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O que a derrota da esquerda na Bolívia indica para o Brasil em 2026
A contagem de votos do último domingo trouxe um cenário político novo na Bolívia. O senador Rodrigo Paz Pereira, do Partido Democrata Cristão (PDC), liderou a corrida com 31,7% dos votos

A conjuntura econômica da Bolívia encontra-se em uma fase especialmente difícil, o que pode ter colaborado para o resultado da votação desta semana. Foto: captada
Isto É
A vitória de Rodrigo Paz nas eleições presidenciais da Bolívia configurou um cenário incomum. O partido de esquerda MAS (Movimento ao Socialismo) perdeu hegemonia de quase duas décadas e o cargo mais importante do país foi decidido entre Paz e Jorge “Tuto” Quiroga – dois candidatos de direita.
A primeira fase, votada no último domingo, 17, já havia anunciado o recuo da esquerda boliviana ao deixar MAS fora do pódio e, consequentemente, do segundo turno. O eleitorado puniu o partido governista em resposta às fragmentações internas entre o ex-presidente Evo Morales e atual mandatário, Luis Arce – além do agravamento crise econômica no país.
O movimento à direita do país vizinho empolgou figuras brasileiras ligadas à ala conservadora, que receberam o resultado como uma previsão do cenário eleitoral brasileiro em 2026. Neste texto, analistas internacionais explicaram à IstoÉ os possíveis paralelos do xadrez político de Brasil e Bolívia.
Contexto socioeconômico: uma esquerda enfraquecida
A conjuntura econômica da Bolívia encontra-se em uma fase especialmente difícil, o que pode ter colaborado para o resultado da votação desta semana.
Com crescimento econômico estagnado – o mais fraco da América Latina, segundo a CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) – os bolivianos sofrem com escassez severa de dólares, causada pela queda nas exportações de gás. Somado a isso, o país também assina uma inflação disparada, com produtos do cotidiano sendo vendidos a altos preços.
Enquanto isso, o principal partido de esquerda boliviano cedeu às disputas internas entre Evo Morales e o atual presidente, Luis Arce, o que culminou em uma rachadura da legenda. Enfraquecido durante os últimos anos, o MAS perdeu o favoritismo que tinha desde a eleição de Morales, que governou o país de 2006 a 2019 – quando renunciou ao cargo e se afastou da política institucional.
Ainda no começo deste ano, o ex-líder oficializou sua saída do legenda e buscou promover candidatura própria. Ele foi impedido de concorrer, porém, porque a nova sigla não possuía personalidade jurídica vigente. Uma vez fora da disputa, a reação de Morales foi incentivar os bolivianos a votarem nulo, ação que se converteu em quase 20% dos votos do primeiro turno.
O professor de Relações Internacionais da PUC-SP Arthur Murta interpreta o movimento como uma prova de que Morales ainda tem capacidade de mobilizar boa parte da população.
“Essa quantidade de votos nulos, em alguma medida, representa a força que o Evo Morales ainda tem na Bolívia”, explica.
Com a exclusão de Morales e a recusa de Luis Arce em tentar uma reeleição, o caminho pareceu propício para o recrudescimento da ala política mais à direita.
Ascensão da direita boliviana
A contagem de votos do último domingo trouxe um cenário político novo na Bolívia. O senador Rodrigo Paz Pereira, do Partido Democrata Cristão (PDC), liderou a corrida com 31,7% dos votos. Em segundo lugar, ficou o ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga Ramírez, do Partido Liberdade e Democracia, com 27,1%.
Além da surpresa de que o partido MAS tenha ficado de fora da decisão do segundo turno, a ausência de Samuel Doria Medina, do Alianza Unidad, também chocou grande parte dos analistas. Isso porque, até o dia da votação, a grande maioria dos veículos de comunicação locais previam liderança de Medina.
Os levantamentos feitos pré-eleição também não previam a ascensão do candidato Rodrigo Paz, eleito presidente. Pontuando apenas 11% nas pesquisas e conquistando mais de 30% na primeira fase da disputa, o político parece ter canalizado o voto de cidadãos insatisfeitos com a conjuntura atual do país.
Segundo o jornal boliviano El Deber, a escalada de Rodrigo Paz reflete um voto popular que “puniu a polarização e recompensou uma alternativa diferente”.
Prenúncio de 2026?
No Brasil, políticos vinculados à direita comemoraram o resultado do primeiro turno dominado pela ala conservadora e chegaram a encará-lo como um “prenúncio” do cenário brasileiro em 2026.
Em publicação na plataforma X, o governador de Minas Gerais Romeu Zema (Novo) mostrou satisfação pelo saldo do primeiro turno, que garantiu a direita no poder boliviano durante os próximos anos. Ele disse esperar que o Brasil siga o movimento do país vizinho e consiga “endireitar o rumo” na próxima eleição.
No mesmo sentido, o senador Ciro Nogueira (Progressistas) comparou o partido MAS com o PT (Partido dos Trabalhadores), alegando que
“a Bolívia é o Brasil em 2026”.
Já a deputada federal Caroline de Toni (PL) foi enfática ao afirmar que o resultado boliviano representa uma “onda da mudança” na América Latina.
Apesar da consideração da deputada bolsonarista, especialistas não enxergam a situação política da América do Sul como um consenso ideológico. Segundo a professora de Relações Internacionais da Unifesp Regiane Bressan, o continente vive cenários heterogêneos, com gestões de direita e esquerda intercaladas.
“Não é possível categorizar a América do Sul como de direita ou de esquerda nesse momento, porque o cenário político é muito pendular na região. O continente tem vivenciado, de maneira geral, alternância de poder, governos de direita e esquerda convivendo e sucedendo uns aos outros”, explica.
Apesar de algumas semelhanças culturais e histórico socioeconômico compatível dos países, o professor Arthur Murta não acredita que seja possível traçar paralelos diretos entre a eleição boliviana e a futura disputa no Brasil.
Diferente do que ocorreu com o principal partido de esquerda boliviano, a organização progressista brasileira “não está fragmentada” e, de acordo com Murta, ainda mobiliza força política acerca do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Já Evo Morales, mesmo configurando um nome marcante no xadrez da Bolívia, não possui mais envergadura eleitoral.
“A esquerda brasileira, nesse momento, segue muito unida em torno da figura do Lula e do lulismo, que é o que não estava mais acontecendo na Bolívia. Essa união em torno do Evo Morales, que durante muito tempo se estabeleceu na Bolívia, se rompeu”, explicou.
Tendo em vista as situações distintas que regem nos dois países, Regiane Bressan pondera que o movimento testemunhado na Bolívia não pode ser ignorado como uma resposta da insatisfação popular com a política tradicional. Essas tentativas de fugir das alternativas eleitorais mais clássicas criou, na América Latina, o que a professora categoriza como um ‘mosaico’ governamental’.
“A insatisfação popular com a política tradicional, a própria instabilidade econômica e as novas demandas sociais têm levado, de fato, os eleitores a buscar novas alternativas fora dos blocos ideológicos e eixos hegemônicos, tornando a região muito mais um mosaico, uma constante transformação”, finaliza.

