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Coluna do Felix – Avulsos

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Eu, minha tia e minha avó

Um dia vivi em casa de madeira, onde as paredes na parte de baixo eram vazadas na altura de uns 15 centímetros, para que se pudesse limpar. Chão brilhando, encerado, era coberta de alumínio e quando chovia, como era bom ouvir o barulho da chuva cair. Depois do almoço, na hora da sesta, no silêncio da casa, eu pequeno deitava no assoalho ficava olhando as nuvens do céu pela janela.

Ao redor da casa tinham plantas coloridas, amarelas, brancas e vermelhas e um pé de jambo, que eu subia até bem alto para sentir o vento. Um dia vi um pedaço de algo branco no chão do terreiro, peguei, provei, gostei, mastiguei e pensei, comi um pedaço de nuvem, depois de muito tempo descobri que era um pedaço de cocada.

Tinha um cachorro nessa casa chamado Rompe Ferro, um vira lata lindo de porte médio, cinzento que eu amava. Um quintal grande com mangueiras, que eu brincava debaixo delas, um poço amazônico com água de puxar no balde, água boa gelada, que ia para um tanque que tomava banho de lata na cabeça.

Eu amava minha tia, ela para mim era como uma personagem de contos de fadas ou uma das Panteras que eu assistia no seriado da TV, ela era magra, alta, boca carnuda e cabelos pretos lisos até a cintura. Eu era uma criança, mas a admirava.

A casa era movimentada família grande, era a casa onde eu gordinho tomava café com pão toda noite e assistia tv preto e branco com minha avó Adélia, que era daquelas que respondia o boa noite do Cid Moreira no Jornal Nacional quando terminava.

Eu amava essa vozinha, uma mulher forte, negra, os cabelos alvinhos, era a benzedeira do bairro, rezou em várias crianças com matinho de vassourinha contra quebranto, e outros males. Eu quase sempre dormia a seu lado, ela rezava o terço todas as noites antes de dormir, eu ficava ouvindo e o sono vinha e a noite se abria em sonhos. Com Deus eu me deito, com Deus eu me levanto, nossa Senhora me cubra com seu divino manto. Saudades daquele tempo.

Minha avó teve muitos filhos, quase todos morreram antes dela, mulher muito sofrida era ela. Minha tia sofria de problemas do coração, morreu também antes de minha avó e senti sua falta demais.

Dia desses encontrei um primo, que me disse que minha tia tinha morrido intrigada com ele, que ela, por causa de um namorado que não queria misturar-se com a família, tinha pedido para dividir a casa ao meio, o que ela fez,  deixando minha avó sozinha do outro lado, que minha avó assistia o Jornal Nacional  pelo reflexo do zinco da casa, quase chorei, tadinha de minha vozinha, e minha tia perdeu um pouco do brilho que eu achava que tinha.

(Jorge Felix 25/09/2019)

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Júri condena mandante e executor pela morte de “Chico Abreu” em Xapuri após 12 horas de julgamento

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Julgamento ocorreu por 12 horas e as duas penas ultrapassaram 50 anos de reclusão – Foto: Cedida

Crime ocorrido em 2022 teve grande repercussão; penas somam 54 anos de prisão em regime fechado

Após mais de 12 horas de julgamento, o Tribunal do Júri da Comarca de Xapuri condenou, na noite desta sexta-feira (12), Benigno Queiroz Sales e Risonete Borges Monteiro pelo assassinato do colono Francisco Campos Barbosa, conhecido como “Chico Abreu”. O crime ocorreu em novembro de 2022, na zona rural do município, e mobilizou a comunidade local pela brutalidade e pelas circunstâncias do homicídio.

Os jurados reconheceram que o crime foi praticado com duas qualificadoras: motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima. Apontada como mandante, Risonete Borges Monteiro foi condenada a 25 anos de reclusão em regime fechado. Já Benigno Queiroz Sales, identificado como executor, recebeu pena de 29 anos de prisão, também em regime fechado, incluindo condenações por dois crimes de furto cometidos durante a fuga após o assassinato.

Benigno Queiroz Sales foi sentenciado a cumprir 29 anos de reclusão.

A sentença foi proferida pelo juiz Luís Gustavo Alcalde Pinto, que presidiu a sessão no Fórum de Xapuri. O plenário permaneceu lotado durante todo o julgamento, com a presença de familiares da vítima, que acompanharam os debates usando camisetas pedindo justiça.

Conforme a investigação da Polícia Civil e a denúncia do Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), Chico Abreu foi morto dentro de sua propriedade, na colocação Vista Alegre, no seringal Cachoeira, área limítrofe entre os municípios de Xapuri e Epitaciolândia. O corpo foi localizado dois dias depois, com sinais de enforcamento e perfuração por disparo de arma de fogo. Laudo do Instituto Médico Legal (IML) confirmou que a causa da morte foi tiro de espingarda, associado à asfixia.

