Acre
Morre Otávio Nogueira, líder sindical e referência da luta pela floresta ao lado de Wilson Pinheiro
Aos 87 anos, Brasiléia perde um de seus maiores defensores dos seringueiros; fundador de sindicato e comunidade rural, ele foi peça-chave na resistência contra o desmatamento nos anos 1980

Um dos Fundadores do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia e idealizador da Comunidade Santa Helena. Otávio dedicou seis décadas à luta pela reforma agrária, meio ambiente e populações tradicionais. Foto; cedida
Faleceu na noite desta sexta-feira (6) o líder sindical e comunitário Otávio Nogueira, aos 87 anos, em Brasiléia, no interior do Acre. Nascido no Nordeste, ele chegou ao estado em 1955 e se tornou uma das vozes mais importantes na defesa da floresta e dos direitos dos trabalhadores rurais.
Fundador do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia e idealizador da Comunidade Santa Helena (km 60 da zona rural), Otávio dedicou seis décadas à luta pela reforma agrária, meio ambiente e populações tradicionais. Nos anos 1980, destacou-se nos históricos “empates” – estratégia de resistência pacífica dos seringueiros -, ao lado de Wilson Pinheiro e Chico Mendes, contra o desmatamento e a grilagem de terras.
Conquistas e legado
Sob sua liderança, a Comunidade Santa Helena se transformou em modelo de organização rural:
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Pioneiro na organização sindical rural no Acre
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Parceiro de Wilson Pinheiro e Chico Mendes na resistência contra a grilagem de terras e a exploração dos seringueiros
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Referência para gerações de trabalhadores e ativistas
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Estrutura com escola e posto de saúde
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Ramal de acesso construído
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Forte articulação com a Igreja Católica
“Otávio foi essencial para manter famílias na floresta, garantindo seus modos de vida”, afirma o ativista rural Raimundo Mendes, que trabalhou com ele por 20 anos.

A morte de Otávio Nogueira encerra um capítulo importante da história do movimento social na Amazônia, mas seu legado permanece vivo na luta pelos direitos dos povos da floresta. Foto: cedida
O corpo está sendo velado na Casa Mortuária Municipal, neste sábado (7), com homenagens do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia que ajudou a fundar. Deixa sete filhos, trinta netos e vinte bisnetos – muitos seguindo seu caminho na defesa da Amazônia.

Nogueira foi fundador do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia e um dos idealizadores da Comunidade Santa Helena, no km 60 da zona rural. Ao lado de ícones como Wilson Pinheiro e Chico Mendes
A morte de Otávio Nogueira encerra um capítulo importante da história do movimento social na Amazônia acreana, mas seu legado permanece vivo na luta pelos direitos dos povos da floresta.
“Otávio foi essencial para manter famílias na floresta, garantindo seus modos de vida”, afirma o ativista rural Raimundo Mendes, que trabalhou com ele por 20 anos.
Nascido no Nordeste e radicado no Acre desde 1955, ele foi uma das figuras mais atuantes na defesa dos seringueiros, tendo inclusive disputado as eleições municipais como candidato a vereador na década de 1980, em meio ao auge de sua atuação sindical.

Otávio levou sua luta para o campo político, candidatando-se a vereador quando o movimento sindical buscava maior representação institucional. Foto: cedida
Otávio levou sua luta para o campo político, candidatando-se a vereador quando o movimento sindical buscava maior representação institucional. “Sua candidatura representava a voz dos trabalhadores rurais tentando ocupar espaços de poder”, explica o historiador acreano Marcos Vinicius.
O líder sindical e comunitário Otávio Nogueira, figura marcante ao lado de Wilson Pinheiro