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Homem de 79 anos procura noiva e divulga lista de requisitos absurdos
Aristocrata abre campanha para encontrar noiva, oferecendo salário e benefícios. As exigências vão do signo até a nacionalidade
Para as pessoas que estão buscando um par romântico, umas das maneiras de se conectar com alguém é usar aplicativos de namoro. No caso deste aristocrata britânico, de 79 anos, essa foi uma das opções, mas não a última. Sir Benjamin Slade lançou uma campanha anunciando que está em busca de uma noiva e que possui certas exigências — até demais.
O homem falou sobre o assunto no programa “Millionaire Age Gap Love” do Channel 5 — rede de televisão britânica — e comentou que procura por uma noiva que seja uma “boa reprodutora” para lhe dar um herdeiro. Mas não para por aí: os requisitos se estendem até a idade e ao signo do zodíaco da “sortuda”.
Será que é fácil cumprir os requisitos?
As condições do barão descendente de Carlos II envolvem que a nova namorada seja, pelo menos, 20 anos mais jovem. Além disso, é preciso saber dançar dança de salão, jogar bridge e gamão e ainda fazer palavras cruzadas.

A lista possui 11 requisitos
De acordo com informações do jornal Daily Star, Benjamin mencionou algumas outras coisas que restringem ainda mais a lista. As mulheres não podem ser escorpianas e nem ter qualquer tipo de dependência química, seja em substâncias psicoativas ou álcool.
Ele também exige fatores relacionados à nacionalidade. Sua companheira não pode ser de países que comecem com a letra “I” ou que tenham a cor verdenas bandeiras. Escocesas também estão proibidas de se candidatarem a essa “oportunidade imperdível”.
“Não me importo com canadenses, americanas, alemãs e pessoas do norte da Europa, como gosto de chamar pessoas semelhantes. Acho que casar com uma esquimó não é para mim. O que eu preciso é de uma moça simples e simpática do interior, que saiba e entenda as coisas”, disse.
Há recompensas
Com esses inúmeros requisitos, é de se esperar que o aristocrata teria que oferecer algo. Segundo ele, a pretendente escolhida será recompensada com 50 mil libras esterlinas por ano, o que corresponde a mais de R$ 270 mil. O objetivo é que com o dinheiro a mulher administre sua propriedade em Somerset, na Inglaterra.

