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‘Os gastos continuam crescendo, talvez mais do que poderiam’, diz presidente do Itaú

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Presidente do Itaú Unibanco afirma esperar que o governo faça uma ‘boa escolha’ na indicação do futuro presidente do Banco Central Foto: Taba Benedicto/Estadão

Milton Maluhy afirma que o principal desafio do Brasil é o fiscal, mas avalia que o momento é positivo e que o País deve fazer um esforço para atrair investimentos e buscar um crescimento mais vigoroso

DAVOS, SUÍÇA – Assim como o México está se aproveitando do movimento global chamado de “nearshoring” (realocação da produção em países próximos ao mercado de interesse), o Brasil precisa agarrar a oportunidade que bate à sua porta, alerta o presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy. O momento é positivo para o País, que deve fazer um esforço para atrair investimentos, buscar um crescimento mais vigoroso e evitar o risco da sobretributação na busca por um melhor equilíbrio fiscal, lista o banqueiro.

“A gente sempre corre o risco de sobretributar a economia, e esse é um tema que tem de estar no radar o tempo todo… No curto prazo, você mostra contas melhores, mas, no fim do dia, acaba hipotecando o futuro”, disse o presidente do Itaú, em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast, em Davos, na Suíça, onde participa do Fórum Econômico Mundial.

Maluhy reforça a preocupação dos investidores em Davos: o principal desafio do Brasil é o fiscal. “O gasto continua crescendo, talvez em um ritmo mais acelerado do que poderia. Pelas nossas projeções, a relação dívida/PIB do Brasil seguirá aumentando três pontos porcentuais por ano, com um nível de taxa de juros ainda elevado. Por isso, essa disciplina com o orçamento, com o fiscal é muito importante”, diz. E lembra que os problemas de orçamento impedem o câmbio de estar mais baixo e os juros caindo de forma mais agressiva no País.

O presidente do Itaú Unibanco afirma ainda esperar que o governo faça uma “boa escolha” na indicação do futuro presidente do Banco Central. O mandato do atual presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, termina no fim deste ano. “Tenho certeza de que o governo, por já ter tido a experiência de indicar presidentes do Banco Central e saber a importância, fará uma boa escolha.”

Do lado da supervisão bancária, ele diz considerar o novo teto do crédito rotativo, que começou a vigorar em janeiro, como um tema vivo, que deve continuar sob os holofotes neste ano. Por sua vez, o parcelado sem juros se tornou uma “anomalia” e precisa ser endereçado pelos órgãos reguladores, na sua visão. Maluhy, que completa três anos à frente do maior banco da América Latina, afirma que a inteligência artificial, um dos principais temas do Fórum Econômico Mundial, é a tecnologia mais disruptiva de todas, a que pode trazer maior impacto.

Abaixo, os principais trechos da entrevista:

Qual a sua percepção de Davos? O que se falou sobre o Brasil nos bastidores?

Muitos tópicos foram discutidos como a agenda climática, a transição energética que o mundo vem passando e precisa fazer, muita discussão sobre inovação e inteligência artificial. Há uma preocupação muito grande com o tema geopolítico, que vem aumentando com o que está acontecendo no Oriente Médio, e isso traz, claramente, uma preocupação para os investidores. É impressionante o tamanho da oportunidade que temos pela frente. Quando olhamos para a América Latina, o México vem se destacando em relação aos outros países com a questão do “nearshoring” e deve crescer 2,8% neste ano, acima da média da região. O país está se beneficiando dessa questão do nearshoring. E essa é uma oportunidade de ouro para o Brasil.

Por quê?

O Brasil tem de aproveitar o momento para atrair investimento, para se posicionar como uma fortaleza global e mostrar para o mundo o nosso compromisso ambiental, a nossa matriz energética limpa, capital humano, “nearshoring”. Geograficamente, o País está numa posição muito favorável, seja do ponto de vista de conflito, seja do ponto de vista de transporte marítimo e todas as fortalezas que possui. O momento é muito positivo para o Brasil nesse sentido. Há muito interesse dos investidores e quando eles olham também as alternativas, não só o Brasil tem as suas qualidades e as suas virtudes, mas o relativo também tem nos ajudado.

