Cotidiano
AC tem 17 municípios ameaçados de calor extremo por desmatamento e mudanças climáticas
Estudo mostra que 12,5 milhões de pessoas na região Amazônica estão sob risco de morte por calor até 2100
Dos 22 municípios que compõem o Acre, 17 deles estão ameaçados de calor extremo por desmatamento e mudanças climáticas. O dado faz parte de um estudo publicado pelos pesquisadores Beatriz Alves de Oliveira, da Fiocruz; Marcus Bottino e Paulo Nobre, ambos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe); e Carlos Nobre, do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA/USP).
De acordo com o levantamento, Tarauacá é o município mais afetado, seguido de Feijó, Manuel Urbano e outras 14 cidades que terão a temperatura aumentada e podem passar para o estado de Savana Amazônica. Sob condições ambientais desfavoráveis que incluem alta exposição à temperatura e umidade, as capacidades de resfriamento do corpo são enfraquecidas, resultando em aumento da temperatura corporal. A exposição sustentada a tais condições pode ocasionar desidratação e exaustão e, em casos mais graves, tensão e colapso das funções vitais, levando à morte. Além disso, o estresse causado pelo calor pode afetar o humor, os distúrbios mentais e reduzir o desempenho físico e psicológico das pessoas.
O ESTUDO
Segundo os resultados do estudo Desmatamento e mudanças climáticas projetam aumento do risco de estresse térmico na Amazônia Brasileira, existe um limite de desmatamento da Amazônia que impactará a sobrevivência da espécie humana. Esse limite é acompanhado por um “efeito extremo na saúde” que deixará, até 2100, aproximadamente 12 milhões de pessoas da região Norte do Brasil expostas ao risco extremo de estresse térmico, quando teremos atingido os limites de adaptação fisiológica do corpo humano devido ao desmatamento. Em outras palavras, não seremos capazes de manter nossa temperatura corporal sem adaptação.
“As condições extremas de calor induzidas pelo desmatamento podem ter efeitos negativos e significativamente duradouros na saúde humana. Precisamos entender globalmente que se o desmatamento continuar nas proporções atuais, os efeitos serão dramáticos para a civilização. Essas descobertas têm sérias implicações econômicas que vão além dos danos às lavouras de soja”, afirma Paulo Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE.
No Brasil, os efeitos combinados do desmatamento e das mudanças climáticas já estão sendo relatados com base em dados observacionais , com os valores de aquecimento mais extremos relatados em grandes áreas desmatadas de 2003 a 2018.
Nas modelagens climáticas realizadas pelos pesquisadores, a combinação de mudança no uso da terra e aquecimento global pode ampliar ainda mais os riscos ocupacionais. Além disso, fatores induzidos pelo homem responsáveis pela savanização da Amazônia, como aumento do número de incêndios florestais, bem como expansão de áreas agrícolas e atividades de mineração, tendem a impulsionar o crescimento desordenado e um processo de urbanização não planejado, com falta de infraestrutura sanitária básica e trabalho informal mais frequente. Esses fatores estão associados ao processo de desmatamento e ao aumento da desigualdade e da vulnerabilidade, que atuam em sinergia com os efeitos das mudanças climáticas, aumentando ainda mais a demanda por serviços de saúde e proteção social na região da Amazônia brasileira.
Os resultados do estudo mostram que os efeitos serão em escala regional, com os maiores impactos diretos na região Norte do país. Do total de 5.565 municípios brasileiros, 16% deles (30 milhões de pessoas) sofrerão impactos por estresse térmico com a savanização da Floresta Amazônica. Da população impactada, 42% residem em municípios da região Norte, que apresenta baixa capacidade de resiliência e alta vulnerabilidade social. Nesta região, aproximadamente, 12 milhões de pessoas poderão ser expostas ao risco extremo de estresse por calor até 2100. Com a savanização da Amazônia e as limitações na capacidade de adaptação da região Norte do Brasil, a população dessa região poderá viver em condições precárias de sobrevivência, impulsionando efeitos como a migração em massa, afirmam os autores.
Além disso, o aumento da exposição ao estresse térmico poderá impactar várias áreas da economia, com redução da produtividade do trabalho, uma vez que os trabalhadores estarão expostos a condições térmicas fatais. No Brasil, os trabalhadores que trabalham ao ar livre já estão expostos ao estresse térmico, e as projeções apontam para um aumento da exposição a alto risco nas próximas décadas. O aumento de 1,5° C na temperatura média global, com base nas projeções dos modelos climáticos dos pesquisadores, poderá representar 0,84% das perdas de jornada de trabalho até 2030, o equivalente a 850 mil empregos de tempo integral, principalmente nos setores agrícola e de construção civil – na agricultura, o alto risco associado ao trabalho intenso e à sobrecarga térmica já foi observado entre os cortadores de cana-de-açúcar.
