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Fugindo da fome, índios da maior etnia da Venezuela chegam ao AC após passar por 3 estados do Norte

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Grupo da Etnia Warao está abrigado em Rio Branco desde setembro. Indígenas vivem em condições precárias, em quartos superlotados.

Indígenas estão instalados em pensões, em Rio Branco, e pedem ajuda em semáforos para pagar aluguel e comer — Foto: Lidson Almeida/Rede Amazônica Acre

Por Aline Nascimento, G1 AC — Rio Branco

Mais de 60 índios da etnia Warao, a maior da Venezuela, chegaram ao Acre em busca de refúgio e abrigo, fugindo da crise no país. Os indígenas começaram a chegar ao estado acreano em setembro deste ano e, desde então, é comum encontrá-los em semáforos pedindo ajuda.

Em Rio Branco, eles vivem em quartos precários, superlotados, em uma pensão no bairro da Base, onde é cobrada uma diária de R$ 20. No local, há 27 crianças, sendo uma bebê que nasceu já na capital acreana, e quatro idosos, entre eles dois patriarcas da comunidade.

“Aqui não tenho trabalho, preciso de trabalho e não consigo. Saímos às ruas pedindo colaboração”, falou Alex Ribeiro, líder do grupo e responsável por confeccionar os cartazes exibidos nas ruas.

Esta semana, cerca de 30 pessoas se mudaram para outra pensão. Mesmo assim, o Conselho Indigenista do Acre (Cimi) informou que há superlotação na pensão, com índios dormindo no chão, porque não há colchões suficientes, e faltam alimentos.

“Chegaram aqui e foram abrigados pela Diocese. Só que esse abrigo é comum e têm vários outros povos, têm haitianos, senegaleses. Não quiseram ficar lá porque tem essa questão cultural e preferem ficar só”, explica a coordenadora do Cimi, Ivanilda Santos.

Ivanilda disse que por conta do choque cultural os índios preferiram sair da casa. “Foram para uma pensão onde alugaram quatro quartinhos, pagam a diária de R$ 20 por quarto. Hoje, a grande preocupação é para que todos fiquem de uma maneira mais digna”, explicou.

Fugindo da fome

Ainda segundo Ivanilda, os indígenas começaram a deixar a Venezuela em 2014, quando não suportaram mais passar fome. Além do Brasil, os índios buscaram refúgio também em outros países vizinhos da Venezuela.

“Falaram que estão passando muito fome, não se tem como cobrar, vender e está insuportável. Por isso, estão procurando refúgio. Ficaram mais em Roraima, depois Amazonas e depois outros vários estados do Brasil. Tem grupo deles até no Nordeste, como Piauí, Rio Grande do Norte, Maranhão, entre outros”, revelou.

No Acre, o grupo encontrou Alex Ribeiro, membro da etnia que já está no Brasil há dois. Por falar já conseguir se comunicar em português, Ribeiro virou líder do grupo que está em Rio Branco. Os demais só se comunicam em espanhol ou na língua própria deles, Warao.

“O sogro dele veio em setembro, ele tinha ficado em Manaus e depois vieram todos para cá. Vieram a esposa, filhos e o restante da família”, relembrou.

Indígenas costumam levar cartazes para pedir ajuda em semáforos de Rio Branco — Foto: Lidson Almeida/Rede Amazônica Acre

Caminho até o Acre

Ivanilda contou que parte dos índios começou a chegar no Acre no dia 21 de setembro. Eles saíram da Venezuela e foram para Boa Vista, em Roraima. De lá, viajaram até Manaus (AM) e, posteriormente, foram para Porto Velho (RO).

Da capital rondoniense, os indígenas seguiram viagem para a capital acreana, Rio Branco. O Cimi descobriu o grupo no estado quando servidores os acharam em semáforos pedindo ajuda.

“Em Manaus, o abrigo já está superlotado, têm mais de 800 pessoas, a comida não dá para todo mundo e, por isso, decidiram se aventurar em outro estado”, destacou.

Ainda segundo a coordenadora, a etnia tem mais de 40 mil pessoas. É a maior do país venezuelano. Ela acredita que mais pessoas devem chegar ao estado acreano nos próximos dias.

“Esse grupo que está aqui faz parte de uma grande família, são de uma comunidade grande. Os que estão chegando são parentes dos que já estão aqui, que ficaram para trás”, complementou.

Grupo de indígenas da Venezuela busca refúgio no Acre devido à crise no país — Foto: Lidson Almeida/Rede Amazônica Acre

Necessidades

Ivanilda revelou também que o grupo precisa de produtos de higiene pessoal, limpeza, alimentos, colchões, remédios e suprimentos de saúde. No último dia 4, ela disse que houve uma reunião com órgãos governamentais e não governamentais para tentar encontrar uma solução e ajudar os indígenas.

“Ficou definido que tanto a Defensoria Pública como o Ministério Público estadual e Federal iriam notificar o governo do estado e também a prefeitura para tentar solucionar a questão do abrigo. Porém, devido o recesso do fim de ano, falam que a situação do abrigo não vai ser resolver este ano, provavelmente, só lá para janeiro ou fevereiro do ano que vem”, lamentou.