E qual a visão dos investidores estrangeiros sobre o Brasil?

O investidor com uma visão de médio e longo prazo quer entender questões estruturais do País, crescimento, trajetória da dívida, as preocupações que qualquer investidor tem. A reforma tributária que foi aprovada recentemente, quais são as implicações e os impactos disso no médio e longo prazo, enfim, como é que a gente vê toda essa questão da capacidade de atrair de fato investimento para o Brasil em um momento, eu diria, único. A gente realmente tem uma oportunidade à frente e tem que fazer um esforço enorme para aproveitá-la.

O Brasil tem feito esse esforço? A ausência do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em Davos frustrou um pouco as expectativas aqui…

O ministro tem as suas prioridades, sua agenda. Evidentemente, num evento como este existe sempre a expectativa de um encontro com a delegação brasileira. Acho que o governo está bem representado, e a iniciativa privada veio em peso. Falar do País não é uma responsabilidade exclusiva do ministro, mas de todos nós. E se ele, por qualquer razão, teve um conflito de agenda e não pôde estar, acho que é nosso papel representá-lo à altura e falar do País ao mercado e para os investidores. A história a ser contada é positiva, tem elementos muito fortes e desafios também que se colocam aí para frente.

Quais são os principais desafios?

A grande tônica é a questão fiscal. Existe uma preocupação enorme do ministro da Fazenda e do governo em relação a ter um arcabouço e buscar os seus objetivos. Mas o gasto continua crescendo, talvez em um ritmo mais acelerado do que poderia. Pelas nossas projeções, a relação dívida/PIB do Brasil seguirá aumentando três pontos porcentuais por ano, com um nível de taxa de juros ainda elevado. E isso realmente é um ponto de atenção. Por isso, essa disciplina com o orçamento, com o fiscal é muito importante.

E a implementação da reforma tributária?

Tão importante quanto uma reforma fiscal é uma carga tributária adequada para que as empresas possam investir e crescer. A reforma tributária é o marco de uma vitória do País, mas a simplificação terá uma transição longa. A gente tem que lutar e falar cada vez mais sobre ganho de produtividade, crescimento do PIB. Essa tem que ser a tônica dos debates. Como é que a gente atrai investimento privado, que é 20 vezes maior do que o público, como criar condições para que as empresas invistam no Brasil, gerem emprego, renda e riqueza? Essa é a melhor equação possível para resolver as questões de desigualdade, de crescimento sustentável, para a questão fiscal do País porque o crescimento tem que ser a tônica do debate. A gente sempre corre o risco de sobretributar a economia, e esse é um tema que tem de estar no radar o tempo todo.

Por quê?

Porque você pode até fechar a conta no ano com uma sobretributação. No curto prazo, você mostra contas melhores, mas, no fim do dia, acaba hipotecando o futuro, na medida em que você não cria condições para que o investimento e o crescimento aconteçam no longo prazo. Então, esse é um ponto de atenção. O indicador que mede a capacidade do banco é o índice de eficiência, que é uma relação de custo-receita. No banco, o meu orçamento também é limitado. Independentemente do resultado, a gente precisa trabalhar com o orçamento e escolher bem as prioridades. Essa é a responsabilidade do País, de toda empresa, para que a gente tenha uma equação de custo-receita adequada.

Qual o limite de piora fiscal que o mercado aceita?

O mercado vai acompanhar alguns eventos neste ano. A nossa expectativa é um déficit de 0,8%. Isso depende muito da lista de itens em debate no Congresso. Toda essa discussão de desoneração da folha, de combustíveis, de como começar a tributar novamente, enfim, tem a reforma da renda que vai ser discutida. É super importante ter em perspectiva que a gente precisa tomar decisões olhando o longo prazo. É importante fechar as contas. O mercado vai olhar o número do ano, mas as perspectivas e as projeções têm que ser críveis. O mercado precisa comprar.

