Cotidiano
Homem preso por vender objetos arqueológicos no Acre tem esquizofrenia e já foi solto, diz família
Ele foi liberado após pagamento de fiança. Joelson Moraes Cabral foi preso nesta terça-feira (5) na Operação Elona da Polícia Federal. Centenas de objetos foram apreendidos na ação, entre eles garrafas, cerâmicas e artefatos fósseis que teriam mais de 100 anos.

Em sua página do Facebook, Cabral se autointitula ‘caçador de relíquias’ — Foto: Reprodução/Facebook
Por Iryá Rodrigues
Após ser preso pela Polícia Federal em Rio Branco, nesta terça-feira (5), por vender material arqueológico na internet, o “caçador de relíquias” Joelson Moraes Cabral, de 48 anos, foi solto depois do pagamento de fiança. A informação foi confirmada pela filha dele, a estudante Ana Beatriz Sales.
Para sustentar a família, ele já trabalhou como catador de latinhas e, após fazer um curso, se tornou segurança. No entanto, após receber o diagnóstico de esquizofrenia em 2008, ele parou de trabalhar para fazer o tratamento e atualmente é aposentado.
Mas foi em 2019 que ele começou a catar lixo de dentro do Rio Acre, em Rio Branco, e em uma dessas acabou encontrando garrafas antigas e ficou curioso, lembra a filha. Sem ter conhecimento do que se tratava, ele pedia que Ana pesquisasse sobre os objetos e começou a se interessar pelo tema.
“Começou a achar coisas que chamavam atenção no rio e eu sempre falava pra ele: ‘pai, cuidado, porque o senhor não tem nenhuma proteção’. Mas, meu pai é assim, quando ele gosta de uma coisa, ele vai até o fim. Primeiro ele tirou vários pneus e lixo mesmo que tinha, e começou a achar essas coisas e pesquisar a história. Todos os dias ele pedia que eu pesquisasse alguma coisa, se eu conseguia ver o nome das garrafas. Daí, passou a juntar diversas garrafas, muitas mesmo, e elas estavam guardadas na casa do meu avô que é onde ele mora”, diz a filha.
Ana garante que o pai não tinha ideia de que o que estava fazendo era errado ou mesmo ilegal. Ela conta que ao ver que algumas peças valiam dinheiro, Cabral resolveu anunciar alguns dos itens achados no rio em uma plataforma na internet e conseguiu vender objetos. Mas, ela afirma que não sabe precisar quantas foram vendidas e nem quanto rendeu ao pai em dinheiro.

Na casa do suspeito, foram achadas diversas garrafas históricas — Foto: Asscom/PF-AC
“No rio não tem indicação de nada, tem muito lixo, isso é fato, e é uma coisa incomum [entrar nas águas para retirar coisas]. Não tinha nenhum informativo de que lá tinha coisas históricas, que não podia pegar e nem tirar. Ele viu que algumas coisas tinham valor e, além de ser uma coisa que ele gostava muito de ficar procurando, vendo a história, ele começou a vender. Mas, ele não tinha e, muito menos eu, conhecimento de que seria algo que pudesse prejudicar ele.”
Sobre a soltura do pai, a jovem confirmou que a fiança dele foi paga, mas que não sabe quem fez o pagamento e nem qual o valor. “Meu primo tinha mandado o filho dele lá, que é advogado, para pagar, mas quando chegou já tinha sido pago. E a gente não sabe [quem pagou], inclusive vamos procurar saber.”

