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Alzheimer: novo medicamento que retarda perda cognitiva chega ao Brasil

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Remédio tem benefícios modestos, alto custo e necessidade de acompanhamento rigoroso devido ao risco de efeitos colaterais graves

Um dos primeiros lugares a oferecer o remédio no Brasil será a Dasa, que a partir do início de setembro terá o Kisunla disponível nas unidades do Alta Diagnósticos em São Paulo e no Rio de Janeiro. Foto: captada 

O novo tratamento para pacientes em estágios iniciais da doença de Alzheimer, que retarda a perda cognitiva, chamado Kisunla (donanemabe), da Eli Lilly, começará a ser disponibilizado no Brasil. Por enquanto, o medicamento, que tem alto custo, poderá ser acessado em poucos locais e apenas em clínicas e hospitais particulares. Não há previsão para incorporação da terapia no Sistema Único de Saúde (SUS) ou cobertura obrigatória pelos planos de saúde.

O remédio foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em abril deste ano e faz parte de uma nova geração de fármacos para o Alzheimer depois de mais de duas décadas. Ele é um anticorpo monoclonal que elimina as placas de beta-amiloide, uma proteína que se acumula no cérebro de pacientes com a doença.

O medicamento é indicado apenas para pacientes com comprometimento cognitivo leve ou demência leve associados ao Alzheimer. Ele é injetável de forma intravenosa mensalmente em ambiente clínico ou hospitalar. A duração do tratamento vai da eliminação da placa no cérebro até no máximo 18 meses, a depender do acompanhamento e da indicação médica.

Nos estudos clínicos, pacientes tratados com o Kisunla apresentaram uma progressão clínica da doença até 35% menor em comparação com os participantes que receberam placebo ao longo do estudo, que durou 18 meses, o que correspondeu a um atraso de 4,4 meses no declínio cognitivo. De modo geral, houve uma redução de 37% no risco de progredir para a próxima fase da doença no período.

O remédio é vendido em frascos de 350 mg da substância cada. O tratamento começa com 700 mg (dois frascos) por mês nas primeiras três doses e depois aumenta para 1.400 mg (quatro frascos) mensais até o final. Dados de acompanhamento de três anos do uso da terapia sugerem que benefícios continuam mesmo após o término do tratamento.

Um dos primeiros lugares a oferecer o remédio no Brasil será a Dasa, que a partir do início de setembro terá o Kisunla disponível nas unidades do Alta Diagnósticos em São Paulo e no Rio de Janeiro. Os valores começarão a partir de R$ 8 mil, o que inclui a medicação, o neurologista que vai acompanhar o paciente e a infraestrutura necessária para aplicação do remédio. Cada sessão de infusão leva cerca de 30 minutos, seguidos de mais meia hora de observação.

O neurologista Diogo Haddad, coordenador do Núcleo de Memória do Alta Diagnósticos, reforça que o Kisunla “exige acompanhamento médico rigoroso”, mas que ele “já demonstrou resultados interessantes em estudos clínicos para um grupo de pacientes específico com doenças iniciais”.

Um dos pontos de atenção é que o remédio, ainda que seja uma nova fronteira no tratamento do Alzheimer, tem efeitos colaterais significativos. Nos estudos, por exemplo, houve casos de hemorragias (sangramento) e edemas (inchaço) cerebral associados ao tratamento, inclusive de óbitos.

Por isso, Ivan Okamoto, neurologista do Núcleo de Excelência em Memória (Nemo) do Einstein, em São Paulo, conta que há um acompanhamento importante com ressonâncias magnéticas periódicas. Ele já tratou cerca de 15 pacientes no hospital que importaram o remédio, e um recentemente que conseguiu adquirir o fármaco no Brasil.

— Há um cuidado que se precisa ao tomar essa medicação que é ter uma busca ativa pelos efeitos colaterais, com ressonâncias periódicas e depois reavaliações periódicas. E principalmente a seleção do paciente, que é criteriosa. Não é uma medicação para todo paciente com Alzheimer. É um grupo numa fase muito leve, muito inicial. Fazemos até um rastreamento genético, porque sabemos que alguns grupos genéticos têm mais risco de efeitos graves — explica.

Além de estar num estágio leve e não ter os genes que elevam os riscos do tratamento, os pacientes precisam passar por exames que confirmam a presença das placas amiloides no cérebro. Esses testes, no entanto, não são amplamente acessíveis no país.

