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Homem que matou Robert F. Kennedy recebe recomendação de liberdade condicional
Dois filhos de Robert apoiaram a medida, que precisa ser aprovada pelo governador da Califórnia

Sirhan Sirhan foi condenado pelo assassinato de Robert F. Kennedy CA Dept of Corrections & Rehab/Reprodução
Ray SanchezCheri Mossburg
Sirhan Sirhan, o homem condenado pelo assassinato do senador Robert F. Kennedy em 1968, recebeu uma recomendação de liberdade condicional na sexta-feira (27). Depois de 53 anos na prisão, o destino do detento de 77 anos está agora nas mãos do governador da Califórnia.
Dois dos filhos de Kennedy que ainda estão vivos, Robert F. Kenny Jr. e Douglas Kennedy, apoiaram a medida durante a 16ª aparição de Sirhan ante o conselho de liberdade condicional, mas vários filhos de Kennedy se oposeram fortemente à medida.
Sirhan chegou no Departamento de Correções e Reabilitação da Califórnia em maio de 1969 após ser condenado por assassinato de primeiro grau e ataque com intenção de matar.
“Eu estou impressionado apenas por ser capaz de ver o senhor Sirhan cara a cara”, disse Douglas Kennedy, que era um bebê quando seu pai foi morto em 1968, durante um encontro virtual. “Eu acho que eu vivi minha vida com medo tanto dele quanto do nome dele de um certo modo. E eu estou grato hoje de poder vê-lo como um humano digno de compaixão e amor”.
Sirhan, que vestia um uniforme azul com um papel toalha dobrado como um lenço em seu bolso, sorriu.
“Eu realmente tenho algum afeto por você”, disse Douglas Kennedy para o detento, que acenou e abaixou sua cabeça.
Roberto Kennedy Jr., que tinha apoiado a liberação de Sirhan no passado, escreveu apoiando a liberdade condicional. Ele disse que ficou emocionado quando conheceu Sirhan pela primeira vez – “que chorou, segurou minhas mãos e pediu meu perdão” – e se ofereceu para ser “um amigo que o guiará”.
O conselho, formado por duas pessoas, recomendou a liberdade condicional, mas afirmou que a decisão ainda não é final. Apesar da recomendação, a decisão pode ser revertida pelo governador da Califórnia, Gavin Newsom, que determinará se a concessão é consistente com a segurança pública, um processo que pode demorar meses.
Newsom está no meu de uma batalha política, e enfrentará uma eleição de recall em 14 de setembro.
Sirhan “não tem nenhuma intenção” de repetir sua infração
Apesar do encontro ter sido a 16ª reunião de liberdade condicional de Sirhan, foi a primeira vez que os procuradores estaduais não se opuseram à liberação.
O procurador distrital do condado de Los Angeles, George Gascón, não enviou seus procuradores para falar durante a reunião, confirmando que sua posição de que o papel de um procurador termina após a sentença.
A polícia de Los Angeles enviou uma carta se opondo à liberação de Sirhan, de acordo com o comissário do Conselho de Liberdade Condicional Robert Barton, que disse que houve ainda cartas do público e de membros da família Kennedy.
Barton disse que o painel considerou todos os envios, mas que tentou determinar se Sirhan representava um perigo para a sociedade.
“Eu não tenho qualquer intenção”, disse Sirhan em um momento sobre ser um reincidente.
Barton disse que Sirhan se qualificou como um jovem infrator e que estava elegível para a liberdade condicional para jovens, e que o conselho é obrigado pela lei a dar a isso um “grande peso”. Ele também estava elegível para a liberdade para idosos por ter 77 anos, depois de ficar preso por mais de 20 anos.
Um conselheiro de Gascón, Alex Bastian, disse em um comunicado nesta semana que o conselho de liberdade condicional tinha todos os fatos e avaliações pertinentes, assim como o comportamento de Sirhan na prisão.
“Se alguém é a mesma pessoa que cometeu um crime atroz, essa pessoa será corretamente considerada como inadequada para a liberdade. Entretanto, se alguém não é mais uma ameaça para a segurança pública após ter cumprido mais de 50 anos de prisão, então o conselho pode recomendar a liberação baseado em uma determinação objetiva”, disse Bastian.
“Nossos policiais levam esses princípios em consideração, e nossos procuradores ficam fora das reuniões do conselho”, complementou Bastian.