Artigos históricos foram achados na casa do homem — Foto: Asscom/PF-AC
Até seis meses para catalogar peças
Após a apreensão do material, o superintende do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Acre, Jorge Nardini, disse que uma equipe de técnicos trabalha na limpeza, identificação e catalogação dos objetos.
“Estamos fazendo um relatório da importância e valor das peças, para que a PF possa nos dar a guarda. Vamos passar de quatro a seis meses em trabalho técnico de identificação, catalogação, limpeza desse material. Depois, vamos procurar uma instituição de guarda para que, mais tarde, os pesquisadores da área de história e geografia possam ter acesso a essas provas documentais da nossa história. Então, daí sim vai estar em mãos seguras e o estado brasileiro vai estar fazendo sua parte. E o Iphan nesse caso cumpriu sua missão”, afirmou.
O superintendente disse que foi após receber denúncia que teve conhecimento do caso e acionou a Polícia Federal para que o material fosse apreendido. Para Nardini, o suspeito não era uma pessoa “leiga” no assunto e tinha conhecimento da importância dos objetos encontrados.
“A gente quer crer que a pessoa não é leiga, estava muito bem acondicionado [o material], em grande quantidade, tinha uma organização de venda, que ele ocupou a plataforma OLX. Então, se ele ocupou esta plataforma veio a público e tinha contato com prováveis compradores.”
Valor arqueológico
Entre as centenas de objetos estão garrafas, cerâmicas e artefatos fósseis. Garrafas de Stoneware (Grés) do século XIX, além de garrafas de vidro provenientes da Holanda, Irlanda, Inglaterra e Portugal, de diversos tamanhos e tipologia, que chegaram na região na época da Revolução Acreana e, sobretudo, durante os Ciclos da Borracha, possuindo, portanto, mais de 100 anos e, consequentemente, um grande valor histórico.
“Nesse caso se encontrou objetos que datam do século XIX e até a metade do século XX. Esse objeto é uma prova material da ocupação da Amazônia na época do período da borracha. Então, a importância é fundamental, existe uma lei de proteção que não se pode qualquer pessoa ter posse desse material, nem destruir e nem vender e, no caso, o cidadão estava vendendo o material”, disse o superintendente.
Uma das garrafas de cerâmica veio da Alemanha em 1920. O objeto, segundo o Iphan, pode ser usado por pesquisadores para subsidiar e contar a história do estado do Acre.
Questionado sobre o porquê de o próprio instituto não ter encontrado essas peças no Rio Acre, o superintendente afirmou que são vários os trabalhos feitos por pesquisadores na região e que esse tipo de atividade de “caça relíquias” só deve ser feito por pessoas especializadas.
“Para o Iphan ou fundações culturais do estado, ou para os pesquisadores fazerem essas pesquisas, eles têm um protocolo de segurança para quando for caçar relíquia e não destruir o sítio arqueológico. Isso porque, quando você tira uma peça do lugar, você pode destruir outra peça, então tem que ser pessoa habilitada. Nós, como instituição, temos alguns pesquisadores catalogados e temos pesquisas como essa acontecendo ao longo do ano, mas não é divulgado, porque não tem um crime e, nesse caso, é crime”, concluiu.

Operação Elona foi deflagrada nesta terça-feira (5) em Rio Branco — Foto: Asscom/PF-acre
Operação Elona
O nome da operação faz referência a um mosteiro na Grécia, que em meados do século XIX, ladrões retiraram materiais arqueológicos e relíquias sagradas do mosteiro.
O delegado da PF Maurício Rocha falou à CBN Rio Branco que ainda não é possível precisar a quantidade do material histórico apreendido, mas garantiu que um vasto material foi encontrado na casa do suspeito.
“Até agora não tem condições de individualizar, mas foram sete caixas contendo aproximadamente 50 garrafas em cada caixa, então é um vasto material a ser catalogado pelo Iphan. Agora, o Iphan vai individualizar e catalogar e aí gente vai ter uma noção precisa daquilo que esse cidadão tinha em posse para ser comercializado”, disse.
Rocha disse ainda que esse tipo de crime tem sido comum no Acre por ser uma região que contém muito material histórico de fácil acesso.
“A cultura brasileira não tem essa preocupação em preservar esses material arqueológicos, paleontológicos, materiais históricos em si, então, por isso que não é muito comum [o crime], mas nessa região do Acre temos muitos sítios arqueológicos, uma vasta área a ser preservada, que possui esse material, então a incidência aqui é maior. O Acre tem precedentes de combate a esse tipo de delito”, destacou.
O homem deve responder por crimes ambientais por alterar o local protegido por lei em razão de seu valor arqueológico e por estelionato porque vendia os materiais como se fossem dele. A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão, onde foi localizado grande parte do material arqueológico, que foi encaminhado ao Iphan.
A PF disse que as investigações continuarão em andamento para identificar outros envolvidos no esquema de comercialização ilegal de relíquias arqueológicas.

