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Usina Hidropneumoelétrica Promete Revolucionar a Geração de Energia Limpa

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Por Chico Araújo

Águas Lindas de Goiás, GO – A apenas 50 quilômetros do Palácio do Planalto, em Brasília, um galpão de 450 m² na cidade de Águas Lindas de Goiás – município com cerca de 245 mil habitantes no entorno do Distrito Federal – abriga uma invenção que pode transformar o panorama da energia renovável no Brasil e no mundo. Trata-se do protótipo de uma Usina Hidropneumoelétrica (UHPE), desenvolvido pelo inventor João Batista Maglia, um multifacetado profissional nascido em 1954, que acumula formações como técnico agrícola, piloto de avião, advogado e ex-funcionário do Banco do Brasil. Financiado com recursos próprios de sua aposentadoria e da esposa, Teresina Gasparin Maglia, o dispositivo ocupa apenas 4 m² e é capaz de gerar 10 kW de energia – com potencial escalável para até 1 MW, suficiente para abastecer uma pequena cidade com cerca de 500 residências e 2 mil habitantes.

A UHPE representa um conceito inovador patenteado por Maglia no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), com registros principalmente entre 2009 e 2011. Maglia possui 44 depósitos de pedidos de patentes no INPI, dos quais 6 estão registrados na Organização Mundial da Propriedade Intelectual (World Intellectual Property Organization – WIPO), em Genebra, na Suíça. O sistema utiliza água e ar como fontes renováveis e reutilizáveis, promovendo um ciclo sustentável que devolve os elementos à natureza sem desperdícios.

De acordo com as patentes, como a WO2011011844A1, depositada internacionalmente, a tecnologia envolve a captação de água do fundo de reservatórios hídricos – como poços, rios, lagos, represas, mares ou oceanos – e ar da atmosfera, direcionando-os para turbinas hidráulicas que convertem a energia cinética em eletricidade. Após a geração, a água retorna ao fundo do reservatório por meio de tubos de saída, enquanto o ar é liberado de volta à atmosfera, auxiliando na pressurização e no fluxo para maior eficiência. Como define o próprio inventor, “A Usina Hidropneumoelétrica é um conjunto de máquinas e equipamentos de geração de energia com a utilização e reutilização da água e do ar como fontes de recursos naturais reutilizáveis de energia.”

O princípio de funcionamento é simples, mas ambicioso: tubos de entrada direcionam a água para a turbina hidráulica, onde a conversão energética ocorre em um ambiente seco e aerado, evitando inundações. Os materiais empregados – como concreto armado, ferro, aço naval, plástico ou fibra de vidro – garantem durabilidade e adaptabilidade. Maglia, residente no Distrito Federal, registrou múltiplos modelos de utilidade (MU) para configurações variadas, adaptáveis a diferentes cenários ambientais e geográficos.

Essas inovações visam superar as limitações das usinas hidrelétricas tradicionais, que exigem grandes quedas d’água e podem gerar impactos ecológicos significativos.

As UHPE, também chamadas de Usinas Hidropneumoelétricas JBM, prometem sustentabilidade através de um ciclo fechado, versatilidade em ambientes terrestres, aquáticos ou marítimos, baixo impacto ambiental – especialmente em versões submersas ou flutuantes – e eficiência para operações em locais remotos ou urbanos. A geração de energia é trifásica, com opções de 110, 220 ou 380 volts e frequências de 50 ou 60 hertz, permitindo uma fabricação em linha série escalável. Sua capacidade varia de 10 kV/kVA/kW/HP/CV (10.000 watts), suficiente para abastecer 2 casas e 8 habitantes, até 5 MW (5.000 kV/kVA/kW/HP/CV ou 5.000.000 watts), capaz de suprir 2.500 casas e 10.000 habitantes.

