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Gasolina sobe 5% em 2024 mesmo sem reajustes da Petrobras
O preço da gasolina acumula uma alta de 5% em 2024. Nas bombas, o litro do combustível tem custado quase R$ 0,30 a mais do que era vendido no final de 2023. O valor vem subindo mesmo sem nenhum aumento da Petrobras neste ano. O último reajuste anunciado tem mais de 7 meses.
A gasolina começou 2024 custando, em média, R$ 5,56. Na última semana, encerrada em 8 de junho, o preço médio do combustível no país ficou em R$ 5,85. Os dados são da pesquisa semanal realizada pela ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) nos postos.
O valor do diesel, por outro lado, está estável. O combustível para veículos pesados encerrou 2023 custando R$ 5,86. Na última semana, era vendido pelo mesmo preço médio da gasolina: R$ 5,85. No entanto, chegou a R$ 5,95 em abril. No caso do diesel, o último reajuste nas refinarias da Petrobras tem quase 6 meses.
Mas o que fez os preços subirem mesmo sem aumento nas refinarias? Há vários fatores, como maiores custos de distribuidoras e de postos, que são repassados ao consumidor. No entanto, o que pesou mesmo foram os aumentos de impostos.
No caso do diesel, houve uma reoneração logo em 1º de janeiro. Os impostos federais sobre os combustíveis, que tiveram alíquotas zeradas em março de 2021, foram retomados parcialmente em setembro do ano passado, com cobrança de R$ 0,13 por litro. E voltaram a ter alíquota cheia de R$ 0,35 neste ano.
Sobre a gasolina, o que pesou foi o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). O imposto estadual subiu em 1º de fevereiro em todos os Estados para a gasolina, óleo diesel e GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), mais conhecido como gás de cozinha.
O ICMS da gasolina subiu de R$ 1,22 para R$ 1,37, uma alta de R$ 0,15 por litro. O diesel subiu R$ 0,12. Como resultado, houve um repique nos preços no início de fevereiro. E os valores seguiram subindo nos meses seguintes, com os postos repassando aumentos das distribuidoras.
SEM REAJUSTES
A Petrobras não alterou os preços dos combustíveis em 2024. No mercado, a observação feita é que o ex-presidente Jean Paul Prates segurou as altas para evitar uma piora do seu desgaste com o governo. Isso, porém, não surtiu efeito e ele acabou demitido. Agora, Magda Chambriard sinaliza que deve seguir o mesmo caminho.
O último reajuste nos preços da gasolina foi há mais de 7 meses, em outubro –redução de R$ 0,12 por litro. No diesel, a última mudança foi em dezembro, quando o valor caiu R$ 0,30 nas refinarias e o litro passou para R$ 3,48.
Os preços continuam os mesmos, apesar da defasagem acumulada ao longo de 2024 entre o valor praticado pela Petrobras e o PPI (Preço de Paridade de Importação), referência internacional que observa a cotação do barril de petróleo e a taxa de câmbio.
Com a política “abrasileirada” implementada em maio de 2023 para atender exigência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os preços da estatal ficaram descolados das referências internacionais. Em abril, a gasolina da Petrobras chegou a ter diferença de 24% e o diesel, de 13% ante ao PPI.
Embora a Petrobras tenha abandonado o PPI como política de precificação, passando a dar mais peso aos custos internos, a cotação do petróleo e o câmbio ainda têm influência sobre os preços. Isso porque 25% do diesel consumido no Brasil é importado, assim como 15% da gasolina. Essa compra no exterior é feita pelo preço do PPI.
Atualmente a defasagem continua, mas em patamar menor. Na 2ª feira (10.jun.2024), a gasolina estava 5% abaixo do preço internacional. O diesel tinha diferença de preços de 3%, segundo a Abicom (Associação dos Importadores de Combustíveis).
A diferença está menor, basicamente, porque o barril de petróleo tem apresentado queda nas últimas semanas. A cotação do brent desvalorizou quase US$ 10 desde abril, fechando em R$ 81,97 na 2ª (10.jun).
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Surto de sarampo na Bolívia: capacitação de servidores do Acre pelo Ministério da Saúde chega à região de fronteira
Equipe também se reuniu com prefeitos e secretários de saúde do Alto Acre, além de representantes do país vizinho para articular as medidas de prevenção ao contágio. Cidades próximas intensificam imunização para ampliar a cobertura vacinal contra a doença