Poderíamos estar com condições melhores sem o ruído fiscal?

A gente não vê um estresse no mercado quando olha para o Brasil. O câmbio está a R$ 4,90 e não deve ir a R$ 6. A taxa de juros está numa trajetória de queda, mas onde é que o câmbio poderia estar se a questão fiscal não fosse um tema em discussão? E se o câmbio fosse mais baixo, onde é que estaria a inflação e, por consequência, a capacidade de redução de juros? O câmbio poderia estar em um patamar mais baixo se não fosse a questão da trajetória da dívida. Isso permitiria que os cortes pudessem acontecer de uma forma mais forte e sustentável no longo prazo para que a gente não tenha que voltar a ter aumentos de juros.

No ano passado houve muitos ruídos entre a gestão do BC e o governo. Qual é a sua expectativa para o próximo presidente?

A mudança no Banco Central com a saída do Roberto Campos Neto vai estar no foco do mercado, que vai tentar entender o perfil do próximo presidente. O País está aprendendo a trabalhar dentro de um ambiente institucional novo. A autonomia do Banco Central é recente. Foi o primeiro ano em que se teve, de fato, a sobreposição do mandato do novo presidente da República com o presidente do Banco Central indicado pelo governo anterior. E isso foi feito para que funcione dessa forma. A gente viveu um momento de bastante polarização. Era natural, o debate faz parte de um processo democrático. Todo mundo tem uma certa opinião sobre a taxa de juros, mas o Banco Central é quem tem, no fim do dia, a responsabilidade perante a lei de entregar a meta de inflação. Vejo certa harmonia de uns meses para cá.

E quanto ao futuro presidente do BC?

Naturalmente, o governo vai indicar alguém que seja da sua confiança e que esteja à altura. É uma posição muito relevante, não só pelo mandato de política monetária, mas todo o mandato de supervisão bancária. E o Banco Central tem um papel muito relevante de credibilidade perante os agentes externos. O corpo técnico do Banco Central é muito competente e os próprios diretores já vêm sendo mudados e a diretoria é colegiada. Minha expectativa é que o governo, por já ter tido a experiência de indicar presidentes do Banco Central e saber a importância, fará uma boa escolha.

A gestão do Roberto Campos foi muito focada na supervisão bancária. Temos o novo teto do rotativo. Isso deve reduzir os juros no Brasil?

Os juros de 450% do rotativo são uma taxa virtual. Ninguém fica 12 meses no rotativo, primeiro porque a norma não permite. Depois de 30 dias, tem que migrar para o parcelado. Portanto, a taxa de juros nunca foi de 450%. Não está errada, mas não existe, na prática. O Banco Central vai publicar as suas estatísticas em breve e vai ficar claro que os 450% são virtuais. Mas é claro que dá manchete porque, realmente, a taxa do rotativo estruturalmente é alta. Todos têm grande consciência das causas e consequências dos juros altos no Brasil. Passa pelo parcelado sem juros, pela inadimplência, pelo excesso de oferta que houve no mercado ao longo dos últimos anos. Tem uma série de razões. Algumas estão sendo contratadas. Outras, certamente, estão sendo estudadas. E a nossa expectativa é que esse é um assunto vivo e que vai continuar presente.

O BC pode retomar esse debate neste ano?

A gente precisa construir as condições para que haja um debate, para que todos sejam ouvidos e os argumentos sejam colocados. E para que as pessoas técnicas, que têm condições de tomar as decisões, olhando o aspecto técnico e político, tomem a melhor decisão. O nosso papel é cumprir o que foi aprovado.

E qual a sua visão sobre o ‘parcelado sem juros pirata’?

