Brasil
Boicote à Havaianas: Alpargatas tomba e perde R$ 152 milhões em 1 dia
Ao final do primeiro pregão da semana, as ações da Alpargatas recuaram 2,39%, cotadas a R$ 11,44. Papéis esboçam reação nesta terça-feira
A campanha de boicote à Havaianas, deflagrada por líderes políticos, ativistas e militantes de direita no Brasil, causou forte prejuízo à Alpargatas, empresa dona da tradicional marca de chinelos e sandálias, na Bolsa de Valores do Brasil (B3).
No pregão dessa segunda-feira (22/12), em meio ao auge da campanha contra a Havaianas, as ações da Alpargatas negociadas na B3 fecharam o pregão em queda, o que levou a uma perda milionária da companhia, em valor de mercado.
Ao final do primeiro pregão desta semana, as ações da Alpargatas recuaram 2,39%, cotadas a R$ 11,44.
Em um único dia, a empresa perdeu cerca de R$ 152 milhões em valor de mercado, de acordo com estimativas da Elos Ayta Consultoria.
Na abertura do pregão desta terça-feira (23/12), os papéis da Alpargatas esboçavam uma reação. Por volta das 10h20 (pelo horário de Brasília), a ação da companhia subia 1,4%, negociada a R$ 11,60.
Os principais acionistas da Alpargatas são a Itaúsa S.A., com 29,58% do total, e a Cambuhy Alpa Holding Ltda., que detém 23,77%.
Entenda a polêmica
O ataque à Havaianas foi deflagrado ainda no domingo (21/12), em um vídeo publicado pelo ex-deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), direto dos Estados Unidos, onde mora desde fevereiro.
No vídeo, Eduardo critica duramente uma peça publicitária da Havaianas, estrelada pela atriz Fernanda Torres, na qual ela afirma que não desejava que as pessoas começassem o ano “com o pé direito”. No comercial, a atriz diz que prefere que os brasileiros iniciem 2026 “com os dois pés”.
A mensagem foi interpretada por Eduardo Bolsonaro e diversas lideranças políticas conservadoras como uma provocação política, com o intuito de desqualificar a direita e até mesmo de fazer propaganda subliminar em favor da esquerda. Em 2026, em meio a um clima político de forte polarização, o Brasil terá eleições presidenciais.
No vídeo, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece jogando um par de chinelos da Havaianas no lixo, em represália pelo que julgou ser uma propaganda política contra o campo conservador no Brasil.
Além de Eduardo, outros políticos de direita se manifestaram nas redes sociais contra a propaganda da Havaianas, como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG).
Políticos de esquerda também entraram na polêmica e ironizaram as críticas à Havaianas.
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Populações indígenas no Acre terão R$ 4 milhões para fornecer e receber alimentos saudáveis via PAA
A execução das ações no Acre deverá ocorrer de forma articulada com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS)

A iniciativa prevê a distribuição de alimentos in natura, perecíveis e não perecíveis, exclusivamente às populações indígenas ou aos equipamentos públicos e sociais existentes em seus territórios. Foto: internet
Foi publicada, a Portaria nº 147 do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), que destina ao Acre o valor de R$ 4 milhões do Orçamento de 2023 para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) no estado. A iniciativa de aquisição de alimentos da agricultura familiar terá foco na inclusão da população indígena, tanto como fornecedores quanto como consumidores do programa.
O valor disponibilizado por meio da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sesan) teve como referência o número de famílias indígenas mapeadas pelo Censo do IBGE. De acordo com a portaria, o estado do Acre deverá adquirir os alimentos exclusivamente dos beneficiários fornecedores pertencentes a povos indígenas, e doar preferencialmente nos equipamentos públicos e sociais existentes em seus territórios.
Em caso excepcional, de alta insegurança alimentar e nutricional em populações indígenas com pouca oferta de alimentos locais, poderão ser adquiridos alimentos de outros beneficiários fornecedores, preferencialmente de outros povos e comunidades tradicionais, de forma a garantir a oferta de alimentação necessária nos territórios indígenas.
As compras com doação simultânea são feitas em articulação entre a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), o MDS e o estado participante. O PAA é um dos principais instrumentos de fortalecimento da agricultura familiar e de combate à fome no Brasil. O governo compra alimentos diretamente dos produtores e distribui para famílias em situação de vulnerabilidade alimentar.