Um dos escritórios da farmacêutica Eli Lilly em San Diego, Califórnia. (Foto: Mike Blake/REUTERS)

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Câmara de Porto Walter aprova reajuste e vereadores passam a receber até R$ 1 mil por diária em viagens internacionais

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Nova tabela aumenta valores para deslocamentos dentro e fora do Acre; servidores também terão reajuste. Medida foi publicada no Diário Oficial do Estado

A resolução atualiza a tabela em vigor desde 2015 e estabelece novos valores destinados a custear despesas com alimentação, hospedagem e locomoção urbana durante compromissos oficiais. Foto: capada 

A Câmara Municipal de Porto Walter, no interior do Acre, aprovou um reajuste nos valores das diárias pagas a vereadores e servidores em viagens oficiais. A nova tabela, publicada no Diário Oficial do Estado nesta segunda-feira (22), estabelece pagamentos de até R$ 1.000 por dia para vereadores em viagens internacionais.

Os valores por dia são:

  • Dentro do Acre: vereadores R$ 500; servidores R$ 350

  • Fora do estado: vereadores R$ 800; servidores R$ 700

  • Viagens internacionais: vereadores R$ 1.000; servidores R$ 900

A resolução atualiza os valores vigentes desde 2015 e prevê que as despesas sejam custeadas com recursos do próprio orçamento do Legislativo municipal. Com a publicação, a tabela anterior foi revogada e os novos valores passam a valer imediatamente.

A medida visa cobrir custos com alimentação, hospedagem e locomoção urbana durante compromissos oficiais, mas tem gerado questionamentos sobre a adequação dos valores em um município de pequeno porte e com limitações orçamentárias.

Para deslocamentos dentro do Acre, os vereadores passam a receber R$ 500, servidores efetivos e comissionados R$ 350. Em viagens para fora do estado R$ 800, no caso dos parlamentares e R$ 700 para os demais servidores por diária. Foto: captada 

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Empate no STF pode colocar em risco empréstimo internacional do Acre; entenda

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Com a declaração de inadimplência, o Acre passou a correr o risco de perder um financiamento considerado estratégico junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)

A ministra Cármen Lúcia votou pela manutenção da decisão e foi acompanhada pelos ministros Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Nunes Marques e pelo próprio Edson Fachin. Foto: captada 

Everton Damasceno

O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu, em Plenário Virtual, o julgamento que discute se estados classificados como inadimplentes no Programa de Acompanhamento e Transparência Fiscal (PAF) podem continuar contando com a garantia da União para contratar empréstimos junto a organismos nacionais e internacionais. O resultado terminou empatado, com cinco votos favoráveis e cinco contrários, e a decisão final ficará a cargo do presidente da Corte, ministro Edson Fachin.

O caso envolve diretamente o Estado do Acre, que questiona no STF sua classificação como inadimplente no âmbito do PAF, instituído pela Lei Complementar nº 178/2021. O programa estabelece critérios fiscais para reduzir riscos de inadimplência dos entes federativos e proteger o Tesouro Nacional, responsável por garantir parte das dívidas estaduais.

De acordo com os autos, o Acre foi considerado inadimplente no exercício de 2024 por descumprir exclusivamente a chamada meta 2 do programa, relacionada ao indicador de liquidez relativa. O governo estadual argumenta que a meta não foi atingida em razão de fatores excepcionais e imprevisíveis, como o agravamento da crise na saúde pública e a ocorrência de emergências climáticas que impactaram diretamente as finanças estaduais.

O Estado também apontou perdas significativas de arrecadação provocadas pelas Leis Complementares nº 192 e nº 194, editadas em 2022, que alteraram a base de cálculo do ICMS sobre combustíveis, energia elétrica e serviços de comunicação. Segundo o Acre, essas mudanças reduziram receitas essenciais e comprometeram o cumprimento das metas fiscais previstas no PAF.

Com a declaração de inadimplência, o Acre passou a correr o risco de perder um financiamento considerado estratégico junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O empréstimo é voltado para projetos de modernização da administração tributária e da gestão fiscal, financeira e patrimonial do Estado e depende da garantia da União para ser viabilizado.

Em decisão liminar, a relatora do caso, ministra Cármen Lúcia, atendeu ao pedido do governo acreano e determinou a suspensão temporária da classificação de inadimplência, autorizando a União a atuar como garantidora do empréstimo até o julgamento definitivo da ação.