O escritório de Gascón disse que a prática anterior, típica de muitos procuradores distritais pelo país, envolvia quase sempre uma objeção à liberação de detentos, baseado apenas nas circunstâncias do crime e não nas ações dos detentos nos anos posteriores. A nova diretriz busca deixar essas decisões para o conselho de liberdade condicional.
Barton disse que a ausência dos procuradores não fez diferença na decisão porque os promotores tinham se oposto à liberdade condicional no passado.
Gascón foi eleito no fim do ano passado com a promessa de realizar grandes reformas no sistema de justiça criminal, incluindo encerrar a fiança em dinheiro para alguns crimes menores, a pena de morte e a prática de denunciar jovens como adultos.
Em resposta à recomendação de liberação de Sirhan, seis dos filhos de Kennedy publicaram um comunicado criticando a decisão.
“Como filhos de Robert F. Kennedy, nós estamos devastados que o homem que matou nosso pai recebeu a recomendação de liberdade condicional. A morte do nosso pai é um tema muito difícil para nós discutirmos publicamente, e nas últimas décadas nós não nos engajam diretamente no processo de liberdade”, disseram em um comunicado Joseph P, Courtney, Kerry, Christopher, Maxwell e Rory.
“Considerando a recomendação inesperada feita pelo conselho da Califórnia após 15 recusas, nós nos sentimos compelidos a deixar nossa posição clara. Nós nos opomos intensamente à liberação de Sirhan Sirhan e estamos chocados com a decisão, que nós acreditamos que ignora os padrões para uma liberação de um assassino confesso de primeiro grau no estado da Califórnia”, afirmou o comunicado.
“Nós ainda não acreditamos que o este homem recebeu a recomendação. Nós pedimos que os integrantes do conselho e, em última instância, o governador Newsom, revertam essa recomendação inicial. É uma recomendação que nós planejamos desafiar em cada etapa, e nós esperamos que aqueles que mantém a memória do nosso pai em seus corações lutem conosco”.
Sirhan atirou em Kennedy em uma cozinha de um hotel de Los Angeles
Sirhan assassinou Kennedy em uma cozinha no hotel Ambassador, em Los Angeles, após um evento de campanha em que Kennedy comemorou suas vitórias em primárias em sua campanha para ser o indicado pelo Partido Democrata para as eleições presidenciais de 1968.

Tudo aconteceu a 5 de junho de 1968, no Hotel Ambassador em Los Angeles, minutos antes do discurso de vitória do então senador nova-iorquino nas Primárias do Partido Democrata na Califórnia. Sirhan Sirhan baleou de frente Robert Kennedy, que acabaria por morrer no dia seguinte.
Inicialmente sentenciado à morte pelo assassinato, a punição de Sirhan foi transformada em prisão perpétua em 1972 após a Suprema Corte da Califórnia declarar que a sentença de morte era inconstitucional.
Angela Berry, advogada de Sirgan, forneceu memorandos que focavam na idade do seu cliente na época do assassinato – ele tinha 24 anos – e em sua infância. Descrevendo Sirhan como um palestino que se tornou um refugiado aos quatro anos, ele “presenciou atrocidades que a maioria de nós só viu em filmes ou em nossos piores pesadelos” antes de emigrar para os EUA quando era adolescente.
Bery elogiou o painel por “manter a política fora e seguir a lei”. Ela disse que ela e Sirhan parabenizaram um ao outro e que ela estavam preocupada que outros detentos pudessem “por em risco” a eventual data de liberação de Sirhan.
Barton perguntou qual era a meta de vida de Sirhan aos 24 anos. O detento disse que queria uma carreira, se casar e se aposentar como um “bom e sólido membro da comunidada”, e que ainda esperava fazer isso se fosse liberado.
Barton perguntou a Sirhan se ele acompanhava o conflito no Oriente Médio e como ele se sentia sobre isso.
Sirhan disse que não acompanhava a situação, mas que pensava nos refugiados e em seu sofrimento. Ele chorou.
“Respire um pouco”, disse Barton. Ele lembrou Sirhan de que o conflito ainda estava longe de acabar.
Sirhan disse que sentiu a “miséria que aquelas pessoas estão experimentando. É doloroso”. Ele disse que eles estavam “ligados” e que ele não seria humano se o sofrimento deles não o emocionasse.