Capacitação de servidores da saúde chegou ao município de Brasiléia na manhã desta quarta-feira (16). Foto: Eldérico Silva/Rede Amazônica Acre
Em meio ao surto de sarampo que atinge a Bolívia, a capacitação de servidores da saúde do Acre por uma equipe do Ministério da Saúde (MS) chegou ao município de Brasiléia, no interior do Acre, na manhã desta quarta-feira (16).
O Acre emitiu um alerta no último dia 8 reforçando medidas de prevenção para evitar casos de sarampo no estado, após o aumento registrados da doença na Bolívia. Até o momento, não há casos confirmados da doença no estado acreano.
As cidades acreanas de Plácido de Castro, Capixaba, Epitaciolândia, Brasiléia e Assis Brasil estão em região de fronteira com a Bolívia.
Os representantes da saúde federal participam do seminário “Imersão sobre Sarampo: aspectos clínicos, epidemiológicos, imunização e diagnóstico”, que também ocorreu em Rio Branco nessa terça-feira (15).
Além disso, eles se reuniram com prefeitos e secretários de saúde da regional do Alto Acre, além de representantes do país vizinho para articular as medidas de prevenção.
Eder Gatti, diretor do Programa Nacional de Imunização (PNI), um dos integrantes da equipe, destacou à Rede Amazônica Acre nesta quarta que a visita é uma oportunidade de ajustar a responsabilidade de todos os envolvidos neste cenário.
“Estamos sensibilizando a vigilância, estamos em um momento de educação, de capacitação com os profissionais da rede aqui dos municípios e também intensificando a vacinação. Houve também uma reunião com os gestores, também com a presença da Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre), para sensibilizá-los e ter o compromisso político de que todos trabalharemos juntos para evitar que o sarampo entre e, se entrar, vamos agir de forma oportuna para conter e não deixar a doença se espalhar”, frisou.
Gatti ainda voltou a ressaltar a importância da vacinação no contexto de prevenção ao sarampo. Com o surgimento de casos na Bolívia, as cidades que ficam na região de fronteira estão organizando mutirões para garantir a cobertura vacinal necessária para a contenção do vírus que provoca a doença.
A orientação é vacinar todas as pessoas com idade entre 6 meses e 59 anos. A aplicação para pessoas de seis a 11 meses inclui a chamada dose zero, que é utilizada especificamente para áreas de risco. Na faixa etária de um a 29 anos, é preciso ter duas doses, enquanto a população a partir dos 30 anos precisa ter pelo menos uma aplicação.
“A população pode dar uma grande contribuição nesse momento. A vacina que nós temos no SUS, nós temos vacinas a estoque, temos condições de vacinar a população, é uma vacina segura, a gente usa ela no Programa Nacional de Imunizações há muitas décadas”, reforçou Gatti.
Ações na Bolívia

Seminário ocorreu em Rio Branco e em Brasiléia. Foto: Júnior Andrade/Rede Amazônica Acre
O epidemiologista Cristian Soruco, do departamento de saúde de Pando, departamento vizinho a Brasiléia e Epitaciolândia, alertou que sete dos nove distritos da Bolívia já têm casos confirmados de sarampo e que há um caso confirmado no município de San Lorenzo, a 250 quilômetros da área de fronteira com o Brasil. Ao todo, já foram confirmados 121 casos da doença em território boliviano.
Segundo Soruco, o país está adotando medidas preventivas como bloqueio vacinal, que é a imunização de pessoas que tiveram contato com casos suspeitos ou confirmados da doença, o rastreamento dos contágios e a imunização geral.
“Nesse sentido, nós, como Pando, estamos aplicando nossos planos de contingência, onde intensificamos a vigilância epidemiológica, o bloqueio de casos e sobretudo, a prevenção com vacinas”, enfatizou.
O representante também agradeceu a doação feita pelo Brasil de 600 mil doses da vacina tríplice viral e outras 9 mil de imunizantes da Covid-19. Soruco chamou atenção para o intercâmbio técnico e de informações com o país, que é um elemento crucial na contenção da doença.
“Devemos fortalecer ainda mais as capacidades do profissional de saúde, fazendo mais capacitações tanto na Bolívia como no Brasil, e sobretudo atividades de controle na fronteira que isso é muito importante para poder evitar uma transmissão de enfermidades no Brasil”, completou.
Acompanhamento no Alto Acre
O prefeito de Brasiléia Carlinhos do Pelado (PP) alertou que cerca de cinco mil estudantes brasileiros que cursam medicina em Cobija transitam pela fronteira, e acabam sendo atendidos pela saúde do município.
Por isso, o gestor avalia que o apoio do governo federal e do estado é essencial para garantir a capacidade da rede municipal tanto na prevenção quanto no registro de casos suspeitos de sarampo. Ao todo, conforme o Censo 2022, a cidade tem 26 mil habitantes.
“Nós temos aqui hoje, também, aqui em Cobija, mais de 5 mil estudantes brasileiros que vão e voltam todos os dias, estudam e voltam para Brasileia. Então, a gente vai ter que atender esse público também, porque não queremos que isso venha a se tornar um surto aqui na nossa região”, avaliou.
Ainda segundo o prefeito, o município também recebeu lotes da vacina tríplice viral entregues pelo MS, e, aliadas às doses doadas ao país vizinho, serão suficientes para garantir a cobertura.
“O Ministério da Saúde disponibilizou já 600 mil doses para os bolivianos e também destinou várias doses sobrando para Brasiléia, para que nós possamos também atender todas as demandas, todos os migrantes e imigrantes, todas as pessoas que, por direito, queiram tomar a vacina, vão tomar”, acrescentou.
Orientação para viajantes:
- Caso apresente os sinais e sintomas da doença, procurar a assistência em saúde imediatamente, relatando o trajeto da viagem e evitar o contato com outras pessoas.
Sinais e sintomas:
- Febre alta;
- manchas vermelhas;
- tosse seca;
- irritação nos olhos (conjuntivite);
- nariz escorrendo (coriza) ou entupido.
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‘Vai amputar só em último caso’, diz pai de bebê que sofreu queimaduras após banho em maternidade em Cruzeiro do Sul
Aurora Maria Oliveira Mesquita foi submetida ao procedimento de enxerto nos dedos dos pés na última quarta-feira (9) no Hospital João XXIII, em Belo Horizonte (MG), onde segue internada desde 25 de junho

