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Sentença expõe as barbáries do caso do acreano Rhuan
As duas mulheres condenadas pela morte da criança não demonstraram remorso ou arrependimento pelo crime praticado, segundo detalhes da sentença judicial.

Com A Tribuna
Justiça mostrou que as assassinas do menino, de 9 anos, premeditaram o crime e não tiveram remorso. A mãe da criança e a companheira foram condenadas, juntas, pelo Tribunal do Júri de Samambaia, a 129 anos de prisão.
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Sentença que condenou Rosana Auri e Kacyla Priscyla pelo assassinato de Rhuan Maycon, em 2019, revelou crueldade e frieza das acusadas. Parentes da vítima esperam cumprimento da pena.
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“Tentamos ficar em paz, mas nunca vamos superar o que aconteceu. Foi cruel demais”, diz Maria do Socorro Oliveira, 54 anos, avó paterna de Rhuan Maycon da Silva Castro. O menino de 9 anos foi brutalmente assassinado pela mãe, Rosana Auri da Silva Candido, e pela madrasta, Kacyla Priscyla Santiago Damasceno Pessoa, em 2019. As duas mulheres condenadas pela morte da criança não demonstraram remorso ou arrependimento pelo crime praticado, segundo detalhes da sentença judicial.
O veredito do Tribunal do Júri de Samambaia sobre o caso saiu na noite de quarta-feira. A sentença, assinada pelo juiz Fabrício Castagna Lunardi, condenou Rosana a 65 anos de prisão e Kacyla a 64 anos. Ambas cumprirão pena em regime fechado. Para o juiz, o crime foi “friamente premeditado”, com antecedência de, ao menos, um mês. Em maio de 2019, as acusadas mataram a criança, esquartejaram e incineraram o corpo da vítima, na tentativa de dificultar o reconhecimento de Rhuan.
Uma frase da mãe da criança chamou a atenção do magistrado que analisou o caso. À época da prisão em flagrante, Rosana respondeu a perguntas do então delegado-adjunto da 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia Norte), Guilherme Sousa Melo. O investigador havia questionado se Rosana chegou a comer a carne do filho. Em resposta, ela disse que não, mas afirmou que “o cheiro estava bom”.
Atualmente na 4ª DP (Guará), Guilherme Sousa relatou ao Correio que, mesmo após o fim das diligências, o caso chocou até os policiais. “Nem sei dizer o que senti quando ela me disse aquilo. É de uma crueldade imensa. Passamos uma semana investigando. A cada nova descoberta era um sentimento diferente”, contou o delegado da Polícia Civil.
Além da crueldade do ato, o assassinato ocorreu na presença da filha de Kacyla, uma menina de 8 anos. O 2º Conselho Tutelar de Samambaia informou, à época, que as duas crianças tinham sinais de maus-tratos e que, antes do crime, não tinha conhecimento da situação delas. Quando policiais prenderam as acusadas, a menina foi acolhida por conselheiros tutelares e ficou 15 dias em processo de readaptação com o pai, Rodrigo Oliveira.
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Em 2014, Rosana e Kacyla haviam fugido do Acre com Rhuan e a filha de Kacyla. A partir de então, as famílias paternas passaram cinco anos à procura das crianças.
Durante a fuga, a mãe e a madrasta passaram por diversos endereços, em diferentes estados. Moraram em Goiânia, Anápolis (GO), Trindade (GO), Aracaju (SE) e, por fim, no DF.
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Após o crime, Rodrigo saiu do Acre, onde morava, para buscar a filha em Brasília. Ainda em 2019, a Justiça concedeu liminar para ceder a guarda da criança ao pai. Ele entrou com pedido pela guarda unilateral da menina e, até hoje, aguarda audiência para decisão final, segundo a advogada da família, Octavia Moreira. A reportagem tentou falar com Rodrigo, mas não conseguiu contato por telefone até o fechamento desta edição.
Legislação
Com o desfecho do caso, familiares de Rhuan esperam que Rosana e Kacyla cumpram toda a pena possível na cadeia. “Queríamos uma pena maior, porém, como não é possível, estamos satisfeitos com a justiça que foi feita”, disse a avó paterna de Rhuan. Ela acrescentou que todos os parentes ainda sofrem pela morte da criança. “O pai dele está aqui a meu lado, mas muito abalado e não quer falar sobre o caso”, disse Maria do Socorro.
Em relação ao tempo de prisão, a advogada criminalista Hanna Gomes avalia que, pelo ponto de vista técnico, a pena foi justa, pois ninguém pode passar mais de 40 anos em reclusão no Brasil. “Desde 2019, a lei não permite que as pessoas fiquem presas além desse tempo. Apesar disso, é importante que o juiz sentencie a somatória correta dos crimes, pois esse valor servirá como base de cálculo para possíveis benefícios das rés. Determinará, por exemplo, quando elas poderão sair em feriados e quanto tempo de trabalho precisarão fazer para diminuir o tempo presas”, explicou Hanna.
