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Conheça os prefeitos eleitos nos 22 municípios do Acre

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Com uma diferença de 197 votos, Jéssica Sales perde eleição e Zequinha Lima se consagra prefeito novamente
Veja a lista:

Rio Branco – Tião Bocalom (PL) foi reeleito prefeito de Rio Branco ainda com 54,71% dos votos (102.776) e 94,90% das seções apuradas, sendo matematicamente eleito. Ele derrotou nas urnas Marcus Alexandre, candidato pelo MDB, com quem disputou o primeiro turno das eleições e angariou 34,75% dos votos (65.211).

O prefeito também destacou a importância da união da direita em torno de sua candidatura. “Nossa direita precisava demonstrar isso, mostrar aqui no Acre que 73% do estado votou com Bolsonaro. Então, como é que a gente ia ficar dividido?”, comentou.

Este é o segundo mandato de Bocalom como prefeito na capital acreana. Seu vice será Alysson Bestene (PP).

Cruzeiro do Sul – Uma das disputas mais acirradas das eleições municipais deste ano ocorreu em Cruzeiro do Sul, com uma reviravolta impressionante. O candidato à reeleição, Zequinha Lima (PP), foi reeleito prefeito com 50,20% dos votos, garantindo mais quatro anos de mandato. Sua adversária, Jéssica Sales (MDB), obteve 49,80%.

O candidato apoiado pelo governador Gladson Cameli começou atrás, com Sales abrindo vantagem logo no início da apuração. No entanto, na metade do processo, Lima virou o placar e se consolidou à frente, garantindo a vitória ao final das eleições.

Sena Madureira – Com 94,69% das seções totalizadas, Gerlen Diniz, do Partido Progressista (PP), foi matematicamente eleito prefeito de Sena Madureira, conquistando 54,34% dos votos válidos, o equivalente a 12.845 eleitores.
Seu adversário, Gilberto Lira, do União Brasil (União Brasil), obteve 45,66% dos votos, totalizando 10.792 votos. Com essa diferença, a vitória de Diniz foi antecipadamente definida.

Senador Guiomard – A prefeita Rosana Gomes (PP) foi reeleita prefeita do município de Senador Guiomard por mais 4 anos, obtendo mais de 63% e batendo seu adversário, Gilson da Funerária (PSD) que teve mais de 31%. Os demais candidatos teve Moisés Ceará (MDB) com mais de 2% dos votos válidos e Adonay (PT) que teve pouco mais de 2%.

Brasiléia – Com 100% das urnas apuradas, o candidato Carlinhos do Pelado (PP) foi eleito prefeito de Brasileia com 52,37% dos votos válidos (7.891). Apoiado pela atual prefeita do município, Fernanda Hassem, Carlinhos saiu vitorioso sobre a oponente Leila Galvão (MDB), que obteve 47,63% dos votos (7.177).

Tarauacá – Em uma disputa acirrada, Rodrigo Damasceno foi eleito prefeito do município de Tarauacá, neste domingo, 6, para os próximos quatro anos. Com 100% das seções apuradas, Damasceno foi eleito com 45,16% dos votos, totalizando 9.765 votos. Ele concorria com Maria Lucinéia, que tentava a reeleição, e ficou em segundo lugar, e com Zé Filho (Republicanos).

Epitaciolândia – O delegado Sérgio Lopes (PL) foi reeleito prefeito do município de Epitaciolândia. Ele disputava o pleito com Everton (PP), que ficou em segundo lugar, e com o professor Soares (MDB). Com 96,15% das seções totalizadas, o delegado Sérgio teve 58,33% dos votos. Foram 6.316 votos no total.

Durante sua campanha, ele destacou a importância de investimentos em infraestrutura, saúde e educação, prometendo ouvir as demandas da comunidade.

Xapuri – Maxsuel Maia (PP) foi eleito prefeito do município de Xapuri. Com 100% das seções totalizadas, Maxsuel foi eleito com 36,48% dos votos. Ele concorria com Erivelton Soares (PT), que obteve 35,02% dos votos e Antônio Pedro (União), que teve 28,50%.

Conquistando a confiança da população com sua proposta de renovação e desenvolvimento, Maxsuel venceu para liderar o poder executivo municipal em uma disparada acirrada. Foram menos de 100 votos de diferença. Ele é advogado e tem 38 anos de idade.