O parcelado sem juros nasceu com um objetivo que foi se desvirtuando ao longo dos anos e se tornou uma anomalia pelo tamanho. Dos R$ 130 bilhões da nossa carteira, R$ 110 bilhões são sem juros. E toda a inadimplência fica com o banco emissor. Então, no final, houve uma transferência de riscos e retornos na cadeia. Existiam subsídios cruzados, mas você tinha o emissor e o adquirente dentro de um conglomerado. Quando essa lógica foi quebrada, isso ficou completamente desbalanceado. O risco hoje não está sendo remunerado, embora o retorno vá para outros agentes que não ficam com risco. Cabe ao Banco Central, ao Ministério Público, à Senacom, entender o que pode e o que não pode ser permitido. O papel da Febraban é dar luz para esse tema, porque houve uma desvirtuação do produto. Claramente, isso gera consequências não saudáveis para a população e para todos os agentes do ecossistema.

Em um evento em Chicago, Roberto Campos Neto disse que os aplicativos dos grandes bancos iriam acabar com o open finance, que permite o compartilhamento dos dados dos clientes entre os vários agentes. O senhor vê esse risco?

Eu acho que a fala pode ter sido tirada de contexto. A nossa interpretação do que foi dito é um pouco diferente e ele a esclareceu depois. A agenda de competição é saudável, competição te faz ser diferente, focar na inovação, no cliente. Nossos 100 anos de história estão feitos em cima de muita competição. E a tecnologia permite com que novos agentes entrem no mercado, de forma eficiente e competitiva, com jornadas diferentes e que trazem a competição para outro nível. E é isso que está acontecendo. O regulador, naturalmente, tem impulsionado isso. O Pix é um grande sucesso, uma conquista do País. A gente nunca lutou contra a inovação, mas a abraçou e assim será sempre que for bom para o cliente. Há uma agenda de ‘n’ assuntos, partindo do Pix, passando pelo open finance, central de duplicata, de recebíveis, Drex (real digital). São temas relevantes que precisam ser debatidos, mas com priorização.

Agora, o Pix tem um problema de segurança… As pessoas têm o celular do Pix. Como isso está sendo avaliado?

A questão de segurança sempre esteve presente em tudo aquilo que fazemos. No caixa eletrônico (ATM), você tinha a questão de segurança, na agência você tinha o problema da saídinha, o sequestro relâmpago, que sempre foi um tema. Mesmo assim, os ATMs eram usados. Na medida que você vai digitalizando a economia e o mercado, os crimes passam a ter uma facilidade e uma simplicidade, uma efetividade maior. O Pix, como outros meios de pagamento, também tem suas fragilidades. Temos conversado muito com o Banco Central e criado medidas de segurança. É uma responsabilidade de todos. Do regulador, que define as regras do arranjo, mas também de cada instituição e do consumidor. É super delicado quando uma pessoa, para sair, precisa levar dois celulares. Isso é muito ruim. O Pix é um sucesso. O nosso trabalho agora é melhorar e evoluir. E acho que tem uma questão legislativa relevante também que vem sendo aprofundada em que você cria condições para que não haja impunidade. A consequência inibe a ação.

Passado o evento da Americanas, qual a sua visão sobre o ambiente de crédito no Brasil e o risco de novas renegociações, pedidos de recuperação judicial? Algum setor preocupa?

Estamos entrando em um ciclo muito mais benigno agora. A inadimplência da pessoa física, aparentemente, já atingiu o seu pico e já começamos a ver reduções nos atrasos. O próprio programa Desenrola tem o seu papel. O que não podemos é ter um Desenrola todos os anos. Cada banco tem sua capacidade de reestruturar, renegociar, dar os descontos que são necessários. O ciclo de juros mais altos colocou mais pressão nas empresas. Com a queda da Selic, indo para 9% neste ano, começamos a ver tanto a inadimplência da pessoa física como da jurídica em patamares absolutamente comportados. Não há nenhuma preocupação específica com nenhum setor específico. O desafio à frente é manter juros baixos e economia crescendo no longo prazo. Esse é o caminho para que as coisas caminhem bem e para que você possa crescer carteira, dar crédito e estimular a economia de forma mais sustentável.

Um os temas muito debatidos aqui foi a inteligência artificial. Qual a sua visão?

