Conecte-se conosco

Acre

Professora da Ufac critica política habitacional que leva pobres às periferias de Rio Branco

Publicado

em

Foto: Whidy Melo/ac24horas

A professora e pesquisadora Maria de Jesus Morais, da Universidade Federal do Acre (UFAC), afirmou que a política habitacional de Rio Branco segue um ciclo histórico de exclusão e especulação imobiliária, no qual o Estado se exime de sua responsabilidade e a população de baixa renda continua sendo “empurrada” para as margens da cidade. A entrevista foi concedida na última quinta-feira (23) e integra o documentário “Os Desafios das Políticas Habitacionais em Rio Branco”, lançado neste domingo (26).

“Resolver a questão da moradia é uma obrigação do poder público, não é um ato de boa vontade”, disse a professora, que há mais de 30 anos leciona no curso de Geografia da UFAC e coordena o mestrado da área. Segundo Maria de Jesus, a produção do espaço urbano rio-branquense é marcada por um “jogo de interesses” entre donos de terras, promotores imobiliários e o próprio poder público. “Tem o interesse dos proprietários, dos comerciantes, das incorporadoras, e o Estado entra como grande negociador. Já a população pobre, que não pode pagar pela mercadoria chamada casa, é quem menos tem voz nesse processo”, afirmou.

Deslocamentos forçados e “indústria da invasão”

A pesquisadora lembra que, desde as décadas de 1970 e 1980, o Acre vive o impacto da chegada da frente agropecuária, que expulsou seringueiros e pequenos produtores para a capital. “Os bairros Cidade Nova, Taquari, João Eduardo e parte da Baixada Sobral nasceram dessa migração forçada. Essas áreas foram chamadas de invasões, mas na verdade são resultado de um processo de exclusão e da falta de política habitacional permanente”, afirmou.

Foto: Professora e pesquisadora Maria de Jesus Morais I Whidy Melo/ac24horas

O estudo “Conflitos por Terra na Cidade de Rio Branco”, de Bruno Oliveira do Nascimento, aluno de Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) da UFAC, reforça essa leitura: o trabalho aponta que o êxodo rural e a especulação fundiária criaram uma cidade fragmentada, onde a elite escolhe onde quer morar e o pobre ocupa onde “cabe”. “O Estado, ora negocia, ora expulsa”, resume o pesquisador no texto.

Já o dossiê “Processos de Territorialização e Identidades Sociais”, assinado pela própria Maria de Jesus e pela professora Raquel Venturato, mostra que políticas de requalificação urbana como a construção da Cidade do Povo seguem o mesmo padrão, onde se deslocam famílias de áreas centrais e valorizadas para regiões periféricas e sem infraestrutura, “sob o argumento de que vivem em áreas de risco”. “O que se vende como urbanização é, muitas vezes, despossessão. As pessoas são retiradas de lugares onde sempre viveram e levadas para locais distantes, sem transporte, escola ou vizinhança. É uma violência simbólica e material”, afirma a professora.

 

Resistência e desconfiança

Maria de Jesus observa que muitas famílias resistem à retirada de áreas de risco não por apego irracional, mas por desconfiança em relação ao Estado. “As pessoas não querem sair porque já sabem o que acontece. Vão para longe, perdem a rede de trabalho, o convívio, e continuam sem serviços básicos. Desconfiar é saudável, porque historicamente o poder público nunca resolveu concretamente o problema”, afirmou.

 

O mapa da desigualdade

Os estudos e as observações da professora mostram que a segregação urbana de Rio Branco segue um padrão: os conjuntos populares – antes Cohab, depois Minha Casa Minha Vida e agora “Mil e Uma Dignidades” – são sempre construídos nas bordas, longe do centro e dos serviços essenciais. “O conjunto Mil e Uma Dignidades não vai ser erguido em frente ao TerrasAlphaville”, ironizou.

Comentários

Continue lendo
Publicidade

Acre

Dois jovens ficam feridos em grave acidente de moto na AC-475, entre Acrelândia e Plácido de Castro

Publicado

em

Dois jovens ficaram feridos na tarde desta quinta-feira (4) após um grave acidente de motocicleta registrado na Rodovia AC-475, no trecho que liga os municípios de Acrelândia e Plácido de Castro. O condutor da moto, João Gustavo Muniz, de 19 anos, perdeu o controle do veículo ao passar por uma curva. A motocicleta saiu da pista, arrancou uma estaca e arremessou os dois ocupantes a cerca de oito metros, lançando-os em uma área de pasto.

A dupla trafegava em uma Honda Fan 160, de cor prata. Com o impacto, João Gustavo sofreu fraturas no fêmur, na tíbia e na fíbula da perna esquerda, além de fratura exposta em um dos dedos da mão esquerda. Mesmo com a gravidade das lesões, seu quadro é considerado estável.