“Apesar de qualquer coisa que eu queira fazer no futuro, seria no sentido de resolver aquilo de forma pacífica”, disse Sirhan. “Eu acho eu jeitos pacíficos são a melhor forma de resolver o conflito no Oriente Médio”.
Barton disse que o painel não tinha controle sobre a possibilidade de Sirhan ser deportado para a Jordânia.

Sirhan Sirhan feriu outras cinco pessoas em um hotel na Califórnia / Reprodução
“Para mim, a preocupação é que você se tornasse algum tipo de, você sabe, símbolo ou para-raios para fomentar mais violência”, disse Barton.
Se liberado de forma condicional, Sirhan planeja viver com seu único irmão vivo em Los Angeles, de acordo com documentos.
Barton disse que, se for liberado, Sirhan provavelmente será enviado para um lar transitório primeiro e então será transferido para a casa do seu irmão seis meses depois.
“Eu quero estar lá para ele”, disse Sirhan sobre seu irmão durante a audiência.
Sirhan disse que não bebia muito e que ele tinha bebido na noite do assassinato. Ele jurou permanecer “livre de álcool” e disse que aprendeu a controlar sua raiva. “É um processo”, afirmou.
Ele disse que é cristão e que medita regularmente. Sirhan disse que se responsabilizava por levar a arma no hotel e pelos disparos.
Barton pressionou Sirhan sobre o conflito no Oriente Médio e seus estouros de impulsividade e julgamento ruim afetados pelo álcool naquele período.
“Eu estou tentando estabelecer pelas perguntas se você ainda é aquela pessoa”, disse Barton. “Não, não sou”, respondeu Sirhan.
Um advogado da família Kennedy não respondeu imediatamente ao pedido da CNN para comentar o caso.
Sirhan foi condenado por matar Kennedy e por ferir cinco outras pessoas durante o tiroteio em 5 de junho de 1968 na cozinha do antigo hotel Ambassador em Los Angeles.
Três balas atingiram o corpo de Kennedy, enquanto a quarta passou pelo ombro do seu terno. Kennedy, que foi quem ficou mais ferido entre as seis vítimas, morreu no dia seguinte. As outras cinco pessoas sobreviveram.
Em 1968, Kenny tinha 42 anos. O irmão mais novo do também assassinado presidente John F. Kennedy, ou JFK, era o favorito na disputa do Partido Democrata para escolher o candidato à presidência, disputando contra o vice-presidente Hubert Humphrey e o senador Eugene McCarthy.
Na noite do assassinato, Kennedy tinha acabado de aparecer ao vivo na televisão no salão do hotel, onde ele foi proclamado vencedor na primária da Califórnia. Momentos depois, ele foi fatalmente ferido enquanto ia para uma coletiva de imprensa em um salão de jantar. O tiroteio não foi registrado pelas câmeras.
Na audiência, Sirhan foi perguntado sobre o que ele diria para as pessoas que acreditam que ele está bravo após décadas atrás das grades.
“Eu discordo deles”, afirmou. “Eu estou agradecido por ter minha vida poupada da câmara de gás. Eu valorizo muito a minha vida… eu não a colocaria em risco novamente”.
Ele adicionou que “você tem a minha palavra. Eu sempre buscarei a segurança, a paz e a não violência”.

Sirhan Sirhan foi condenado pelo assassinato de Robert F. Kennedy
CA Dept of Corrections & Rehab/Reprodução
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MP apura favorecimento em contrato R$ 2,5 milhões para crianças autistas da Prefeitura de Tarauacá
O contrato investigado tem vigência de 12 meses e foi firmado com base na Ata de Registro de Preços nº 009/2025, originada do Pregão Eletrônico SRP nº 90001/2025

Diante das novas informações, o órgão decidiu acompanhar de forma contínua a execução do contrato atual e solicitou ao Núcleo de Apoio Técnico (NAT/MPAC) uma análise detalhada do processo licitatório
Jornal Extra do Acre
O Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), por meio da Promotoria de Justiça Cível da Comarca de Tarauacá, através do Promotor de Justiça Dr. Lucas Ferreira Bruno Iwakami de Mattos, instaurou um procedimento administrativo para apurar a execução do contrato firmado entre a Prefeitura de Tarauacá e a empresa Centro de Diagnóstico da Família LTDA, responsável pela prestação de serviços médicos especializados para pessoas com deficiência, incluindo crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O valor do contrato é de R$ 2,5 milhões.