Vamos sair de Davos com mais dúvidas do que certezas sobre esse tema. Essa é uma nova fronteira da tecnologia e talvez, de todas que vimos até hoje, a mais disruptiva, a que pode trazer maior impacto. Cabe a cada um de nós entender, aprender, ver o que disso vai virar commodity. O que, no fundo, é tecnologia própria. Onde você, de fato, treina o seu modelo para fazer aquilo que você espera, com seus valores, com seus cuidados e dentro de uma ética que, para nós, é inegociável.

Como o Itaú está usando a IA?

Eu gosto muito do termo do co-piloto, porque eu acho que você não pode simplesmente ter um piloto em inteligência artificial. Então, ter um co-piloto, esse foi o nome feliz que a Microsoft deu, apoiando na condução dos processos, tem um valor enorme. A gente tem feito vários testes no mundo de investimentos, no atendimento, com os modelos de interação, na própria leitura de documentos, informações que a gente recebe, demandas, tudo para saber interpretar que tipo de caminho seguiremos com a IA. Em um mundo em que há o dado bem estruturado e organizado, há uma capacidade poderosíssima de explorar e tirar valor do dado. Se está mal organizado dentro da instituição, e não existe a capacidade nem a cultura de interpretar e gerar valor para o cliente, pode se perder uma oportunidade gigante.

Mas há um desafio de emprego, correto?

Há um desafio. Modelos de negócios novos criam cadeiras novas, possibilidades novas. O banco teve uma mudança tecnológica gigantesca e continua enorme, com uma grande quantidade de pessoas. Claro que vai haver algum impacto, é natural. É difícil fazer um balanço hoje de qual vai ser o impacto. Acho que vai existir muita oportunidade, impacto, mas muito negócio novo sendo criado. A economia vai mudando e ampliando as possibilidades.

O senhor vai completar três anos à frente do maior banco da América Latina. Qual a sua leitura até aqui?

É um balanço bem positivo. Naturalmente, quais foram os grandes objetivos desses três anos? Primeiro ocorreu uma mudança organizacional grande, de capital humano. Mudou toda a liderança do banco, o comitê executivo. Enfim, a estrutura teve que se acomodar num novo desenho. E acho que fomos muito bem sucedidos nas escolhas que foram feitas. Soubemos montar o banco, organizar e simplificar a estrutura para enfrentar os desafios que vinham pela frente. Isso trouxe muita agilidade para o processo decisório, muita qualidade nas decisões. E, acima de tudo, um foco muito grande na transformação cultural. Esse era o pilar, e, na minha opinião, realmente tínhamos uma oportunidade de fazer uma grande mudança dentro do banco.

Esse trabalho terminou?

A transformação cultural nunca está completa. E quando me perguntam, eu falo que estamos a 20% da jornada, porque acho que esse é um processo vivo e que os pilares que foram definidos na nova cultura são fundamentais para entregar valor para os nossos clientes. A transformação digital vem acontecendo em uma velocidade muito forte no banco. Conseguimos fazer a passagem do bastão de uma forma muito bem feita, com o apoio do Conselho, que é o maior motivador da mudança. Não há nenhum tipo de resistência. O Itaú completa 100 anos em 2024 e estamos iniciando o próximo século. Isso dá uma noção de jovialidade, de capacidade de se reinventar e de olhar para frente. O nosso compromisso não é com os próximos três trimestres de resultado, mas com os próximos 100 anos.

E quais os desafios à frente?

Muitos dos desafios que a gente já vem enfrentando vão persistir, a questão da transformação cultural, a obsessão pelo cliente. O banco tem feito uma transformação tecnológica com muita profundidade e que viabiliza a mudança de cultura que, por sua vez, gera as ferramentas para entregar uma solução à altura da expectativa dos nossos clientes. Acho que esse é o nosso maior desafio. E o macro sempre vai estar presente. São 100 anos de história, são 100 anos de mudanças no macro, mudanças políticas. Isso faz parte, é inerente ao nosso negócio. O que a gente precisa realmente é saber interpretar os sinais e fazer as mudanças necessárias e tomar as decisões sempre olhando o longo prazo.