O garupa, Antônio Taguá da Silva Monteiro, de 18 anos, também teve ferimentos significativos. Ele apresentou fratura na clavícula esquerda, ferimento com exposição óssea em um dedo do pé esquerdo e um corte profundo na mão direita. Assim como o condutor, permanece em estado estável.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) enviou uma ambulância de suporte básico de Plácido de Castro para o resgate. Após os primeiros atendimentos, as vítimas foram levadas à Unidade Mista de Saúde do município e, devido à gravidade dos ferimentos, transferidas ainda na noite desta quinta-feira para o Pronto-Socorro de Rio Branco em uma ambulância municipal.

A Polícia Militar esteve no local e deve apurar as circunstâncias que resultaram no acidente.

Comentários

Continue lendo

Acre

Atualização: Idosa de 90 anos é encontrada desorientada em via pública é resgatada pelo filho

Publicado

em

Uma idosa identificada como Antônia Moraes da Silva, de 90 anos, foi encontrada desorientada na noite desta quinta-feira (4) na Rua Fátima Maia, próximo à UniNorte, no bairro Jardim de Alah, em Rio Branco.

Populares perceberam que ela não conseguia informar seu endereço nem fornecer contatos de familiares, e acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A equipe realizou os primeiros atendimentos no local e conduziu a idosa ao Pronto-Socorro da capital.

Até o momento, Antônia não foi reconhecida por nenhum parente. As equipes de saúde pedem que, caso alguém a conheça ou possua informações sobre seus familiares, procure o Pronto-Socorro para auxiliar na identificação e no contato com a família.

A direção da unidade reforça a importância da colaboração da comunidade para que a idosa possa retornar em segurança ao convívio familiar.

Atualizacão

Momentos após a publicação desta nota e de outros meios de comunicação, o filho devidamente identificado, soube e se deslocou até o pronto-socorro para buscar sua genitora. O caso devidamente esclarecido, resultou no resgate da idosa para sua residência.

Comentários

Continue lendo

Acre

Câmara de Epitaciolândia convoca gerente do Banco do Brasil para explicar falta de dinheiro em caixas e falhas no atendimento

Publicado

em

Problema se agrava nos finais de semana e limita saques de moradores e turistas; agência do Banco do Brasil na cidade será convidada a dar explicações na Câmara Municipal

Vereador Rosimar do Rubicon denuncia que problema se agrava nos finais de semana e prejudica moradores e turistas na região de fronteira com a Bolívia. Foto: captada 

A constante falta de dinheiro nos caixas eletrônicos da única agências bancária do Banco do Brasil de Epitaciolândia, cidade acreana na fronteira com a Bolívia, foi tema de discussão na Câmara Municipal na sessão da última segunda-feira (1). O vereador Rosimar do Rubicon (Republicanos) foi o autor da reclamação em plenário, relatando que o problema se intensifica nos finais de semana e afeta moradores e turistas.

Segundo o parlamentar, ao buscar explicações com a única agência bancária do município, foi informado de que os bancos têm um limite de valores para abastecimento dos terminais. A situação piora quando o quinto dia útil do mês cai em uma sexta-feira – período em que saques costumam aumentar –, resultando na alta probabilidade de os caixas ficarem sem cédulas durante o sábado e o domingo.

— É um absurdo o cidadão não poder sacar um dinheiro que é dele, conquistado com o suor do seu trabalho durante um mês inteiro — protestou vereador Rosimar do Rubicon.

O problema ganha dimensão adicional por Epitaciolândia ser uma cidade fronteiriça, vizinha a Cobija, na Bolívia – um polo turístico e de compras da zona franca (Zonfra) que atrai visitantes. A falta de dinheiro nos caixas impacta tanto a população local quanto o fluxo de turistas que circulam pela região.

A Câmara Municipal de Epitaciolândia recebeu o gerente da agência local do Banco do Brasil, André, para prestar esclarecimentos públicos em relação a constante falta de cédulas nos caixas Foto: captada 

Diante da repercussão, insatisfação generalizada com a falta de dinheiro nos caixas eletrônicos e outros problemas nos serviços bancários, a Câmara Municipal de Epitaciolândia convocou o gerente da agência local do Banco do Brasil, André, para prestar esclarecimentos públicos. O gerente foi questionado sobre três questões principais: a constante falta de cédulas nos caixas, os transtornos causados pela reformas na agência e as intermitências no serviço de internet que comprometem o atendimento. O objetivo foi pressionar por uma solução que garanta o abastecimento regular, especialmente em períodos de maior demanda.

Veja vídeo entrevista:

Comentários

Continue lendo