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Ainda sobre o amor – Coluna do Jorge Felix/Avulsos
Ainda sobre o amor
Nunca esqueci o conto: “Primeiro Beijo”, de Clarice Lispector, texto irretocável da diva da literatura brasileira. Olhou a estátua nua. Ele havia beijado. Belíssima passagem. Outro conto que me marcou muito foi “O menino” de Lygia Fagundes Telles, recomendo a leitura, ambos fortes e inesquecíveis.
No conto O menino, mostra um pai perfeito, dedicado e o amor do filho por ele. Quanto a mim nunca superei muito bem ter sido abandonado pelo meu pai quando ainda tinha um ano de idade, tem uma foto minha quando criança, que eu observo os olhos daquele garotinho de marcacãozinho listrado e kichutes, cabelos penteados, vejo sua dor, seu pavor de estar sozinho no mundo, choro quando vejo. Eu sempre pensava no dia em que meu pai viria me pedir perdão, eu iria dizer tanta coisa engasgada, sobre sua ausência, sobre uma vida toda sentindo-me desprotegido, todos tinham pai e eu não.
Na verdade eu nem conhecia meu pai direito até os quatorze anos de idade, quando fui visitá-lo pela primeira vez, via-o por fotos, era um homem bonito, parecia com ator de telenovelas, parecia Antônio Fagundes quando jovem, minha mãe me contava que ele gostava de tocar violão, dançar, beber e de mulheres, não sabia que time torcia, por foto vestido para jogar futebol, pensava que era Botafogo, mas anos depois descobri que era Palmeirense.
Minha mãe, um dia perguntei, porque ele nos deixou, não cabia na minha cabeça, um homem deixar uma mulher como minha mãe, linda, inteligente, batalhadora, uma integridade do tamanho do universo, ao que ela me respondeu em sua sabedoria: ninguém é obrigado a viver com ninguém, não deu certo, fazer o quê? Depois de adulto soube que ele dissera que iria procurar uma mulher rica, pois minha mãe era pobre, não tinha futuro. Sofri.
Fomos aos poucos nos aproximando eu e meu pai, ele vinha sempre que podia me visitar nas férias com sua esposa e meu irmão Charlie, rapaz bonito, gente boa demais, parecido com ele, chegava sempre para rever seus amigos antigos, contar-me as histórias de quando criança tomava banho no Igarapé Bahia, das surras que levava de dona Adélia por não ir as aulas, as aventuras com seu primo Zeca, eu ouvia resignado.
Meu pai acabou acometido de um câncer no pâncreas, lutou por treze anos contra a maldita doença, perdeu a batalha, uma das últimas vezes que veio me ver, pediu-me perdão por ter nos abandonado, que era muito jovem, que sentiu o peso da responsabilidade, que me amava, sempre amou e que como a música antiga “Meu filho Deus que lhe proteja e onde quer que esteja eu velo por você…” , sempre orou por mim. Todas as coisas que tinha para dizer, o discurso, as esculhambações imaginadas desapareceram naquele momento de epifania, consegui apenas dizer, já passou, já passou. Meu pai morreu, não tive coragem de ir vê-lo pela derradeira vez, acho que entendeu. O amor paterno faltou-me.
Quanto a minha mãe, meu Deus como eu amo essa mulher, coração gigante, teve um novo relacionamento em sua vida, um homem bom Oscar se aproximou dela e de certa forma eu o tinha como pai, me ensinou muito; do relacionamento uma irmãzinha nasceu, me emociono agora ao escrever, Janaína, a fofura mais linda da vida, eu era seu protetor, seu babá, como era inteligente aquela menina, comunicativa, corajosa, como me arrependo de não ter podido ajudá-la mais, minha caboclinha, de olhos vivos, lágrimas escorrem agora do meu rosto, tragicamente morreu de um acidente de moto aos vinte cinco anos de idade, eu e minha mãe, nunca mais fomos os mesmos, morremos um pouco com ela, até hoje me pergunto porque Deus não me levou ao invés dela? Esse é um tipo de amor que não dá para explicar.