Enquanto isso, Ivanilda disse que os indígenas vão continuar nos semáforos pedindo ajuda para pagar o aluguel, comprar comida e bancar outras necessidades.

“Continuam fazendo coletas, porque com esse recurso, que a população tem ajudado, tem pagado as pensões como também a alimentação”, concluiu.

Colaborou Janequeli Silva, da Rádio CBN Amazônia Rio Branco.

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Governador Gladson Camelí e vice Mailza realizam reunião de alinhamento para enfrentar impacto das chuvas e reforçar Plano de Contingência

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Com o objetivo de intensificar as ações de prevenção e resposta aos impactos das chuvas dos últimos dias, o governador Gladson Camelí e a vice-governadora Mailza Assis presidiram, nesta sexta-feira, 26, uma reunião de alinhamento do Gabinete de Crise, na Secretaria de Estado da Casa Civil. O encontro reuniu órgãos estaduais e instituições diretamente ou indiretamente envolvidas na agenda ambiental e na gestão de riscos, para tratar do aumento das chuvas e da execução do Plano de Contingência do Estado do Acre.

A reunião foi coordenada pela Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil (Comdec), com participação da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), além da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH), Corpo de Bombeiros Militar do Acre (CBMAC), Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), Polícia Militar do Acre (PMAC), Departamento de Estradas de Rodagem e Infraestrutura Hidroviária e Aeroportuária do Acre (Deracre), Secretaria Extraordinária dos Povos Indígenas (Sepi), Secretaria de Educação e Cultura (SEE), Secretaria de Comunicação (Secom), Secretaria de Agricultura (Seagri), Serviço de Água e Esgoto do Acre (Saneacre) e Secretaria de Governo (Segov).

Governo do Acre reuniu pastas comprometidas com o plano de contigência para antecipar ações emergenciais. Foto: José Caminha/Secom

Durante a abertura, o governador Gladson Camelí destacou a importância da antecipação das ações. “Essa reunião é de extrema importância pois demonstra a antecipação de nossas ações. Peço para todos do governo do Acre que não percamos tempo, vamos fazer nosso dever sem medir esforços. Agradeço a presença de todos e vamos fazer de tudo para proteger nossa população”, afirmou.

Governador do Acre pediu dedicação total do corpo estatal na antecipação de ações e proteção das famílias em vulnerabilidade. Foto: José Caminha/Secom

A vice-governadora Mailza Assis, que também responde pela SEASDH, levantou a importância do plano de contingência estadual. O documento estabelece estratégias, ações e rotinas de enfrentamento a partir dos cenários de risco e das vulnerabilidades já identificadas. “Pelo volume de chuva dos últimos dias, estamos unidos com toda a estrutura do governo e organizados para dar uma resposta rápida à população. O momento requer atenção de todos”, ressaltou.

“A assistência social tem um papel fundamental, com insumos e acompanhamento constante das necessidades que possam surgir”, evidenciou Mailza. Foto: Ingrid Kelly/Secom

O coordenador estadual da Defesa Civil, Cel. Carlos Batista, explicou que o plano é essencial para garantir agilidade no atendimento às famílias atingidas e no apoio aos municípios. “Já estamos atendendo várias localidades com o apoio do Corpo de Bombeiros. Em Rio Branco, 13 pessoas já foram deslocadas pela prefeitura. O Estado possui um plano estruturado para apoiar cada município, que tem a responsabilidade legal pelo acolhimento da população”, afirmou.

Coronel Batista apresentou dados já coletados pela Defesa Civil para sustentar as ações iniciais. Foto: Ingrid Kelly/Secom

Segundo ele, o planejamento prevê orçamento e ações integradas de todas as secretarias envolvidas. “Há previsão de chuvas acima da média para os próximos três meses. Esperamos que não se confirme, mas estamos preparados”, completou.

Dados apresentados durante a reunião apontam que, nas últimas 24 horas, o volume de chuvas provocou uma elevação rápida no nível do Rio Acre, que chegou a 11,49 metros na tarde desta sexta-feira, segundo a última leitura da Defesa Civil Estadual.

Em Rio Branco, o Rio Acre subiu quase quatro metros em apenas 24 horas, mobilizando equipes de socorro para atendimento imediato às famílias afetadas por enxurradas e alagamentos, especialmente em áreas próximas aos igarapés da capital, que também estão sendo monitorados. A Defesa Civil acompanha de forma permanente toda a bacia do Rio Acre, incluindo os municípios de Assis Brasil, Brasileia, Epitaciolândia, Xapuri, Rio Branco e a área rural de Capixaba.

Outras regiões também inspiram atenção. A bacia do Rio Tarauacá registrou índices pluviométricos acima da média, mantendo as equipes locais em estado de alerta. Em números atualizados, Rio Branco registrou 160 milímetros de chuva, com o nível do Rio Acre alcançando 11,83 metros, sendo 14 metros a cota de transbordamento. Em Brasileia e Epitaciolândia, foram registrados 237 milímetros nas últimas 48 horas, e em Assis Brasil, 94 milímetros.

