Acre
Custo das cestas básicas aumenta em Assis Brasil: Pesquisa feita por discentes da UFAC aponta impactos na vida dos trabalhadores
Em outubro de 2024, a cidade de Assis Brasil, localizada no Acre, registrou aumentos significativos no custo das cestas básicas alimentares e de limpeza doméstica, segundo uma pesquisa detalhada realizada por alunos do curso de Economia da Universidade Federal do Acre (UFAC). A pesquisa revelou que a cesta básica alimentar subiu 18,66% em comparação com setembro, enquanto a cesta de limpeza doméstica teve alta de 10,76%. Por outro lado, a cesta de higiene pessoal apresentou uma queda de 28,76%, refletindo a variação nos preços de produtos essenciais. A coleta de dados foi realizada em 10 estabelecimentos comerciais, incluindo mercados varejistas de diferentes portes, açougues e panificadoras, distribuídos em cinco bairros de Assis Brasil.
A pesquisa foi conduzida pelos alunos da UFAC como parte de um projeto de extensão que busca monitorar os preços dos itens de consumo essencial, promovendo maior transparência e conscientização sobre a economia local. Um dos responsáveis pelo estudo, João Sales de Moura Filho, discente de Economia da UFAC, comentou sobre a importância da pesquisa: “Nosso objetivo é fornecer dados atualizados para que a população compreenda como a inflação impacta diretamente o orçamento familiar. Esse aumento de quase 19% na cesta alimentar é expressivo e afeta diretamente as pessoas que vivem com o salário mínimo”.
Aumento no Custo dos Alimentos e Tempo de Trabalho Necessário
A cesta básica alimentar, que em setembro custava R$ 476,61, passou para R$ 489,63 em outubro, registrando um aumento de R$ 13,02. O estudo constatou que, dos 14 produtos monitorados, 8 apresentaram elevação nos preços. Entre os itens que mais influenciaram esse aumento, destacaram-se o tomate, com uma alta de 27,74%, seguido por manteiga (18,20%), café (5,92%) e carne (2,26%). Esses produtos são essenciais no dia a dia das famílias, e o impacto no preço compromete significativamente o orçamento.
De acordo com João Sales, o aumento do preço do tomate está relacionado a problemas de produção. “Observamos, com base no Resumo Executivo Prohort da Conab, que a alta do tomate ocorre devido ao esgotamento das áreas de colheita disponíveis, o que reduziu a oferta e pressionou o preço ao longo do mês”, explicou João.
Para adquirir os produtos da cesta básica alimentar, um trabalhador de Assis Brasil que ganha o salário mínimo precisou dedicar 76 horas e 17 minutos de trabalho em outubro, um acréscimo de 1 hora e 34 minutos em relação ao tempo necessário em setembro. “Essa elevação reflete como a inflação torna o custo de vida mais pesado para quem já vive com orçamento apertado”, pontuou João.
Custos de Limpeza e Higiene Pessoal: Impacto e Contradições
Os produtos de limpeza doméstica também registraram alta, fazendo com que o valor da cesta subisse para R$ 84,73. Produtos como inseticida (9,31%), vassoura piaçava (3,79%) e detergente (3,12%) foram os que mais contribuíram para o aumento. Para adquirir essa cesta, um trabalhador precisou de 13 horas e 12 minutos de trabalho, 19 minutos a mais do que em setembro.
Em contrapartida, a cesta de higiene pessoal apresentou uma redução de 28,76%, custando R$ 35,22 em outubro. Segundo a pesquisa, os itens que mais caíram de preço foram barbeador descartável (-17,29%), papel higiênico (-9,30%) e creme dental (-6,52%). João comentou sobre o comportamento dos preços: “A queda no custo dos produtos de higiene se deve, em parte, à sazonalidade e à oferta maior desses itens no mercado. No entanto, esse alívio no preço de higiene não compensa o impacto da alta nos alimentos e produtos de limpeza”.
Participação das Cestas no Salário e Comparação com Rio Branco
O estudo da UFAC também revelou o peso das três cestas básicas (alimentar, limpeza e higiene) no salário de um trabalhador que recebe um salário mínimo de R$ 1.412,00. Em outubro, as cestas consumiram 43,17% do salário bruto e, ao considerar o valor líquido após o desconto da Previdência Social, a participação subiu para 46,67%. João reforça que o peso das cestas no salário é preocupante: “Quando quase metade do salário é consumida por itens básicos, isso reduz a capacidade de consumo em outras áreas, comprometendo a qualidade de vida”.
A pesquisa comparou ainda o custo da cesta básica alimentar de Assis Brasil com a de Rio Branco, mostrando que a cesta de Assis Brasil ficou abaixo dos valores observados na capital. Enquanto em Assis Brasil a cesta alimentar custou R$ 489,63, em Rio Branco o valor foi de R$ 517,21. No entanto, alguns produtos essenciais, como banana e mandioca, apresentaram variações consideráveis entre as duas cidades, com a banana sendo 142% mais cara em Assis Brasil e a mandioca 45% mais cara, revelando a disparidade nos preços.
