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Mulher que esteve com suspeito de ebola diz que ficou em ‘pânico’
A autônoma Bruna Rezende, de 24 anos, ficou em pânico com a suspeita de ebola no Paraná. Na manhã de quinta-feira, ela esteve na mesma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Cascavel onde foi atendido um paciente com suspeita de ter contraído o vírus.
“Quando eu fiquei sabendo (da suspeita), fiquei em pânico. Eu e meus pais sentamos do lado do rapaz, bem perto mesmo, porque a UPA é pequena. Fiquei nervosa principalmente por causa do meu pai, que foi tratado lá”, disse Bruna à BBC Brasil.
Ela conta que saiu da unidade por volta das 12h15, pouco depois que o homem, que tem 47 anos e é da Guiné, chegou ao local. Ela diz que havia cerca de 50 pessoas na sala de espera.
A UPA foi fechada por volta das 18h30, e quem estava no local não pôde sair.
A Secretaria de Saúde do Paraná diz que a medida foi preventiva e que as pessoas que, assim como Bruna, passaram pela unidade de saúde antes disso, não correm risco de contaminação, já que estiveram no mesmo ambiente que o paciente por pouco tempo.
Os pacientes que ficaram no hospital tomaram banho e receberam roupas novas antes de serem liberados.
O ebola é transmitido por contato com fluidos corporais como sangue, vômito e fezes. O paciente com suspeita de contaminação não estava vomitando ou com hemorragia quando chegou à UPA, mas somente em estado febril.
Segundo Bruna, ele não tossia e aparentemente estava bem de saúde.
Suspeita
O homem procurou o hospital após ter tido febre na quarta-feira e na quinta-feira de manhã. Ele chegou ao Brasil no dia 19 de setembro, pelo Marrocos. Como os sintomas do ebola podem aparecer até 21 dias após a contaminação, ele foi isolado de forma preventiva.
Segundo Bruna, o homem estava acompanhado por um rapaz mais jovem e recebeu um atendimento inicial rapidamente. “Nos chamou a atenção porque vimos que ele foi atendido antes de muita gente. Acredito que isso aconteceu porque, na triagem, ele contou de onde ele vinha”, disse.
“Ele foi atendido depois de uma meia hora esperando. Depois que ele entrou, vi apenas o rapaz que estava com ele sair do consultório e voltar para a sala de espera. Pelo que vi, ele ficou lá.”
Ela conta que a princípio achou que os dois eram do Haiti, já que Cascavel abriga muitos haitianos em busca de emprego.
O marido de Bruna, Lucas Dias Rezende, que levou a mulher e os sogros à UPA, disse que ele e sua família estavam muito preocupados, porque não sabiam o que fazer quando souberam da suspeita. “Quando vi na TV a notícia, fiquei em pânico. A gente costuma tomar banho depois de passar no hospital, mas não sabia o que fazer com as nossas roupas, por exemplo.”
* Colaborou Luiza Bandeira, da BBC Brasil em Londres
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Moraes mantém prisão do general Braga Netto

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta quarta-feira (16) manter a prisão do general Walter Braga Netto.
General da reserva e vice na chapa de Jair Bolsonaro em 2022, o militar está preso desde dezembro do ano passado sob a acusação de obstruir a investigação sobre a tentativa de golpe de Estado no país para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O ministro negou pedido de soltura feito pela defesa do general, que ocupou os cargos de ministros da Casa Civil e da Defesa na gestão de Bolsonaro. Segundos os advogados, a ação penal do Núcleo 1 da trama golpista caminha para o julgamento final, e não há motivos para a manutenção da prisão.
“A situação fática permanece inalterada, tendo sido demonstrada a necessidade da manutenção da prisão preventiva para assegurar a aplicação da lei penal e resguardar a ordem pública, em face do perigo gerado pelo estado de liberdade do custodiado e dos fortes indícios da gravidade concreta dos delitos imputados”, decidiu o ministro.
Durante as investigações, a Polícia Federal identificou que o general, réu por ser um dos principais articuladores do plano golpista, tentou obter dados sigilosos da delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Após a prisão, a defesa negou que Braga Netto tenha obstruído as investigações.
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STF: Alexandre de Moraes decide validar decreto do IOF

Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta quarta-feira (16) manter a validade do decreto editado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para aumentar as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
No mês passado, o decreto foi suspenso após votação do Congresso. Após a deliberação, o PSOL, o PL e a Advocacia-Geral da União (AGU) entraram com ações na Corte e levaram a discussão do caso para o Supremo.
