Cotidiano
Sargentos da PM que formam trisal são denunciados no Conselho Tutelar por suposta negligência com os filhos: ‘homofobia’
Denúncias seriam de que os filhos de 13 e 17 anos vivem sozinhos e não saem de casa. Sargento gravou vídeos falando que o ato se trata de homofobia.

Por Alcinete Gadelha
Meses após assumir a relação de poliamor e a história repercutir nacionalmente, os sargentos da Polícia Militar Alda Nery e Erisson Nery – que vivem um trisal com a administradora Darlene Oliveira -, foram denunciados no Conselho Tutelar da cidade de Brasileia, no interior do Acre, por suposta negligência na criação dos dois filhos, de 13 e 17 anos.
Os dois sargentos foram ouvidos na segunda-feira (9) no órgão e informaram que a denúncia não deve seguir. O G1 também entrou em contato com o Conselho Tutelar da cidade sobre as acusações da sargento de que a denúncia tem cunho homofóbico e aguarda retorno.
A história foi compartilhada em uma rede social de Alda, onde em um desabafo ela contou sobre a denúncia e disse acreditar que eles estão sendo alvos de homofobia por terem assumido a relação do trisal. Ela também postou o relatório do conselho e o que consta na denúncia. O G1 não conseguiu contato com a família nesta terça-feira (10).
“Denunciaram que meus filhos são negligenciados, que eles ficam em casa, não saem de jeito nenhum e que eles têm comportamento depressivo. Meus filhos são nerds gostam de ler livros e a pessoa fazer uma denúncia dessas sobre duas crianças que são inteligentíssimas, que gostam de ler livros, de assistir coisas informativas. Eles não gostam de ficar andando de skate, fumando maconha nem soltando pepeta”, desabafou.
Parte da denúncia diz que as vítimas são negligenciadas pelos pais e que são constantemente deixadas sozinhas por dias e que um deles aprendeu a cozinhar. Além de relatar que os pais levaram uma outra mulher para fazer parte do relacionamento, constrangendo os filhos que ficam sem entender e ficam confusos, depressivos e, por isso, passam maior parte do tempo no quarto e não podem sair para socializar com outras pessoas.
O sargento Nery informou que os filhos realmente fazem tarefas domésticas, inclusive, como forma de ensinamento. “Os treinamos para uma possível perda súbita nossa, pois somos policiais, saímos para o serviço e não sabemos se voltaremos vivos.”
Além disso, segundo o pai, os dois adolescentes autodidatas e muito inteligentes.
Alda e Erisson Nery são sargentos da PM e já eram casados quando conheceram a administradora Darlene. Os três se relacionam há quase um ano, mas só recentemente assumiram o trisal nas redes sociais e até criaram um perfil para divulgar a vida a três.
Mas a repercussão, além de trazer mensagens de apoio e até relatos de pessoas que levam o mesmo estilo de vida, acabou com a demissão de Darlene, segundo a sargento Alda, em junho deste ano. Ela diz que a companheira foi demitida com a justificativa de que a exposição dela afetaria a imagem da empresa. E agora eles encaram essa denúncia feita ao Conselho Tutelar.
‘Injusto’
Em desabafo, Alda questiona o teor das denúncias e afirma que a educação que sempre deu aos filhos nunca mudou.
“Será que essa denúncia foi relacionada à minha sexualidade? A minha escolha porque eu sou bissexual? A minha criação com meus filhos não mudou nada. Muito pelo contrário faço questão de que eles estão com a gente nos lugares”, questiona.
A denúncia diz ainda que devido os pais serem militares e possuírem armas em casa, o filho mais velho possa tentar algo, por apresentar quadro depressivo.
“Acho meio injusto por deles porque vocês trabalham o dia inteiro, de 12 a 16 horas por dia ou até mais e mesmo assim fazem de tudo para estar com a gente. Então, não me sinto negligenciado. Foi uma denúncia bem injusta”, diz um dos filhos.

