Acre
Festival Atsa Puyanawa será vitrine para o Brasil e o mundo em julho
Entre os dias 17 e 22 de julho, um dos mais incríveis eventos na Amazônia celebrará a cosmologia do povo indígena Puyanawa. Trata-se do 6º Festival Atsa Puyanawa, em Mâncio Lima, município ao pé da Serra do Parque do Divisor, o ponto mais ocidental do Brasil, distante 680 quilômetros de Rio Branco, capital do Acre.

Para quem aprecia a natureza e seus mistérios, o evento convida a uma imersão nos rituais tradicionais do Povo do Sapo. Já a mandioca é valorizada pela etnia por ser a sua principal fonte de renda. O entendimento é de que a raiz, chamada de Atsa, é fonte de energia que emana da terra e essa ligação deixa a população feliz e grata pela dádiva. “Por isso, bolos, pães e bebidas que têm como base o alimento são uma constante no festival”, explica Iraci Messias, assessora técnica da Secretaria de Estado de Turismo e Empreendedorismo (Sete).
“Acredito ser este um dos momentos mais ricos dos povos indígenas na nossa região, algo que nós, da Sete, temos orgulho de proporcionar o melhor ao turista que visitará esse povo incrível”, ressalta Iraci.
Para o cacique Joel Ferreira Lima Puyanawa, os Jogos Olímpicos Indígenas, ocorridos em 2008, foram o marco inicial para o despertar, por assim dizer, dos puyanawas para conhecerem mais sobre a sua própria cultura. Na ocasião, foi realizado também o 5º Encontro de Cultura Indígena do Acre. “Quando vieram todos os povos aqui e celebramos esse evento tão importante, a gente viu que nossa cultura, que a gente desconhecia, estava praticamente perdida e fragilizada. Então, acordamos para tomar conta dos nossos costumes e tradições”, diz Joel Puyanawa.

Relata o sociólogo Jósimo Constant, mestre no tema pela Universidade de Brasília (UnB) e integrante do povo Puyanawa, que o Festival Atsa da Terra Indígena Puyanawa de Mâncio Lima serve para resgatar, sempre em julho, os costumes e as tradições desse povo, lembrando ao Brasil e ao mundo que devem ser valorizados. “O resgate de nossas tradições, por meio destas celebrações, é um grande trunfo”.

Esta será a sexta edição e conta com o apoio do governo do Estado do Acre, por meio da Sete. A organização é da Associação Agroextrativista do Barão e do Ipiranga, como são chamadas as duas aldeias principais. A ideia é que, nos cinco dias de imersão na floresta, turistas do Brasil e de várias partes do mundo desfrutem de um evento espetacular.
O chá da ayahuasca e a cura milenar para os males do corpo
Serão dias com diversas cerimônias, tendo como ponto de partida o uso da ayahuasca, o chá que reúne elementos da natureza para o bem-estar físico e espiritual de quem o experimenta.

O visitante também poderá compreender a história tradicional da bebida, experimentar as cerimônias espirituais com o chá, conhecer os ingredientes na floresta, participar dos banhos medicinais de igarapé para a limpeza do corpo e do espírito, além de poder se integrar aos grupos de danças com músicas tradicionais do Povo Puyanawa.

Marcelo Messias, secretário de Estado de Turismo e Empreendedorismo, destaca que o Festival Puyanawa de Mâncio Lima já entrou no circuito principal do turismo nacional e internacional, sobretudo, por causa da sua riqueza cultural e ambiental.
“Trata-se de um momento sublime de valorização, reconhecimento e respeito por esse povo incrível que é o Puyanawa. Da nossa parte, como instituição, já estamos promovendo todos os esforços para que esta edição seja uma das melhores de todos os tempos”, diz.
Os técnicos da Sete têm se engajado, cada vez mais, para impulsionar o potencial turístico do Acre e a as atividades do artesanato acreano, que alcança cada vez mais reconhecimento no Brasil e no exterior, pelo profissionalismo dos seus artesãos e artesãs e pela abrangência dos temas explorados.
A origem do Povo do Sapo, segundo os próprios puyanawas

A cosmologia Puyanawa é riquíssima, embora tenha sido estudada, cientificamente, pouquíssimas vezes. O sociólogo Jósimo Constant, convida, na sua dissertação de mestrado, para um mergulho na história e na cultura de seu povo, com um sentimento de ancestralidade, de vivência e de observação dos costumes: “Somos conhecidos como o Povo do Sapo, porque nossa história fala que viemos dos sapos, o sapo que virou gente”, explica Constant Puyanawa, mestre em sociologia pela UnB.
“A metamorfose do sapo foi acontecendo gradualmente até que se transformasse em homem. Dessa forma, fazemos parte da cosmologia da floresta com os demais animais, mas nos dividimos em várias espécies de sapos”, completa.

A tese de sua autoria, intitulada “História, Memória, Conhecimentos Tradicionais e as Desafiadoras Mudanças Climáticas sob o Olhar da Perspectiva Indígena Puyanawa”, foi apresentada ao Instituto de Ciências Sociais da UnB, em 2018.
O estudioso explica que, antes da chegada dos exploradores da borracha, seu povo já habitava as margens do Rio Juruá. “Segundo os mais velhos, derivamos da junção do sapo e da folha e acreditamos que somos descendentes do sapo que virou gente. Desta forma, puya + náwa quer dizer povo ou gente do sapo”, explica.
Os puyanawas se consideram originários de três personagens do mundo ancestral. Eles são Irica, Puyawakêvu e Dukawa. Num dado momento do tempo, Irica explodiu e, do seu corpo, surgiram todos os seres da floresta chamados por eles de Dimãnã, termo que também serve para “floresta”.