Dizem que feliz é aquele que tem amigos que dá para contar numa mão, eu considero alguns como verdadeiros amigos, mas não posso citar, por conta da ciumeira que pode causar, mas você que lê agora meu texto pode ser um deles. Vou contar agora de dois que considerava muito, todavia não me consideravam reciprocamente, um era um vendedor de livros, que sempre ajudei, fazendo propaganda dos livros que vendia nas escolas que trabalhava, pediu-me um dinheiro emprestado e até não pagou e nem pagará; outra, era uma colega de escola, muito bem quista por sinal pelo meio docente, que em reunião escolar, na minha ausência, disse que eu ganhava comissão dos livros que eram vendidos e que eu os impunha à escolha, perdoei os dois, mas nunca mais me aproximei se quer deles.
Certa vez em aulas de catequese, perguntei para irmã Madalena, se Deus mandara perdoar nossos inimigos e ao mesmo tempo amá-los como a nós mesmos, que tarefa difícil Ele nos deixara, ela me respondeu que perdoar sempre é mais fácil, mas não somos obrigados a conviver com a pessoa que nos é negativa, amar o inimigo aí sim é dificílimo. Amar os inimigos é quase impossível, que Deus me perdoe.
Difícil perdoar, por exemplo, outra irmã da igreja, que não citarei o nome para não dar destaque, merece ser esquecida. Eu sempre lia muito nas missas, gostava, sentava-me nos bancos da frente, minha filha pequenina à época com dois anos de idade, ia bem bonitinha, de vestidinho florido, de lacinho amarrado na cintura, coisa mais linda, ficava indo do banco onde a mãe ficava e eu durante a celebração, mas nem fazia barulho, nem nada, ficava um pouco comigo, um pouco com a mãe, num belo dia essa “religiosa”, me chamou, num canto ao fim de uma missa e disse-me com ar de puxão de orelhas, com a cara fechada e voz fina, que a missa não era lugar de desfile para minha princesa ficar andando para lá e para cá, como sempre não consegui emitir palavra de tão enfurecido, nunca mais li nas celebrações e odiei aquela mulher com todas minhas forças, não me aproximei mais dela, logo eu catequista, muitos anos dedicados a Igreja, à Pastoral do Batismo, às festas do padroeiro, como amar aquele ser repugnante? À época expressei o acontecido em rede social, fui repreendido por um “irmão” zeloso que me chamou de pedra de tropeço, em alusão ao evangelho daquele domingo. Amor difícil esse religioso.
O que herdei de minha mãe, honestidade e a fortaleza, seus lábios, a altura enorme; do meu pai não herdei a beleza, puxei os pés, as mãos, os olhos, não bebo, não toco violão, gosto de mulheres, acredito que para os dias atuais isso seja um defeito, um desvio de caráter. A única coisa que não suporto de verdade e que depõe contra todo tipo de amor que possa ter, é a hipocrisia de quem faz julgamentos da vida alheia, sendo que a dele próprio não são exemplo para nada e ninguém.
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PF deflagra Operação Teto de Vidro II contra lavagem de dinheiro na fronteira do Acre
Grupo criminoso teria movimentado mais de R$ 200 milhões por meio de câmbio ilegal e evasão de divisas
A Polícia Federal deflagrou, nesta quinta-feira (30), a Operação Teto de Vidro II, visando desarticular um grupo criminoso responsável por lavagem de dinheiro na região de fronteira entre Brasil e Bolívia. Após contato com a assessoria, somente nesta sexta-feira (31), as informações foram repassadas através do portal da Instituição.
A ação é um desdobramento da primeira fase da operação, realizada em 2022, quando a PF identificou movimentações financeiras ilícitas superiores a R$ 200 milhões, ligadas a crimes de câmbio ilegal e evasão de divisas.
Segundo as investigações, os suspeitos utilizavam empresas e “laranjas” para adquirir imóveis, misturando dinheiro ilícito com receitas legais para ocultar a origem criminosa dos valores.