Julgamento
Perante o Tribunal do Júri, os advogados das rés sustentaram que Rosana e Kacyla eram incapazes de responder pelos próprios atos. A defesa sugeriu que a mãe de Rhuan deveria ser internada em um hospital, para tratamento. No entanto, os jurados não acataram a tese. Em entrevista ao Correio, o promotor Alexandre Ferreira das Neves de Brito, da 2ª Promotoria de Justiça do Tribunal do Júri de Samambaia, disse que não está satisfeito com o desfecho. “Em uma primeira avaliação, (a decisão) foi muito técnica. Não podemos dizer que estamos felizes com o resultado. Uma criança morreu e tem uma família arrasada. Esperamos que (a pena) apazigue, minimamente, o sofrimento das pessoas que amam o Rhuan”, afirmou.
Alexandre disse que o caso de Rhuan foi o mais difícil da carreira dele — de 16 anos no sistema de Justiça — e avaliou a necessidade de se intensificar a assistência a crianças e adolescentes. “Temos relatos de que o Conselho Tutelar foi acionado. A rede de prevenção, como o próprio conselho e a assistência social, é fundamental para evitar esse tipo de situação”, completou o promotor.
A defesa de Rosana comentou que recorrerá da decisão, mas para tentar diminuir o tempo de reclusão. “Foi um processo justo, em que a integridade das mulheres foi respeitada a todo momento. Um processo democrático e justo. Vamos recorrer apenas para diminuição da pena, pois a lei não permite que elas fiquem presas por mais de 40 anos”, disse o advogado, que preferiu não se identificar.
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Tentativa de invasão à Secretaria de Agricultura termina em furtos a residências em Tarauacá
Uma tentativa de invasão à sede da Secretaria Municipal de Agricultura de Tarauacá, registrada na madrugada desta terça-feira (23), acabou resultando em uma sequência de furtos em residências localizadas nas proximidades do órgão público.
Segundo informações apuradas, a ação criminosa ocorreu por volta das 4h30, na Rua Floriano Peixoto. Suspeitos ainda não identificados teriam usado um instrumento conhecido como “tesourão” para tentar forçar os portões da secretaria. Apesar das investidas, o imóvel não chegou a ser arrombado.
A principal suspeita é de que o objetivo dos criminosos fosse furtar kits de farinha, além de barcos e motores que estavam sob a responsabilidade da secretaria e seriam destinados a associações de produtores rurais do município.
Após não conseguirem acessar o prédio público, os suspeitos passaram a agir na vizinhança. Conforme relatos de moradores, eles escalaram muros de residências e furtaram diversos objetos, entre eles botas, ferramentas, roupas e até galinhas.
A Polícia foi acionada e realizou diligências na região para tentar identificar e localizar os autores dos crimes. Até o momento, ninguém foi preso e o caso segue sob investigação.
As autoridades orientam que os moradores da área redobrem a atenção e comuniquem qualquer informação que possa contribuir para a elucidação do caso.
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TJAC acata pedido da OAB/AC e recomenda a juízes e juízas a liberação de alvarás e RPVs
O corregedor-geral de Justiça, o desembargador Nonato Maia, acatou o pedido da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/AC) e recomendou a todas as unidades do Tribunal de Justiça do Acre (TJAC) que promovam a liberação de alvarás e Requisições de Pequeno Valor (RPVs) antes do recesso.
A decisão, tomada no Processo Administrativo nº 0013086-63.2025.8.01.0000 nesta segunda-feira, 15, destaca o caráter alimentar dos valores, principalmente no final do ano.
“Diante do exposto, acolho parcialmente o pedido formulado pela Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional do Acre, para recomendar aos juízes e juízas de Primeiro Grau que, no exercício de sua autonomia jurisdicional, avaliem a viabilidade de priorizar a análise e a expedição das Requisições de Pequeno Valor (RPVs), especialmente aquelas já conclusas e aptas à liberação, antes do início do recesso forense”, decidiu o magistrado.
Assim como no TJAC, o presidente da Seccional acreana, Rodrigo Aiache, solicitou também ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT14) e à Justiça Federal a possibilidade de um mutirão ou força-tarefa.
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Unidade Penitenciária de Senador Guiomard celebra a formatura de alunos do ensino regular
A representante da Secretaria de Estado de Educação, Márcia Fittipaldy, coordena a escola que funciona dentro do presídio de Senador Guiomard. Ela acompanhou cada etapa até a entrega do tão sonhado certificado dos alunos e disse que o momento é de comemoração