Durante o julgamento, Benigno confessou a autoria do homicídio, mas negou ter agido a mando de Risonete ou que houvesse acordo para dividir R$ 16 mil que a vítima supostamente mantinha em casa. Apesar da versão apresentada pela defesa, os jurados entenderam que houve conluio entre os réus para a execução do crime. Risonete sempre negou participação.

Segundo o MPAC, a mulher teria planejado a morte do companheiro, com quem conviveu por cerca de 12 anos, motivada por interesses financeiros. Benigno, que trabalhava como diarista e caseiro da vítima havia aproximadamente um mês, teria sido contratado para executar o assassinato, mediante promessa de recompensa.

As investigações apontaram a motivação por interesses financeiros envolvendo a companheira que teria contado com apoio de Benigno.

A defesa de Benigno foi feita pelos advogados Luiz Henrique Fernandes Suarez e Paula Victória Pontes Belmino. Já Risonete contou, ao longo do processo, com a atuação das defensoras públicas Aline Cristina Lopes da Silva e Morgana Rosa Leite Gurjão, que também a representou no plenário do júri.

Com a condenação, a Justiça de Xapuri encerra um dos casos criminais de maior repercussão recente no interior do Acre, marcado por violência, ruptura familiar e forte comoção social.

Momento onde a ex-companheira era ouvida pelo júri durante o julgamento.

 

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Câmara Municipal de Epitaciolândia adquire caminhonete com recursos próprios para reforçar ações do Legislativo

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A esquerda, Presidente da Câmara Municipal de Epitaciolândia, vereador Antônio Rosiclei Oliveira (SDD), acompanhado do vereador Ari Osvaldo Matos (SDD).

Presidente Rosiclei e vereador Ari destacam economia e gestão responsável que permitiram a compra do novo veículo

O presidente da Câmara Municipal de Epitaciolândia, vereador Antônio Rosiclei Oliveira (SDD), acompanhado do vereador Ari Osvaldo Matos (SDD), esteve em Rio Branco nesta sexta-feira (12) para receber a nova caminhonete adquirida pelo Legislativo municipal. O veículo substituirá o antigo automóvel, que já não apresentava condições adequadas de uso, e ficará à disposição dos vereadores para atividades institucionais.

Rosiclei afirmou que a aquisição simboliza o resultado de um ano de gestão marcada pela responsabilidade e economia. “É com alegria que recebo essa caminhonete. Quero dizer à população de Epitaciolândia e aos vereadores que o trabalho realizado neste ano nos deu esse respaldo. Em um ano, conseguimos adquirir um bem desse porte”, destacou.

O vereador Ari Osvaldo também comemorou a conquista e atribuiu o resultado ao esforço coletivo. “Presidente Rosiclei, queremos expressar nossa gratidão por adquirir essa caminhonete para a Câmara Municipal. É fruto do seu trabalho, do trabalho dos vereadores e de todos os servidores. Quem ganha é a população”, afirmou.

A compra foi realizada com recursos próprios da Câmara, resultado de contenção de gastos e planejamento financeiro. Segundo Rosiclei, o novo veículo ampliará a capacidade de atuação do Legislativo. “A Câmara tinha um veículo que já não funcionava adequadamente. Fizemos economia e conseguimos adquirir essa caminhonete para auxiliar nos trabalhos do Legislativo”, explicou.

A mesa diretora reforçou que a medida visa garantir melhores condições de trabalho aos parlamentares e mais eficiência nas ações institucionais desempenhadas em benefício da comunidade.

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Corpo de jovem conhecido como “Apocalipse” é encontrado com marcas de execução em Manoel Urbano

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Vítima era investigada por morte de adolescente; Polícia apura possível relação entre os crimes

O corpo de Cleiton Freire de Oliveira, 23 anos, conhecido como “Apocalipse”, foi encontrado na manhã desta sexta-feira (12) na área de sua própria residência, na rua da Praia, Baixada da Colina, bairro São Francisco, em Manoel Urbano, interior do Acre. A suspeita é de que ele tenha sido executado durante a madrugada.

Segundo informações repassadas pelas autoridades locais, moradores escutaram ao menos cinco disparos de arma de fogo por volta das 2h. A Polícia Militar chegou a ser acionada, mas, devido à falta de informações precisas, ninguém foi localizado no momento. Já nas primeiras horas da manhã, o corpo de Cleiton foi encontrado, e cápsulas de pistola calibre 9 mm estavam espalhadas perto da vítima.

Moradores relataram ter ouvido pessoas correndo em direção à área da praia logo após os disparos, mas ninguém foi identificado.

O local do crime foi isolado pela Polícia Militar. Uma equipe do Samu esteve no ponto para constatar o óbito. Investigadores da Polícia Civil também compareceram para coletar informações, realizar procedimentos periciais e acompanhar a remoção do corpo.

Cleiton Freire, o “Apocalipse”, era apontado como principal suspeito de assassinar o adolescente Kauã, de 14 anos, encontrado morto no último dia 5 às margens do rio Purus, próximo ao porto de Manoel Urbano.

A Polícia Civil já iniciou as investigações para apurar se existe relação entre os dois crimes.

 

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