O decreto fazia parte de medidas elaboradas pelo Ministério da Fazenda para reforçar as receitas do governo e atender às metas do arcabouço fiscal. No fim de maio, o presidente Lula editou um decreto que aumentava o IOF para operações de crédito, de seguros e de câmbio.
Diante da pressão do Congresso, o governo editou, no início de junho uma medida provisória com aumento de tributos para bets (empresas de apostas) e para investimentos isentos.
A medida provisória também prevê o corte de R$ 4,28 bilhões em gastos obrigatórios neste ano. Em troca, o governo desidratou o decreto do IOF, versão que foi derrubada pelo Congresso.
Decisão
Na mesma decisão, Moraes decidiu manter suspensa uma regra prevista do decreto do IOF que prevê a incidência do imposto sobre operações de risco sacado. Contudo, o restante do decreto permanece válido.
A decisão do ministro também confirma a suspensão do decreto legislativo do Congresso que derrubou o decreto de Lula.
Ao manter a maior parte do decreto do IOF válido, Moraes disse que o trecho que prevê a incidência do imposto sobre entidades abertas de previdência complementar e entidades financeiras está de acordo com a Constituição.
“Não houve desvio de finalidade e, consequentemente, não há mais necessidade de manutenção da cautelar, pois ausente o risco irreparável decorrente de eventual exação fiscal irregular em montantes vultosos”, afirmou.
No entanto, o ministro entendeu que a parte que trata da incidência de IOF sobre operações de risco sacado extrapolou os limites da atuação do presidente da República e deve ser suspensa.
“As equiparações normativas realizadas pelo decreto presidencial das operações de risco sacado com operações de crédito feriram o princípio da segurança jurídica, pois o próprio poder público sempre considerou tratar-se de coisas diversas”, completou.
Conciliação
A decisão final do ministro foi proferida após o governo federal e o Congresso não chegarem a um acordo durante audiência de conciliação promovida ontem (15) pelo STF.
No início deste mês, Moraes decidiu levar o caso para conciliação e suspendeu tanto o decreto de Lula como a deliberação do Congresso que derrubou o ato do presidente.
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Surto de sarampo na Bolívia: capacitação de servidores do Acre pelo Ministério da Saúde chega à região de fronteira
Equipe também se reuniu com prefeitos e secretários de saúde do Alto Acre, além de representantes do país vizinho para articular as medidas de prevenção ao contágio. Cidades próximas intensificam imunização para ampliar a cobertura vacinal contra a doença

Capacitação de servidores da saúde chegou ao município de Brasiléia na manhã desta quarta-feira (16). Foto: Eldérico Silva/Rede Amazônica Acre
Em meio ao surto de sarampo que atinge a Bolívia, a capacitação de servidores da saúde do Acre por uma equipe do Ministério da Saúde (MS) chegou ao município de Brasiléia, no interior do Acre, na manhã desta quarta-feira (16).
O Acre emitiu um alerta no último dia 8 reforçando medidas de prevenção para evitar casos de sarampo no estado, após o aumento registrados da doença na Bolívia. Até o momento, não há casos confirmados da doença no estado acreano.
As cidades acreanas de Plácido de Castro, Capixaba, Epitaciolândia, Brasiléia e Assis Brasil estão em região de fronteira com a Bolívia.
Os representantes da saúde federal participam do seminário “Imersão sobre Sarampo: aspectos clínicos, epidemiológicos, imunização e diagnóstico”, que também ocorreu em Rio Branco nessa terça-feira (15).
Além disso, eles se reuniram com prefeitos e secretários de saúde da regional do Alto Acre, além de representantes do país vizinho para articular as medidas de prevenção.
Eder Gatti, diretor do Programa Nacional de Imunização (PNI), um dos integrantes da equipe, destacou à Rede Amazônica Acre nesta quarta que a visita é uma oportunidade de ajustar a responsabilidade de todos os envolvidos neste cenário.
“Estamos sensibilizando a vigilância, estamos em um momento de educação, de capacitação com os profissionais da rede aqui dos municípios e também intensificando a vacinação. Houve também uma reunião com os gestores, também com a presença da Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre), para sensibilizá-los e ter o compromisso político de que todos trabalharemos juntos para evitar que o sarampo entre e, se entrar, vamos agir de forma oportuna para conter e não deixar a doença se espalhar”, frisou.
