Brasil
Gestor de saúde indígena é acusado de corrupção, nepotismo e assédio no Acre
Entre as denúncias, há o relato de pagamento de diárias a servidores que não realizaram viagens, a manutenção de altos gastos com combustível mesmo com frota reduzida

Servidores, ex-funcionários e lideranças indígenas formalizaram uma denúncia contra a direção do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) do Alto Juruá, atualmente coordenado por Isaac da Silva Piyãko. A representação foi apresentada ao Ministério Público Federal (MPF), que recebeu documentos relatando diversas irregularidades administrativas.
Entre as acusações estão desvio de recursos, improbidade administrativa, manipulação de processos seletivos, nepotismo, peculato, corrupção passiva, assédio moral, uso da estrutura da saúde indígena para fins eleitorais e favorecimentos indevidos. Segundo os denunciantes, pelo menos quatro profissionais, incluindo dois dentistas, foram recentemente demitidos para “abrir vagas” destinadas a aliados políticos do coordenador.
A denúncia pede a suspensão cautelar de Isaac Piyãko do cargo, a quebra de seu sigilo bancário e fiscal, além da apuração formal sobre contratações irregulares, fraudes em processos seletivos e desvio de recursos públicos. Também requer proteção aos denunciantes com base na Lei de Acesso à Informação.
O DSEI do Alto Juruá é uma unidade do Ministério da Saúde, responsável pela atenção integral à saúde de aproximadamente 20 mil indígenas, distribuídos em 163 aldeias de oito municípios. O orçamento anual é de cerca de R$ 13 milhões, com custos elevados, como o pagamento de aproximadamente R$ 18 mil por hora de voo de helicóptero.
Entre as denúncias, há o relato de pagamento de diárias a servidores que não realizaram viagens, a manutenção de altos gastos com combustível mesmo com frota reduzida, além da locação de dois veículos pertencentes a um servidor do próprio DSEI para uso da instituição. A nomeação da filha de Isaac Piyãko para um cargo administrativo também foi citada como exemplo de nepotismo.
Uma das profissionais demitidas, após 11 anos de serviço, afirmou não ter recebido explicações sobre seu desligamento. “Não foi justa minha demissão. Ainda estou sem chão”, declarou.
O cacique Railson Nawa, do Rio Môa, criticou a demissão da profissional que atuava junto ao seu povo, além das condições precárias de trabalho. “A respeito da demissão que aconteceu com a dentista é uma demissão sem justificativa e eu como cacique e conselheiro me vejo desrespeitado. O conselho foi criado para monitorar todos esses trabalhos. Então se for para que a empresa tome as medidas providências, da maneira que achar que tem que ser feito, não precisa conselheiro nem na comunidade local, nem conselheiro distrital. Daqui a uns dias vai ser demitido nossos agentes, sem consulta à comunidade. E não adianta mudar o profissional se não tem uma estrutura, se não tem o recurso de medicamento adequado para atender a população. Isso está acontecendo no território Naua. Vou escrever também um documento, vou mandar diretamente para o distrito. Eu quero um esclarecimento. Eu estou me sentindo que a gente hoje está encurralado dentro dos territórios, dentro do movimento da saúde indígena”, relatou.
A conselheira distrital Valdenice Nukini, do Rio Môa, também criticou a gestão do DSEI, apontando problemas na relação com os conselheiros e falta de medicamentos. “Só tem dipirona. As equipes entram para as Terras Indígenas com um punhado de medicamentos. Aqui nos Nukini são 8 aldeias e nos Nawas, são mais 5. As equipes de saúde chegam com medicação para atender a 1 aldeia”, denunciou. Segundo ela, Isaac Piyãko tem visitado todas as aldeias com fins políticos: “Ele está fazendo é campanha política com a estrutura da saúde indígena”.
Resposta do coordenador
Isaac Piyãko, que também é ex-prefeito de Marechal Thaumaturgo e ex-candidato a deputado estadual, negou as acusações. Sobre o nepotismo, afirmou que já existe um processo na Justiça, anterior à sua gestão, referente ao tema. Em relação às demissões para acomodação de aliados, não confirmou nem negou que será candidato novamente, mas defendeu sua prerrogativa de realizar substituições. “Eu como coordenador posso trocar quem não produz a altura e há relatórios sobre isso”, afirmou.
Piyãko também se manifestou sobre as denúncias de favorecimento na contratação de veículos: “Com relação aos carros é uma empresa que contrata os carros. Quem acusa vai ter que provar”, declarou. E completou: “Infelizmente deve ser pessoas que não visaram nada no passado que de alguma forma querem denegrir a minha imagem”.
Os denunciantes solicitam investigação pelo MPF, Controladoria-Geral da União (CGU) e Polícia Federal, além da adoção de medidas cautelares como a suspensão do coordenador. O caso está sob análise do Ministério Público Federal.
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Papa Leão XIV divulga nova orientação para sexo no casamento

