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Rombo nos Correios: especialistas veem má gestão e perda de competitividade

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Estatal acumula prejuízos desde 2022 e vai contar com empréstimos de R$ 20 bilhões para tentar reverter cenário em 2025 e 2026

Movimento no Centro de Tratamento de Encomendas dos Correios, em Benfica • Fernando Frazão/Agência Brasil

Para conter o rombo bilionário amplamente conhecido, os Correios esperam contar com empréstimos de R$ 20 bilhões, em operação articulada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Apesar do prejuízo de 2024 ter quadruplicado na comparação com o ano anterior, o momento da estatal no vermelho não é de hoje. A turbulência teve início em 2013 e durou até 2016, sendo seguida por períodos de estabilidade. No entanto, a empresa voltou a registrar perdas a partir de 2022 e acendeu o alerta no governo.

Segundo especialistas, as principais causas dos prejuízos recaem sobre a administração durante os anos no vermelho e as mudanças tecnológicas promovidas no mercado, que trouxe mais competitividade e exigências no setor.

“O que vemos atualmente é decorrente de má gestão histórica, isso é um problema concreto nos Correios”, disse Sérgio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados.

“Os Correios enfrentam uma mudança estrutural, mas que não começou em 2023, vem de muito tempo”, pontuou a economista e advogada Elena Landau.

Prejuízos

Os Correios começaram a dar prejuízo em 2013, quando ficaram R$ 313 milhões no vermelho. No ano seguinte, o resultado ficou quase no zero a zero, mas o rombo avançou com força em 2015 ( -R$ 2,1 bi) e 2016 ( -R$1,5 bi).

A maré negativa parecia coisa do passado e a empresa conseguiu ajustar as contas entre 2017 a 2021. No entanto, em 2022 houve o registro de rombo de R$ 767,5 milhões, após contabilização final.

O prejuízo dos Correios chegou ao ápice em 2024. O resultado negativo foi de R$ 597 milhões em 2023 para R$ 2,6 bilhões no ano passado, resultado cerca de quatro vezes maior no comparativo anual.

“O governo criou um rombo bilionário nas estatais, porque a filosofia é utilizar essas estatais para gastos e expansão, sem muito critério de eficiência no uso dos recursos”, disse Elena Landau.

Rombo bilionário

Os Correios explicam o rombo “exclusivamente” devido à taxação de 20% sobre compras internacionais de até US$ 50. A chamada “taxa das blusinhas”, em referência às blusas de menor valor cobrado em marketplaces como Shein e Shopee, foi aprovada no Congresso e sancionada em 27 de junho por Lula.

“A frustração de receita observada em 2024 decorre exclusivamente dos efeitos do novo marco regulatório das compras internacionais — uma demanda do varejo nacional que teve impacto positivo para o setor, mas negativo para os Correios”, afirmou os Correios, em nota.

A medida era cobrada pelos empresários brasileiros e tida como pauta para defender a indústria local, o que a própria estatal reconhece ao buscar explicar o prejuízo. No entanto, a nova cobrança foi considerada insuficiente pelos varejistas nacionais e tampouco agradou a empresa de serviço postal.

A lógica é simples: a taxação de itens internacionais de menor valor levou a menos compras e, por sua vez, a menos entregas.

“Não faz muito sentido essa explicação, porque as outras companhias que oferecem os mesmos serviços deveriam ter registrado prejuízo enorme também, como o Mercado Livre, por exemplo, e vimos que não foi o caso”, destacou Sérgio Vale.

Já Elena Landau afirmou que não é possível colocar a culpa toda na taxa das blusinhas pela falta de eficiência na gestão da empresa.

Busca por recuperação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu no início do ano com presidentes de algumas estatais para tratar do modelo de governança das empresas. O encontro teve o objetivo de tentar reverter o prejuízo de algumas das companhias — especialmente os Correios.