Mâncio Lima – Com 100% das urnas apuradas, o candidato Zé Luiz (PP) venceu as eleições municipais em Mâncio Lima com 50,65% dos votos, sendo eleito prefeito pelos próximos quatro anos. Ele derrotou Chicão da Distribuidora (MDB), que obteve 49,35% dos votos.

Zé Luiz, apoiado pelo atual prefeito Isaac Lima, venceu a disputa acirrada contra Chicão, candidato que é irmão do prefeito e ex-deputado estadual Jonas Lima.

Assis Brasil – Com 100% das seções apuradas, Jerry Correia (PP) foi reeleito prefeito de Assis Brasil com uma vitória expressiva, obtendo 75,88% dos votos, o que representa 4.378 votos, consolidando seu mandato por mais quatro anos à frente da prefeitura.

Seu adversário, Serjão (PL), alcançou 24,12% dos votos, somando 1.392 votos. A larga margem de vitória de Correia já aparecia nas pesquisas eleitorais nos últimos 45 dias. Em 2020, Jerry Correia foi eleito pelo PT, no entanto acabou sendo expulso pela sigla após apoiar a reeleição de Gladson Cameli em 2022.

Capixaba – Com 97,06% das seções apuradas, Manoel Maia, do União Brasil (União Brasil), foi matematicamente reeleito prefeito de Capixaba com 65,43% dos votos, somando 4.387 votos.

Sua adversária, Sara Frank (MDB), obteve 34,57% dos votos, totalizando 2.318 votos.

Acrelândia – Com 94,29% das seções apuradas, Olavinho Boiadeiro (Republicanos) foi matematicamente confirmado como o novo prefeito de Acrelândia, conquistando uma vitória esmagadora com 73,63% dos votos.

Seu adversário, Sionayton Staut (PP), obteve 26,37% dos votos, somando 1.999 votos. Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Plácido de Castro – Camilo da Silva (PP) foi eleito prefeito do município de Plácido de Castro. Conquistando a confiança da população com sua proposta de renovação e desenvolvimento, Camilo com 93,18% das seções totalizadas, venceu em disparada com mais de 67,99% dos votos. Além dele, disputavam a liderança do executivo municipal os candidatos Tavares (PSD), que ficou em segundo lugar, e Holanda (PDT), que ficou em terceiro.

Durante sua campanha, ele destacou a importância de investimentos em infraestrutura, saúde e educação, prometendo ouvir as demandas da comunidade. Com uma votação expressiva, Camilo da Silva agora assume o desafio de liderar a cidade e implementar suas promessas.

Marechal Thaumaturgo – Com quase 100% das urnas apuradas, Valdelio Furtado (PP) foi eleito prefeito do município de Marechal Thaumaturgo, no interior do Acre, com 60,51% dos votos, derrotando Itamar de Sá (Podemos), que obteve 39,49%.

Furtado recebeu 5.554 votos válidos, enquanto seu adversário, Sá, alcançou 3.624 votos. Na eleição anterior, o vencedor do pleito municipal havia sido Isaac Piyãko (PSD).

Porto Walter – Cesar Andrade (PP) foi releito prefeito do município de Porto Walter com 100% das seções totalizadas. Cesar foi reeleito com 62,50% dos votos. Foram 4.181 votos no total. Ele concorria com Manão Gonçalves (PT), que teve 37,50%.

Cesar Andrade tem 45 anos e é técnico de enfermagem. Ele já ocupou cargos de diretor-geral de Saúde e secretário de Saúde.

Jordão – O atual prefeito de Jordão, Naudo Ribeiro (PP), foi confirmado como prefeito reeleito de Jordão. Na última atualização com 100% das urnas apuradas, Ribeiro alcançou 43,02% dos votos, o equivalente a 2.076 votos.

A professora Nagela (Podemos) ficou em segundo lugar com 31,25% dos votos, somando 1.508 votos, enquanto Elson Farias (PCdoB), ex-prefeito da cidade, obteve 25,74%, com 1.242 votos. Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Bujari – Com 100% das urnas totalizadas, a eleição para a Prefeitura de Bujari terminou na reeleição do prefeito Padeiro, candidato do PDT, que conquistou 49,79% dos votos, totalizando 4.463 votos.

Em segundo lugar, ficou Michel Marques, do União Brasil, que recebeu 48,54% dos votos, equivalente a 4.351 votos. Robertinho da Sumaia, candidato do Podemos, teve uma participação mínima, alcançando apenas 1,66% dos votos, totalizando 149 votos.