De acordo com a PF, O investigado Joelson Morais, de 48 anos, que se auto intitula “caçador de relíquias”, retira do Rio Acre, precisamente, na altura do estirão da Gameleira, materiais arqueológicos, sem autorização para tanto.
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Erick Rodrigues vai fazer avaliações no Rio e na Fazendinha

Foto Sueli Rodrigues: Erick Rodrigues quer colocar o Vasco na Copa São Paulo em 2026
É oficial. Erick Rodrigues vai comandar a equipe do Vasco na disputa do Campeonato Estadual Sub-20. O treinador vai realizar avaliações nesta quarta, 5, no Rio de Janeiro, e na sexta, 7, na Fazendinha, para começar a montar o elenco para a disputa da competição.
“Esse é um projeto importante para o Vasco. A ideia é selecionar dez atletas no Rio de Janeiro e fechar o grupo com os garotos acreanos. Teremos uma equipe competitiva no Estadual Sub-20”, declarou Erick Rodrigues.
4 atletas
Os laterais Rafael e Andrey, o volante Bernardo e o meia Pedrinho estão no elenco profissional do Vasco e seguirão no Sub-20.
“O Rafael, o Andrey e o Pedrinho estão treinando e jogando. O Bernardo sofreu uma lesão no joelho na fase de preparação ainda no Rio e vem realizando tratamento. Vamos ter um time forte”, afirmou o treinador.
Vaga na Copa SP
Segundo Erick Rodrigues, o principal objetivo é colocar o Vasco na Copa São Paulo 2026.
“Vai ser um torneio duríssimo, mas temos a nossa meta muito clara”, declarou o técnico.
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102 atletas estão confirmados na disputa do 1º Aquathlon

Foto Jhon Silva: Patrícia Maciel vem realizando treinamentos para a primeira prova da temporada
102 atletas irão disputar o 1º Aquathlon, competição programada para abrir a temporada de 2025 da Federação Acreana de Triathlon (FATRI). A prova terá 1.000 metros de natação, no açude do BOPE, e 5 quilômetros de corrida no Parque do Tucumã.
“Fechamos as inscrições com um número excelente. Os atletas irão se desafiar e teremos uma grande prova na abertura da temporada”, comentou a presidente da FATRI, Cláudia Pinho.
Mais de 150
Segundo Cláudia Pinho, mais de 150 pessoas estarão envolvidas na competição.
“Teremos os treinadores e as equipes de apoio. Vamos começar o ano com um evento bastante movimentado e números expressivos”, avaliou a presidente.
Premiação em dinheiro
A FATRI vai distribuir premiação em dinheiro para os cinco primeiros colocados, no feminino e no masculino.
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Programa do governo do Acre beneficia mais de duas mil pessoas por ano com aparelhos auditivos
Para o otorrinolaringologista e médico responsável pelo Saúde Auditiva no CER III, Santiago de Melo Júnior, esses instrumentos tecnológicos desempenham um papel fundamental na vida de todas as pessoas

Programa Saúde Auditiva é uma iniciativa do governo do Acre. Foto: Felipe Freire/Secom
A capacidade de ouvir é essencial para a comunicação, o aprendizado e a convivência em sociedade. Dificuldades nesse sentido podem comprometer a qualidade da vida humana, tornando a troca de informações desafiadora, prejudicando o desempenho social e afetando o bem-estar emocional. Por isso, em 3 de março comemora-se o Dia Mundial da Audição, data instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância do cuidado e da prevenção à perda auditiva. A escolha da data faz referência à forma dos algarismos “3.3”, que lembram a anatomia de duas orelhas.
Comprometido com essa necessidade, o governo do Acre instituiu o programa Saúde Auditiva, responsável por realizar atendimentos a cidadãos que sofrem com a perda da capacidade de ouvir ou que nasceram com essa deficiência, promovendo a inclusão nas atividades diárias, na interação familiar e social.
Durante um período, o projeto deixou de receber investimentos e só voltou a atuar de maneira promissora a partir de 2019, primeiro ano de mandato do governador Gladson Camelí, que solicitou o retorno das atividades.
Sobre o programa
O Saúde Auditiva é fruto de uma parceria entre a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) e o governo federal. Atualmente, os atendimentos são realizados no Centro Especializado em Reabilitação (CER III), em Rio Branco. Por meio do programa, em 2024 quase dez mil pessoas foram acompanhadas.
De acordo com a gerente-geral do CER III, Cinthia Brasil, os serviços oferecidos visam à avaliação, ao diagnóstico, à protetização e à reabilitação dos pacientes que têm a perda de audição comprovada.
“A pessoa passa pela consulta com o especialista, que geralmente a encaminha para alguns exames complementares para dar o diagnóstico. Tendo a perda comprovada, a gente faz a solicitação do aparelho. Dependendo do tipo de prótese, a gente também realiza o molde e encaminha à empresa, que fica em São Paulo, para poder adaptar corretamente, Após isso, realizamos as terapias fonoaudiológicas”, explica a gestora.