Agora, integrantes do governo e o Conselho de Administração dos Correios avaliam uma nova forma de financiamento, a parti de um pedido de empréstimos a bancos estatais e privados, com garantia do Tesouro Nacional, para salvar as contas da companhia em 2025 e 2026.

De acordo com informação publicada pelo jornal Folha de S. Paulo e confirmada pela CNN, o crédito é de R$ 10 bilhões para este ano e de R$ 10 bilhões para o próximo.

“Os Correios vão continuar drenando recursos do governo porque é uma empresa cuja existência não faz mais sentido. Temos empresas privadas que fazem o mesmo serviço e melhor. Seria interessante acelerar o processo de privatização o quanto antes, para que a gente enterre esse problema”, pontuou Sérgio Vale.

“O mundo mudou. Há 30 ou 40 anos, com o mundo analógico, os Correios faziam muito sentido como transporte de carga. Mas hoje o mundo está digital, não faz sentido uma empresa pública atuando nessa linha, perde o sentido econômico”, acrescentou.

Nova gestão

Em setembro, Lula escolheu Emmanoel Schmidt Rondon, funcionário de carreira do Banco do Brasil, para assumir a presidência dos Correios no lugar de Fabiano Silva dos Santos.

CNN apurou que o governo quis um “perfil técnico”, para afastar narrativas de escolhas puramente políticas em cargos estratégicos das principais estatais do país.

O principal desafio de Emmanoel Schmidt Rondon à frente da estatal será reverter o prejuízo bilionário deixado na companhia.

Além das negociações de empréstimos na casa de R$ 20 bilhões, foi anunciado há alguns meses um plano para vender imóveis e abrir um programa de demissões voluntárias, bem como o lançamento de um marketplace com a Infracommerce.

Há ainda tratativas de parceria com o New Development Bank (NDB) para captar R$ 3,8 bilhões em investimentos. O processo está em andamento.

As ações do plano de redução de despesas podem levar a economias de até R$ 1,5 bilhão em 2025, segundo a administração dos Correios. A avaliação no Planalto, entretanto, é de que essas medidas chegaram tarde demais.

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PRF apreende 600 quilos de maconha sintética tipo skunk em caminhão durante abordagem na BR-364

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Droga foi encontrada em caminhão que saiu de Manaus com destino a Goiânia; motorista foi detido e caso segue com a Polícia Civil

O veículo, um cavalo-trator VW/25.370 acoplado a um semirreboque, foi conduzido até a Unidade Operacional da PRF em Rondonópolis para uma inspeção mais detalhada. Foto: cedida 

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreendeu cerca de 600 quilos de substância análoga à maconha, do tipo skunk, durante uma fiscalização na BR-364, entre Rondonópolis e Pedra Preta (MT). A droga estava escondida em 18 galões plásticos e seis caixas de papelão dentro de um caminhão.

Segundo a PRF, a abordagem ocorreu por volta das 9h30 após a equipe notar problemas na sinalização traseira do veículo. O motorista informou que a carga havia sido embarcada em Manaus (AM) e teria como destino Goiânia (GO), onde seria entregue mediante pagamento.

O condutor foi detido e o caso foi encaminhado à Polícia Civil de Rondonópolis, que assumiu as investigações. A apreensão é considerada uma das maiores de skunk registradas recentemente na região.

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PF deflagra Operação Dark Bet de combate ao tráfico de brasileiros

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A operação visa à coleta de provas, à interrupção das atividades criminosas e à responsabilização dos envolvidos, incluindo a apuração de crimes como tráfico internacional de pessoas
    Agentes federais buscam provas sobre tráfico de brasileiros para a Nigéria. Foto: PF-AM/Divulgação

A Polícia Federal deflagrou, nesta terça-feira (16), a Operação Dark Bet [aposta escura, na tradução livre] com o objetivo de apurar e reprimir a atuação de organização criminosa responsável pelo aliciamento e envio de brasileiros ao exterior para fins de exploração com trabalho e coação à prática de crimes cibernéticos.