Santa Rosa do Purus – Com 100% das urnas apuradas, o candidato Tamir Sá (MDB) foi eleito prefeito de Santa Rosa do Purus com 51,75% dos votos válidos (1.642), sendo eleito em cima do oponente Aldo Moura (PODE), que alcançou 37,95% dos votos (1.204).

Txuã Huni Kuin obteve 10,31% dos votos (327).

Manoel Urbano – Com 100% das urnas apuradas, a eleição para a Prefeitura de Manoel Urbano terminou com a reeleição do prefeito Toscano Velozo, candidato do PP, que conquistou 50,95% dos votos, totalizando 3.441 votos.

Em segundo lugar, ficou Izaute Vaz, do União Brasil, que recebeu 41,86% dos votos, equivalente a 2.827 votos. Macarrão do Republicanos tirou 7,20%, o equivalente a 486 votos.

Porto Acre – Máximo (PP) foi eleito prefeito de Porto Acre. Com 100% das seções totalizadas, Máximo foi eleito com 58,49% dos votos. Ele concorria com Zé Maria (PT), que obteve 25,68% dos votos e professora Keila (PSDB), que teve 8,66%.

Feijó – Com 100% das urnas apuradas, o candidato a prefeito Delegado Railson (Republicanos) venceu as eleições municipais em Feijó, conquistando 49,99% dos votos válidos, superando seu principal adversário, Cláudio Braga (PP), que obteve 33,40%.

Ao longo de toda a campanha, Railson manteve a vantagem sobre os demais concorrentes. Em terceiro lugar ficou Cadmiel Bonfim (União Brasil), com 11,29%, seguido por Teresinha (PL), que alcançou 5,32% dos votos.

Rodrigues Alves – Com 100% das urnas apuradas, Salatiel Magalhães (PSD) foi eleito prefeito de Rodrigues Alves com 60,11% (6.252) dos votos. A vitória foi sobre o oponente Burica (PODE), que alcançou 31,39% dos votos (3.265).

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Pesquisa revela que rios do Acre passaram a ser alternativas do tráfico internacional de drogas

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Juruá e Acre, além de outros 12 rios da Amazônia, passaram a ser utilizados com mais frequência por causa da lei do abate de aeronaves. A ação do tráfico fez explodir a violência na Amazônia, incluindo o Acre

Rio Juruá banha a capital do Juruá, Cruzeiro do Sul. Foto: Reprodução

Tião Maia, ContilNet

O aumento na taxa de homicídios em Cruzeiro do Sul, no Vale do Juruá, o segundo maior município do Estado do Acre, no período de 2005 a 2020, foi como uma explosão em termos de violência: 595% em 15 anos.

A taxa saiu de 4,3, de 1996 a 2004, para 30, no período de 2005 a 2020, o segundo maior índice da região Norte do país. O primeiro ficou com Eirunepé, município do Amazonas, que tem uma população estimada em 33 mil habitantes. Entre 1996 e 2004, a média da taxa de homicídios de pessoas acima de 1 ano era de 3,7 por 100 mil habitantes. Mas, entre 2005 e 2020, esse número explodiu: 34 homicídios a cada 100 mil habitantes – um aumento vertiginoso de 819%.

Além de terem em comum a situação geográfica, Cruzeiro do Sul e Eirunepé, embora estejam em estados diferentes, são banhadas pelo mesmo rio, o Juruá, um dos afluentes do Rio Amazonas. Assim como esses dois, existem outros quatorze rios identificados por pesquisadores brasileiros como os “rios de cocaína”, por servirem de rota para o tráfico que envolve Brasil, Peru, Colômbia e Bolívia. São eles: Abunã, Acre, Amazonas, Caquetá, Envira, Içá, Japurá, Javari, Juruá, Madeira, Mamoré, Negro, Purus, Tarauacá, Uaupés e Xié.

O resultado da pesquisa está publicado na revista Piauí deste mês, com base em estudos sobre Interdição Aérea, Tráfico de Drogas e Violência na Amazônia Brasileira, produzido por pesquisadores do Insper e da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), com a participação do IZA (Institute of Labor Economics), da Alemanha.

Uma versão resumida em português foi divulgada nesta quinta-feira (30) pelo Amazônia 2030, iniciativa de pesquisadores brasileiros para desenvolver um plano sustentável para a Amazônia.

Cerco ao transporte de droga pelo ar fez aumentar uso dos rios, mostra pesquisa

De acordo com a publicação, a hipótese para o aumento da violência que atinge pequenos municípios na região amazônica banhados por essas águas tem uma explicação: com o cerco aos aviões, intensificou-se o uso de barcos no escoamento da droga.