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Governo reafirma compromisso com a proteção ambiental e o desenvolvimento sustentável em solenidade sobre o assunto na Câmara Federal

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O evento contou com a participação de diversos parlamentares e autoridades, como o secretário-executivo e ministro em exercício do meio ambiente

Secretário de estado da Sema, Leonardo Carvalho, falou sobre ações de meio ambiente desenvolvidas no Acre em evento no Plenário da Câmara dos Deputados. Foto: Dilma Tavares/Repac

O governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), reafirmou o compromisso com a proteção ambiental e o enfrentamento à crise climática aliado ao desenvolvimento social e ambientalmente responsável no estado, durante solenidade sobre o assunto realizada em homenagem ao Dia Mundial do Meio Ambiente – comemorado dia cinco de junho -, nesta terça-feira, 10, no Plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília.

Iniciativas com este objetivo foram destacadas no evento pelo secretário de Estado do Meio Ambiente, Leonardo Carvalho, que citou, entre os exemplos, ações nas unidades de conservação, além de medidas para a preservação da biodiversidade e de enfrentamento aos impactos das mudanças climáticas no estado.

O secretário também lembrou da 15ª Reunião Anual da Força-Tarefa dos Governadores para o Clima e as Florestas (GCF Task Force), realizada em maio, no Acre, a pedido do governador Gladson Camelí, e que definiu propostas a serem levadas para a COP 30, que ocorrerá este ano em Belém, no Pará.

Leonardo Carvalho e Renata Souza, respectivamente secretário e secretária adjunta da Sema, durante participação de solenidade sobre meio ambiente na Câmara dos Deputados. Foto: Dilma Tavares/Repac

O secretário destacou a importância dos debates sobre o assunto no Congresso Nacional e da contribuição dos estados da Amazônia no processo. “Lidamos todos os dias, hoje, com o gerenciamento de crise”, disse o secretário, exemplificando os impactos climáticos como as históricas secas e enchentes em tempo recorde entre uma e outra que ocorrem na Amazônia, a exemplo do Acre, destacando ainda a importância da união na busca de soluções para os desafios ambientais.

“A gente tem se irmanado para conseguir dar vazão e gerenciar essas crises climáticas da melhor forma possível e a gente só vai fazer isso com o apoio de todos, num processo integrado e com recursos em escala”, afirmou em entrevista.

Secretário do meio ambiente, Leonardo carvalho (último à esquerda), durante participação em evento sobre meio ambiente no plenário da Câmara Federal. Foto: Dilma Tavares/Repac

Uma das proponentes da solenidade foi a deputada federal Socorro Neri, que integra comissões ligadas à área ambiental e preside a Frente Parlamentar Mista da Transição Climática Justa, na Câmara. Ela defendeu o equilíbrio nos debates sobre preservação e desenvolvimento, afirmando que não há como cuidar do bem coletivo, das pessoas e produzir mais alimentos, sem cuidar do meio ambiente.

Deputada federal Socorro Neri é uma das proponetes da solenidade em homenagem ao Dia Mundial do Meio Ambiente. Foto: Dilma Tavares/Repac

“É preciso ter uma equação que busque preservar as nossas riquezas ambientais e, ao mesmo tempo, trabalhar de forma sustentável para que essas riquezas também possam gerar aumento de produtividade e emprego e renda para as pessoas que habitam a nossa região”, afirmou destacando também importância desses debates pelo Congresso Nacional de forma a antecipar-se às tragédias e fortalecer os instrumentos necessários à prevenção e à implementação de políticas públicas necessárias na área.

O evento contou com a participação de diversos parlamentares e autoridades, como o secretário-executivo e ministro em exercício do meio ambiente, João Paulo Capobianco, que fez um relato de ações do governo federal na área ambiental, incluindo a criação de unidades de conservação ambiental no País. Da Sema também participou a secretária adjunta, Renata Souza.