João Maglia, o visionário independente

Maglia, que em alguns registros conta com a colaboração do advogado Marcelo José Maglia, seu filho, posiciona-se como um visionário independente. Protótipos idênticos ao de Águas Lindas de Goiás já foram montados em Torres (RS), Terenos (MS), Porto Velho (RO), Plácido de Castro (AC) e em Santo Antônio do Matupi, em Manicoré (AM), e funcionaram. Porém, por falta de investidores, as usinas foram desmontadas, obrigando Maglia a se transferir para Águas Lindas de Goiás, onde, com alguns parceiros – outros inventores –, alugou o galpão, que fica numa área de 10 mil metros quadrados. Pelo espaço, Maglia e seus parceiros pagam R$ 6 mil mensais. “Aqui é o berçário das invenções”, diz Maglia, com um sorriso largo.

O inventor relata desafios significativos para obter financiamentos ao seu projeto: “Não conseguimos acessar recursos de jeito nenhum”. Ele menciona que a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPGO) só libera fundos para Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs), enquanto recursos de emendas parlamentares federais exigem certificação prévia de universidades, o que implica entregar os direitos de propriedade da invenção a uma universidade pública.

Desde 2005, Maglia busca incentivo governamental para seus inventos. “Mas, infelizmente, sempre me bateram a porta na cara”, diz Maglia, que, nos últimos 20 anos, procurou praticamente todos os órgãos de financiamento do governo federal. Maglia já procurou o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), mas sem sucesso. O entusiasmo de Maglia se dá apenas pelos inventos que é capaz de criar. Quando fala da falta de apoio governamental, Maglia franze o cenho. “Aqui no Brasil, inventor não tem vez”, diz. E acrescenta: “o ministério (ele se refere ao MCTI) manteve as portas fechadas aos inventores”.

Maglia lembra que, no Brasil, as invenções sempre foram relegadas a um plano inferior nos governos. E isso, segundo o inventor, ocorre desde 1709, ainda no Brasil-Colônia. Ele cita exemplos de inventos que não receberam apoio do governo central – o balão voador (Bartolomeu de Gusmão), a máquina de escrever (Padre Francisco João de Azevedo), o rádio (Padre Roberto Landell de Moura), o avião (Alberto Santos-Dumont), o bina (Nélio José Nicolai), e tantos outros mais recentes.

De acordo com Maglia, outro entrave às invenções brasileiras é o próprio MCTI, que, entre outras regras, exige a criação de associações para terem acesso às políticas do ministério, como linhas de crédito. “Isso é um absurdo. A Constituição (art. 5º, inciso XX) diz que ninguém poderá ser compelido a associar-se para obter qualquer coisa,” observa Maglia. “E nesse puxa-encolhe, quem é prejudicado é o inventor brasileiro.”

Falta de apoio e financiamento atrapalham o projeto

Por conta da falta de apoio, João Maglia foi obrigado a vender alguns de seus inventos mais recentes a investidores norte-americanos para tocar seu protótipo das Usinas Hidropneumoelétricas. Dentre os inventos dos quais Maglia se desfez, três deles se destacam – limpador de para-brisa magnético, processo de formação de nuvens e chuvas para erradicação de desertos e a bateria de chumbo inoxidável. Este último invento, a bateria, já é empregada em carros elétricos no mundo. “Infelizmente, temos que passar adiante nossos inventos a compradores estrangeiros (dos EUA e da Europa) porque aqui não recebemos apoio mínimo”, explica João Batista Maglia, que, há mais de duas décadas, percorreu todos os órgãos de fomento, ciência, tecnologia e inovação dos governos federal, estaduais e distrital em busca de apoio e financiamento, mas sem sucesso. Segundo Maglia, o desestímulo é tanto que, em alguns órgãos governamentais, como o MCTI, um diretor lhe afirmou: “patentes do INPI não valem para nada”.

Especialistas em energia renovável consultados avaliam que o invento de João Batista Maglia é inovador, apesar de demandar validações técnicas rigorosas para comprovar viabilidade econômica e física em escala comercial. Ainda assim, o protótipo em Águas Lindas de Goiás representa um passo audacioso rumo a soluções energéticas mais acessíveis e ecológicas, alinhado aos objetivos globais de transição para fontes limpas.