Papa Leão na FAO em Roma • 16/10/2025 REUTERS/Remo Casilli
Em um novo decreto assinado pelo papa Leão XIV, o Vaticano divulgou orientações para fiéis sobre a prática sexual no casamento, reconhecendo que o sexo não se limita apenas à procriação, mas contribui para “enriquecer e fortalecer” a “união exclusiva do matrimônio”.
A questão está intimamente ligada à finalidade unitiva da sexualidade, que não se limita a assegurar a procriação, mas contribui para enriquecer e fortalecer a união única e exclusiva e o sentimento de pertencimento mútuo.
O documento assinado pelo Dicastério para a Doutrina da Fé cita o Código de Direito Canônico e diz que uma visão integral da caridade conjugal é aquela que “não nega sua fecundidade”, ainda que deva “naturalmente permanecer aberta à comunicação de vida”.
O texto também prevê o conceito de consentimento livre” e “pertencimento mútuo”, assegurando a mesma dignidade e direitos ao casal.
“Um cônjuge é suficiente”
No decreto publicano em italiano, o Vaticano orientou 1,4 bilhão de católicos do mundo a buscarem o casamento com uma única pessoa para a vida toda e a não manterem relações sexuais múltiplas, estabelecendo que o casamento é um vínculo perpétuo e “exclusivo”.
Criticando a prática da poligamia na África, inclusive entre membros da Igreja, o decreto reiterou a crença de que o casamento é um compromisso para toda a vida entre um homem e uma mulher.
“Sobre a unidade do matrimônio – o matrimônio entendido, isto é, como uma união única e exclusiva entre um homem e uma mulher – encontra-se, ao contrário, um desenvolvimento de reflexão menos extenso do que sobre o tema da indissolubilidade, tanto no Magistério quanto nos manuais dedicados ao assunto”, diz o documento.
“Embora cada união conjugal seja uma realidade única, encarnada dentro das limitações humanas, todo matrimônio autêntico é uma unidade composta por duas pessoas, que requer uma relação tão íntima e abrangente que não pode ser compartilhada com outros”, enfatizou a Santa Sé.
Fonte: CNN
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PF afasta delegado e policial em operação contra esquema de ouro ilegal no Amapá
Operação Cartucho de Midas apreende mais de R$ 1 milhão, € 25 mil e prende suspeito com arma restrita; movimentações acima de R$ 4,5 milhões reforçam indícios de lavagem de dinheiro.

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Roraima suspende novas licenças para extração de ouro após recomendação do MPF
Medida vale por prazo indeterminado e ocorre diante do uso ilegal de mercúrio em garimpos, inclusive licenciados; Femarh terá de revisar autorizações já emitidas.

No mês de fevereiro deste ano, o Estado do Amazonas exportou US$ 11 milhões em ouro para a Alemanha. (Foto: Shuttestock)
Atendendo a uma recomendação do Ministério Público Federal (MPF), a Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Roraima (Femarh) suspendeu, por prazo indeterminado, a emissão de novas licenças ambientais para extração de ouro em todo o estado. A decisão decorre de um inquérito civil que apura os impactos socioambientais do uso de mercúrio no garimpo na Amazônia.
Segundo o MPF, o mercúrio — substância altamente tóxica — vem sendo empregado inclusive em garimpos com licença ambiental, sem fiscalização adequada sobre o método de beneficiamento do minério. O órgão ressalta que todo o mercúrio utilizado nessas atividades é ilegal, uma vez que o Ibama não autoriza sua importação para fins minerários.
A recomendação determina que a Femarh passe a exigir dos empreendimentos a especificação da técnica de separação do ouro e documentos que comprovem o uso de tecnologia apropriada. Também orienta a revisão das licenças já concedidas e a suspensão daquelas que mencionem o uso do metal tóxico.
Em nota, a Femarh informou que não autorizará novas atividades de extração enquanto não houver estudos técnicos que garantam métodos alternativos ao uso do mercúrio.

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