A mudança no transporte do entorpecente aconteceu depois de 2004, ano em que o governo brasileiro colocou em prática uma política de interdição aérea, aprovada ainda em 1998. Com a nova lei, a Força Aérea Brasileira (FAB) foi autorizada a abater aeronaves suspeitas de transportar drogas vindas dos países vizinhos. Assim, a migração para os rios foi uma estratégia dos criminosos para fugir da fiscalização policial.

O escoamento pela água, um meio de deslocamento mais demorado, exige uma dinâmica própria e influencia as comunidades atingidas, argumentam os estudiosos. Os longos trajetos, por exemplo, levam os criminosos a empregarem diferentes barqueiros, contratarem pessoas para fazer a segurança do carregamento, fornecer equipamentos, estocar a droga, entre outras funções. “Isso acaba trazendo a atividade ilegal para uma proximidade muito maior com a população local”, diz Rodrigo R. Soares, professor titular da cátedra Fundação Lemann no Insper e líder da pesquisa.

Uma versão resumida em português foi divulgada nesta quinta-feira (30) pelo Amazônia 2030, iniciativa de pesquisadores brasileiros para desenvolver um plano sustentável para a Amazônia. Foto: Rio Acre/Assis Brasil

Mudanças na logística fizeram explodir a violência em cidades ribeirinhas

As estimativas do estudo indicam que a mudança na logística para movimentar a droga ocasionou, entre 2005 e 2020, 27% do total de 5.337 mortes em 67 cidades da região Oeste da Amazônia margeadas pelos dezesseis “rios de cocaína”. Elas têm menos de 100 mil habitantes, estão longe das grandes cidades e do cruzamento de rodovias, o que diminui as chances de as mortes estarem relacionadas a disputas fundiárias ou desmatamento ilegal. A prevalência de óbitos acontece entre homens de 20 a 49 anos, por uso de arma de fogo ou faca.

Os estudos mostram que o Brasil possui cerca de 8 mil km de fronteira com três países que concentram o plantio de coca na região, que está dividido da seguinte forma: Colômbia (61%), Peru (26%) e Bolívia (13%), segundo o relatório mundial do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, na sigla em inglês). Até o começo dos anos 2000, as principais rotas de escoamento passavam pela América Central e Caribe ou iam diretamente para norte-americanos e europeus, onde estão os maiores compradores.

A Amazônia brasileira começou a aparecer nesse mapa em meados dos anos 2000. O Brasil, que até então figurava na décima posição em volume de cocaína apreendida, atualmente é o terceiro colocado, atrás de Estados Unidos e Colômbia, apontam dados da UNODC de 2021. Foi nessa mesma época que o governo brasileiro investiu para aumentar o controle das fronteiras e do espaço aéreo na Amazônia, que abriga a maior floresta tropical do planeta e tem baixa densidade populacional: cerca de 5,6 habitantes por km².

Uma das medidas para inibir o tráfico veio em 2004 com a chamada Lei do Abate. A medida foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva após uma longa discussão no Congresso e com as Forças Armadas. A lei sinalizava que o governo estava disposto a “combater, com as armas adequadas, a invasão de nossas fronteiras por quadrilhas internacionais de narcotraficantes”, afirmou o então ministro da Defesa, José Viegas Filho.

Àquela altura, o país montava uma infraestrutura própria para agir nesse campo – havia pouco controle sobre o espaço aéreo da Amazônia, o que facilitava voos carregados de drogas vindos de países andinos. Em 2002, o Sistema de Vigilância da Amazônia e o Sistema de Proteção da Amazônia (Sivam/Sipam) entraram em operação sob a justificativa de aumentar a vigilância e o controle do tráfego aéreo, das fronteiras, monitorar comunicações clandestinas, rotas de tráfico e contrabando, além de identificar pistas escondidas e garimpos ilegais. Anos mais tarde, em 2005, o Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta IV) iniciava suas atividades em Manaus.

Assim que a Lei do Abate passou a valer, a FAB diz ter registrado uma redução imediata de 32% no número de voos irregulares. O primeiro relato de interceptação de avião suspeito veio a público em 2009, quando uma aeronave vinda da Bolívia foi alvo de disparos de advertência pelos militares brasileiros após o piloto se negar a obedecer. Depois dos tiros, o avião, que carregava 176 kg de pasta base de cocaína, pousou numa estrada de terra em Rondônia.