Otávio dedicou seis décadas à luta pela reforma agrária, meio ambiente e populações tradicionais. Nos anos 1980, destacou-se nos históricos “empates” – estratégia de resistência pacífica dos seringueiros -, ao lado de Wilson Pinheiro e Chico Mendes
Pouco se sabe sobre a vida do líder seringueiro Wilson Pinheiro como também de Otávio Nogueira e demais companheiros, mas a história de luta inspirou toda uma geração. O amigo por seis décadas à luta pela reforma agrária, meio ambiente e populações tradicionais de Otávio, o companheiro Wilson Pinheiro, foi assassinado em 1980 e é essa história que vamos resgatar a qual Otávio nunca esqueceu e sempre contava.
Wilson Pinheiro foi reconhecido nacionalmente por sua atividade sindical, conseguiu reunir os trabalhadores da floresta através do ideal de que o homem pode conviver pacificamente com a natureza. Se tornou presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Brasileia e da Comissão Municipal do recém criado Partido dos Trabalhadores.
Em 1979, liderou o ‘‘Mutirão contra a Jagunçada’’, movimento que reuniu centenas de trabalhadores marcharam contra jagunços armados que ameaçavam os posseiros da região amazônica. Os trabalhadores unidos tomaram mais de 20 rifles automáticos dos jagunços e entregaram ao Exército em Rio Branco.
No mesmo ano, Wilson liderou uma comissão de trabalhadores rurais e índios do Acre na busca pelo fim do conflito entre a etnia Apurinã e os assesntados pelo INCRA em território indígena. Assim foi gerado o embrião que, mais tarde, se transformou na ‘‘Aliança dos Povos da Floresta’’.
Um ano após as empreitadas, os fazendeiros da região se uniram para dar cabo ao movimento de resistência dos seringueiros. “No dia 21 de julho de 1980, por volta de 20h30, o presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Brasileia e presidente da Comissão Municipal do PT nessa cidade, Wilson de Souza Pinheiro, foi assassinado pelas costas, quando se encontrava reunido com outros trabalhadores na sede do sindicato.”, relato da Revista Perseu: Trabalhadores – Os anos 1980.

Companheiros de lutas do líder sindical e comunitário Otávio Nogueira que se foram:
- Wilson de Souza Pinheiro (1931-1980) – assassinado.
- João Eduardo (1943-1981) – assassinado.
- Jesus André Matias (1953-1983) – assassinado.
- Ivair Higino de Almeida (1962-1988) – assassinado.
- Francisco Alves Mendes Filho – “Chico Mendes” (1944-1988) – assassinado.
- Francisco Hélio Pimenta Teófilo (1940-1990).
- Francisco Augusto Vieira Nunes – “Bacurau” (1939-1996).
- José Marques de Souza – “Matias” (1937-1997).