Foram cumpridos sete mandados expedidos pela Justiça Federal, sendo dois de prisão preventiva contra os líderes do grupo e cinco de busca e apreensão em Brasiléia e Xapuri. Além disso, houve o sequestro de bens e valores no montante de R$ 3 milhões.
A PF segue investigando o caso para identificar outros envolvidos e apurar possíveis novos crimes. Os suspeitos poderão responder por lavagem de dinheiro e outros delitos relacionados.
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Homem é executado com mais de 20 tiros dentro de lava a jato em Rio Branco
Criminosos invadiram estabelecimento e dispararam contra vítima que dormia no local
Um homem identificado apenas como “Fei” foi assassinado a tiros na madrugada desta sexta-feira (31) dentro de um lava a jato localizado na Rua Coronel Leal, Quadra 8E, no Conjunto Habitacional Cidade do Povo, em Rio Branco.
De acordo com informações da Polícia Militar, a vítima estava dormindo em um quarto do estabelecimento quando criminosos não identificados invadiram o local, quebraram a porta e efetuaram mais de 20 disparos. “Fei” foi atingido no peito, abdômen e cabeça, morrendo no local. Após a execução, os autores fugiram sem deixar rastros.
Moradores da região relataram ter ouvido os disparos e, ao saírem para verificar o que havia acontecido, encontraram o homem gravemente ferido dentro do quarto. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, mas, ao chegar, os paramédicos constataram o óbito.
Policiais do 2º Batalhão isolaram a área para os trabalhos periciais. Após a análise da cena do crime, o corpo foi removido e encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para exames e identificação oficial.
A motivação do crime ainda é desconhecida. O caso será investigado inicialmente pelos agentes da Equipe de Pronto Emprego (EPE) e, posteriormente, seguirá para a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
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Em menos de 12 horas, GEFRON prende três mulheres por tráfico de drogas na fronteira
O Grupo Especial de Fronteira (GEFRON) do Acre prendeu três mulheres, incluindo uma grávida e uma adolescente, por tráfico de drogas na região de fronteira com a Bolívia e o Peru. As prisões ocorreram em menos de 12 horas durante a Operação Protetor das Fronteiras e Divisas, que reforça a fiscalização nas rodovias do estado.
A primeira prisão aconteceu na tarde de quarta-feira (29), quando um táxi Fiat Cronos foi abordado em Senador Guiomard. No bagageiro do veículo, os agentes encontraram um bebedouro que, ao passar pelo Raio-X, revelou conter 8,2 kg de skank, uma versão mais potente da maconha. A droga, avaliada em R$ 82.200, pertencia a K.M.B.F., que foi presa em flagrante.
Pouco depois, outro táxi, modelo Chevrolet Spin, foi fiscalizado. Durante a revista, os agentes notaram uma caixa de som com peso anormal. O scanner revelou um formato suspeito no interior do equipamento, onde estavam escondidos 7,2 kg de skank, avaliados em R$ 72.230. A droga era transportada por uma adolescente, K.V.A.D., que foi apreendida e levada à delegacia.
Já na manhã de quinta-feira (30), uma terceira abordagem resultou na prisão de uma mulher grávida. Durante a fiscalização, os policiais encontraram 4 kg de cloridrato de cocaína dentro de um saco amarelo. A suspeita recebeu voz de prisão e foi encaminhada à Delegacia de Polícia Civil, onde responderá pelo crime de tráfico internacional de drogas.
As forças de segurança alertam para o aumento do recrutamento de mulheres como “mulas” do tráfico, transportando drogas em troca de dinheiro ou favores. A localização do Acre, que faz fronteira com países produtores de entorpecentes, como Bolívia e Peru, facilita esse tipo de crime.
As apreensões reforçam o compromisso das autoridades no combate ao tráfico de drogas e ao crime organizado na região. O GEFRON e outros órgãos de segurança seguem intensificando operações para desarticular as redes criminosas e impedir a entrada de drogas no Brasil.
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