O estudo liga a interdição aérea ao volume da droga apreendida. Com a migração de parte do comércio ilegal para os rios e estradas, o Brasil dobrou a quantidade de cocaína detida por mar, terra e ar entre 2004 e 2005: foi de 7,7 toneladas para 15,7 toneladas, segundo estatísticas divulgadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) à época.

No entanto, a estratégia usada para dificultar o tráfico de drogas pelo ar pode ter estimulado um novo problema. Segundo o estudo dos pesquisadores brasileiros, a geografia da floresta favoreceu a rápida adaptação do narcotráfico. A análise indica que a violência nas cidades ao longo das vias acessadas mudou de padrão depois da Lei do Abate. O estudo também aponta o aumento de mortes por overdose, sinalizando maior presença de drogas em circulação. “Observamos que diversos municípios com zero casos de overdose antes de 2005 passaram a ter episódios esporádicos desde então”, afirmam os pesquisadores, alertando ainda para a provável subnotificação de casos.

Existem quatorze rios identificados por pesquisadores brasileiros como os “rios de cocaína”. Foto: Reprodução

Disputa pelo monopólio do tráfico na região entre facções criminosas

Os pesquisadores alertam que é praticamente impossível enfrentar o problema numa região do tamanho da Amazônia, maior que a União Europeia, apostando só na presença ostensiva da polícia ou das Forças Armadas. “Tem que pensar em algum uso de tecnologia que seja capaz de acompanhar isso e gerar alertas que acionem uma reação”, sugere a pesquisa, citando drones, radares móveis e melhor coordenação entre os órgãos de fiscalização e autoridades dos países vizinhos. Outra ação vital é oferecer às comunidades locais alternativas que gerem renda, preservem a floresta e o modo de vida tradicional, a fim de evitar o envolvimento dos moradores com o narcotráfico e impedir possível “entrincheiramento de algum grupo criminoso ali na região que consiga um monopólio”.

A disputa pelo monopólio do tráfico de drogas na Amazônia sugerida pela pesquisa foi diagnosticada pelo Fórum de Segurança Pública em um relatório de 2022, citado no estudo sobre os “rios de cocaína”. A análise do Fórum abordou o interesse de facções do Sudeste, como o Comando Vermelho, do Rio de Janeiro, e o Primeiro Comando da Capital, o PCC, de São Paulo, pelo controle da região entre 2015 e 2016. O relatório cita ainda que “algumas facções locais compreenderam melhor os mecanismos de funcionamento das redes ilegais através da Amazônia”.

Esse fenômeno suscitou o surgimento de organizações regionais, como a Família do Norte, no Amazonas. Cientes disso, os estudiosos do Insper e da USP compararam os homicídios ocorridos após 2015, tentando identificar algum aumento de óbitos a partir da interferência das facções. Os números mostram que a taxa de mortes se manteve similar durante todo o período a partir de 2004, quando a restrição aérea foi implementada.

Por fim, os pesquisadores ressaltam que, além dos esforços brasileiros para conter o crime organizado, é imprescindível uma cooperação internacional, “principalmente na região andina, para garantir uma abordagem coordenada ao tráfico de cocaína, com maior troca de informações e práticas de segurança transnacional”.

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Com repasses de R$ 32,5 milhões, Acre chegou a 98% de execução de recursos da Lei Paulo Gustavo, diz governo federal

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Rio Branco foi o grande protagonista, com R$ 3,15 milhões aplicados em projetos audiovisuais

Maior parte dos recursos foi destinada a projetos de audiovisual. Foto: Lucas Dutra/FEM

O Acre foi um dos estados que mais se destacou na execução dos recursos da Lei Paulo Gustavo, com mais de 98% do montante recebido sendo investido na cultura local. Ao todo, o estado e seus 22 municípios executaram R$ 32,5 milhões, sendo R$ 23,86 milhões direcionados ao setor audiovisual e R$ 8,68 milhões para diversas outras manifestações culturais, como música, dança, pintura e artes digitais.

Entre os municípios acreanos, Rio Branco foi o grande protagonista, com R$ 3,15 milhões aplicados em projetos audiovisuais e R$ 1,27 milhão em outras áreas culturais. As cidades de Cruzeiro do Sul, Sena Madureira, Tarauacá e Feijó também se destacaram na execução dos recursos, contribuindo para o fortalecimento da cultura no estado.

