O dólar operava em baixa nesta segunda-feira (8/12), no início de uma semana marcada pelas decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos.
No cenário doméstico, a atenção dos investidores está voltada aos impactos políticos do anúncio da escolha do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como possível candidato à Presidência da República em 2026. Ele teve o nome chancelado pelo pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
No último pregão da semana passada, na sexta-feira (5/12), a notícia de que Bolsonaro teria escolhido Flávio, publicada em primeira mão pelo colunista Paulo Cappelli, do Metrópoles, fez o dólar disparar e derrubou a Bolsa de Valores.
Dólar
- Às 11h23, o dólar caía 0,71%, a R$ 5,395.
- Mais cedo, às 10h05, a moeda norte-americana recuava 0,21% e era negociada a R$ 5,422.
- Na cotação máxima do dia até aqui, o dólar bateu R$ 5,437. A mínima é de R$ 5,387.
- Na sexta-feira, o dólar terminou a sessão em forte alta de 2,31%, cotado a R$ 5,433.
- Com o resultado, a moeda dos EUA acumula ganhos de 1,83% no mês e 12,09% no ano frente ao real.
Ibovespa
- O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), operava em alta no pregão.
- Às 11h27, o Ibovespa avançava 0,95%, aos 158,8 mil pontos.
- No último pregão, o indicador afundou 4,31%, aos 157,3 mil pontos.
- Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula perdas de 1,07% em dezembro e valorização de 30,83% em 2025.
Mercado monitora possível recuo de Flávio
A indicação do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) para disputar as eleições presidenciais do ano que vem continua movimentando o mercado. A escolha de um integrante da família Bolsonaro foi comunicada a interlocutores próximos do ex-presidente Jair Bolsonaro na semana passada. É a primeira vez que Bolsonaro, que está preso na carceragem da Polícia Federal (PF) em Brasília, manifesta tal intenção.
Bolsonaro avalia que o filho primogênito ganhará musculatura para a disputa a partir do momento em que se comportar como postulante ao Palácio do Planalto e fizer agendas pelo Brasil. Na avaliação do ex-presidente, Flávio consolida unidade partidária e conta com um relevante palanque de governadores aliados como Tarcísio de Freitas (Republicanos), em São Paulo, e Cláudio Castro (PL), no Rio de Janeiro.
Por conta disso, a previsão é que o senador comece a fazer mais viagens pelo país e assuma protagonismo nos embates com o presidente Lula. Dentro da família Bolsonaro, Flávio também seria o candidato que passaria “previsibilidade” para a classe política e o segmento econômico, dado o perfil mais moderado que o dos irmãos.
A reação do mercado aos novos planos do bolsonarismo foi negativa em um primeiro momento. O candidato preferido ao Planalto por amplos setores do mercado financeiro é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Nesta segunda-feira, os investidores parecem apostar em uma eventual desistência de Flávio da corrida eleitoral.
No fim de semana, Flávio Bolsonaro afirmou que o único cenário em que deixaria a pré-candidatura ao Palácio do Planalto nas eleições de 2026 seria a soltura de Jair Bolsonaro e a possibilidade de ele próprio disputar o pleito.
Em entrevista à TV Record, o senador disse que não pretende retirar o nome da disputa, e que o “preço” para desistir da corrida presidencial é a “justiça” para o pai, condenado a 27 anos e 3 anos pela trama golpista.
“O meu preço é justiça. E não é só justiça comigo, é justiça com quase 60 milhões de brasileiros que foram sequestrados — estão dentro de um cativeiro, neste momento, junto com o presidente Jair Messias Bolsonaro. Então, óbvio que não tem volta. A minha pré-candidatura à Presidência é muito consciente. Ela é para representar grande parte da população brasileira que não aceita mais essa quantidade enorme de desmandos”, disse Flávio.
“Não tiro o meu nome, a não ser na condição de nós termos justiça — como eu falei aqui — não só com Bolsonaro, mas com centenas, com milhares, com milhões de brasileiros que estão sofrendo, angustiados, desesperançosos, com aquela sensação de: ‘A quem recorrer? O que a gente faz agora?’ Então, o lançamento do meu nome vem para resgatar esse brilho, para esquentar de novo o coração do brasileiro”, completou o senador.
À espera da “superquarta”
Além da questão política, o mercado financeiro continua em compasso de espera pela decisão dos bancos centrais do Brasil e dos EUA sobre a taxa de juros, na próxima quarta-feira (10/12). “Superquarta” é o termo usado no mercado financeiro para o dia em que coincidem as divulgações das taxas básicas de juros nos dois países.
É o caso dessa quarta-feira, data na qual tanto o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), quanto o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), anunciam o resultado de suas reuniões, que começam na terça-feira (9/12).
A taxa básica de juros é o principal instrumento do Banco Central (BC) para controlar a inflação. A Selic é utilizada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia.
Quando o Copom aumenta os juros, o objetivo é conter a demanda aquecida, o que se reflete nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Assim, taxas mais altas também podem conter a atividade econômica.
Ao reduzir a Selic, por outro lado, a tendência é de que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.
No Brasil, a ampla maioria dos analistas do mercado espera a manutenção da Selic no patamar atual, de 15% ao ano – trata-se da mais elevada taxa de juros em quase duas décadas no país.
O foco das atenções ficará voltado para o teor do comunicado do Copom, que pode indicar “pistas” sobre as próximas reuniões. Há grande expectativa em torno do corte de juros a partir do ano que vem, e a dúvida é quando isso ocorrerá, se em janeiro ou apenas em março.
Nos EUA, atualmente, a taxa de juros está no intervalo entre 3,75% e 4% ao ano (após redução de 0,25 ponto percentual na última reunião do Fed), e a maioria dos analistas do mercado aposta em mais um corte de juros em 2025.
De acordo com a ferramenta FedWatch, do CME Group, a probabilidade de um novo corte de 0,25 ponto percentual nos juros dos EUA é de 89,6%. Por outro lado, 10,4% dos investidores apostam na manutenção do patamar atual.





Você precisa fazer login para comentar.