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Veja quais são as exigências de Putin para encerrar guerra na Ucrânia

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A Rússia também está disposta a entregar as pequenas partes das regiões de Kharkiv, Sumy e Dnipropetrovsk da Ucrânia que controla como parte de um possível acordo, disseram as fontes

Putin tem repetidamente levantado dúvidas sobre a legitimidade de Zelenskiy, já que seu mandato deveria expirar em maio de 2024. Foto: captada 

Revista: IstoÉ com Reuters

Vladimir Putin está exigindo que a Ucrânia desista de toda a região oriental de Donbas, renuncie às ambições de se juntar à Otan, permaneça neutra e mantenha as tropas ocidentais fora do país, disseram à Reuters três fontes familiarizadas com o pensamento de alto nível do Kremlin.

O presidente russo se encontrou com Donald Trump no Alasca na última sexta-feira para a primeira cúpula Rússia-EUA em mais de quatro anos e passou quase toda a reunião a portas fechadas de três horas discutindo como seria um acordo sobre a Ucrânia, de acordo com as fontes que pediram anonimato para discutir assuntos delicados.

Falando depois ao lado de Trump, Putin disse que a reunião abriria o caminho para a paz na Ucrânia — mas nenhum dos líderes deu detalhes sobre o que discutiram.

Na reportagem baseada em fontes russas mais detalhada até o momento sobre a oferta de Putin na cúpula, a Reuters conseguiu delinear os contornos do que o Kremlin gostaria de ver em um possível acordo de paz para acabar com uma guerra que matou e feriu centenas de milhares de pessoas.

Essencialmente, disseram as fontes russas, Putin fez concessões sobre as exigências territoriais que ele estabeleceu em junho de 2024, que exigiam que Kiev cedesse a totalidade das quatro províncias que Moscou reivindica como parte da Rússia: Donetsk e Luhansk no leste da Ucrânia — que formam o Donbas — além de Kherson e Zaporizhzhia no sul.

Kiev rejeitou esses termos como sendo equivalentes à rendição.

Em sua nova proposta, o presidente russo manteve sua exigência de que a Ucrânia se retire completamente das partes do Donbas que ainda controla, de acordo com as três fontes. Em troca, porém, Moscou interromperia as atuais linhas de frente em Zaporizhzhia e Kherson, acrescentaram.

A Rússia controla cerca de 88% do Donbas e 73% de Zaporizhzhia e Kherson, de acordo com estimativas dos EUA e dados de código aberto.

A Rússia também está disposta a entregar as pequenas partes das regiões de Kharkiv, Sumy e Dnipropetrovsk da Ucrânia que controla como parte de um possível acordo, disseram as fontes.

Putin também está mantendo suas exigências anteriores de que a Ucrânia desista de suas ambições na Otan e de uma promessa juridicamente vinculante da aliança militar liderada pelos EUA de que não se expandirá mais para o leste, bem como de limites para o Exército ucraniano e de um acordo de que nenhuma tropa ocidental será enviada para a Ucrânia como parte de uma força de manutenção da paz, disseram as fontes.

No entanto, os dois lados permanecem distantes, mais de três anos depois que Putin ordenou que milhares de soldados russos entrassem na Ucrânia em uma invasão em grande escala que se seguiu à anexação da península da Crimeia em 2014 e aos prolongados combates no leste do país entre separatistas apoiados pela Rússia e tropas ucranianas.

O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia não fez comentários imediatos sobre as propostas.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, rejeitou repetidamente a ideia de se retirar de terras ucranianas reconhecidas internacionalmente como parte de um acordo e disse que a região industrial de Donbas serve como uma fortaleza que impede os avanços russos em direção à Ucrânia.

“Se estivermos falando de simplesmente nos retirarmos do leste, não podemos fazer isso”, disse ele a repórteres em comentários divulgados por Kiev nesta quinta-feira. “É uma questão de sobrevivência do nosso país, envolvendo as linhas defensivas mais fortes.”

A adesão à Otan, por sua vez, é um objetivo estratégico consagrado na Constituição do país e que Kiev vê como sua garantia de segurança mais confiável. Zelenskiy disse que não cabe à Rússia decidir sobre a adesão à aliança.