Os recursos estão previstos no orçamento do ministério, dentro da Ação Orçamentária 2792 – Aquisição e Distribuição de Alimentos a Grupos Populacionais Tradicionais e Específicos. Foto: captada
A execução das ações no Acre deverá ocorrer de forma articulada com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS). Além disso, os alimentos distribuídos deverão ser compatíveis com os hábitos alimentares locais, respeitando as especificidades culturais das comunidades atendidas.
De acordo com a secretária nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, Lilian Rahal, essa é uma forma de assegurar que as operações do PAA estejam em consonância com o papel do programa de garantir a segurança alimentar e nutricional, em especial entre as populações tradicionais.
O pagamento aos fornecedores será realizado diretamente pelo MDS, observados os limites por unidade familiar e demais regras do programa. Os recursos estão previstos no orçamento do ministério, dentro da Ação Orçamentária 2792 – Aquisição e Distribuição de Alimentos a Grupos Populacionais Tradicionais e Específicos.
Para garantir o acesso aos recursos, o governo do Acre deverá confirmar o interesse em executar a modalidade no prazo de até 30 dias, por meio da aceitação das metas no Sistema de Informação e Gestão do Programa (SISPAA). Caso não haja manifestação dentro do prazo, os valores poderão ser remanejados para outros entes federativos aptos, preferencialmente da mesma região.
O início das operações de compra de alimentos dependerá da aprovação da proposta de participação pela Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional e da emissão dos cartões bancários dos beneficiários fornecedores. O ente federativo terá até 90 dias, contados a partir da publicação da portaria, para cadastrar a proposta no SISPAA, com possibilidade de prorrogação mediante justificativa.
Mais recursos
Em outubro, quando o programa completou 20 anos, o MDS anunciou edital de R$ 40 milhões para reforçar a execução do PAA Indígena, destinados à compra de caminhonetes, caminhões refrigerados e lanchas. Os recursos servirão para complementar as ações do PAA voltadas às populações tradicionais, com objetivo de garantir a entrega de alimentação saudável nas aldeias de 15 estados: Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Roraima, Santa Catarina e Tocantins.
No fim de julho, o MDS já havia disponibilizado R$ 29,5 milhões para a compra de alimentos para povos indígenas por meio do PAA. Os recursos contemplaram os estados do Amazonas, Pará, Mato Grosso do Sul, Bahia, Ceará, Roraima, Maranhão, Paraná, Rio Grande do Norte e Piauí. Com mais este anúncio, o Governo Federal já disponibilizou R$ 33,5 milhões em recursos para o PAA Indígena nos estados.
Com MDS
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Incra cria novo assentamento federal de 3,6 mil hectares no Acre para 67 famílias em Cruzeiro do Sul
Projeto Porto Alegre, publicado no DOU, fica na fronteira com municípios do AC e AM; seleção de beneficiários da reforma agrária será iniciada

A área confronta-se com os municípios acreanos de Porto Walter, Rodrigues Alves, Tarauacá e Mâncio Lima, além de Guajará e Ipixuna, no estado do Amazonas, conforme limites territoriais definidos pelo IBGE. Foto: captada
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) oficializou a criação do Projeto de Assentamento Federal Porto Alegre, em Cruzeiro do Sul, no interior do Acre. A portaria foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (23) e prevê o assentamento de 67 famílias em uma área de 3.629 hectares.
O assentamento será implantado na Gleba Porto Alegre/União Federal, terreno arrecadado pelo Incra em novembro de 2024 e já registrado em nome da União. A área fica na região de fronteiracom os municípios acreanos de Porto Walter, Rodrigues Alves, Tarauacá e Mâncio Lima, além de Guajará e Ipixuna, no Amazonas.
A gestão do projeto ficará sob responsabilidade da Superintendência Regional do Incra no Acre (SR-14/AC), que já autorizou o início da seleção das famílias que poderão ser beneficiadas pelo Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA). Os candidatos deverão atender aos critérios legais e não estar enquadrados nas vedações previstas na legislação.
Esta é uma das poucas novas aberturas de assentamentos federais no Acre nos últimos anos e visa atender a demanda por terra e produção agrícola familiar na região do Juruá. O projeto também pode gerar impactos na dinâmica fundiária e econômica local, com potencial para expansão da agricultura familiar e fixação de população no campo.
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‘Caminhando para a mudança’, diz 1ª mulher trans a se formar em Educação Física na Ufac
Katherine Dias Castro, de 25 anos, colou grau no dia 18 de dezembro em Rio Branco. Conquista marca trajetória de autoconhecimento e resistência em um país que lidera índices de violência contra trans