Na votação encerrada na sexta-feira (19), o Plenário do STF analisava justamente se essa liminar deveria ser confirmada. A ministra Cármen Lúcia votou pela manutenção da decisão e foi acompanhada pelos ministros Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Nunes Marques e pelo próprio Edson Fachin.

A divergência foi aberta pelo ministro Cristiano Zanin, que votou contra o referendo da liminar. Ele citou um caso recente semelhante envolvendo o Rio Grande do Norte, no qual o Estado também foi considerado inadimplente no PAF e não obteve, inicialmente, a garantia da União para novos empréstimos. Naquele episódio, segundo Zanin, houve a construção de um acordo bilateral com o Tesouro Nacional, prevendo medidas concretas para correção da trajetória fiscal.

Para o ministro, obrigar a União a garantir empréstimos de estados inadimplentes pode gerar desequilíbrios no pacto federativo. Zanin argumentou que tal prática acabaria criando tratamento desigual entre os entes, beneficiando aqueles que descumprem regras fiscais em detrimento dos que seguem as exigências legais.

O voto divergente foi acompanhado pelos ministros Dias Toffoli, Flávio Dino, André Mendonça e Luiz Fux, resultando no empate de cinco a cinco.

Com o impasse, caberá agora ao presidente do STF decidir se aguarda a posse do 11º ministro, já indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para desempatar a votação, ou se entende que a liminar não pode ser referendada por falta de maioria. Até que essa definição ocorra, o futuro do financiamento internacional pleiteado pelo Acre permanece indefinido.

Renegociação da dívida

Na última sessão do ano, o Governo do Acre encaminhou à Assembleia Legislativa (Aleac), em regime de urgência, um projeto de lei que autoriza a adesão do Estado ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag).

A proposta, amparada na Lei Complementar Federal nº 212/2025, busca renegociar débitos com a União, reformular o passivo financeiro estadual, reduzir encargos, alongar prazos de pagamento e permitir a conversão de parte dos juros em investimentos na educação profissional.

O projeto foi aprovado no mesmo dia e sancionado na semana passada.

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MP apreende R$ 5 milhões em espécie em endereço de prefeito investigado por corrupção

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Com apoio das polícias Civil e Militar do estado, os promotores do Gaeco cumpriram 51 mandados de busca e apreensão e 21 de prisão, por ordem do Tribunal de Justiça do Estado

Agentes do MP-MA apreenderam R$ 5 milhões em dinheiro vivo em endereço ligado a prefeito. Foto: MP-MA/Divulgação

O Ministério Público do Maranhão deflagrou nesta segunda-feira (22) a Operação Tântalo II, que apura fraudes em licitações e lavagem de dinheiro na gestão do prefeito de Turilândia, Paulo Curió (União Brasil). Em um endereço alvo de buscas, em São Luís, os promotores apreenderam quase R$ 5 milhões em dinheiro vivo.

A reportagem do Estadão pediu manifestação de Curió, da prefeitura e da Câmara de Turilândia, o que não havia ocorrido até a publicação deste texto. O espaço está aberto para manifestações.

Turilândia é um município com cerca de 31 mil habitantes, localizado a pouco mais de 150 quilômetros de São Luís. Com apoio das polícias Civil e Militar do estado, os promotores do Gaeco cumpriram 51 mandados de busca e apreensão e 21 de prisão, por ordem do Tribunal de Justiça do Estado.

A vice de Curió, Tânya Mendes (PRD), foi presa nesta segunda. A promotoria apreendeu R$ 100 mil em espécie em um endereço ligado a Tânya.

Segundo o MP, o esquema investigado envolve o desvio de R$ 56 328.937,59 dos cofres públicos, por meio de empresas de fachada supostamente criadas pelo prefeito e aliados políticos.

As ordens judiciais foram expedidas pela 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Maranhão, por decisão da desembargadora Maria da Graça Peres Soares Amorim. Ela bloqueou R$ 56 milhões dos investigados.

A ofensiva desta segunda, 22, é um desdobramento da Operação Tântalo, deflagrada em fevereiro deste ano.

O nome da operação faz referência a Tântalo, personagem da mitologia grega condenado a uma punição eterna no submundo. Ele permanecia em um lago de águas cristalinas, com frutos ao alcance da vista, sem jamais conseguir saciar a sede ou a fome.

De acordo com o Ministério Público do Maranhão, a “metáfora é utilizada para representar o esquema investigado, no qual recursos públicos destinados a contratos para fornecimento de bens e serviços não resultaram em benefícios efetivos à população”.

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