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Acre

Mães acusam maternidade de Cruzeiro do Sul de negligência

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Mais de 50 bebês nasceram mortos na maternidade nos últimos 3 anos.
Maternidade diz que abriu sindicândia para apurar casos.

Rosa Maria Dias de Souza diz que seu filho nasceu com problemas devido a demora no atendimento (Foto: Francisco Rocha/G1)

Rosa Maria Dias de Souza diz que seu filho nasceu
com problemas devido a demora no atendimento
(Foto: Francisco Rocha/G1)

Francisco Rocha – G1 AC

Nos últimos três anos, mais de 50 bebês nasceram mortos na maternidade de Cruzeiro do Sul, e outros 56, também morreram na mesma unidade de saúde antes de completar um ano, de acordo com dados da Secretaria de Saúde do Município.

As mães que perderam seus filhos no parto afirmam ter cumprido todas as orientações do pré-natal para evitar problemas, mesmo assim, os filhos não conseguiram nascer ou sair vivos do local.

A notícia veio à tona, após o casal de agricultores Cristóvão da Rocha Ferreira e a esposa Maria Alcilene Conceição da Silva ter procurado a imprensa para denunciar o tratamento dado às gestantes e recém-nascidos, por parte de servidores da unidade de saúde.

Maria Alcilene conta que no dia 4 de julho após entrar em trabalho de parto, procurou por três vezes a maternidade e, em todas as vezes, foi orientada pelo médico de plantão a voltar para casa, pois ainda não era hora da criança nascer.

Ao retornar à unidade de saúde, a trabalhadora rural afirma que passou horas  com dores, esperando para ter um parto normal. Ao perceber que não teria mais condições de ter o filho, a equipe médica, de acordo com Alcilene, decidiu examiná-la e constatou que o bebê já estava morto.

“Jamais imaginei que iam deixar meu menino morrer, eu dizia que não ia ter um parto normal,  e o médico dizia que quem já teve quatro tem o quinto e ficaram esperando passar o tempo até que ele morreu. Eles não sabem o sofrimento que me causaram, depois de tanta dor eu esperava pegar meu filho no colo”, disse a mãe.

Abalado com o acontecido, o agricultor Cristóvão Ferreira, procurou a Delegacia de Polícia e a direção da maternidade e registrou a denúncia pedindo que o caso seja investigado. “Imploro por justiça, o que minha família está passando é culpa dos médicos que não fizeram o parto na hora certa e deixaram meu filho morrer”, desabafa o pai.

Outro casal que viveu o mesmo drama em novembro de 2012, foi Laerton Gomes dos Santos e Irlandia Correia Morais Gomes. Grávida da primeira filha, a mãe conta que a bebê não conseguiu nascer de parto normal e com a recusa dos médicos para realizar uma cesariana, a criança também morreu.

O casal também registrou a denúncia na Delegacia de Polícia e no Ministério Público do Acre (MP-AC) alegando negligência médica como a causa da morte, e ainda aguarda resposta da Justiça.

Rosa Maria Dias de Souza diz que seu filho nasceu com problemas devido a demora no atendimento - (Foto: Francisco Rocha/G1)

Rosa Maria Dias de Souza diz que seu filho nasceu com problemas devido a demora no atendimento – (Foto: Francisco Rocha/G1)

Já Rosa Maria Dias de Souza não perdeu o filho, mas as sequelas por causa da demora no parto ficaram visíveis no corpo de Artur Marcelo de Souza, que ainda nem completou dois anos de idade.

A criança nasceu com uma das mãos e um dos pés atrofiados e sem movimentos. Rosa diz que implorou para que o médico fizesse o parto cesariano temendo que Artur não sobrevivesse, pois já tinha passado a hora de nascer.

A criança passa agora por fisioterapia, mas segundo a mãe, a médica já informou que o bebê terá que se submeter a uma cirurgia para tentar recuperar os movimentos, afetados pela falta de oxigênio no cérebro, por ter passado do tempo de nascer.

O segurança Jadeson Costa relata que sua esposa está grávida, mas não tem coragem de levá-la para a maternidade.  “É um descaso o que vem acontecendo com as mães nesse hospital, vou pagar uma clínica particular porque não tenho coragem de levar minha esposa e meu filho que vai nascer para essa maternidade, isso tem que ser investigado pela polícia e os responsáveis têm que ser presos”, protestou.

