiras para pagar uma pessoa pra ajudar. Comíamos porque recebemos doações dos amigos dele”, relembrou.
Ainda se recuperando dos problemas de saúde, a mulher diz que não pode trabalhar e ainda depende de doações. “Ficamos com muita dívidas. Peguei esgotamento físico e mental e faço tratamento com uma psicóloga. O sofrimento era tão grande em ver meu esposo em cima daquela cama que peguei uma depressão forte e não conseguia colocar o pé na rua”, lamentou.
Condenação
No dia 31 de janeiro deste ano, Francisco Gomes Queiroz foi condenado pela 3ª Vara Criminal da Comarca de Rio Branco a 3 anos de prisão, podendo ser cumprido no regime semiaberto.
“De acordo com os elementos de provas apurados no presente feito, restou devidamente confirmado que o acusado Francisco Gomes Queiroz causou lesões corporais de natureza gravíssima (incapacidade definitiva para o trabalho e perda definitiva da função neurológica) contra a vítima Laércio dos Santos, nos termos da exordial acusatória”, destaca a decisão assinada pelo juiz de direito Raimundo Nonato da Costa Maia.
A defesa do acusado, feita pelo advogado Matheus Moura, informou que está recorrendo da decisão e que o policial nega o delito.
“O processo criminal segue em andamento, entretanto, está na fase recursal perante a Câmara Criminal. No caso, estamos buscando sua absolvição, haja vista a negativa da autoria delitiva”, disse
No processo, o acusado chegou a dizer que não bateu em Laércio e que apenas ajudou alguns policiais que estavam tendo problemas com a segurança.
“Eu ajudei umas duas ou três vezes lá porque alguns policiais estavam tendo problemas com a segurança. Estava lá como cliente quando vi a confusão quando fui buscar um energético. Quando eu vi, ele já estava no chão e que não tinha mais ninguém tocando em ninguém. Perguntei para uma pessoa, que disse que um policial civil estava brigando com os seguranças, fui pegar a bebida no bar e quando virei, ele já estava no chão. Não consegui descobrir quem deu o murro nele, que eu nem cheguei a falar com o Laércio, que não sei porque os seguranças falaram isso de mim; que nunca imaginei que poderia ter sido acusado”, disse.
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Acre
Prefeitura de Rio Branco intensifica ações de emergência para famílias afetadas por fortes chuvas
Diante da situação crítica, a administração municipal, em conjunto com a Defesa Civil estadual, está concentrando esforços nos 19 bairros mais atingidos pelos alagamentos

O volume acumulado de água em razão das fortes chuvas, fez o nível do Rio Acre subir rapidamente e provocou o transbordamento de igarapés que cortam a cidade. Foto: captada
A Prefeitura de Rio Branco mobilizou, nas primeiras horas deste sábado (27), uma força-tarefa para atendimento às famílias afetadas pelas fortes chuvas registradas nas últimas 48 horas na capital.
O volume acumulado de água fez o nível do Rio Acre subir rapidamente e provocou o transbordamento de igarapés que cortam a cidade, atingindo diversas áreas urbanas. Diante da situação, o prefeito Tião Bocalom convocou uma reunião de emergência em seu gabinete, reunindo todos os secretários municipais para alinhar ações imediatas de resposta e assistência.
Logo após o encontro, o prefeito visitou a Escola Álvaro Vieira da Rocha, no bairro Conquista, onde 10 famílias — totalizando 36 pessoas — já estão abrigadas pela Defesa Civil Municipal e pela Secretaria de Assistência Social.
Tião Bocalom destacou o trabalho integrado das equipes municipais e reforçou que todas as providências vêm sendo adotadas desde o início das ocorrências.
“Não é com prazer, é com tristeza. Mas fazer o quê? Infelizmente, as chuvas chegaram e as inundações começaram a aparecer. Desde ontem, nossas equipes da Defesa Civil, apoiadas por todas as secretarias, estão em campo até duas horas da manhã para retirar famílias. Aqui nesta escola estão 10 famílias, 36 pessoas, e estamos tomando todas as providências possíveis. A prefeitura está fazendo a sua parte, como sempre fizemos, junto ao governo do Estado e à Defesa Civil. Tanto é que em 2021 ganhamos o prêmio de melhor acolhimento da Defesa Civil Nacional. Fazemos tudo com dor no coração, porque sabemos o quanto é difícil para as famílias, mas seguimos firmes para garantir apoio a quem mais precisa.” ressaltou o prefeito de Río Branco

Tião Bocalom destacou o trabalho integrado das equipes municipais e reforçou que todas as providências vêm sendo adotadas desde o início das ocorrências. Foto: capadas
Após visitar as famílias abrigadas, o gestor seguiu para o Parque de Exposições, onde equipes já iniciam a preparação para novas ações de acolhimento e prevenção, caso o nível das águas continue subindo.
A Prefeitura de Rio Branco segue monitorando a situação e reforça que está de prontidão para atender novas ocorrências decorrentes das chuvas.

A Prefeitura de Rio Branco segue monitorando a situação e reforça que está de prontidão para atender novas ocorrências decorrentes das chuvas. Foto: assessoria
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Acre
Com 40 bairros atingidos pela cheia do Rio Acre e enxurradas, Prefeitura de Rio Branco já abrigou mais de 70 famílias
Acre
Vídeo: Cheia do Rio Acre vira cenário de lazer para donos de jet-skis e lanchas em Rio Branco
Calçadão da Gameleira e bairro da Base reuniram banhistas, famílias e embarcações recreativas durante a tarde de domingo
A cheia do Rio Acre em Rio Branco, que tem causado transtornos a dezenas de famílias ribeirinhas, também acabou se transformando em cenário de lazer para proprietários de veículos aquáticos, como jet-skis e lanchas, que aproveitaram o nível elevado do rio para se divertir neste domingo.
As regiões da Gameleira e do bairro da Base concentraram a maior movimentação. Em meio à descida de balseiros e à água barrenta, diversos condutores colocaram suas embarcações na água para realizar passeios e manobras, atraindo a atenção de quem acompanhava tudo do calçadão.
No calçadão da Gameleira, centenas de pessoas — entre adultos, crianças e até animais de estimação — aproveitaram a tarde ensolarada para caminhar, socializar e observar a movimentação no rio, transformando o local em um ponto de encontro informal.
Apesar de algumas manobras consideradas arriscadas, não houve registro de acidentes envolvendo jet-skis ou lanchas ao longo do dia, segundo informações apuradas.
As autoridades, no entanto, reforçam o alerta para que os condutores mantenham cautela, especialmente durante o período de cheia, quando há aumento do fluxo de balseiros, troncos e outros obstáculos que podem representar riscos à navegação recreativa.























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