Maglia, aos 71 anos, continua a apostar em sua criação como uma alternativa para reduzir a dependência de combustíveis fósseis, convidando investidores e autoridades a explorarem seu potencial. Entre os objetivos declarados estão dobrar a capacidade energética do Brasil e do mundo, substituir combustíveis fósseis, reduzir emissões de gases de efeito estufa e levar energia elétrica de força e luz a todos os habitantes do planeta. A tecnologia visa substituir fontes poluentes e com impacto ambiental, como usinas de carvão, petróleo, gás, atômicas, biomassa (incluindo lixo e bagaço de cana), hidrelétricas com represas, eólicas, solares e de ondas.

Sua instalação é escalável e pode ocorrer em qualquer lugar do mundo, incluindo locais isolados, extremos ou gelados, aldeias indígenas, comunidades ribeirinhas, casas, edifícios, condomínios, vilas urbanas e rurais, cidades, metrópoles, capitais, centros industriais, datacenters e shopping centers. Pode operar em sistemas isolados ou interligados, atendendo populações e atividades econômicas extrativas, agrícolas, industriais, comerciais e de serviços, promovendo energia limpa e sustentável sem impactos ambientais ou sociais.

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19ª Copa AAJJ de Jiu-Jitsu reúne mais de 400 atletas e destaca nova equipe da Baixada da Sobral

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No último dia 14 de dezembro, foi realizada, na quadra de esportes da ABB, a 19ª edição da Copa AAJJ de Jiu-Jitsu, evento já tradicional no calendário do jiu-jitsu acreano. A competição reuniu mais de 400 atletas, com disputas em diversas categorias, abrangendo desde crianças até adultos, e contou com a participação de inúmeras equipes consagradas do estado.

Entre os destaques do evento esteve a equipe Magno de França Atitude, representante do núcleo da Visual Academia, localizado na Baixada da Sobral. Apesar de ser uma equipe recente no cenário competitivo, com apenas um ano de existência, o grupo demonstrou alto nível técnico e surpreendeu pelos resultados expressivos.

Mesmo levando um número reduzido de atletas, a equipe alcançou um desempenho notável: a cada três competidores inscritos, dois subiram ao pódio, índice que a colocou à frente de equipes maiores, algumas com o dobro ou até o triplo de atletas inscritos. O resultado evidenciou a qualidade técnica do trabalho desenvolvido.

O excelente desempenho é atribuído à atuação dos instrutores e à coordenação do supervisor do projeto, o major da Polícia Militar Magno de França. O núcleo conta com dois instrutores faixas-pretas: o perito criminal Charles França e o professor de jiu-jitsu Antônio José, conhecido como professor Tony, ambos com longa trajetória no ensino da modalidade no Acre.

Além de atletas e disseminadores do jiu-jitsu, o major Magno de França e o perito criminal Charles França atuam há mais de 20 anos no ensino de modalidades de lutas policiais, o que contribui significativamente para o aprimoramento técnico aplicado ao jiu-jitsu.

Os bons resultados se estenderam por todas as categorias, das infantis às adultas. Um dos grandes destaques individuais foi o atleta Raísson, que se consagrou campeão na categoria pesadíssimo adulto. O atleta já vinha de uma conquista anterior no Campeonato Acreano, promovido pela Federação de Jiu-Jitsu do Estado do Acre, realizado nos meses anteriores.

Com isso, o núcleo de jiu-jitsu da Visual Academia / Magno de França Atitude passa a deter atualmente dois títulos importantes na categoria pesadíssimo adulto: o da Copa AAJJ e o da Federação de Jiu-Jitsu do Estado do Acre, consolidando-se como uma equipe promissora e de alto nível técnico no cenário do jiu-jitsu acreano.

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Consumidor pagará menos na conta de luz em janeiro

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De acordo com o Ministério de Minas e Energia, a adoção da bandeira verde reflete um cenário de segurança energética, no qual não há necessidade de acionamento intensivo de usinas termelétricas

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou nesta terça-feira (23) que o ano de 2026 começará sem custo extra na conta de energia para a população. Em janeiro, será aplicada a bandeira tarifária verde.

A agência reguladora destacou que apesar de o período chuvoso ter iniciado com chuvas abaixo da média histórica, em novembro e dezembro houve no país, de um modo geral, a manutenção do volume de chuvas e do nível dos reservatórios das usinas.

“Em janeiro de 2026 não será necessário despachar as usinas termelétricas na mesma quantidade do mês anterior, o que evita a cobrança de custos adicionais na conta de energia do consumidor”, explicou a Aneel.