Direção da maternidade se defende
A diretora da maternidade, a médica Fabiana Ricardo, afirma que todos os casos de óbitos fetais são investigados por meio de sindicância. Segundo ela, no caso de Maria Alcilene, a família já protocolou a denúncia, e que já informou à Secretaria Estadual de Saúde para que sejam tomadas devidas providências.

O G1 procurou a Delegacia de Polícia para saber se alguma das investigações foi concluída, mas a equipe foi informada através do escrivão Patric Sampaio que as investigações estão sob a responsabilidade de uma delegada que está de férias.

O delegado geral da Polícia Civil no Juruá, Elton Futigame, disse que já foi instaurado um inquérito policial para apurar a denúncia de suposta ‘negligência médica’ apontada pelo casal de agricultores que teve o filho morto no ventre da mãe, no último dia 4 de julho.

Procurado também pelo G1, o Ministério Público do Acre informou que já solicitou que a Polícia Civil abra inquérito e apure a denúncia. Quanto às outras investigações, o promotor Washington Moreira, que atua na 2ª Vara Criminal, disse que vai rever os processos anteriores para saber se existem outras denúncias com o mesmo foco vindo da maternidade para tomar as devidas providências.

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Acre registra mais de 4,5 mil casos de sífilis entre 2023 e 2025, diz Sesacre

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Dados oficiais revelam que Rio Branco responde por metade dos casos; especialistas alertam para subnotificação e riscos da sífilis congênita, enquanto diagnóstico e tratamento gratuitos são subutilizados

A tabela divulgada pela Sesacre também mostra que, entre os infectados, os homens aparecem em maior quantidade. A população mais atingida é formada por jovens com idade entre 15 e 25 anos. Foto: captada 

O Acre registrou 4.546 casos de sífilis entre 2023 e 2025, segundo levantamento da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre). Deste total, mais de dois mil foram contabilizados apenas na capital Rio Branco. A doença atinge principalmente homens jovens, com idade entre 15 e 25 anos — público considerado prioritário para ações de prevenção.

Os números acompanham uma tendência mundial de crescimento da infecção, acendendo alerta para os serviços de saúde pública. Apesar de ser uma IST de diagnóstico simples e com tratamento eficaz, os registros permanecem elevados. Em 2024, o Brasil somou 35,4 mil diagnósticos da doença.

No estado, a preocupação maior é com a sífilis congênita, transmitida da gestante para o bebê. Josadaque Bezerra, coordenador do Núcleo de ISTs da Sesacre, reconhece uma leve melhora no cenário local, mas ressalta que o problema ainda demanda atenção.

“Precisamos melhorar bastante em relação ao nível nacional”, afirmou a coordenador do Núcleo de ISTs da Sesacre.

A Sesacre reforça a importância da população buscar atendimento médico aos primeiros sinais. Testes rápidos estão disponíveis em todas as unidades básicas de saúde, e o tratamento é gratuito. “A população é o principal ator desse processo”, destacou Bezerra.

Dados alarmantes:
  • Total de casos (2023–2025): 4.546
  • Rio Branco: mais de 2 mil notificações
  • Faixa etária mais vulnerável: 15 a 25 anos
  • Gênero mais afetado: Homens
  • Casos de sífilis congênita (2024): 65 no estado
Tendência nacional e local:

O crescimento acompanha uma tendência mundial de aumento da sífilis, infecção sexualmente transmissível (IST) com diagnóstico simples e tratamento gratuito no SUS. Em 2024, o Brasil registrou 35,4 mil casos.

Fala da autoridade:

“O Acre teve uma leve melhora em relação a outros anos, mas, comparado ao nível nacional, precisamos avançar”, afirmou Josadaque Bezerra, coordenador do Núcleo de ISTs da Sesacre.

Orientação à população:
  • Procure uma UBS ao notar sintomas
  • Testes rápidos estão disponíveis em todas as unidades
  • Tratamento é gratuito e deve ser feito até o fim
  • Uso de preservativos é a principal forma de prevenção

A Sesacre planeja intensificar campanhas educativas nas escolas e unidades de saúde, com foco nos jovens e gestantes – grupo crítico para prevenir a sífilis congênita.

Dado importante: A sífilis não tratada pode causar complicações graves, como cegueira, paralisia e danos neurológicos. A transmissão vertical (mãe-bebê) é a mais preocupante.