A medida foi publicada em portaria assinada no dia 29 de junho de 2025 e considera denúncias anônimas recebidas pelo órgão que indicam possível favorecimento na contratação da empresa, cujo representante legal, Marcos Vinícius da Silva Diniz, conhecido como “Marcão”, seria padrinho de um dos filhos do atual prefeito do município.
O contrato investigado tem vigência de 12 meses e foi firmado com base na Ata de Registro de Preços nº 009/2025, originada do Pregão Eletrônico SRP nº 90001/2025. A contratação foi publicada no Diário Oficial em 5 de maio deste ano. Segundo a portaria, a empresa passou a ser responsável pela avaliação e tratamento de pessoas com deficiência por meio de uma equipe multidisciplinar, em atendimento às demandas da Secretaria Municipal de Saúde.
O MPAC destaca, no documento, que o Procedimento Administrativo anterior sobre o tema foi arquivado por perda de objeto, uma vez que os atendimentos voltaram a ser ofertados no município. No entanto, diante das novas informações, o órgão decidiu acompanhar de forma contínua a execução do contrato atual e solicitou ao Núcleo de Apoio Técnico (NAT/MPAC) uma análise detalhada do processo licitatório, visando identificar eventuais irregularidades ou direcionamento.
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Mãe denuncia ‘calvário’ por atendimento à filha com paralisia cerebral no Acre: “É uma luta desumana”
Cansada da espera, a mãe redigiu um documento à mão e protocolou junto à Sesacre pedindo que o Estado se responsabilizasse por possíveis danos à visão da filha causados pela negligência

“Me perguntaram por que eu havia feito denúncia sobre a cadeira de rodas que nunca chegou, sobre as fraldas que ela tem direito e nunca recebeu, e sobre a consulta oftalmológica”, contou.
Dell Pinheiro
A jornalista e servidora pública Dryelem Alves usou as redes sociais para expor o drama enfrentado diariamente ao tentar garantir atendimento médico especializado para sua filha, Laís Loren, de apenas quatro anos, diagnosticada com paralisia cerebral. Em um longo e emocionado desabafo, ela revelou o calvário vivido há quase dois anos para conseguir uma simples consulta com oftalmologista pediátrico na rede pública de saúde do Acre.
“É um desabafo de uma mãe atípica”, iniciou Dryelem, visivelmente cansada, referindo-se ao processo burocrático e ineficiente que tem enfrentado. Segundo ela, Laís foi encaminhada pela neurologista para avaliação com oftalmo pediatra, mas ao chegar à consulta agendada na Fundação Hospitalar, descobriu que o profissional sequer existe no Estado, nem na rede pública, nem na privada.
“A médica nos disse que o atendimento necessário para a minha filha não existia no Acre. Recorremos ao TFD (Tratamento Fora de Domicílio), mas a Secretaria de Saúde recusou o pedido”, relatou. A negativa, segundo Dryelem, foi dada mesmo após insistência da profissional que atendeu Laís. A família então retornou à Fundação acompanhada de uma assistente social, que garantiu que haveria atendimento por meio de uma equipe rotativa. “Isso foi no início de 2023. Até hoje, nada”, lamentou.
Cansada da espera, a mãe redigiu um documento à mão e protocolou junto à Sesacre pedindo que o Estado se responsabilizasse por possíveis danos à visão da filha causados pela negligência. A solicitação, segundo ela, nunca foi respondida.
Com a falta de retorno, Dryelem buscou a Ouvidoria do Ministério Público. Somente meses depois, recebeu uma ligação da Promotoria de Saúde. “Me perguntaram por que eu havia feito denúncia sobre a cadeira de rodas que nunca chegou, sobre as fraldas que ela tem direito e nunca recebeu, e sobre a consulta oftalmológica”, contou.
A esperança reacendeu quando a mãe recebeu, recentemente, uma ligação informando que havia conseguido, enfim, uma consulta para a filha. “Achei que o Ministério Público do Acre (MPAC) tinha conseguido resolver. Mas quando chego lá, a médica me dá mais um encaminhamento, para que eu vá até a Fundação pegar outro encaminhamento, e só então, quem sabe, ser atendida por uma médica que faz cirurgia de estrabismo, que aí talvez encaminhe para uma oftalmo pediatra”, explicou, inconformada.