Alda Nery e Erisson Nery – que vivem um relacionamento com a administradora Darlene Oliveira – Foto: reprodução
‘Denúncia irresponsável’
Alda relata que enquanto não sabiam da bissexualidade dela, era bem vista pelas pessoas, com responsável e boa pessoa, mas quando abriu que vivia também com uma mulher, teve sua capacidade de educar os filhos questionada.
Alda conta que teve acesso ao conteúdo da denúncia e disse estar muito triste por saber que o conselho tutelar tenha acatado uma denúncia de cunho homofóbico.
“Denúncia irresponsável de alguém que não nos conhece, não sabe onde moramos e não sabe o nome dos nossos dois filhos e deduziu que nossos filhos ficavam trancados dentro do quarto e que eles ficavam constrangidos com a presença de outra pessoa, além de mim e do Nery, no caso a Darlene. Essa denúncia é passível de denúncia”, acrescenta.
A militar ainda teceu críticas ao conselho por acatar a denúncia que descreve como homofóbica. “É muito triste que em toda essa conjuntura o Brasil com toda sua modernidade e avanço anti preconceito LGBTQIA+ que o conselho tutelar acate uma denúncia homofóbica. É complicado. Que país é esse hein?”
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Obra do viaduto Mamedio Bittar em Rio Branco é adiada para março de 2026
Prefeitura culpa atraso na entrega de insumos vindos de outros estados; estrutura, orçada em R$ 24 milhões, estava prevista para dezembro de 2025

A prefeitura admitiu que não conseguirá entregar a obra ainda este ano e divulgou que a nova previsão é o primeiro trimestre de 2026. Foto: captada
A Prefeitura de Rio Branco admitiu que não conseguirá entregar ainda este ano a construção do viaduto Mamedio Bittar, na confluência das avenidas Ceará, Dias Martins e Isaura Parente. Em nota divulgada nesta quarta-feira (4), a gestão municipal adiou a conclusão da obra para março de 2026.
O novo prazo é o terceiro anunciado pela administração: inicialmente, a entrega estava prevista para outubro de 2025, depois foi adiada para dezembro e, agora, para o primeiro trimestre do ano que vem. Segundo a prefeitura, o atraso se deve à demora na chegada de insumos metálicosnecessários para a estrutura.
— Ressaltamos que não houve má-fé nem por parte da empresa executora, nem da gestão municipal. Trata-se de uma situação logística, considerando também a distância geográfica do Acre em relação aos centros produtores — justificou o município.
De acordo com a nota, os últimos vãos da passagem estão sendo concretados e, após a conclusão do viaduto, ainda serão realizados serviços de acabamento. A prefeitura não informou se o custo inicial de R$ 24 milhões foi alterado.
O viaduto Mamedio Bittar é considerado essencial para desafogar o trânsito em uma das áreas de maior fluxo da capital acreana, especialmente nos horários de pico. A previsão atual é que a obra seja entregue totalmente concluída e dentro dos padrões de qualidade até março do próximo ano.

Segundo a prefeitura, o atraso se deve à demora na chegada de insumos metálicos necessários para a estrutura. Foto: captada
Nota da Prefeitura de Rio Branco
A Prefeitura de Rio Branco, por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura, esclarece que o atraso na entrega do Elevado Mamedio Bittar ocorreu em razão de dificuldades no fornecimento dos insumos metálicos utilizados na obra.
O material é fabricado sob medida, de forma milimétrica, e adquirido junto a grandes siderúrgicas do sul do país, como a Usiminas e a Gerdau, que atendem não apenas o Brasil, mas também o mercado internacional. Houve, portanto, atrasos na produção e na entrega dessas estruturas, o que impactou diretamente o cronograma da obra.
Ressaltamos que não houve má-fé nem por parte da empresa executora, nem da gestão municipal. Trata-se de uma situação logística, considerando também a distância geográfica do Acre em relação aos centros produtores.
Neste momento, os últimos vãos estão sendo concretados e os serviços de urbanismo já foram iniciados. Após a conclusão da estrutura, ainda serão executados os acabamentos do tabuleiro, passeios, laterais, pintura e toda a urbanização na parte inferior do elevado.
A Prefeitura reforça que não irá inaugurar a obra de forma inacabada. A previsão é de que o Elevado Mamedio Bittar seja entregue totalmente concluído e dentro dos padrões de qualidade no primeiro trimestre de 2026, mais precisamente até o mês de março.