Governo do Acre atua com ações precisas para antecipar o que deve ser feito por cada instituição. Foto: Ingrid Kelly/Secom

O governo do Acre permanece em alerta total e em contato direto com as coordenadorias municipais para atender populações que vivem em áreas de risco. “Estamos executando um Plano de Contingência construído com anos de experiência, válido para todo o Estado. Nenhum município consegue enfrentar sozinho esse momento. O Estado está pronto para apoiar as prefeituras e garantir que a população receba o atendimento necessário”, reforçou Batista.

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Governo do Acre convoca candidatos do concurso da Educação e destaca agendamento online da Junta Médica em Rio Branco

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Foto: Arquivo/Secom

O governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Administração (Sead) e da Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE), publicou nesta sexta-feira, 26, em edição extra do Diário Oficial do Estado, o edital de convocação de candidatos aprovados no concurso público da Educação para as próximas etapas do certame, que consistem na inspeção médica, entrega de documentos e posse.

A convocação integra o cronograma oficial e reforça o compromisso da gestão com o fortalecimento da rede de ensino pública, garantindo a chegada de novos profissionais às escolas e ampliando a capacidade de atendimento da Educação em todo o Acre.

Na convocação realizada, os chamados são para o cargo de Professor P2, nas áreas de Língua Portuguesa, Matemática, Língua Inglesa e Língua Espanhola.

Certo, mas o que o convocado deve fazer agora?

Após ver o nome entre os convocados, o candidato deve seguir as orientações previstas no edital e organizar as etapas com antecedência:

  1. Confirme os dados e siga orientações do edital
    Verifique atentamente o cargo, a localidade e as instruções específicas da sua convocação.
  2. Providencie os exames médicos
    Os exames e avaliações exigidos devem estar dentro do prazo de validade previsto no edital. É fundamental iniciar essa etapa o quanto antes para evitar imprevistos, especialmente no período de fim de ano e início de janeiro.
  3. Faça a inspeção na Junta Médica (com agendamento online em Rio Branco)
    A principal novidade desta etapa é o novo formato de agendamento online para atendimento da Junta Médica em Rio Branco, trazendo mais organização e previsibilidade ao fluxo de atendimento. O agendamento é feito por links, divididos por período:
    Clique aqui para agendamento para os dias 29 e 30 de dezembro;
    Clique aqui para agendamento para os dias de 5 a 16 de janeiro.
    Após agendar, o candidato deve comparecer à Junta Médica no local e data selecionados, com toda a documentação e os laudos/exames exigidos.
    Em Cruzeiro do Sul o atendimento permanece no formato habitual, nos dias 7 e 8 de janeiro, das 8h às 12h, na sede da Junta Médica no município, na Rua Félix Gaspar, n° 3806, Centro. Por isso, também é importante garantir que os exames estejam prontos dentro do prazo, para evitar contratempos.
  4. Entregue a documentação dentro do prazo
    A entrega de documentos deve ser feita dentro do período estabelecido no edital, em Rio Branco (sede da SEE) ou nos núcleos de Representação da Educação para atendimento nos municípios. Além dos documentos pessoais e declarações exigidas, é indispensável apresentar o atestado emitido pela Junta Médica após a inspeção.

Sobre a posse dos convocados na atual convocação

A posse ocorrerá em data, horário e local a serem divulgados posteriormente, conforme a conclusão das etapas de inspeção médica e conferência documental. O governo do Acre reforça a importância de acompanhar os canais oficiais e o Diário Oficial do Estado para não perder prazos e orientações.

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Justiça mantém prisão de suspeitos pela morte de Moisés Alencastro em Rio Branco

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Ambos passaram por audiência de custódia nesta sexta/Foto: Reprodução

Antônio de Sousa Morais e Nataniel Oliveira de Lima foram encaminhados ao presídio Francisco de Oliveira Conde após audiência de custódia

A Justiça do Acre manteve a prisão dos dois suspeitos de envolvimento no assassinato do colunista social Moisés Alencastro, ocorrido em Rio Branco. A decisão foi tomada após audiência de custódia realizada na manhã desta sexta-feira (26), na Vara Estadual das Garantias da Comarca de Rio Branco.

A audiência foi conduzida pelo juiz Caique Cirano Di Paula, que decidiu manter a prisão com base no parecer do Ministério Público do Estado do Acre (MPAC).

Os suspeitos Antônio de Sousa Morais, de 22 anos, apontado como autor do crime, e Nataniel Oliveira de Lima, de 23 anos, considerado o segundo envolvido, haviam sido presos ainda nesta quinta-feira (25) — Antônio no período da manhã e Nataniel à noite.

Após a decisão judicial, ambos foram encaminhados ao Complexo Prisional de Rio Branco, Francisco de Oliveira Conde (FOC), onde permanecem à disposição da Justiça enquanto as investigações seguem em andamento.

O caso continua sendo apurado pela Polícia Civil, por meio da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

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