Tempo de Trabalho para Famílias e Perspectivas
Para uma família padrão de dois adultos e três crianças, o custo mensal das três cestas básicas em outubro chegou a R$ 2.133,52, representando um aumento de R$ 44,91 em comparação com setembro. Esse valor corresponde a 1,51 salários mínimos, o que exemplifica as dificuldades enfrentadas por famílias de baixa renda na região. Segundo a pesquisa, o custo médio de vida em Assis Brasil pressiona a população a buscar alternativas para equilibrar o orçamento.
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Acre
Família se revolta com possibilidade de soltura de homem suspeito de assassinar adolescente em Rio Branco
Leandro da Silva Rodrigues, de 37 anos, é acusado de cometer o feminicídio da adolescente Geovana Souza de Silva, de 16 anos, brutalmente assassinada a facadas na madrugada de sábado, 7, no bairro Areal, no Segundo Distrito.
Com Notícias da Hora
Apesar de estar sob custódia na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), a ausência de flagrante no momento da prisão gerou a possibilidade de sua soltura, o que tem causado revolta entre os familiares da vítima
O brutal assassinato de Geovana Souza da Silva, de 16 anos, ocorrido na madrugada do último sábado, 7, no bairro Areal, periferia de Rio Branco, deixou a comunidade em estado de choque e levantou debates sobre a fragilidade do sistema penal brasileiro.
A adolescente foi morta de forma violenta, e o principal suspeito do crime, Leandro da Silva Rodrigues, de 37 anos, foi capturado na noite deste domingo, 8, após uma operação do Segundo Batalhão da Polícia Militar.
Leandro, que já possui histórico criminal por furto e roubo, foi localizado no bairro Triângulo Novo, onde tentava fugir pelos telhados de uma residência. Antes do crime, ele havia rompido a tornozeleira eletrônica, dificultando sua localização.
Apesar de estar sob custódia na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), a ausência de flagrante no momento da prisão gerou a possibilidade de sua soltura, o que tem causado revolta entre os familiares da vítima.
A mãe de Geovana, visivelmente abalada, desabafou: “Minha filha foi tirada de nós de forma cruel. Agora, existe a chance de o responsável por isso voltar para as ruas? Onde está a justiça? Precisamos de leis mais duras para evitar que famílias passem pelo que estamos passando.”
Histórico de violência
Leandro já estava sob uma medida protetiva que o impedia de se aproximar de Geovana, devido a registros de agressões físicas e tentativas de homicídio contra ela. Além disso, ele acumulava passagens pela polícia por roubo e furto, tendo cumprido pena no Presídio Francisco de Oliveira Conde em pelo menos seis ocasiões.
Após ser detido, Leandro foi conduzido à Delegacia de Flagrantes (Defla) e, posteriormente, à Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam). Um mandado de prisão foi emitido, e ele deve passar por audiência de custódia nesta segunda-feira, 9.
Relembre o caso
A adolescente Geovana Souza de Silva, de 16 anos, foi morta a golpes de faca na madrugada do último sábado, 7, no cruzamento da Travessa Coral com a Rua Beija-Flor, no bairro Areal, Segundo Distrito de Rio Branco. Geovana, que estava grávida de dois meses, não resistiu aos ferimentos e morreu no local.
Segundo informações da Polícia Militar, a guarnição foi acionada via COPOM para atender a uma ocorrência de feminicídio. Ao chegarem ao local, os agentes encontraram Geovana caída no chão, com ferimentos provocados por arma branca.
O local foi isolado, e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi acionado. A médica plantonista, Dra. Denise Fontes, constatou o óbito da vítima.
De acordo com Lindaura Inácio de Souza, avó de Geovana, a jovem vivia nas ruas com um companheiro identificado como Leandro, apontado como autor do crime.
Testemunhas relataram que Leandro desferiu dois golpes de faca na adolescente: um nas costas, do lado esquerdo, e outro no peito, do lado direito. Ferida, Geovana tentou correr e pedir socorro, mas caiu e não resistiu.
O perito criminal Hewerton esteve no local e realizou os procedimentos necessários.
Após a perícia, o corpo da adolescente foi recolhido e encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para exames cadavéricos.
Veja vídeo:
A comoção tomou conta da comunidade, que tem manifestado apoio à família e exigido medidas enérgicas das autoridades. Organizações de direitos humanos e movimentos de proteção à mulher também demonstraram preocupação com o caso, destacando a necessidade de revisão no monitoramento de presos com tornozeleiras eletrônicas.
“Tirou a vida de uma criança de apenas 16 anos”, desabafa familiar de menor assassinada por ex-marido
Enquanto aguarda o parecer do Ministério Público e da Justiça sobre o caso, a família de Geovana reforça o apelo por justiça. “Não vamos descansar enquanto esse homem não pagar pelo que fez. Ele não pode ficar impune,” afirmou um dos tios da jovem.
