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Professores se transformam em “super-heróis” para levar conteúdos a escolas no interior da floresta

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Subindo os barrancos majestosos do rio Acre, que nesta época de verão lembram até falésias costeiras, de tão altos, um supertime de educadores impressiona mais pelos trajes que estão vestindo do que propriamente pela tarefa heroica a que se propuseram fazer: levar educação a moradores de um dos locais mais inóspitos da floresta, a comunidade ribeirinha do município de Porto Acre (a 80 quilômetros de Rio Branco), região que foi berço de batalhas épicas contra a Bolívia, comandadas pelo gaúcho José Plácido de Castro na sua bem-sucedida Revolução Acreana, a que nos deu origem.

Educadores de Porto Acre chegam à comunidade rural onde estão as escolas Santa Fé e Nossa Senhora Auxiliadora; esforço pela educação Foto: Mardilson Gomes/SEE

Em tempo de pandemia, a luta contra o coronavírus também é dos professores que compõem a rede pública de ensino rural da Secretaria de Estado de Educação e Cultura e Esportes (SEE), que, para atrair a atenção da meninada, não pensaram duas vezes em se vestir de heróis das revista em quadrinhos, e dos desenhos animados, para levar atividades escolares aos alunos das escolas rurais Santa Fé e Nossa Senhora Auxiliadora, a mais de duas horas de barco desde Porto Acre.

José Inácio de Souza, um dos estudantes da sétima série do ensino fundamental, com o pai, Senivaldo de Souza, posa para a foto com educadora trajada de Batgirl Foto: Mardilson Gomes/SEE

A ação aconteceu nesta semana que passou, e é uma forma recomendada pela SEE para que as comunidades rurais que não têm internet não fiquem com seus filhos sem aula por conta da pandemia, evitando também a perda do ano letivo de 2020.

Na escala dos super-heróis, ou melhor dizendo, na de professores heróis, estão Superman, Batman e Mulher Maravilha. Na retaguarda da força-tarefa da Educação figuram ainda Homem Aranha e duas Ladies Bugs. O Robin não pôde comparecer, talvez porque teve de cuidar da Batcaverna, mas enviou a sua companheira, a ‘Robina’. Neste grupo de super educadores também estão a Batgirl, a Supergirl e a Abelhinha. Bom, essa última aí não está nos gibis, mas está valendo também.

Estudante recebe o conteúdo ainda no barco, às margens do rio Acre, quando estava passando pela equipe no sentido contrário Foto: Mardilson Gomes/Secom

Segundo explica a diretora do Núcleo da SEE, Francileide de Souza, a missão de levar textos e exercícios aos estudantes das comunidades mais distantes evita que eles se dispersem dos estudos e comprometam o andamento dos trabalhos escolares, já duramente afetados pelos efeitos da infecção por Covid-19.

Garoto José Inácio de Souza, um dos estudantes da sétima série do ensino fundamental, com o pai, Senivaldo de Souza, no momento de assinar o recebimento das atividades Foto: Mardilson Gomes/SEE

“Eles já estavam há algum tempo parados, sem estudar. E isso não pode acontecer. A injeção de ânimo hoje é essencial. E viemos assim como uma forma lúdica, para lembrá-los de que estudar pode ser também divertido, que eles podem despertar neles próprios o super-herói que está adormecido”, assevera a educadora.

A escola de Ensino Fundamental e Médio Santa Fé é a maior delas. Localizada a 18 quilômetros de ramal, e mais duas horas de barco da cidade de Porto Acre, hoje atende a cerca de 600 estudantes, a maioria filho de produtores agroextrativistas da Colocação Santa Tereza, onde no século 18 já foi um dos maiores seringais do estado. Mas a distância de deslocamento para muitos alunos de suas casas para a escola é um dos maiores desafios da região.