A Casa Branca e a Otan não responderam imediatamente aos pedidos de comentários sobre as propostas russas.

O cientista político Samuel Charap, presidente do Departamento de Política da Rússia e Eurásia da RAND, um centro de estudos de política global sediado nos EUA, disse que qualquer exigência para que a Ucrânia se retire do Donbas continua sendo um obstáculo para Kiev, tanto política quanto estrategicamente.

“A abertura para a ‘paz’ em termos categoricamente inaceitáveis para o outro lado poderia ser mais uma performance para Trump do que um sinal de uma verdadeira disposição para o compromisso”, acrescentou. “A única maneira de testar essa proposição é iniciar um processo sério em nível de trabalho para acertar esses detalhes.”

Trump diz que Putin quer fim do conflito

Atualmente, as forças russas controlam um quinto da Ucrânia, uma área aproximadamente do tamanho do Estado norte-americano de Ohio, de acordo com estimativas dos EUA e mapas de código aberto.

As três fontes próximas ao Kremlin disseram que a reunião de cúpula na cidade de Anchorage, no Alasca, havia inaugurado a melhor chance de paz desde o início da guerra, porque houve discussões específicas sobre os termos da Rússia e Putin demonstrou disposição para ceder.

“Putin está pronto para a paz — para o compromisso. Essa é a mensagem que foi transmitida a Trump”, disse uma das pessoas.

As fontes advertiram que não estava claro para Moscou se a Ucrânia estaria preparada para ceder o restante do Donbas e que, se não o fizesse, a guerra continuaria. Também não estava claro se os Estados Unidos reconheceriam ou não o território ucraniano controlado pela Rússia, acrescentaram.

Uma quarta fonte disse que, embora as questões econômicas fossem secundárias para Putin, ele entendia a vulnerabilidade econômica da Rússia e a escala do esforço necessário para ir muito além na Ucrânia.

Trump disse que quer acabar com o “banho de sangue” da guerra e ser lembrado como um “presidente pacificador”. Ele disse na segunda-feira que havia começado a organizar uma reunião entre os líderes russo e ucraniano, a ser seguida por uma cúpula trilateral com o presidente dos EUA.

“Acredito que Vladimir Putin quer ver isso terminado”, disse Trump ao lado de Zelenskiy no Salão Oval. “Sinto-me confiante de que vamos resolver o problema.”

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse nesta quinta-feira que Putin estava preparado para se encontrar com Zelenskiy, mas que todas as questões tinham que ser resolvidas primeiro e que havia uma dúvida sobre a autoridade de Zelenskiy para assinar um acordo de paz.

Putin tem repetidamente levantado dúvidas sobre a legitimidade de Zelenskiy, já que seu mandato deveria expirar em maio de 2024, mas com a guerra nenhuma nova eleição presidencial foi realizada ainda. Kiev afirma que Zelenskiy continua sendo o presidente legítimo.

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Papa Leão XIV divulga nova orientação para sexo no casamento

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Papa Leão na FAO em Roma • 16/10/2025 REUTERS/Remo Casilli

Em um novo decreto assinado pelo papa Leão XIV, o Vaticano divulgou orientações para fiéis sobre a prática sexual no casamento, reconhecendo que o sexo não se limita apenas à procriação, mas contribui para “enriquecer e fortalecer” a “união exclusiva do matrimônio”.

A questão está intimamente ligada à finalidade unitiva da sexualidade, que não se limita a assegurar a procriação, mas contribui para enriquecer e fortalecer a união única e exclusiva e o sentimento de pertencimento mútuo.

O documento assinado pelo Dicastério para a Doutrina da Fé cita o Código de Direito Canônico e diz que uma visão integral da caridade conjugal é aquela que “não nega sua fecundidade”, ainda que deva “naturalmente permanecer aberta à comunicação de vida”.

O texto também prevê o conceito de consentimento livre” e “pertencimento mútuo”, assegurando a mesma dignidade e direitos ao casal.