Nos anos 1980, destacou-se nos históricos “empates” – estratégia de resistência pacífica dos seringueiros -, ao lado de Wilson Pinheiro e Chico Mendes, contra o desmatamento e a grilagem de terras. Foto: captada
Em nota, o prefeito de Brasileia, Carlinhos do Pelado e seu vice Amaral do Gelo manifestaram pesar. “Otávio Nogueira foi um ícone da história de Brasileia, companheiro de luta na defesa do meio ambiente ao lado de Wilson Pinheiro e Chico Mendes. Sua memória permanecerá viva entre seus entes queridos e em todos que reconhecem sua imensa contribuição para o município.”
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Prefeitura de Rio Branco reforça ações de emergência
A Prefeitura de Rio Branco mobilizou, nas primeiras horas deste sábado (27), uma força-tarefa para atendimento às famílias afetadas pelas fortes chuvas registradas nas últimas 48 horas na capital.
O volume acumulado de água fez o nível do Rio Acre subir rapidamente e provocou o transbordamento de igarapés que cortam a cidade, atingindo diversas áreas urbanas.
Diante da situação, o prefeito Tião Bocalom convocou uma reunião de emergência em seu gabinete, reunindo todos os secretários municipais para alinhar ações imediatas de resposta e assistência.
Logo após o encontro, o prefeito visitou a Escola Álvaro Vieira da Rocha, no bairro Conquista, onde 10 famílias — totalizando 36 pessoas — já estão abrigadas pela Defesa Civil Municipal e pela Secretaria de Assistência Social.
Tião Bocalom destacou o trabalho integrado das equipes municipais e reforçou que todas as providências vêm sendo adotadas desde o início das ocorrências.
“Não é com prazer, é com tristeza. Mas fazer o quê? Infelizmente, as chuvas chegaram e as inundações começaram a aparecer. Desde ontem, nossas equipes da Defesa Civil, apoiadas por todas as secretarias, estão em campo até duas horas da manhã para retirar famílias. Aqui nesta escola estão 10 famílias, 36 pessoas, e estamos tomando todas as providências possíveis. A prefeitura está fazendo a sua parte, como sempre fizemos, junto ao governo do Estado e à Defesa Civil. Tanto é que em 2021 ganhamos o prêmio de melhor acolhimento da Defesa Civil Nacional. Fazemos tudo com dor no coração, porque sabemos o quanto é difícil para as famílias, mas seguimos firmes para garantir apoio a quem mais precisa.” ressaltou o prefeito de Río Branco
Após visitar as famílias abrigadas, o gestor seguiu para o Parque de Exposições, onde equipes já iniciam a preparação para novas ações de acolhimento e prevenção, caso o nível das águas continue subindo.
A Prefeitura de Rio Branco segue monitorando a situação e reforça que está de prontidão para atender novas ocorrências decorrentes das chuvas.
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Cinco mulheres são presas ao tentar entrar com drogas escondidas em laranjas no presídio de Rio Branco
Cinco mulheres foram presas na manhã deste sábado (27) ao tentarem introduzir drogas escondidas dentro de laranjas no Complexo Penitenciário de Rio Branco. A prisão ocorreu durante o procedimento de fiscalização de rotina realizado por policiais penais da unidade.
Segundo informações da administração penitenciária, o material levado pelas visitantes passou pelo aparelho de raio X, que identificou irregularidades no interior das frutas. Durante a inspeção manual, os agentes localizaram 779 gramas de maconha, 105 gramas de cocaína e cerca de um quilo de tabaco.
Diante do flagrante, todo o material ilícito foi apreendido e as cinco mulheres receberam voz de prisão ainda dentro do complexo prisional. Elas foram conduzidas à Delegacia de Flagrantes (DEFLA), onde permaneceram à disposição da Justiça e devem responder por crimes relacionados à tentativa de introdução de drogas no sistema penitenciário.
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Rio Acre ultrapassa cota de transbordamento e atinge 14,55 metros em Rio Branco
Elevação de 82 centímetros em um único dia aumenta risco de alagamentos em áreas ribeirinhas da capital

Foto: Jardy Lopes
O nível do Rio Acre seguiu em elevação ao longo deste sábado (27), conforme boletim divulgado pela Defesa Civil Municipal de Rio Branco. Na última medição do dia, realizada às 21h, o manancial atingiu 14,55 metros, permanecendo acima da cota de transbordamento, que é de 14,00 metros.
De acordo com os dados oficiais, a primeira aferição do dia, às 5h26, apontava 13,73 metros, já acima da cota de alerta, estabelecida em 13,50 metros. Às 9h, o rio chegou a 14,00 metros, alcançando oficialmente a cota de transbordo. O nível continuou subindo ao longo do dia: 14,14 metros ao meio-dia, 14,30 metros às 15h, 14,43 metros às 18h e, por fim, 14,55 metros às 21h.
Com isso, o Rio Acre acumulou uma elevação de 82 centímetros em apenas 24 horas, ampliando o risco de alagamentos em áreas ribeirinhas da capital acreana.
Apesar de não haver registro de chuvas nas últimas 24 horas em Rio Branco — com índice de 0,00 milímetro —, o coordenador municipal da Defesa Civil, tenente-coronel Cláudio Falcão, explicou que a elevação do nível do rio é consequência das fortes chuvas registradas nas cabeceiras e em municípios do interior do estado.













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