Trajada de super heróis, equipe da Educação em deslocamento pelo rio Acre para entregar conteúdo aos alunos mais distantes Foto: Mardilson Gomes/SEE

“Temos alunos que caminham até oito quilômetros de ramal para chegar à beira do rio. Depois de pegar o barco, eles fazem ainda três horas e meia de viagem quando está no inverno, que o rio está cheio e a embarcação não encalha, para chegar aqui à Santa Fé”, explica Francisco Egídio Batista, formado em Letras e professor-titular da escola. Ele vive dentro da comunidade há pelo menos 31 anos. Na escola Nossa Senhora Auxiliadora, o número de alunos é bem menor. São cerca de 40, mas nem por isso considerada menos importante para a gestão escolar.

Educadores de Porto Acre chegam à comunidade rural onde estão as escolas Santa Fé e Nossa Senhora Auxiliadora; esforço pela Educação Foto: Mardilson Gomes/SEE

Cadê o menino? Foi caçar

José da Silva se embrenhou na mata, já fazia uma hora, depois da chegada dos educadores trazendo suas atividades do terceiro ano do ensino médio. O menino de 17 anos é conhecido por sua habilidade de abater cutias e porquinhos caititus. Ele não sabia que os educadores viriam, mas mesmo assim o conteúdo impresso foi entregue à mãe, dona Maria da Silva, para quando ele chegar.

Professores chegam à casa de José, que está para o mato caçando Foto: Mardilson Gomes/SEE

“Se ele soubesse que você vinham ele tinha ficado em casa (sic), porque é um menino aplicado, menino bom nos estudos e um bom filho”, elogia a mãe.

Por 15 dias, José poderá consumir o material, com exercícios de todas as disciplinas. Após esse período, uma nova equipe de educadores voltará à sua casa para fazer as correções devidas e tirar as suas dúvidas, quando, então, ele também será avaliado.

Outro garoto, Víulian Morais de Souza, de 16 anos, está no segundo ano do ensino médio. Quando terminar os estudos no médio quer se formar em engenharia agronômica para não sair da comunidade depois de graduado. Afirma que quer ser parecido com um super-herói desses que foi visitá-lo. “Mas um herói rural, daqui da comunidade”.

Víulian de Souza recebe em casa os professores que levaram as atividades; por 15 dias, ele vai ler os conteúdos e fazer os exercícios Foto: Mardilson Gomes/SEE

“Sabe, você só vê confusão e crime na cidade. Por aqui, graças a Deus, isso ainda não chegou. Espero que nunca chegue”, pontua o jovem.

Recebeu as apostilas acompanhado do pai, e em meio aos guardiões do ensino, com um sorriso de mistura de satisfação com nova responsabilidade. “Agora, por esse dias, já não vou poder mais brincar na pelada do campinho. Agora, é botar pra estudar”.

Elivaldo Moraes de Souza, produtor rural, diz que incentivo aos estudos é uma forma do filho procurar uma vida melhor do que dos pais Foto: Mardilson Gomes/SEE

Elivaldo Souza, o pai, o incentiva porque entende que “a roça e o cabo da enxada é pesado para quem não estudou”. “Eu nunca tive essa oportunidade do Víulian. Por toda a vida, trabalhei no sustento da família. Agora, quero que ele tenha uma vida mais tranquila”, observa o produtor rural.

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Polícia Federal apreende 613 kg de cocaína em galpão de empresa de fachada em Blumenau

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Droga estava escondida em bunker subterrâneo e seria enviada à Europa; um homem foi preso e investigação aponta ligação com cidadãos britânicos procurados internacionalmente

Cocaína estava armazenada em um bunker de empresa de fachada em Blumenau. Fot: captada 

A Polícia Federal (PF) apreendeu 613 quilos de cocaína durante uma operação de combate ao tráfico internacional de drogas em Blumenau, no Vale do Itajaí (SC). A ação contou com apoio da Polícia Militar de Santa Catarina e resultou na prisão de um homem suspeito de integrar a organização criminosa.

A droga estava escondida em um bunker no subsolo de um galpão pertencente a uma empresa de exportação de ligas metálicas, que funcionava como fachada para o esquema. Segundo as investigações, o local era usado para o preparo e armazenamento da cocaína antes do envio para a Europa.

