Cotidiano
Vianismo e petismo chegam ao fim no Acre após duas décadas de poder
Fábio Pontes - Twitter: @fabiospontes
No dia 1º de janeiro de 1999, o engenheiro florestal Jorge Ney Viana Macedo Neves, então com 39 anos, subia as escadarias de um Palácio Rio Branco carcomido e, como se dizia à época, entregue aos ratos – e não apenas no sentido figurado da expressão.
Ao assumir o poder, Jorge Viana e o Partido dos Trabalhadores (PT) tinham uma missão que parecia nada fácil: recuperar um Acre falido do ponto de vista financeiro e institucional. Parafraseando o título de um editorial do jornal “O Estado de São Paulo”, em 1968, para definir o Brasil do governo militar, as instituições no Acre estavam aos frangalhos.
A tarefa parecia árdua para alguém com 39 anos de idade e pouca experiência na função. O cargo anterior de Jorge Viana foi o de prefeito de Rio Branco, entre 1993 e 1996. Apesar de ter sido avaliado como bom prefeito, não conseguiu eleger o irmão, Sebastião Viana, em 1994, para o governo do estado, e nem fez seu sucessor, Marcos Afonso, em 1996.
A juventude e a falta de cabelos brancos rendiam à militância petista a alcunha de os “meninos do PT”, sendo Jorge e Sebastião os principais ícones da esquerda acreana. A derrota nas urnas em 94 e 96 parecia ser o fim das esperança daqueles jovens de, um dia, chegar ao comando do estado
Graças ao insucesso e à impopularidade do governador Orleir Cameli – que deixava a gestão com salários dos servidores atrasados, escândalos de corrupção e policiais agindo num esquadrão da morte – Jorge Viana conseguiu incorporar o sentimento de mudança da sociedade e foi eleito, em 1998, governador sem praticamente enfrentar adversários, já que a maioria estava associada ao fiasco dos governos passados.
Numa ampla aliança de partidos, que incluía até o PSDB, Jorge Viana levava o PT ao poder embalado, ainda, pelo samba que virou o hit da campanha: “Canta Canta Minha Gente”, de Martinho da Vila. O trecho “a vida vai melhorar” virou quase que uma promessa de campanha do petista.
A mão de ferro petista
Os meninos do PT não eram levados muito a sério pelos velhos caciques da política acreana, que diziam se tratar de uma onda passageira, e que logo perderiam a próxima eleição. O vaticínio não se cumpriu, e os cabelos pretos da molecada logo ficaram brancos, enquanto outros caíram – mas nada que os implantes não pudessem repor.
Apesar de serem tratados hoje como demônios e culpados por todas as mazelas da humanidade, os petistas tiveram papel essencial na reconstrução do Acre. Como não se sabe quem está do lado certo da História, o fato é que o Acre é hoje bem diferente daquele de 1999 assumido por Jorge Viana.
Essa diferença se dá sobretudo do ponto de vista urbanístico e de infraestrutura das cidades.Junto com essa reconstrução estrutural, Jorge Viana tentou recuperar o sentimento de orgulho da acreanidade. Museus foram recuperados e reconstruídos, símbolos do estado valorizados e a construção de uma identidade cultural colocada em prática. Para isso foi criada a chamada “florestania”.
Inspirado na militância ambiental dos petistas mais orgânicos – que incluía Marina Silva e Chico Mendes – Jorge Viana colocou em prática a “florestania”, modelo político-filosófico que pretendia fazer do Acre uma referência mundial na Amazônia de crescimento econômico com a exploração sustentável dos recursos naturais.
Para que seu projeto não falhasse, os meninos do PT, por vezes, precisaram governar com mão de ferro. Colocaram as instituições sob a batuta do Executivo e controlavam o que a mídia podia e não podia publicar. Não raro foram acusados de censura e antidemocráticos.
Para se prolongar no poder, aliaram–se àqueles que acusavam de protagonizar as páginas ruins da história acreana, como o clã Cameli no Vale do Juruá. Obter o apoio político do ex-governador e seu aliados na região que concentra o segundo maior colégio eleitoral do Acre e sempre rejeitando o petismo era essencial.