Onze detentos receberam certificado de conclusão do ensino médio. Foto: cedida
O governo do Acre, por meio do Instituto de Administração Penitenciária (Iapen), celebrou nesta terça-feira, 23, os resultados de um trabalho voltado para a educação, feito dentro dos presídios do Acre. Após um ano inteiro de dedicação e compromisso, tanto da equipe educacional quanto dos alunos, 11 detentos, que cumprem pena na Unidade Penitenciária de Senador Guiomard, concluíram com êxito o ensino fundamental.
Arthur Nascimento, diretor da Unidade, disse que ao todo, 95 presos estudam na Escola Veiga Cabral. Ele destacou que a educação é um direito de todos e, para o detento, uma ferramenta fundamental no processo de reinserção social.

Noventa e cinco presos estudam na Escola Veiga Cabral em Senador Guiomard. Foto: Zayra Amorim
A representante da Secretaria de Estado de Educação, Márcia Fittipaldy, coordena a escola que funciona dentro do presídio de Senador Guiomard. Ela acompanhou cada etapa até a entrega do tão sonhado certificado dos alunos e disse que o momento é de comemoração.
“Hoje é um dia de celebração, de encerramento do ano letivo, com muitas conquistas aqui na escola, porque nós temos onze alunos formando no ensino fundamental. Além disso, durante este ano nós conseguimos estruturar a escola, com ares-condicionados, bebedouros, banheiros nas salas de aula, e tudo isso é fruto de um trabalho sério e comprometido que temos feito dentro dos presídios.”
Para o detento D.S., que cumpre pena desde 2017, receber seu certificado de conclusão do ensino fundamental é um privilégio. “Eu tive o privilégio de estar concluindo o meu ensino fundamental. Quero agradecer primeiramente a Deus, depois eu quero agradecer a oportunidade ao estabelecimento penal, ao seu Mário, aos policiais penais e ao diretor do presídio por estarem sempre com a gente, porque pra gente que ganha essa oportunidade de estar se ressocializando através da educação, isso é muito importante, muito obrigado por esse voto de confiança.”

Detendo agradeceu a oportunidade recebida. Foto: cedida




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