Durante a operação, a PF também cumpriu um mandado de busca em um endereço residencial em Florianópolis ligado ao suspeito, onde foram apreendidos veículos, embarcações, joias e documentos. O inquérito aponta a existência de uma estrutura criminosa internacional com base em Santa Catarina, que contava com suporte logístico de brasileiros e liderança de cidadãos britânicos com histórico de tráfico na Inglaterra e procurados internacionalmente.

A investigação continua para identificar outros integrantes do esquema, que já tinha rotas estabelecidas para o narcotráfico transatlântico.

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Exame toxicológico para primeira CNH é vetado pelo governo federal

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Medida que exigia resultado negativo para condutores de motos e carros foi rejeitada com argumento de aumento de custos e risco de mais pessoas dirigirem sem habilitação; novas regras do Contran para tirar CNH sem autoescola, no entanto, podem alterar contexto

Na justificativa do veto, o governo argumentou que a exigência aumentaria os custos para tirar a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e poderia influenciar na decisão de mais pessoas dirigirem sem habilitação. Foto: captada 

O governo federal vetou a exigência de exame toxicológico para obter a primeira habilitação nas categorias A (motos) e B (carros de passeio). A medida, que seria incluída no Código de Trânsito Brasileiro, foi rejeitada com a justificativa de que aumentaria os custos para tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e poderia incentivar mais pessoas a dirigirem sem a documentação obrigatória.

O veto, no entanto, pode ter perdido parte de sua sustentação após o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) editar resolução que permite a retirada da CNH sem a obrigatoriedade de cursar autoescola, reduzindo significativamente o custo total do processo de habilitação.

Outro ponto do projeto que virou lei, e também relacionado aos exames toxicológicos, permite que clínicas médicas de aptidão física e mental instalem postos de coleta laboratorial em suas dependências — desde que contratem um laboratório credenciado pela Senatran para realizar o exame. O governo também vetou esse artigo, alegando riscos à cadeia de custódia do material, o que poderia comprometer a confiabilidade dos resultados e facilitar a venda casada de serviços(exame físico e toxicológico no mesmo local).

As decisões refletem um debate entre a busca por maior segurança no trânsito — com a triagem de possíveis usuários de substâncias psicoativas — e o impacto financeiro e logístico das novas exigências para os futuros condutores.

Assinatura eletrônica

O terceiro item a ser incluído na lei é o que permite o uso de assinatura eletrônica avançada em contratos de compra e venda de veículos, contanto que a plataforma de assinatura seja homologada pela Senatran ou pelos Detrans, conforme regulamentação do Contran.

A justificativa do governo para vetar o trecho foi que isso permitiria a fragmentação da infraestrutura de provedores de assinatura eletrônica, o que poderia gerar potencial insegurança jurídica diante da disparidade de sua aplicação perante diferentes entes federativos.

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Caixa de som que ficou três meses no mar é achada intacta e funcionando no litoral gaúcho

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Equipamento JBL, resistente à água, foi encontrado na Praia do Hermenegildo após provavelmente cair de um navio a 300 km dali; aparelho ligou normalmente

A caixa de som, projetada para ser resistente à água, sobreviveu à corrosão salina por todo esse período. Ao ser ligada, o equipamento funcionou normalmente. Foto: captada 

Uma caixa de som à prova d’água da marca JBL passou cerca de três meses no mar e foi encontrada intacta e ainda funcionando na Praia do Hermenegildo, no extremo sul do estado. A descoberta foi feita por um morador que passeava de quadriciclo na orla na última segunda-feira (30) e avistou o equipamento entre algas e areia.

Acredita-se que a caixa tenha caído de um container durante um transporte marítimo em agosto, próximo à Praia de São José do Norte, a cerca de 300 quilômetros dali. Apesar do longo período submerso e da exposição à água salgada, que acelera a corrosão, o aparelho resistiu e ligou normalmente quando testado.

O caso chamou atenção pela durabilidade do produto, projetado para ser resistente à água, e pela jornada incomum — percorrer centenas de quilômetros à deriva no oceano e ainda chegar em condições de uso à costa gaúcha. A situação virou uma curiosidade local e um exemplo inusitado de “sobrevivência” tecnológica.

Veja vídeo:

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