“Um cônjuge é suficiente”

No decreto publicano em italiano, o Vaticano orientou 1,4 bilhão de católicos do mundo a buscarem o casamento com uma única pessoa para a vida toda e a não manterem relações sexuais múltiplas, estabelecendo que o casamento é um vínculo perpétuo e “exclusivo”.

Criticando a prática da poligamia na África, inclusive entre membros da Igreja, o decreto reiterou a crença de que o casamento é um compromisso para toda a vida entre um homem e uma mulher.

“Sobre a unidade do matrimônio – o matrimônio entendido, isto é, como uma união única e exclusiva entre um homem e uma mulher – encontra-se, ao contrário, um desenvolvimento de reflexão menos extenso do que sobre o tema da indissolubilidade, tanto no Magistério quanto nos manuais dedicados ao assunto”, diz o documento.

“Embora cada união conjugal seja uma realidade única, encarnada dentro das limitações humanas, todo matrimônio autêntico é uma unidade composta por duas pessoas, que requer uma relação tão íntima e abrangente que não pode ser compartilhada com outros”, enfatizou a Santa Sé.

 

Fonte: CNN

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PF afasta delegado e policial em operação contra esquema de ouro ilegal no Amapá

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Operação Cartucho de Midas apreende mais de R$ 1 milhão, € 25 mil e prende suspeito com arma restrita; movimentações acima de R$ 4,5 milhões reforçam indícios de lavagem de dinheiro.

Como resultado da ação, o delegado Charles Corrêa e o policial Daniel Lima das Neves foram afastados cautelarmente de suas funções. Em um dos endereços alvo, a PF apreendeu mais de R$ 1 milhão em espécie e cerca de € 25 mil. Uma pessoa foi presa em flagrante por posse de arma de uso restrito.

As investigações tiveram início após a identificação de movimentações bancárias suspeitas, incompatíveis com os rendimentos declarados pelos investigados. Segundo a PF, empresários e agentes públicos atuantes na região de fronteira estariam envolvidos na ocultação de recursos provenientes do comércio ilegal de ouro.

A corporação identificou ainda que joalherias de diversos estados transferiam valores para um posto de combustíveis em Oiapoque. O estabelecimento, por sua vez, repassava o dinheiro a um agente público local, reforçando os indícios de lavagem de capitais.

A PF também apurou movimentações superiores a R$ 4,5 milhões feitas por servidores públicos sem justificativa econômica. Para disfarçar a origem ilícita dos recursos, teriam sido usadas empresas de fachada.

Os investigados podem responder pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa e peculato — somadas, as penas ultrapassam 60 anos de prisão.

A operação contou com apoio da Corregedoria-Geral da Polícia Civil do Amapá no cumprimento das medidas judiciais.

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Roraima suspende novas licenças para extração de ouro após recomendação do MPF

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Medida vale por prazo indeterminado e ocorre diante do uso ilegal de mercúrio em garimpos, inclusive licenciados; Femarh terá de revisar autorizações já emitidas.

No mês de fevereiro deste ano, o Estado do Amazonas exportou US$ 11 milhões em ouro para a Alemanha. (Foto: Shuttestock)

 

Atendendo a uma recomendação do Ministério Público Federal (MPF), a Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Roraima (Femarh) suspendeu, por prazo indeterminado, a emissão de novas licenças ambientais para extração de ouro em todo o estado. A decisão decorre de um inquérito civil que apura os impactos socioambientais do uso de mercúrio no garimpo na Amazônia.

Segundo o MPF, o mercúrio — substância altamente tóxica — vem sendo empregado inclusive em garimpos com licença ambiental, sem fiscalização adequada sobre o método de beneficiamento do minério. O órgão ressalta que todo o mercúrio utilizado nessas atividades é ilegal, uma vez que o Ibama não autoriza sua importação para fins minerários.

A recomendação determina que a Femarh passe a exigir dos empreendimentos a especificação da técnica de separação do ouro e documentos que comprovem o uso de tecnologia apropriada. Também orienta a revisão das licenças já concedidas e a suspensão daquelas que mencionem o uso do metal tóxico.

Em nota, a Femarh informou que não autorizará novas atividades de extração enquanto não houver estudos técnicos que garantam métodos alternativos ao uso do mercúrio.

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