Ainda segundo a nota, os últimos vãos da passagem estão sendo concretados e que, após a conclusão do viaduto, ainda haverá serviços de acabamento. Foto: captada
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Caso Ruan: Pai acorrenta moto em outdoor em protesto pela morte de jovem em acidente de trânsito
Fabio Santos levou veículo que filho usava no momento do acidente a um outdoor com pedido de justiça. Família criou ainda um instituto com o nome do jovem para dar assistência gratuita a vítimas de acidentes de trânsito

Pai do jovem disse que deveriam ter mudanças na legislação de transito, acerca das penalizações nos casos de acidentes. Foto: Arquivo pessoal
O advogado e árbitro Fábio Santos, pai deRuan Rhiler Rodrigues Santos, que morreu em novembro em um acidente de trânsito, acorrentou a motocicleta que o filho usava no momento da batida em um outdoor com um pedido de justiça. A fachada destaca também a criação de um instituto com o nome do jovem.
“Sua voz não será silenciada!”, destaca.
Ruan, de 23 anos, foi atropelado por uma caminhonete conduzida pelo pastor Roberto Coutinho. Conforme o Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran), o automóvel, que seguia sentido Porto Acre/Rio Branco, invadiu a contramão e atingiu a vítima frontalmente. O rapaz, que também era árbitro, morreu no local.
Fábio contou que ideia de acorrentar a motocicleta ao outdoor é uma forma de conscientizar sobre os impactos das mortes no trânsito. Segundo ele, a moto do filho teve perda total.
“Essa moto simboliza a imprudência no trânsito e é um pedido de justiça. Esse menino com esse sorriso bonito, cheio de vida, que teve a vida ceifada por imprudência no trânsito, não pode s
O árbitro mandou instalar a foto do filho e o pedido de justiça em três pontos: nas proximidades do Tribunal de Justiça (TJ-AC), na Cidade da Justiça, na estrada de Porto Acre, na região do bairro Alto Alegre, onde a moto está acorrentada, e o terceiro na entrada da Vila do Incra, em Porto Acre.
Após o acidente, Fábio foi surpreendido ao descobrir que a moto foi multada na data do acidente devido a atraso no documento do veículo.
“Tirei do Detran, paguei pátio e guincho para poder simbolizar que as pessoas tenham mais consciência. Quando uma vida é tirada no trânsito, famílias se destroem”, complementou.
O advogado sugeriu ainda que deveriam ter mudanças na legislação de trânsito sobre as penalizações nos casos de acidentes. O pastor Carlos Roberto Carneiro Coutinho permaneceu no local, prestou assistência e foi levado para delegacia. Ele foi liberado após o depoimento.
“A legislação precisa mudar, sobretudo nesses casos em que a pessoa mente ao ser ouvida, assim, a penalidade seria uma outra. Tentou burlar o processo, seria ainda maior sua pena”, disse emocionado.