Grupo que participou dos debates realizados na Câmara dos Deputados sobre meio ambiente. Foto: Dilma Tavares/Repac

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Acre eleva em 16% abate bovino e figura entre estados com variações mais significativas do país

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A gestora avalia ainda que a adesão do Idaf ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-POA) representa um marco significativo na evolução da inspeção estadual

Acre tem aumento 16% no abate bovino e figura entre estados com variações mais significativas do país. Foto: arquivo

Foram divulgados nesta quarta-feira, 11, dados sobre as Estatísticas da Produção Pecuária para o 1º trimestre de 2025, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No estudo, o Acre aparece como um dos estados com variação mais significativa do país, com aumento de 16,3% no abate bovino e ainda acréscimos no peso de carcaças, leite cru e ovos de galinha.

A Região Centro-Oeste foi a responsável pelo maior abate no período, 37% do total, seguida pelas regiões Norte (24%), Sudeste (21%), Sul (9,1%) e Nordeste (8,8%). O estudo aponta ainda que o aumento do abate bovino ocorreu em 22 das 27 unidades da federação.

Em comparação ao primeiro trimestre de 2024, foram 21,4 mil cabeças a mais este ano, saindo de 131.664 no ano passado para 153.089 em 2025. O peso das carcaças também aumentou em 12,6% no período avaliado, saindo de 32.009 para 36.031.

A Divisão de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (Idaf) atribui esses dados ao processo de aprimoramento de seus procedimentos, em decorrência da adesão ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-POA).

“Diversas normativas foram reformuladas e criadas, além de reforço na legislação, para dar respaldo a esse processo. A adesão significa que os produtos inspecionados pelo Idaf/SIE/Dipoa possuem equivalência aos inspecionados pelo Ministério da Agricultura, permitindo que produtos inspecionados pelo estado sejam comercializados em todo o território nacional”, explica a chefe da Divisão de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do Idaf, Carolina Barquete.

Para que essa nova forma de inspeção fosse implementada, houve, segundo a gestora, além do reforço das normas, um incremento no quadro técnico, com a contratação de mais médicos veterinários para o setor. Além disso, deu-se uma modernização do serviço de inspeção estadual, com a sistematização dos procedimentos por meio do uso do Sisdaf, uma ferramenta eletrônica utilizada para diversas funções pelo Idaf e pelos estabelecimentos.

Carne bovina é exportada para diferente países. Foto: Arquivo Secom

“Com essa reformulação, houve uma presença maior do serviço de fiscalização junto às indústrias, com vistorias mais frequentes. É fato que o corpo técnico ainda é reduzido frente à quantidade de indústrias que devem ser fiscalizadas, mas, na minha percepção, há uma tendência de evolução positiva”, completa.

A atuação do Idaf/SIE/Dipoa nas indústrias de produtos de origem animal se dá de duas formas: em uma categoria de indústrias (laticínios, granjas com fabricação de ovos e unidades de beneficiamento de produtos cárneos e pescados) e abatedouros.

“Atuamos de forma periódica, realizando vistorias pontuais, cuja frequência é definida por meio da análise de risco do estabelecimento. Em abatedouros frigoríficos, atuamos de forma permanente, com uma equipe do SIE presente durante todo o processamento. Além disso, realizamos verificações oficiais regulares, com foco na análise do autocontrole da empresa, além da inspeção diária”, explica.

Com relação ao leite cru, a variação foi de 1,9%, saindo de 2.999 litros, para 3.056 litros, nos três primeiros meses do ano. A quantidade de ovos de galinha também teve o aumento significativo de 1.556 ovos para 2.193, um aumento de 40,9%. A população de galinhas também passou de 273 para 397.

“Acredito que a relação entre o Idaf/SIE/Dipoa e o aumento do número de abates também se dá pela oportunidade que se desenvolveu por meio da adesão ao Sisbi-POA, pois os proprietários de indústrias frigoríficas veem a possibilidade de expandir seus negócios para um mercado mais amplo, dado que estamos avançando gradualmente nessa adesão e cadastrando mais indústrias. O processo ainda é incipiente, mas estamos avançando. Conseguimos a adesão de uma indústria no ano passado, a Acreaves [abatedouro frigorífico de aves], e, este ano, do Frigorífico Boi Bom [abatedouro frigorífico de bovinos]”, destacou Carolina.