Ainda segundo a cosmologia local, até esse ponto, os puyanawas ainda não haviam chegado a este mundo completamente. “Nós viemos a surgir quando a capemba [uma folha] apodreceu. Ela virou gente depois de apodrecer e esses seres se chamaram puyadawa. Da capemba, surgiram os sapos, tudo sapinho miúdo”, explica o pesquisador. Aos poucos, os anfíbios foram tomando forma de homens e buscando na floresta as condições necessárias para a sobrevivência.
Capemba é uma folha larga e espessa, que costuma se desprender do mangará de palmeiras na Amazônia. Quando chega ao solo, vai gradativamente se deteriorando pelos fungos da terra úmida.
As Terras Indígenas Puyanawa correspondem a uma área de 24 mil hectares, onde residem 750 indivíduos.
Fonte: Governo AC
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Vídeo: Trabalhador é alvo de atentado a tiros e facada no Segundo Distrito de Rio Branco
Vítima foi atacada ao chegar em casa no loteamento Praia do Amapá e conseguiu buscar socorro por conta própria
O trabalhador Jaércio Martins, de 38 anos, foi vítima de uma tentativa de homicídio na noite desta segunda-feira (26), no loteamento Praia do Amapá, no Segundo Distrito de Rio Branco.
De acordo com testemunhas, Jaércio chegava em frente à própria residência, dirigindo um caminhão, quando foi surpreendido por integrantes de uma organização criminosa. Os suspeitos efetuaram vários disparos de arma de fogo contra o veículo, na tentativa de atingir a vítima.
Na sequência, um dos criminosos se aproximou e desferiu um golpe de faca que atingiu o peito esquerdo do trabalhador. Após o ataque, os suspeitos fugiram do local.
Mesmo ferido, Jaércio conseguiu se deslocar até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Segundo Distrito, onde recebeu os primeiros atendimentos. Em razão da gravidade do ferimento, ele foi transferido por uma ambulância de suporte avançado do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Pronto-Socorro de Rio Branco.
Segundo a equipe médica, o estado de saúde da vítima é considerado estável. A Polícia Militar não chegou a ser acionada para atender a ocorrência.
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Acre
Sesacre aponta números e ações que marcaram a saúde pública do Acre em 2025

Foto: Reprodução
A Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) divulgou um balanço destacando números e ações que marcaram a saúde pública acreana ao longo de 2025. De acordo com os dados apresentados, o ano foi caracterizado pela ampliação do acesso aos serviços e pela interiorização dos atendimentos especializados.
Entre os principais resultados, a Sesacre informou a realização de mais de 27 mil atendimentos por meio do programa Saúde Itinerante, que levou serviços de saúde a municípios do interior do estado. Outro dado destacado foi a execução de mais de 12 mil cirurgias pelo programa Opera Acre.
O balanço também aponta a retomada de centros cirúrgicos, ampliação da oferta de exames, fortalecimento da rede hospitalar e avanços considerados históricos na área da oncologia. Segundo a secretaria, houve ainda recorde de atendimentos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) ao longo do ano.
A Sesacre mencionou, ainda, a implantação de programas voltados ao atendimento de urgência e à redução da mortalidade, como o Conecta Coração e o AVC – Segundos Importam, voltados para situações críticas em que o tempo de resposta é determinante.
Os dados foram divulgados em um vídeo publicado nas redes sociais da secretaria, que apresenta um resumo das ações realizadas em 2025 e projeta a continuidade das iniciativas para o próximo ano.
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Nível do Rio Acre se aproxima dos 11 metros após fortes chuvas na capita

Foto: David Medeiros
As fortes chuvas que atingem Rio Branco nas últimas horas provocaram alagamentos em diversos pontos da cidade e elevaram rapidamente o nível do Rio Acre. Entre as áreas mais afetadas estão a Estrada do Calafate, a região da Igreja da Pista do Poço e a Baixada da Sobral, especialmente nos bairros Boa União e Plácido de Castro, onde a água invadiu várias residências.
Durante acompanhamento ao vivo feito pela equipe, foi constatado que, apesar de uma breve trégua na chuva, o volume de água nos rios segue aumentando. Imagens mostram que o nível do Rio Acre se aproxima dos 11 metros e continua em elevação, embora, até o momento, a Defesa Civil Municipal ainda não tenha divulgado boletim oficial atualizado.
Na região da Ponte Metálica, a força da correnteza chamou atenção pelo grande volume de balseiros descendo pelo rio, indicando que a chuva atingiu toda a bacia hidrográfica.
Mesmo diante da situação de risco, moradores dos dois lados do rio aproveitaram a cheia para pescar. Durante a transmissão, duas pescadoras foram flagradas capturando peixes da espécie pintado. Segundo elas, apesar de alguns peixes serem pequenos, a pescaria rendeu o suficiente “para garantir o caldo”.
Outro episódio inusitado chamou a atenção durante a cobertura. Um homem foi visto dormindo sobre um dos pilares da Ponte Metálica, próximo à marca de medição do Rio Acre, onde há registro histórico de até 16 metros. Mesmo com o fluxo intenso de veículos sobre a ponte, o homem permaneceu dormindo tranquilamente, despertando surpresa entre os que acompanhavam a transmissão.
A equipe segue monitorando, em tempo real, os pontos de alagamento pela capital acreana. Novas informações sobre o nível do Rio Acre e ações da Defesa Civil devem ser divulgadas a qualquer momento.







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