O ciclo de encaminhamentos e a falta de resolutividade indignam a mãe. “Por que desgastar o tempo dos profissionais, do paciente, pra fazer uma consulta, pra um encaminhamento, pra ir pra outra consulta, pra pegar outro encaminhamento?”, questiona. “É enxugar gelo. Quem sabe até os 15 anos da Lore, a gente consiga um oftalmo pediatra no Acre”, desabafou.
Alves ainda relatou que procurou novamente o MPAC, mas foi orientada a aguardar até 20 de agosto por uma resposta. “Não que esses 30 dias façam tanta diferença depois de quase dois anos esperando, mas é desgastante”, afirmou indignada.
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Expoacre: Uma Vitrine do Acre para o Brasil e para o Mundo
Se Parintins, no Amazonas, conseguiu transformar um festival folclórico em uma potência turística e cultural, por que o Acre não pode sonhar com a criação do maior festival indígena do mundo?

Marcello Moura é empresário, presidente do CDL Rio Branco,
A Expoacre é muito mais do que uma tradicional feira agropecuária. Ela representa a força do povo acreano, a riqueza da nossa terra e o potencial de um estado que busca crescer com inovação, mas sem abrir mão de suas raízes. Em seus 50 anos de história, a feira se consolidou como um espaço de celebração, negócios e identidade cultural.
Mais do que um evento anual, a Expoacre é uma verdadeira ferramenta de desenvolvimento econômico. Durante sua realização, a economia local ganha novo fôlego: empregos são gerados, o comércio se fortalece, o agronegócio ganha visibilidade, e os setores de serviços e indústria se aquecem. Pequenos, médios e grandes negócios encontram na Expoacre uma vitrine para suas marcas e produtos, expandindo mercados e parcerias.
Mas o potencial da Expoacre vai além. Ela deve — e pode — ser uma vitrine do Acre para o Brasil e para o mundo. Um palco onde apresentamos nossa cultura, nossa produção, nossa diversidade e a força do empreendedorismo local. Um espaço de identidade, onde se encontram a tradição rural e urbana, as raízes indígenas, a cultura popular e o espírito acolhedor do nosso povo.
Acabei de voltar de uma viagem ao Rio Grande do Sul, onde passei pelo Vale dos Vinhedos, por Gramado e por outras regiões encantadoras. Lá, pude ver com meus próprios olhos o potencial que o turismo tem para transformar um lugar para melhor — gerar riqueza, criar empregos e permitir que os municípios dependam cada vez menos de recursos públicos. Mas para isso acontecer, é preciso agir agora. Precisamos de políticas públicas que incentivem o turismo e, principalmente, vencer o preconceito que ainda existe em relação ao investimento em festivais turísticos e culturais.
A cada ano, turistas de diversas partes do mundo percorrem nossas florestas, visitam aldeias, se conectam com nossas manifestações étnicas, religiosas e espirituais. Esse fluxo existe e cresce, mas ainda é subestimado. Está na hora de olharmos para essa riqueza com mais ousadia.
Se Parintins, no Amazonas, conseguiu transformar um festival folclórico em uma potência turística e cultural, por que o Acre não pode sonhar com a criação do maior festival indígena do mundo? Temos tudo: os povos originários, a tradição viva, a espiritualidade, a arte ancestral e, acima de tudo, um povo que sabe acolher.
A Expoacre pode ser o embrião dessa nova visão. Um espaço onde o turismo de base comunitária, a cultura indígena e os saberes tradicionais ganhem protagonismo. Onde o Acre se apresente ao mundo como um destino autêntico, transformador e emocionante.
Além disso, a Expoacre simboliza a união de forças. Governo, prefeituras, entidades empresariais, universidades, imprensa, Sebrae, FIEAC e sociedade civil se unem para realizar um evento que é do povo e para o povo. É essa união que faz da feira um sucesso — e que pode projetar o Acre para novos horizontes.
Fortalecer a Expoacre é fortalecer o Acre. É reafirmar que temos muito a oferecer e que estamos prontos para crescer com orgulho da nossa história e coragem para inovar. A Expoacre pode — e deve — ser a ponte entre o que somos e o que queremos ser.
Marcello Moura é empresário, presidente do CDL Rio Branco e idealizador do movimento CIDADANIA EMPREENDEDORA.
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