A gestora avalia ainda que a adesão do Idaf ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-POA) representa um marco significativo na evolução da inspeção estadual, alinhando-se aos padrões nacionais e ampliando as possibilidades de comercialização dos produtos locais.

“Embora o processo ainda esteja em fase de expansão, com a inclusão recente de indústrias, observa-se um avanço gradual e promissor. A continuidade na capacitação da equipe técnica, a modernização dos processos, por meio de ferramentas como o Sisdaf, e o fortalecimento da fiscalização são fundamentais para consolidar os ganhos obtidos até o momento. Além disso, a ampliação da adesão ao Sisbi-POA por outras indústrias locais pode representar uma oportunidade estratégica para o crescimento econômico do estado, promovendo a competitividade e a sustentabilidade do setor agropecuário”, avalia.

Aumento na produção de leite também foi significativo. Foto: Fabiana Matos/Idaf

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Educação volta a suspender aulas em escola rural sem paredes após posicionamento de promotor do Acre

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Secretaria de Educação e Cultura (SEE-AC) disse que o MP recomendou a suspensão, mas segundo o responsável pela Promotoria Cumulativa do Bujari, ele apenas se manifestou em uma reunião, e nenhuma recomendação formal foi emitida

Baseada em posicionamento de um promotor do Ministério Público (MP-AC), a Secretaria Estadual de Educação (SEE-AC) voltou a suspender as aulas na Escola Estadual Rural Limoeiro Anexo, no município de Bujari, no interior do Acre, que funciona em um casebre sem paredes, piso nem água encanada, conforme repercutido pelo Fantástico, da TV Globo.

A pasta se limitou a informar que o promotor Alceste Callil Castro, que responde pela Promotoria Cumulativa do Bujari, recomendou a interrupção das aulas na unidade improvisada até que a nova escola seja construída.

Com isso, os estudantes devem permanecer sem aulas até a segunda quinzena de julho, quando a obra está prevista para ser concluída.

Contudo, o promotor informou  que não emitiu recomendação oficial nem qualquer documento que ordena a suspensão das aulas. De acordo com ele, houve uma reunião com o núcleo, na qual se posicionou contra a continuidade das aulas no Limoeiro Anexo até que haja uma escola adequada para estudantes e professora.

“Nós tivemos uma reunião ontem [terça, 10], nessa reunião, eu manifestei o meu entendimento de que tem que ser suspensas as aulas. Mas, segundo a coordenadora do núcleo, suspendeu por causa do frio. Na reunião de ontem, eu só declarei o meu entendimento. Não sei se eles observaram ou não, não sei se foi motivo de suspenderem”, acrescentou.

Outra razão apresentada para a interrupção das aulas foi a queda nas temperaturas, já que a escola não possui paredes e os alunos ficariam expostos ao frio. Nesta quarta (11) os estudantes já não tiveram aula.

“Me comunicaram que [a aula] foi suspensa hoje devido ao tempo, e estão aguardando o documento oficial da suspensão até a construção ser concluída”, explicou a professora Célia Amorim.
Aulas haviam retornado na segunda (9)

A nova suspensão ocorre uma semana após uma outra interrupção nas aulas pelo núcleo da SEE no município, após a visita das equipes de reportagem. Entretanto, o secretário Aberson Carvalho disse não ter sido informado da decisão, e ordenou o retorno. As aulas foram retomadas nessa segunda-feira (9).

Na terça-feira (10), o núcleo havia substituído a geladeira quebrada da escola por uma nova e maior, e também destinou um veículo para fazer o transporte escolar dos estudantes do anexo. Foi o motorista, inclusive, quem avisou à comunidade sobre a suspensão das aulas.

Segundo o promotor, ele também deve se reunir com o secretário Aberson Carvalho para discutir as medidas que garantam estrutura aos alunos matriculados na unidade anexa e a reposição das aulas que serão perdidas.

Núcleo da SEE havia feito a entrega de uma nova geladeira e a destinação de veículo para o transporte escolar na unidade. Foto: Arquivo pessoal

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