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Acre
Ministério Público pede anulação do júri que absolveu policiais do BOPE
Policiais militares foram acusados por três homicídios e duas tentativas de homicídio. Recurso do MP deve ser julgado em 2025 pela Câmara Criminal
O Ministério Público do Acre (MPAC) anunciou que irá recorrer da decisão que absolveu os cinco policiais militares acusados de participação na morte de três pessoas e em duas tentativas de homicídio durante uma operação do Batalhão de Operações Especiais (BOPE), no bairro Preventório, em Rio Branco, no ano de 2018.
O anúncio foi feito pelo promotor Carlos Pescador, ainda durante a leitura da sentença, no domingo (8). Segundo o representante do MP, o veredicto dos jurados foi contrário às provas apresentadas ao longo do processo. “Eu respeito a decisão dos jurados, mas não concordo. Vamos recorrer à Câmara Criminal”, afirmou Pescador.
Os policiais militares Antônio de Jesus Batista e Alan Melo Martins foram denunciados pelas mortes de Maria Cauane Araújo da Silva, uma menina de apenas 11 anos, e de Gleiton Silva Borges, além de serem acusados por duas tentativas de homicídio. Já o capitão da reserva Josemar Barbosa de Farias e os policiais Wladimir Soares da Costa e Raimundo de Souza Costa foram denunciados pela morte de Edmilson Fernandes da Silva Sales, apontado como o principal alvo da operação policial.
O julgamento teve início na quarta-feira (4) e só foi encerrado na noite de domingo (8), após cinco dias de intensas discussões e depoimentos. O Tribunal do Júri da Comarca de Rio Branco foi presidido pelo juiz Robson Aleixo, e o caso ganhou grande repercussão por envolver a morte de uma criança de 11 anos.
Com o anúncio do recurso, o MPAC tentará anular a decisão e solicitar um novo julgamento. A previsão é que o recurso seja analisado pela Câmara Criminal no ano de 2025. Segundo o Ministério Público, o objetivo é reverter a absolvição e assegurar que a análise das provas seja reavaliada por um novo corpo de jurados.
A operação que resultou nas mortes ocorreu no ano de 2018, no bairro Preventório, conhecido por ser uma área de grande vulnerabilidade social. Desde o início, a ação policial foi cercada de polêmicas e questionamentos sobre a conduta dos agentes de segurança. Agora, com o recurso anunciado, o caso poderá ganhar novos desdobramentos nos próximos meses.
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STF retoma julgamento sobre regulamentação de redes sociais na quarta
Dias Toffoli foi o único a votar até o momento; próxima sessão terá o voto de Luiz Fux
O STF (Supremo Tribunal Federal) retoma nesta quarta-feira (11) o julgamento de ações que discutem a responsabilização das redes sociais no Brasil pelos conteúdos publicados por usuários. Essa será a quinta sessão da Corte para julgar o caso, e apenas o relator de uma das ações, o ministro Dias Toffoli, apresentou o voto.
O magistrado votou pela regulamentação das redes sociais e contra a constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet. O julgamento vai ser retomado com o voto do outro relator, ministro Luiz Fux.
No voto apresentado ao longo de três sessões, Toffoli defendeu que a responsabilização seja feita após a notificação pelo usuário ou representante legal, como diz o artigo 21, e não mediante ordem judicial específica, como diz o artigo 19. Dessa forma, as plataformas assumem o risco de responsabilização pelo conteúdo a partir do momento que forem notificadas, e não apenas depois de não cumprir a ordem judicial.
“Uma vez declarado inconstitucional o artigo 19, a regra geral passa a ser a notificação e análise, e então a plataforma retira ou não retira”, resume.
A outra ação analisada trata sobre a responsabilidade de provedores de aplicativos ou de ferramentas de internet pelo conteúdo gerado pelos usuários e a possibilidade de remoção de conteúdos que possam ofender direitos de personalidade, incitar o ódio ou difundir notícias fraudulentas a partir de notificação extrajudicial.
- crimes contra o estado democrático de direito;
- atos de terrorismo ou preparatórios de terrorismos;
- crime de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio e automutilação;
- crime de racismo;
- qualquer especie de violência contra a criança, adolescente ou vulneráveis de modo geral;
- qualquer espécie de violação contra a mulher;
- infração sanitária por deixar de executar, dificultar ou opor-se à execução de medidas sanitárias em situação de emergência em saúde pública de importância nacional;
- tráfico de pessoas;
- incitação ou ameaça da prática de violência física ou sexual;
- divulgação de fatos notoriamente inverídicos ou gravemente descontextualizados que levem à incitação a violência física, ameaça contra avida ou a atos de violência contra grupos ou membros de grupos socialmente vulneráveis;
“Provedores interferem de forma preponderante no fluxo informacional, devendo responder pelos respectivos atos. […] É verdade que nessas hipóteses, os conteúdos continuam sendo de terceiros, mas ao recomendá-los ou impulsioná-los a um número indefinido de usuários, o provedor acaba se tornando corresponsável pela sua difusão”, completa.
Ao fim do voto, o ministro fez um apelo para que os poderes Legislativo e Executivo elaborem e implementem, em 18 meses, uma política pública voltada ao enfrentamento da violência digital e desinformação.
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