As queimaduras foram profundas e durante os procedimentos de limpeza, os profissionais chegaram a encontrar partes expostas na perna da bebê. Foto: cedida
Após sofrer queimaduras de 2º e 3º graus durante um banho na maternidade de Cruzeiro do Sul, interior do Acre, a bebê Aurora Maria Oliveira Mesquita deve ter o procedimento de enxerto avaliado nos próximos dias pela equipe médica do Hospital João XXIII, em Belo Horizonte (MG), onde está internada desde o dia 25 de junho.
A menina passou pelo método cirúrgico nos pés no último dia 9 de julho. Apesar da melhora, o quadro da bebê ainda é delicado e os médicos não descartam a possibilidade de amputação de alguns dedos.
Segundo o pai, Marcos Oliveira, a equipe médica avalia, a cada troca de curativo, se o corpo da criança está aceitando o enxerto.
“Vão ter a certeza amanhã [17] se realmente deu certo. Caso não tenha dado, ela vai passar por outra cirurgia. Também pode acontecer de amputar alguns dos dedinhos”, explicou ele
As queimaduras foram profundas e durante os procedimentos de limpeza, os profissionais chegaram a encontrar partes expostas na perna da bebê.
Ainda assim, ele afirma que a equipe está fazendo de tudo para evitar a amputação. “O médico falou que vai amputar só em último caso, se o enxerto não der certo ou se passar alguma bactéria”, disse.

A menina passou pelo método cirúrgico nos pés no último dia 9 de julho. Apesar da melhora. Foto: cedida
Quadro estável
Apesar de ter deixado a UTI e não estar sedada, Aurora sente desconforto, especialmente nas pernas. “Quase não pode mexer as perninhas, até porque tiraram pele da panturrilha também”, relatou o pai.
Contudo, ela segue estável e toma um medicamento específico para o cérebro, devido à parada cardíaca que sofreu no início do tratamento, quando chegou a ficar 39 minutos sem sinais vitais. Os médicos acompanham a evolução dela com atenção e com o objetivo de evitar sequelas neurológicas.
O resultado sobre a eficácia do enxerto deve sair nesta quinta-feira (17). Caso o corpo da bebê não reaja bem ao procedimento, os médicos vão tentar um novo enxerto antes de considerar a amputação definitiva.
A família segue abalada emocionalmente com a situação. “Psicológico não vale mais nada”, desabafou.