Neste mês de dezembro já houve a redução na bandeira tarifária vermelha no patamar 1 para amarela.A medida reduziu em R$ 4,46 a cada 100 quilowatts-hora (KW/h) consumidos e passou a R$ 1,885.

De acordo com o Ministério de Minas e Energia, a adoção da bandeira verde reflete um cenário de segurança energética, no qual não há necessidade de acionamento intensivo de usinas termelétricas. Essas unidades, além de apresentarem custo de geração mais elevado, utilizam combustíveis fósseis e contribuem para a emissão de gases de efeito estufa.

“Apesar da crescente participação de fontes renováveis como solar e eólica na matriz energética brasileira, a geração hidrelétrica segue como base do sistema elétrico nacional. A capacidade de produção das usinas depende diretamente do volume de chuvas que incide sobre as principais bacias hidrográficas, fator que tem se mostrado”, lembra a pasta.

Custos extras

Criado em 2015 pela Aneel, o sistema de bandeiras tarifárias reflete os custos variáveis da geração de energia elétrica. Divididas em cores, as bandeiras indicam quanto está custando para o Sistema Interligado Nacional (SIN) gerar a energia usada nas residências, em estabelecimentos comerciais e nas indústrias.

Quando a conta de luz é calculada pela bandeira verde, não há nenhum acréscimo. Quando são aplicadas as bandeiras vermelha ou amarela, a conta sofre acréscimo a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumido.

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Prefeitura de Rio Branco assina contratos de R$ 850 mil para auxílio emergencial durante seca

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Acordos para cestas básicas e combustível foram firmados em dezembro e publicados no DOE; recursos, autorizados por portaria federal, poderão ser usados até março de 2026

Os recursos poderão ser utilizados até 15 de março de 2026, conforme estabelecido pela Portaria nº 2.817 do governo federal, que autorizou o repasse de verbas à capital. Foto: captada 

A Prefeitura de Rio Branco assinou dois contratos emergenciais, no valor total de R$ 850.875, para atender famílias em situação de vulnerabilidade durante a seca que atinge o Acre. Os acordos foram firmados em dezembro de 2025 e publicados no Diário Oficial do Estado (DOE) na última terça-feira (23/12), após correções de informações.

Destinação dos recursos:
  • R$ 825 mil para aquisição de cestas básicas, contratadas com a empresa A. A. Souza Ltda;

  • R$ 25.875 para fornecimento de combustível à Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec), firmado com o Jaguar Auto Posto Acre Ltda.

As contratações foram feitas por meio da Dispensa de Licitação nº 06/2025, com fundamento na Lei nº 14.133/2021, que permite procedimento direto em situações de calamidade pública. A justificativa aponta a estiagem prolongada e o risco de desabastecimento de água, reconhecidos por atos municipais, estaduais e federais ao longo de 2025.

Os recursos poderão ser utilizados até 15 de março de 2026, conforme estabelecido pela Portaria nº 2.817 do governo federal, que autorizou o repasse de verbas à capital. A seca foi classificada como desastre natural, levando a prefeitura a decretar situação excepcional em agosto, posteriormente reconhecida pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec).

Os contratos foram firmados pelo secretário municipal da Casa Civil, Valtim José da Silva, pelo coordenador da Comdec, tenente-coronel Cláudio Falcão de Sousa, e pelos representantes das empresas fornecedoras.

Embora as medidas atendam a uma resposta imediata, especialistas apontam a dependência de ações paliativas diante da falta de políticas estruturais para enfrentar os efeitos da estiagem. A cada nova ação emergencial, fica evidente a vulnerabilidade da cidade e a necessidade de planejamento que vá além da lógica da urgência.

A Comdec deverá prestar contas sobre a aplicação dos recursos. Enquanto isso, a população aguarda a implementação de soluções de longo prazo para conviver com os períodos de seca, que têm se intensificado nos últimos anos.

Os contratos emergenciais reforçam a gravidade da crise hídrica no Acre e a necessidade de ações coordenadas entre município, estado e União para mitigar os impactos sobre as famílias mais pobres.

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