A investigação começou a partir da prisão de 109 pessoas na Nigéria, entre elas 5 brasileiros, acusados da prática de crimes cibernéticos, e revelaram um esquema estruturado de recrutamento de vítimas por meio de redes sociais e plataformas digitais, com promessas de altos salários e oportunidades de trabalho em empresas do setor de jogos on-line.

No exterior, os trabalhadores eram submetidos a jornadas exaustivas, retenção de documentos, restrição de liberdade, vigilância armada e imposição de dívidas.

A apuração revelou que os brasileiros foram contratados por uma empresa de jogos esportivos (BET), que opera duas plataformas no território nacional.

A operação visa à coleta de provas, à interrupção das atividades criminosas e à responsabilização dos envolvidos, incluindo a apuração de crimes como tráfico internacional de pessoas para fins de exploração laboral, redução à condição análoga à de escravo, organização criminosa e outros delitos correlatos.

Estão sendo cumpridos 11 mandados judiciais de busca e apreensão nos estados do Ceará, Maranhão, Paraná, Santa Catarina e São Paulo, além de medidas cautelares pessoais e patrimoniais, como bloqueio e sequestro de bens e valores que superam R$ 446 milhões, bem como 4 prisões temporárias, expedidos pela Justiça Federal.

A Justiça Federal determinou a suspensão das atividades empresariais das pessoas jurídicas envolvidas, bem com a retirada do ar de duas plataformas de jogos esportivos (Bets).

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Governo oficializa prazo para a inspeção médica e entrega documental de convocados da Educação

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O governo reforça que os candidatos devem ficar atentos aos prazos e às orientações previstas no edital, bem como providenciar toda a documentação exigida no prazo estabelecido

A avaliação segue critérios técnicos e regras do edital, iguais para todos. Foto: captada 

O governo do Acre, por meio das secretarias de Estado de Administração (Sead) e de Educação e Cultura (SEE), publicou, nesta terça-feira, 16, o Edital nº 57 Sead/SEE, que oficializa a prorrogação do prazo para a realização da inspeção médica e para a entrega de documentos dos candidatos convocados no concurso público da Educação, permanecendo inalterados os demais itens do certame.

De acordo com a retificação, os candidatos poderão comparecer à Junta Médica Oficial do Estado até o dia 26 de dezembro de 2025. Em Rio Branco, o atendimento é efetuado no Instituto de Previdência do Estado do Acre (Acreprevidência), de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h, e aos sábados, das 7h às 13h. Em Cruzeiro do Sul, a inspeção médica será realizada nos dias 11 e 18 de dezembro, das 8h às 12h, na Rua Félix Gaspar, n° 3806, bairro Centro.

O prazo para entrega da documentação também foi estendido até o dia 26 de dezembro. Em Rio Branco, os candidatos devem comparecer à sede da SEE, das 7h30 às 12h e das 14h às 17h30. Nos demais municípios, a entrega deve ser realizada nos respectivos núcleos de Educação.

Os candidatos devem apresentar documentação completa, incluindo foto 3×4 recente, documentos de identificação, comprovante de endereço, certificados de formação, certidões negativas e declarações exigidas. A lista completa dos documentos necessários está disponível no edital nº 55.

O governo reforça que os candidatos devem ficar atentos aos prazos e às orientações previstas no edital, bem como providenciar toda a documentação exigida no prazo estabelecido, a fim de garantir a continuidade no certame. Ressalta-se ainda que não existe garantia de aprovação na etapa de Junta Médica em concurso público. Nenhuma clínica, laboratório ou intermediário pode prometer resultado. A avaliação segue critérios técnicos e regras do edital, iguais para todos.

Diante de relatos sobre possível “facilitação” ou promessa de aprovação, a orientação é seguir o edital e não usar intermediários. O candidato deve conferir datas, assinaturas, procedência dos laudos e a avaliação por especialista, quando exigida.

Os candidatos podem obter mais informações por meio dos contatos telefônicos dos núcleos da SEE ou com a Sead, das 8h às 14h, por meio do endereço eletrônico [email protected].

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