Aurora Maria, recém-nascida que foi internada após banho em maternidade de Cruzeiro do Sul — Foto: Arquivo pessoal
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Espéculo vaginal é redesenhado por engenheiras para reduzir dor e medo em exames ginecológicos
Protótipo inspirado em flor arrecadou 100 mil euros em dois dias e busca melhorar a experiência das pacientes. Câncer do colo do útero pode ser detectado pelo exame de Papanicolau ou pelo exame de HPV, ambos realizados com um espéculo

Fotografia mostra o Lilium, um protótipo de uma alternativa de plástico impressa em 3D ao espéculo ginecológico (embaixo), e um espéculo de metal tradicional (em cima) — Foto: Stéphanie HAMEL / AFP
Frequentemente associado a dor, o espéculo vaginal é um instrumento-chave para exames ginecológicos essenciais no mundo todo. Para mudar esse cenário, duas engenheiras da Universidade de Delft, nos Países Baixos, redesenharam o utensílio para que seja menos intimidador e doloroso.
“Infelizmente, tenho muita experiência com o espéculo vaginal. Nunca o vi como uma experiência agradável e sempre me perguntei por que ele tem essa aparência”, disse à AFP Tamara Hoveling, uma das pesquisadoras do projeto.
História obscura
A doutoranda em desenho médico industrial mergulhou na obscura história por trás da criação do espéculo. Uma das versões é que o objeto foi desenvolvido pelo médico americano James Marion Sims há 180 anos.
“Foi testado em mulheres escravizadas sem a permissão delas”, explicou essa jovem de 29 anos que afirmou que “isso a motivou ainda mais a desenvolver o projeto”.
Hoveling se juntou a Izcara Gual, que cursava um mestrado de engenharia de desenho industrial em Delft.
“Durante as entrevistas, fiz esboços inspirados na forma original, mas as pessoas ainda os achavam assustadores”, disse a pesquisadora espanhola de 28 anos.

Hoveling e sua colega espanhola Ariadna Izcara, designer industrial, desenvolveram juntas o Lilium como uma alternativa ao espéculo vaginal de metal. — Foto: Stéphanie HAMEL / AFP
O espéculo de Cusco, o modelo mais utilizado, é um dispositivo de metal com uma alça, um espigão e um parafuso para ajustar sua abertura dentro da vagina. Para muitas pessoas, sua inserção é desconfortável ou até mesmo dolorosa e causa ansiedade.
“Quando você se assusta, os músculos se contraem e isso dificulta ainda mais o relaxamento. Então quando o espéculo abre, empurra os músculos tensos e causa ainda mais dor”, disse Hoveling.
Este detalhe foi levado em conta pelas pesquisadoras na hora de desenvolver sua ideia.
“Tentei buscar formas que pudessem estar relacionadas com os órgãos reprodutores, como por exemplo a flor, que também se abre”, disse Gual.
O resultado foi um protótipo chamado Lilium (nome científico da flor do lírio) que se assemelha a um tampão em seu plástico macio e aplicador, tornando-o mais familiar para as mulheres.
“Foi desenhado pensando mais nas pacientes do que nos médicos. Realmente, tentamos melhorar a experiência de conforto em uma zona sensível”, conta a pesquisadora.
No entanto, o objeto também leva em conta as necessidades médicas, pois se abre em três lados para evitar que as paredes vaginais se fechem e, assim, permite melhor visibilidade durante os exames.

A doutoranda holandesa em engenharia de design industrial na TU Delft, Tamara Hoveling, segura o Lilium, um protótipo de uma alternativa plástica impressa em 3D ao espéculo ginecológico — Foto: Stéphanie HAMEL / AFP
Um sucesso esmagador
O projeto Lilium ainda está em um estágio inicial e são necessários mais testes de ergonomia e pesquisas sobre materiais duráveis para aperfeiçoar o protótipo. Em seguida, as pesquisadoras terão que obter certificação de segurança, realizar testes em humanos e ter autorização de comercialização.
Para arcar com essas etapas, elas lançaram uma campanha de financiamento coletivo que rapidamente atraiu a atenção da mídia holandesa.
Em apenas dois dias, a campanha arrecadou 100.000 euros (117 mil dólares ou 651,8 mil reais na cotação atual), superando em muito as expectativas.
“Também é um sinal. É a prova de que há pessoas que realmente querem mudanças, que há um problema real e que as soluções atuais do mercado não são as melhores”, disse Hoveling.
“Recebi muitos e-mails de mulheres dizendo que realmente não vão ao ginecologista por causa desse dispositivo, porque têm medo, porque tiveram uma experiência traumática”, disse ela.
O câncer do colo do útero é o quarto tipo de câncer mais comum em mulheres, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Ele pode ser detectado pelo exame de Papanicolau ou pelo exame de HPV, ambos realizados com um espéculo.
Com financiamento para desenvolver adequadamente essa nova ferramenta ginecológica, a Lilium poderia salvar vidas em cinco anos.
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