Lula lá, Jorge cá
A chegada de Luiz Inácio Lula da Silva ao Planalto, em 2003, ajudou a prolongar a vida do PT e dos irmãos Viana no Acre. Enquanto Jorge Viana cuidava por aqui, Sebastião com Marina e Lula intercediam por lá – como cantarolava o jingle da campanha de 2002 que deu mais quatro anos de poder para a legenda.
Jorge Viana conseguiu seu feito. Mesmo nos tempos em que a Presidência era ocupada pelo tucano Fernando Henrique Cardoso, o petista tinha boa influência e obtinha rios de verbas federais para reconstruir o estado – rios que se transformaram em oceanos nos governos Lula.
Ao fim e ao cabo, não foi difícil encerrar o mandato com índices recordes de aprovação e eleger um poste como sucessor. Este poste tinha nome: Arnóbio Marques de Almeida Júnior, o Binho Marques, então vice de Jorge, e eleito governador em 2006.
Com perfil diferente, teve uma gestão apontada por alguns como a melhor entre os petistas. Diziam que era um governador tampão, apenas para preencher o vácuo temporal entre a saída de Jorge e a eleição de Sebastião Viana, já que a lei não permite a sucessão familiar.
Ao assumir, em 2007, Binho afirmou que não disputaria a reeleição, e que faria oito anos em quatro – uma espécie de JK em seus 50 anos em cinco. Menos político, fazia uma gestão técnica e planejada a partir de seu gabinete na Secretaria de Educação, pasta da qual foi chefe nos oito anos de seu padrinho.
Fuso alterado, eleitor furioso
Era conhecido como o professor Binho. Enquanto isso, o senador Sebastião Viana vinha pavimentando o caminho para logo mais assumir o Palácio Rio Branco. Com a boa avaliação do governo Binho e o petismo tendo o domínio da máquina que lhe rendia milhares de votos, a eleição de Sebastião parecia a coisa mais fácil do mundo.
Como se diz, as aparências enganam. Ao se abrir as urnas, viu-se que por muito pouco o petista não foi derrotado. Apenas cinco mil votos separavam Sebastião Viana de Tião Bocalom, então PSDB. Um dos motivos apontados para esse fiasco foi a alteração feita pelo senador do PT no fuso horário do Acre sem consulta popular, o que provocou elevada rejeição entre o eleitores.
Outro fator apontado era a fadiga de 12 anos de PT no poder. Ao suceder Binho, Sebastião Viana precisou praticamente reinventar a roda – ou, nesse caso, o petismo acreano. Nem que para isso tivesse que desfazer tudo aquilo que foi deixado pelos companheiros, incluindo o irmão Jorge Viana.
E assim o foi; Sebastião Viana deixou a florestania de lado e deu uma guinada à direita, focando os investimentos da economia no campo. Investiu em grandes projetos que envolviam o setor público e privado, como a Peixes da Amazônia e a Dom Porquito, que se encontram praticamente falidos hoje.
A apertada reeleição em 2014 – definida no segundo turno – foi outro sinal de que o PT tinha prazo de validade para sair do poder. Já naquele pleito estava definido quem sucederia o partido no Palácio Rio Branco: o agora governador eleito Gladson Cameli (PP), herdeiro do espólio político do tio.
Após os petistas sucederem Orleir Cameli no governo (ele não disputou a reeleição à época), um Cameli reassume o governo, destronando o petismo, que tentava assegurar mais duas décadas de poder, abandonando suas velhas caras e símbolos, personificado pela figura do ex-prefeito de Rio Branco Marcus Alexandre Viana.
O partido chega agora ao fim de um ciclo – que como seus líderes pensantes previam em 1999, ia durar 20 anos. A longevidade do poder lhe rendeu desgastes por conta das denúncias de corrupção e acusações de fazer um governo de oligarquia para beneficiar apenas os mais próximos.