Gatti ainda voltou a ressaltar a importância da vacinação no contexto de prevenção ao sarampo. Com o surgimento de casos na Bolívia, as cidades que ficam na região de fronteira estão organizando mutirões para garantir a cobertura vacinal necessária para a contenção do vírus que provoca a doença.
A orientação é vacinar todas as pessoas com idade entre 6 meses e 59 anos. A aplicação para pessoas de seis a 11 meses inclui a chamada dose zero, que é utilizada especificamente para áreas de risco. Na faixa etária de um a 29 anos, é preciso ter duas doses, enquanto a população a partir dos 30 anos precisa ter pelo menos uma aplicação.
“A população pode dar uma grande contribuição nesse momento. A vacina que nós temos no SUS, nós temos vacinas a estoque, temos condições de vacinar a população, é uma vacina segura, a gente usa ela no Programa Nacional de Imunizações há muitas décadas”, reforçou Gatti.
Ações na Bolívia

Seminário ocorreu em Rio Branco e em Brasiléia. Foto: Júnior Andrade/Rede Amazônica Acre
O epidemiologista Cristian Soruco, do departamento de saúde de Pando, departamento vizinho a Brasiléia e Epitaciolândia, alertou que sete dos nove distritos da Bolívia já têm casos confirmados de sarampo e que há um caso confirmado no município de San Lorenzo, a 250 quilômetros da área de fronteira com o Brasil. Ao todo, já foram confirmados 121 casos da doença em território boliviano.
Segundo Soruco, o país está adotando medidas preventivas como bloqueio vacinal, que é a imunização de pessoas que tiveram contato com casos suspeitos ou confirmados da doença, o rastreamento dos contágios e a imunização geral.
“Nesse sentido, nós, como Pando, estamos aplicando nossos planos de contingência, onde intensificamos a vigilância epidemiológica, o bloqueio de casos e sobretudo, a prevenção com vacinas”, enfatizou.
O representante também agradeceu a doação feita pelo Brasil de 600 mil doses da vacina tríplice viral e outras 9 mil de imunizantes da Covid-19. Soruco chamou atenção para o intercâmbio técnico e de informações com o país, que é um elemento crucial na contenção da doença.
“Devemos fortalecer ainda mais as capacidades do profissional de saúde, fazendo mais capacitações tanto na Bolívia como no Brasil, e sobretudo atividades de controle na fronteira que isso é muito importante para poder evitar uma transmissão de enfermidades no Brasil”, completou.
Acompanhamento no Alto Acre
O prefeito de Brasiléia Carlinhos do Pelado (PP) alertou que cerca de cinco mil estudantes brasileiros que cursam medicina em Cobija transitam pela fronteira, e acabam sendo atendidos pela saúde do município.
Por isso, o gestor avalia que o apoio do governo federal e do estado é essencial para garantir a capacidade da rede municipal tanto na prevenção quanto no registro de casos suspeitos de sarampo. Ao todo, conforme o Censo 2022, a cidade tem 26 mil habitantes.
“Nós temos aqui hoje, também, aqui em Cobija, mais de 5 mil estudantes brasileiros que vão e voltam todos os dias, estudam e voltam para Brasileia. Então, a gente vai ter que atender esse público também, porque não queremos que isso venha a se tornar um surto aqui na nossa região”, avaliou.
Ainda segundo o prefeito, o município também recebeu lotes da vacina tríplice viral entregues pelo MS, e, aliadas às doses doadas ao país vizinho, serão suficientes para garantir a cobertura.
“O Ministério da Saúde disponibilizou já 600 mil doses para os bolivianos e também destinou várias doses sobrando para Brasiléia, para que nós possamos também atender todas as demandas, todos os migrantes e imigrantes, todas as pessoas que, por direito, queiram tomar a vacina, vão tomar”, acrescentou.
Orientação para viajantes:
- Caso apresente os sinais e sintomas da doença, procurar a assistência em saúde imediatamente, relatando o trajeto da viagem e evitar o contato com outras pessoas.
Sinais e sintomas:
- Febre alta;
- manchas vermelhas;
- tosse seca;
- irritação nos olhos (conjuntivite);
- nariz escorrendo (coriza) ou entupido.
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