Katherine Dias, de 25 anos, é a primeira mulher trans a se formar em educação física bacharelado na Ufac. Foto: Arquivo pessoal
Quando Katherine Dias Castro colou grau como bacharela em Educação Física no último dia 18 de dezembro, aos 25 anos, o diploma representava mais do que a conclusão de um curso iniciado em 2019. A formatura consolidou uma travessia pessoal e coletiva: ela se tornou a primeira mulher trans a concluir o curso da Universidade Federal do Acre (Ufac) e passou a ocupar, oficialmente, um espaço historicamente negado a pessoas como ela.
Foi durante a graduação, atravessada pela pandemia e por um período intenso de reflexão, que Katherine passou a se entender como uma mulher trans.
O processo de autoconhecimento caminhou junto com a vida acadêmica em um ambiente que, segundo ela, permitiu que essa descoberta fosse vivida com menos peso.
“Foi durante a graduação que me entendi como uma pessoa trans. Teve todo um processo de autoconhecimento e aceitação, mas sempre me senti muito à vontade de ser quem eu sempre fui”, destacou em entrevista.
A experiência dentro da universidade foi marcada pelo acolhimento.Katherine relatou que professores e colegas tiveram papel central para que ela permanecesse no curso e chegasse até ao sonhado momento do diploma.
“Sempre fui bem tratada dentro do meio acadêmico. Pelo fato de a Ufac ter uma diversidade muito grande, sempre me senti muito acolhida, os professores sempre foram incríveis […] a Ufac em si é um ambiente com muita diversidade, o que acabou tornando o processo mais leve”, complementou.
Ainda assim, Katherine fez questão de situar sua trajetória dentro de um cenário mais amplo, marcado pela violência e pela exclusão social enfrentadas diariamente por pessoas trans no Brasil.
No Acre, uma pesquisa da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) mostrou que ocorreram três assassinatos de travestis e transgêneros nos últimos oito anos. Os números fazem com que a taxa seja de 0,36 a cada 100 mil habitantes.
Ainda segundo o estudo da Antra, o Brasil se manteve como o país com mais assassinatos de trans e travestis no mundo pelo 16º ano seguido. Em 2024, foram 122 assassinatos.

Fonte: Antra
Para ela, concluir o ensino superior é também um ato de resistência.
“Não podemos ignorar a falta de oportunidade. Ser trans é uma resistência. Muitas são abandonadas pela própria família e não têm a oportunidade de chegar em uma universidade. Ainda estamos longe de estar onde é nosso por direito, mas acredito que estamos caminhando para a mudança, então temos que ser fortes”, refletiu.

Katherine Dias celebrou a conquista no último dia 18 de dezembro em Rio Branco. Foto: Arquivo pessoal
Projeções para o futuro
Com o diploma em mãos, Katherine almeja um futuro que une carreira profissional e compromisso social. A intenção é seguir no esporte e ampliar a atuação para além do treino tradicional, pensando em inclusão e acesso.
Esse caminho, segundo ela, está diretamente ligado ao desejo de fortalecer a presença de pessoas trans no esporte e disputar espaços historicamente fechados.
“Quero me especializar ainda mais, buscar meios de avançar com pautas de pessoas trans no esporte e lutar pelo nosso espaço que é sempre nos tirado historicamente”, frisou.
Agora, ao olhar para frente, ela deixa uma mensagem para outras mulheres trans que ainda enfrentam barreiras para sonhar com a universidade, uma vez que permanecer, concluir e ocupar também é uma forma de transformação.
“Nunca desistam dos seus sonhos, nunca aceite que digam quem você é. Seja sempre autêntica, não tenha medo de lutar e conquistar, sempre estaremos torcendo uma pelas outras, e como canta a cantora Urias, nunca percam a vontade de voar”, finalizou.

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