Os “meninos do PT” agora estão envelhecidos, e os jovens que eles criaram não foram capazes de amenizar os danos dos anos de poder. Ao se olhar para trás, contudo, não se pode negar os avanços obtidos pelo estado neste período. Como diz o velho clichê, a história os julgará.
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Chuva aumenta e Defesa Civil alerta para riscos na captação de água e navegação no Rio Acre
O coordenador também detalhou o comportamento do rio ao longo da semana. Segundo ele, o nível oscilou de 6,68 metros na segunda-feira para 5,43 metros na manhã desta sexta

Cláudio Falcão explicou que a Defesa Civil segue acompanhando a evolução do cenário e reforçou que o período chuvoso está apenas começando. Foto: captada
Suene Almeida
Apesar de Rio Branco não registrar volumes extremos de chuva nos últimos dias, a Defesa Civil Municipal tem monitorado de perto o comportamento do Rio Acre e suas consequências para a capital. Em entrevista nesta sexta-feira (5), o coordenador municipal da Defesa Civil, tenente-coronel Cláudio Falcão, detalhou a situação, chamou atenção para riscos menos aparentes e reforçou que o momento exige cautela.
Segundo Falcão, até a manhã de hoje o acumulado de chuva dentro do perímetro urbano estava em cerca de 18 milímetros. No entanto, o volume que atinge a cidade desde o início da tarde tende a alterar esse cenário. “Daqui a pouco, quando a gente finalizar essa chuva aqui, vamos perceber que o que choveu hoje equivale praticamente à semana inteira”, explicou.
Ele reforça que, embora o índice acumulado não pareça alto dentro de Rio Branco, o quadro regional é mais preocupante. “Mesmo não tendo chovido muito na cidade, nós temos um acumulado na bacia de 250 a 300 milímetros só nesta primeira semana de dezembro, que nem terminou ainda. Ainda é sexta-feira.”
Oscilações do nível do Rio Acre preocupam
O coordenador também detalhou o comportamento do rio ao longo da semana. Segundo ele, o nível oscilou de 6,68 metros na segunda-feira para 5,43 metros na manhã desta sexta, uma queda significativa em poucos dias. Apesar disso, Falcão esclarece que não há risco de enchente neste momento.
O alerta da Defesa Civil, porém, está focado em outro ponto, que é na presença de balseiros, grandes aglomerados de troncos e vegetação que descem com a correnteza e podem causar danos a estruturas e embarcações.
“Existe uma preocupação atual nossa em relação a essa oscilação de nível, que é a formação de balseiros. Esses balseiros colocam em risco a captação de água e a navegação, trazendo grandes possibilidades de acidentes”, afirmou o tenente-coronel.
Ele explica que, mesmo sem perspectiva de transbordamento, o comportamento irregular do rio traz desafios que exigem vigilância constante. “A gente não está preocupado com o transbordamento, que não vai acontecer agora, mas estamos atentos às outras consequências que o nível do rio traz quando ele oscila dessa forma”, destacou.
Cláudio Falcão explicou que a Defesa Civil segue acompanhando a evolução do cenário e reforçou que o período chuvoso está apenas começando, “Essas primeiras chuvas já mostram que a gente precisa ficar alerta. O momento é de atenção, não de pânico”, concluiu.
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Prefeito de Rio Branco anuncia pagamento do salário e 13º de servidores para o dia 19 de dezembro
Tião Bocalom afirmou que os depósitos devem injetar cerca de R$ 80 milhões na economia local e destacou que a gestão mantém todos os pagamentos em dia

A confirmação foi feita durante coletiva de imprensa realizada na Praça da Revolução. Segundo o gestor, os dois pagamentos devem injetar aproximadamente R$ 80 milhões na economia local. Foto: captada
O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, anunciou em coletiva de imprensa realizada na manhã desta sexta-feira (5) que o salário de dezembro e o 13º salário dos servidores municipais serão depositados no próximo dia 19. Segundo o gestor, os pagamentos devem injetar aproximadamente R$ 80 milhões na economia da capital.
Bocalom destacou que a política da administração municipal é a de antecipar parte do 13º apenas mediante solicitação do servidor, prática que, de acordo com ele, é pouco comum.