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Headscon Acre projeta games da Amazônia Legal para a Gamescom Alemanha e a Gamescom LATAM

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Realizada no Acre desde 2023, a Headscon Acre se consolida como uma das principais plataformas de visibilidade e acesso ao mercado para criadores de games da Amazônia Legal. Em sua edição de 2025, o evento sediou a segunda edição da Mostra Competitiva de Games da Amazônia Legal com premiação de aproximadamente R$ 60 mil. Essa é uma iniciativa do Instituto Gamecon que conecta estúdios da região a grandes vitrines internacionais, como a Gamescom Alemanha e a Gamescom LATAM.

A Mostra teve sua primeira edição em 2024 e, em 2025, ampliou o alcance da proposta ao reunir 10 jogos finalistas da região Norte, com produções do Acre, Amazonas, Pará e Amapá. Os vencedores garantiram vagas em delegações oficiais para a Gamescom Alemanha e para a Gamescom LATAM, com apoio para participação nos eventos e acesso direto a publishers e agentes do mercado global.

Na edição de 2025, o prêmio de Melhor Jogo (Júri Técnico) ficou com Catventure: The Curse of the Dark Tower, do Retrocat Studios (PA). Já o Melhor Jogo pelo voto do Júri Popular foi conquistado por Carbon-0, desenvolvido pelo estúdio Moonlight Games, do Acre.

O projeto acreano também recebeu reconhecimento pela força narrativa e pelo diálogo com temas ambientais e sociais. Para o desenvolvedor André Lucas Lima Siqueira, o jogo é uma forma de dar visibilidade à região por meio da linguagem dos games.

“Temos algumas empresas que estão causando mal ao mundo, com poluição, desperdício de recursos. Nosso jogo acompanha Ícaro e sua irmã Maria na busca pelo pai desaparecido, enquanto descobrem o que estava acontecendo. O objetivo é mostrar um pouco da nossa região na gameplay e evoluir o jogo até termos locais daqui jogáveis. A gente quer mostrar o nosso estado e a nossa região nesse jogo”, afirma André Siqueira.

Porta de entrada para o mercado internacional

Além dos vencedores, todos os finalistas da Mostra recebem material oficial de apresentação e participam de ações voltadas ao networking e à circulação profissional. A participação na Gamescom Alemanha e na Gamescom LATAM representa, para muitos estúdios amazônicos, o primeiro contato direto com o mercado internacional.

Ao longo de três edições realizadas no Acre, em 2023, 2024 e 2025, a Headscon tem fortalecido o ecossistema de games da Amazônia Legal. Após a primeira edição da Mostra Competitiva, Ciro Facundo, representante do estúdio acreano K Games, foi um dos selecionados para apresentar seu trabalho na Gamescom, na Alemanha, destacando que a região produz jogos com qualidade técnica, identidade cultural e potencial competitivo no cenário global.

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Rio Acre registra 8,70 metros e situação é de “tranquilidade” na fronteira, cidades de Brasiléia, Epitaciolândia e Cobija

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Coordenador da Defesa Civil de Brasiléia afirma que vazante nas cabeceiras é significativa e equipe monitora nível diariamente

De acordo com o major, as águas que elevaram o nível na região de fronteira com Cobija (Bolívia)já eram esperadas, e a situação está dentro da normalidade para o período. Foto: captada 

O Rio Acre registrou 8,70 metros na manhã desta sexta-feira (19) na ponte metálica que liga Brasiléia a Epitaciolândia, na régua linimetrica, segundo medição realizada pelo coordenador da Defesa Civil de Brasiléia, major Sandro. Ele classificou o momento como de “tranquilidade”, devido à significativa vazante nas cabeceiras do rio.

De acordo com o major, as águas que elevaram o nível na região de fronteira com Cobija (Bolívia)já eram esperadas, e a situação está dentro da normalidade para o período. Ele destacou que a equipe da Defesa Civil acompanha diariamente as medições e que a tendência é de estabilidadenas próximas horas.

— O nível do rio nas cabeceiras, como acima, nas aldeias do Patos e também em Assis Brasil, está com uma vazante bastante significativa — informou o coordenador.

O monitoramento contínuo busca antecipar possíveis elevações que possam afetar áreas ribeirinhas, especialmente com a previsão de chuvas para os próximos dias na região. A Defesa Civil mantém alerta, mas sem indicação de risco iminente para as comunidades urbanas na fronteira.

Vídeo assessoria:

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