Cinthia Brasil é gerente-geral do CER III. Foto: Felipe Freire/Secom
Além disso, os recém-nascidos que falharam na Triagem Auditiva Neonatal (TAN), popularmente conhecida como “teste da orelhinha”, já possuem vaga garantida para realizar o reteste pelo Estado. “O paciente não fica desassistido”, destaca Cinthia.
Por serem realizados por intermédio da Sesacre, todos os serviços oferecidos são gratuitos. Para garantir o atendimento especializado em otorrinolaringologia no CER III, o paciente deve, inicialmente, procurar uma unidade básica de saúde (UBS) em seu município. Dessa forma, o médico fará o encaminhamento ao especialista. Após isso, todo o tratamento subsequente é realizado no Centro Especializado em Recuperação.

Pacientes de todo o estado realizam consultas no Centro Especializado em Reabilitação. Foto: Felipe Freire/Secom
Aparelho auditivo
Apesar da grande variedade de atendimentos oferecidos, o principal serviço presente no programa se dá por meio dos aparelhos de amplificação sonora individual (Aasi). Dados levantados pela administração da unidade mostram que mais de sete mil pares foram entregues entre 2021 e 2024.

Mais de sete mil pares de aparelhos de amplificação sonora individual foram entregues entre 2021 e 2024. Foto: Felipe Freire/Secom
Para o otorrinolaringologista e médico responsável pelo Saúde Auditiva no CER III, Santiago de Melo Júnior, esses instrumentos tecnológicos desempenham um papel fundamental na vida de todas as pessoas que sofrem com alguma complicação na escuta.
“O impacto é sensacional, porque os pacientes, principalmente os idosos, quando começam a ter uma perda de audição, se isolam. Esse isolamento não traz só o problema social, mas também o cardíaco e o psicológico. Com o advento do aparelho, o cidadão volta para a sociedade e para o convívio com a família, que é o principal”, observa o médico.
O profissional destaca, ainda, a importância de um projeto como esse na rede pública de saúde, tendo em vista o valor elevado do equipamento: “O Estado vem dando continuidade ao programa e isso é importante, porque são pacientes que não possuem condições financeiras de comprar. O aparelho vem evoluindo com o tempo e possui um preço inacessível para muitos”.
A população também tem garantida, por parte do Estado, a manutenção dos dispositivosem caso de dano. Dessa forma, os beneficiados se mantêm assistidos durante todo o processo de adaptação ou melhora do quadro clínico.

O programa também oferece manutenção aos Aasi. Foto: Felipe Freire/Secom
O profissional destaca, ainda, a importância de um projeto como esse na rede pública de saúde, tendo em vista o valor elevado do equipamento: “O Estado vem dando continuidade ao programa e isso é importante, porque são pacientes que não possuem condições financeiras de comprar. O aparelho vem evoluindo com o tempo e possui um preço inacessível para muitos”.
A população também tem garantida, por parte do Estado, a manutenção dos dispositivosem caso de dano. Dessa forma, os beneficiados se mantêm assistidos durante todo o processo de adaptação ou melhora do quadro clínico.

Raimundo Nonato ressaltou a importância do Saúde Auditiva em sua vida. Foto: Felipe Freire/Secom
Promoção de dignidade
O aposentado Raimundo Nonato nasceu com o canal auricular estreito e, desde a infância, tinha dificuldades para ouvir. Ao saber do programa Saúde Auditiva, identificou a oportunidade de escutar com mais clareza e, pela primeira vez, passar a conviver em sociedade com mais conforto e dignidade.
“Eu fui orientado a comprar um aparelho, só que não tenho condições financeiras suficientes. O programa facilitou muito, porque logo fiz o molde e já vim retirar. O tempo de espera foi bastante rápido”, contou.
Ao garantir o equipamento sonoro, o aposentado afirmou que sua vida será transformada, pois a comunicação com as pessoas, algo fundamental para todo ser humano, vai melhorar: “Tenho certeza que sim”.
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