— A grande maioria dos nossos trabalhadores deixa para receber tudo no final do ano, como foi pensado quando o 13º foi criado — afirmou.
O prefeito explicou ainda que adiantar o pagamento no meio do ano pode reduzir o impacto financeiro do benefício devido aos descontos obrigatórios, o que, em sua visão, “desvirtua” o propósito original da gratificação natalina. Ele também reafirmou o compromisso da gestão com a pontualidade nos pagamentos.
— Nunca atrasamos salários, férias ou qualquer outro direito. Fechamos o ano mais uma vez com tudo em ordem, pagando todos os nossos trabalhadores — completou Bocalom.
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Obra do viaduto Mamedio Bittar em Rio Branco é adiada para março de 2026
Prefeitura culpa atraso na entrega de insumos vindos de outros estados; estrutura, orçada em R$ 24 milhões, estava prevista para dezembro de 2025

A prefeitura admitiu que não conseguirá entregar a obra ainda este ano e divulgou que a nova previsão é o primeiro trimestre de 2026. Foto: captada
A Prefeitura de Rio Branco admitiu que não conseguirá entregar ainda este ano a construção do viaduto Mamedio Bittar, na confluência das avenidas Ceará, Dias Martins e Isaura Parente. Em nota divulgada nesta quarta-feira (4), a gestão municipal adiou a conclusão da obra para março de 2026.
O novo prazo é o terceiro anunciado pela administração: inicialmente, a entrega estava prevista para outubro de 2025, depois foi adiada para dezembro e, agora, para o primeiro trimestre do ano que vem. Segundo a prefeitura, o atraso se deve à demora na chegada de insumos metálicosnecessários para a estrutura.
— Ressaltamos que não houve má-fé nem por parte da empresa executora, nem da gestão municipal. Trata-se de uma situação logística, considerando também a distância geográfica do Acre em relação aos centros produtores — justificou o município.
De acordo com a nota, os últimos vãos da passagem estão sendo concretados e, após a conclusão do viaduto, ainda serão realizados serviços de acabamento. A prefeitura não informou se o custo inicial de R$ 24 milhões foi alterado.
O viaduto Mamedio Bittar é considerado essencial para desafogar o trânsito em uma das áreas de maior fluxo da capital acreana, especialmente nos horários de pico. A previsão atual é que a obra seja entregue totalmente concluída e dentro dos padrões de qualidade até março do próximo ano.

Segundo a prefeitura, o atraso se deve à demora na chegada de insumos metálicos necessários para a estrutura. Foto: captada
Nota da Prefeitura de Rio Branco
A Prefeitura de Rio Branco, por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura, esclarece que o atraso na entrega do Elevado Mamedio Bittar ocorreu em razão de dificuldades no fornecimento dos insumos metálicos utilizados na obra.
O material é fabricado sob medida, de forma milimétrica, e adquirido junto a grandes siderúrgicas do sul do país, como a Usiminas e a Gerdau, que atendem não apenas o Brasil, mas também o mercado internacional. Houve, portanto, atrasos na produção e na entrega dessas estruturas, o que impactou diretamente o cronograma da obra.
Ressaltamos que não houve má-fé nem por parte da empresa executora, nem da gestão municipal. Trata-se de uma situação logística, considerando também a distância geográfica do Acre em relação aos centros produtores.
Neste momento, os últimos vãos estão sendo concretados e os serviços de urbanismo já foram iniciados. Após a conclusão da estrutura, ainda serão executados os acabamentos do tabuleiro, passeios, laterais, pintura e toda a urbanização na parte inferior do elevado.
A Prefeitura reforça que não irá inaugurar a obra de forma inacabada. A previsão é de que o Elevado Mamedio Bittar seja entregue totalmente concluído e dentro dos padrões de qualidade no primeiro trimestre de 2026, mais precisamente até o mês de março.

Ainda segundo a nota, os últimos vãos da passagem estão sendo concretados e que, após a conclusão do viaduto, ainda haverá serviços de acabamento. Foto: captada



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