Os pesquisadores enfatizam a necessidade urgente de medidas coordenadas para evitar efeitos negativos sobre as populações vulneráveis. “Os efeitos locais das mudanças no uso da terra estão diretamente ligados às políticas e estratégias de sustentabilidade das florestas, e as mudanças nessas áreas estão ao alcance da sociedade. Nessas áreas, o setor de saúde poderia ser um importante motivador na formulação de políticas integrativas para mitigar o risco de estresse térmico e a redução da vulnerabilidade social”, afirma Beatriz Oliveira, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Nas estimativas dos pesquisadores não foi considerado o crescimento populacional ou as mudanças na estrutura demográfica ou expectativa de vida. Assim, os resultados expostos no estudo refletem os efeitos isolados da mudança climática e da savanização e podem ser interpretados para representar os efeitos que seriam observados se a população atual fosse exposta às distribuições projetadas de estresse térmico. Já a vulnerabilidade da população exposta foi avaliada por meio do Índice de Vulnerabilidade Social (IVS) dos municípios brasileiros. Este índice é baseado em 16 indicadores que refletem fragilidades no sistema de saúde e educação (capital humano), infraestrutura urbana e renda e trabalho.
Municípios do Acre ameaçados
– Acrelândia
– Bujari
– Capixaba
– Cruzeiro do Sul
– Feijó
– Jordão
– Manoel Urbano
– Marechal Thaumaturgo
– Plácido de Castro
– Porto Walter
– Rio Branco
– Rodrigues Alves
– Santa Rosa do Purus
– Senador Guiomard
– Sena Madureira
– Tarauacá
– Porto Acre
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Casos de Covid-19 aumentam nas regiões Norte e Nordeste
A atualização destaca haver tendência de aumento dos casos de SRAG por covid-19 em nove estados, todos nas regiões Norte ou Nordeste: Acre, Amazonas, Pará, Amapá, Rondônia, Tocantins, Paraíba, Rio Grande do Norte e Sergipe
Pelo menos 287 pessoas morreram por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) causada por Covid-19 apenas neste mês de janeiro, no Brasil. O total de casos graves com diagnóstico confirmado da doença se aproxima de 900. Os dados são do Boletim Infogripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e se referem às notificações feitas ao Ministério da Saúde até o dia 25 de janeiro.
O termo síndrome respiratória aguda grave se refere ao agravamento de sintomas gripais com o comprometimento da função pulmonar. A maioria dos casos acontece após uma infecção viral. Por enquanto, quase 52% dos casos registrado este ano, com resultado positivo para algum vírus, foram provocados por Covid-19. Mas o coronavírus causou 78,7% das infecções que levaram a óbito.
Os dados dessa última atualização reforçam um alerta que já têm sido feito há algumas semanas sobre o aumento das infecções pelo coronavírus. O boletim, inclusive, considera a possibilidade de que uma nova variante mais transmissível possa estar se espalhando.
A atualização destaca haver tendência de aumento dos casos de SRAG por covid-19 em nove estados, todos nas regiões Norte ou Nordeste: Acre, Amazonas, Pará, Amapá, Rondônia, Tocantins, Paraíba, Rio Grande do Norte e Sergipe. A incidência de casos graves é maior entre as crianças pequenas e os idosos, e a mortalidade ocorre majoritariamente em idosos. Mas o levantamento alerta que no Amazonas e em Rondônia tem sido observado um aumento de SRAG também entre jovens e adultos.
De acordo com a pesquisadora Tatiana Portela, as recomendações de praxe permanecem: “Em caso de sintomas gripais, o ideal é ficar em casa em isolamento, evitando transmitir esse vírus para outras pessoas, mas, se não for possível fazer esse isolamento, o recomendado é sair de casa utilizando uma boa máscara. E claro, é muito importante que todas as pessoas estejam em dia com a vacinação contra a covid-19.”
O esquema atual de vacinação no Sistema Único de Saúde (SUS) preconiza duas ou três doses (a depender do imunizante) para todas as crianças de 6 meses a menos de 5 anos. Além disso, idosos e pessoas imunocomprometidas devem receber uma nova dose a cada seis meses. Já as grávidas devem receber uma dose durante a gestação, e as pessoas que fazem parte de algum grupo vulnerável, como indígenas e quilombolas e pessoas com deficiência ou comorbidade, devem tomar um reforço anual.
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Polícia faz duas apreensões de drogas e prende cinco pessoas em Tarauacá
Os três homens foram presos na ação, eles foram levados para a delegacia juntamente com todo o material apreendido, para os devidos procedimentos legais
Duas apreensões de drogas foram realizadas pela Polícia Militar nesta quinta-feira, 30, em Tarauacá e cinco pessoas foram presos, sendo quatro por tráfico. Uma indígena foi detida ao ser flagrado comprando droga.
A primeira apreensão aconteceu na rua Lauriete Borges, bairro Triângulo, quando a PM percebeu uma movimentação estranha em um estabelecimento comercial. Um homem que estava no local demonstrou nervosismo ao notar a presença policial e tentou se esconder nos fundos, onde foi flagrado escondendo entorpecentes.
No total, três homens foram presos na ação e admitiram estar envolvidos na venda de drogas há cerca de um ano na região. Eles foram levados para a delegacia juntamente com todo o material apreendido, para os devidos procedimentos legais.
Já na rua Benjamin Constant, a Polícia Militar, por meio do Serviço de Inteligência, prendeu em flagrante Rafael Vasconcelos de Melo, por tráfico de pedra de crack e oxidado. Segundo a PM, ele já tem diversas passagens por furtos, roubos e tráfico. Uma indígena que estaria comprando drogas do traficante também foi presa.
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