Essa é uma das propriedades da família Slade
Além disso, a namorada também terá direito a carro, casa, despesas pagas, alimentação e até férias. Não é como se fosse incomum que homens procurem por mulheres bem mais jovens para ter relacionamentos, mas Benjamin quis explicar o motivo.
“O imposto sobre herança é de 40% e a única maneira de eu transferir ela e a coleção de arte é deixá-la para minha esposa, livre de impostos, para que distribua aos meus parentes distantes. Ela também precisaria estar segurada, por isso precisamos de uma senhora pelo menos 20 anos mais jovem do que eu, pois não posso segurar uma esposa mais velha, então quanto mais jovem, melhor. Esta é a única maneira que resta para contornar o imposto sobre herança”, comentou.

O homem já colocou anúncios em jornais, criou perfis em aplicativos de relacionamento e até congelou seu esperma, mantendo a esperança de ter um filho homem
Aos 79 anos, o homem não está a procura somente do amor. Apesar de já ter uma filha com sua ex-esposa, Sahara Sunday Spain, o aristocrata britânico deixou claro que ainda quer ter um herdeiro do sexo masculino. Nesse caso, a exigência é que “tenha semelhança genética com um de seus ancestrais paternos”.
Confira a lista completa
- Deve ser uma “boa reprodutora”
- Pelo menos 20 anos mais jovem
- Nenhuma mulher escocesa
- Deve ser capaz de ter filhos homens (ele quer dois, “um herdeiro e um reserva”)
- Nada de comunistas ou lésbicas
- Nada de mulheres com dependência química
- Nada de mulheres do signo de escorpião
- Precisa ter licença para usar espingarda e para dirigir; licença de helicóptero é um bônus
- Capaz de administrar uma propriedade de 1.300 acres (cerca de 5,2 milhões de m²) e 2 castelos
- Mais de 1,68 m de altura
- Nenhuma mulher de países que começam com a letra I ou que tenham verde na bandeira
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Papa Leão XIV divulga nova orientação para sexo no casamento

Papa Leão na FAO em Roma • 16/10/2025 REUTERS/Remo Casilli
Em um novo decreto assinado pelo papa Leão XIV, o Vaticano divulgou orientações para fiéis sobre a prática sexual no casamento, reconhecendo que o sexo não se limita apenas à procriação, mas contribui para “enriquecer e fortalecer” a “união exclusiva do matrimônio”.
A questão está intimamente ligada à finalidade unitiva da sexualidade, que não se limita a assegurar a procriação, mas contribui para enriquecer e fortalecer a união única e exclusiva e o sentimento de pertencimento mútuo.
O documento assinado pelo Dicastério para a Doutrina da Fé cita o Código de Direito Canônico e diz que uma visão integral da caridade conjugal é aquela que “não nega sua fecundidade”, ainda que deva “naturalmente permanecer aberta à comunicação de vida”.
O texto também prevê o conceito de consentimento livre” e “pertencimento mútuo”, assegurando a mesma dignidade e direitos ao casal.
“Um cônjuge é suficiente”
No decreto publicano em italiano, o Vaticano orientou 1,4 bilhão de católicos do mundo a buscarem o casamento com uma única pessoa para a vida toda e a não manterem relações sexuais múltiplas, estabelecendo que o casamento é um vínculo perpétuo e “exclusivo”.
Criticando a prática da poligamia na África, inclusive entre membros da Igreja, o decreto reiterou a crença de que o casamento é um compromisso para toda a vida entre um homem e uma mulher.
“Sobre a unidade do matrimônio – o matrimônio entendido, isto é, como uma união única e exclusiva entre um homem e uma mulher – encontra-se, ao contrário, um desenvolvimento de reflexão menos extenso do que sobre o tema da indissolubilidade, tanto no Magistério quanto nos manuais dedicados ao assunto”, diz o documento.
“Embora cada união conjugal seja uma realidade única, encarnada dentro das limitações humanas, todo matrimônio autêntico é uma unidade composta por duas pessoas, que requer uma relação tão íntima e abrangente que não pode ser compartilhada com outros”, enfatizou a Santa Sé.
Fonte: CNN
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PF afasta delegado e policial em operação contra esquema de ouro ilegal no Amapá
Operação Cartucho de Midas apreende mais de R$ 1 milhão, € 25 mil e prende suspeito com arma restrita; movimentações acima de R$ 4,5 milhões reforçam indícios de lavagem de dinheiro.



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