Ruan Santos era árbitro, assim como o pai Fábio Santos. Foto: Arquivo pessoal
Instituto Ruan Santos
Buscando amenizar a dor de quem perde um familiar no trânsito, Fábio Santos criou o instituto que leva o nome do filho para dar assistência gratuita às vítimas. As ações começam a partir de janeiro, tendo como base o trabalho voluntário.
“Vamos dar assistência gratuita para as famílias e vítimas através de amigos voluntários. Teremos psicólogos, fisioterapeutas e até apoio jurídico, além do auxílio de insumos como muletas, cadeiras de rodas e o que for preciso. Em casos de morte, como a do meu filho, vamos ajudar com o caixão, velório e até no sepultamento”, declarou.
O Instituto Ruan Santos tem o lema “Mão que Guia, Voz que Luta, Vida que Importa”. Segundo Fábio, a ideia do projeto surgiu logo após a morte do árbitro, que tinha 23 anos e deixou uma filha de seis anos que está sob cuidados da família e recebe atendimento psicológico para lidar com a perda precoce do pai.
“É um símbolo de que a morte do Ruan não fique impune e as pessoas não saiam matando”, concluiu.

Fábio contou que ideia de acorrentar a motocicleta ao outdoor é uma forma de conscientizar sobre os impactos das mortes no trânsito. Foto: captada
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Aos 23 anos, bacharela em direito é a juíza de paz mais nova eleita no Acre: ‘Construir harmonia’
Shayra Oliveira, de Senador Guiomard, está entre os 24 escolhidos em eleição inédita que ocorreu no último domingo (30) em todo o Acre. Com mais de 1,2 mil votos, ela foi a segunda mais votada do estado

Aos 23 anos, Shayra Oliveira se tornou a juíza de paz mais nova e a segunda mais votada no AC. Foto: Cedida
“Minha idade foi vista com admiração, como uma força jovem disposta a assumir uma missão tão importante”.
Aos 23 anos, a acreana Shayra Oliveira, de Senador Guiomard, interior do Acre, foi eleita a juíza de paz mais jovem do estado e a segunda mais votada, com 1.271 votos. A escolha ocorreu no último domingo (30), quando o Acre elegeu 24 juízes e juízas de paz por meio de votação direta.
Além disso, o Acre foi o primeiro estado do país a colocar em prática a eleição direta para juízes e juízas de paz. A votação teve apuração em tempo real.
Graduada em Direito pela Universidade Federal do Acre (Ufac), a jovem também já atuou na Defensoria Pública (DPE-AC) e trabalhou na Serventia de Registro Civil da cidade onde ela mora, onde teve contato com habilitações de casamento e atendimento ao público.
Shayra decidiu disputar o cargo por acreditar no papel conciliador da função. Ela destacou que sempre teve afinidade com atividades de diálogo e acolhimento. Características que, segundo ela, se conectam com a rotina do juiz de paz.
Ainda segundo ela, a sua formação acadêmica e experiências anteriores ajudaram a sustentar o passo dado tão cedo.
“Enxergo esse trabalho como uma oportunidade de construir harmonia”, disse.
Ela contou que foi a família quem primeiro enxergou firmeza no perfil da jovem e a encorajou a disputar a eleição.
Um vídeo gravado por um amigo ganhou alcance nas primeiras horas e ajudou a colocar seu nome em circulação no município. De acordo com ela, antes mesmo de pedir votos, muitas pessoas já comentavam que votariam nela.
Durante o período eleitoral, Shayra percorreu a cidade. A rotina apertada, entre compromissos domésticos e conversas com moradores, ajudou a aproximá-la ainda mais da comunidade, algo que ela pretende levar para a atuação no cargo.
Planos
Entre as prioridades para os primeiros meses, a nova juíza de paz destaca a presença constante na comunidade. Ela disse que a ideia é oferecer atendimento acessível, transparente e ouvir de perto as necessidades das famílias.
“O desafio é lidar com conflitos e expectativas diferentes, mas quero sempre buscar soluções pacíficas”, afirma.
A jovem avalia que a eleição representa não apenas um reconhecimento pessoal, mas também uma demonstração de confiança da população. A eleita também destacou que o título de juíza de paz mais jovem do Acre carrega esforço, renúncias e a convicção de que o diálogo é o caminho.
“Minha campanha foi construída com simplicidade e respeito. Cada voto recebido reforça a responsabilidade de honrar essa missão”, completou.

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