A Lei Paulo Gustavo, sancionada em 2022, foi criada para apoiar o setor cultural durante a pandemia de Covid-19. Inspirada no legado do humorista Paulo Gustavo, que faleceu em decorrência da doença, a lei destinou recursos a estados, municípios e ao Distrito Federal, com o objetivo de ajudar artistas e produtores culturais a manterem suas atividades durante a crise. Com uma execução recorde, a lei se consolidou como o maior investimento direto na cultura na história do Brasil, promovendo o fortalecimento da economia criativa e a valorização das expressões culturais locais.

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, fez questão de ressaltar a importância da Lei Paulo Gustavo para o desenvolvimento cultural e social do Brasil. “A lei é responsável pelo desenvolvimento econômico, social e artístico ao injetar recursos financeiros nos municípios e estados, gerando emprego, renda e dignidade para o nosso povo. A cultura está diariamente na vida dos brasileiros, e por isso leis de incentivo, como a Paulo Gustavo, são fundamentais para fomentar e evidenciar a diversidade da nossa gente e as diferentes formas de se fazer cultura”, afirmou.

Em nível nacional, os recursos da Lei Paulo Gustavo somaram R$ 3,93 bilhões, o maior investimento na história do país para o setor cultural. Com uma execução recorde de 95% dos recursos, a lei se consolidou como um importante pilar de apoio à cultura, especialmente em um momento tão desafiador como a pandemia de Covid-19.

O Acre, ao lado de outros estados que também se destacaram, como o Espírito Santo e o Paraná, é exemplo de como a aplicação desses recursos tem gerado impacto positivo na economia e na vida das pessoas. A execução eficiente no estado mostra como é possível investir em cultura e fortalecer a identidade local, ao mesmo tempo em que se geram novas oportunidades para a população.

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Governo Federal propõe expansão do crédito consignado para trabalhadores do setor privado

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Para viabilizar essa nova modalidade de crédito, o governo deve editar uma Medida Provisória (MP) ainda em fevereiro, embora o prazo exato ainda não tenha sido definido. Existe também a possibilidade de enviar um projeto de lei para o Congresso Nacional

Modalidade oferece juros mais baixos em comparação com outros tipos de crédito, sendo amplamente utilizada por servidores públicos, aposentados e pensionistas do INSS. Foto: internet

O Governo Federal anunciou a criação de uma proposta legislativa que visa expandir o acesso ao crédito consignado para os cerca de 42 milhões de trabalhadores com carteira assinada (CLT) no Brasil, especialmente aqueles com dificuldades de acesso a este tipo de financiamento. A principal novidade da proposta é a criação de uma plataforma que permitirá aos bancos e instituições financeiras consultar diretamente o perfil de crédito dos trabalhadores por meio do eSocial, o sistema eletrônico obrigatório que reúne informações trabalhistas, previdenciárias e fiscais dos empregados de todo o país.

O crédito consignado, uma das modalidades de empréstimo mais populares no Brasil, tem as parcelas descontadas diretamente da folha de pagamento do devedor. Essa modalidade oferece juros mais baixos em comparação com outros tipos de crédito, sendo amplamente utilizada por servidores públicos, aposentados e pensionistas do INSS. Atualmente, a legislação permite que trabalhadores com carteira assinada acessem o crédito consignado, mas a exigência de convênios entre empresas e bancos dificulta a adesão de pequenas e médias empresas, limitando o acesso ao serviço.

O projeto foi discutido em uma reunião com o presidente Lula, os ministros Haddad e Luiz Marinho, além dos presidentes de cinco dos maiores bancos públicos e privados do país, incluindo Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú e Santander. Durante o encontro, ficou claro que a proposta busca eliminar a necessidade de convênios entre as empresas e os bancos, facilitando a oferta de crédito para trabalhadores de diversos setores, independentemente do porte da empresa em que trabalham.

Para viabilizar essa nova modalidade de crédito, o governo deve editar uma Medida Provisória (MP) ainda em fevereiro, embora o prazo exato ainda não tenha sido definido. Existe também a possibilidade de enviar um projeto de lei para o Congresso Nacional, conforme indicou o ministro do Trabalho, Luiz Marinho.

As regras sobre o limite do crédito consignado, como o teto de 30% da renda mensal do trabalhador comprometida com o empréstimo, deverão permanecer inalteradas. Além disso, os trabalhadores poderão utilizar até 10% do saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e a multa por demissão sem justa causa para o pagamento das parcelas, caso se desliguem da empresa.

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