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Família diz que culpar piloto por acidente da Chapecoense é ‘cruel’

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A família do piloto Miguel Quiroga, de 36 anos, se manifestou nesta quinta-feira (1) a respeito da confirmação de falta de combustível que teria causado a queda do avião da Chapecoense, que deixou 71 mortos na terça (29), e também sobre o aviador não ter parado em Cobija para reabastecer a aeronave. Ao G1, Milena Quiroga, prima do piloto, diz que culpá-lo do acidente neste momento de dor é “cruel e absurdo”. Ela acredita que uma série de fatores tenha causado o acidente.

Piloto Miguel Quiroga morreu em acidente de avião nesta terça-feira (29) (Foto: Reprodução/Facebook)

Piloto Miguel Quiroga morreu em acidente de avião nesta terça-feira (29) (Foto: Reprodução/Facebook)

“É cruel, absurdo e injusto tentar achar que ele tenha sido o causador de tudo. Se ele se arriscou, tinha algumas convicções para isso, mas é difícil e até impossível mensurar isso nesse momento. É cruel tentar achar um culpado, pois, uma tragédia dessas acontece após uma série de fatores que ainda devem ser analisados”, afirma.

Os resultados preliminares da investigação, divulgados na quarta (30), apontam que a aeronave não tinha nenhum combustível ao cair. Em entrevista ao Jornal Nacional, o piloto e escritor Ivan Sant’Anna disse que o reabastecimento em Cobija teria evitado o acidente. Uma conversa entre o comandante do avião com a torre do aeroporto de Medellín reforça a suspeita de que a falta de combustível foi a causa do acidente com o time da Chapecoense.

O especialista explicou ainda que a viagem até Medellín, na Colômbia, duraria quatro horas e meia, mas a capacidade do avião era de quatro horas. Por isso, o piloto deveria ter insistido em ser o primeiro a pousar dando emergência de combustível. “Ele só tem 15 minutos de folga. Se houver qualquer problema no caminho, ele não vai conseguir chegar”, disse.

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O piloto momento antes de continuar a viajem, realizou uma vistoria na aeronave – Foto: Arquivo pessoal/cedida

Quiroga era um dos proprietários da companhia aérea boliviana LaMia. Segundo Milena, o piloto conhecia a aeronave Avro RJ-85 e sabia da capacidade de voo, pois trabalhavou vários anos no avião antes de conseguir alugá-lo. Ela relembrou que o pai de Quiroga sobreviveu a um acidente aéreo e teve sequelas. Mesmo assim, o primo insistiu para ser aviador e dizia ao pai que o mesmo não aconteceria com ele.

“Não dá para tentar achar um culpado. Meu tio sofreu consequências que eram evidentes no dia a dia. Ele teve as pernas quebradas em vários locais e os pés foram reconstruídos. Ele perdeu centímetros de altura e uma perna ficou maior que a outra. Ele ouvia o filho dizer desde criança  que queria ser aviador e perguntava “mas você não viu o que aconteceu comigo? Não tem medo?”. E o Miguel respondia: ‘isso comigo não vai acontecer'”, relata.

Milena conta que toda a família está muito abalada. A esposa de Quiroga, segundo ela, está reclusa e não deve se manifestar sobre o assunto. Ela lembra que o filho mais novo do piloto tem apenas 4 meses e diz que a dor dos familiares não tem fim.

“Ficam as memórias boas, a saudade e o sorrido espontâneo dele. Não lembro de vê-lo com raiva há não ser em situações necessárias. Era uma pessoa muito carinhosa e familiar. A perda é muito grande e falar sobre causas é absurdo. Não posso opinar sobre uma coisa em que eu não estava, mas acredito piamente na competência dele e vou continuar batendo nessa tecla”, finaliza.

Identificação
Todos os 71 mortos na queda do avião da Chapecoense foram identificados no Instituto Médico Legal de Medellín, segundo informou o Bom Dia Brasil.

Com a identificação, os corpos das vítimas brasileiras passarão agora por tratamento para o transporte até o Brasil. Uma força-tarefa com funcionários da Embaixada brasileira em Bogotá e do Itamaraty está na Colômbia para ajudar as famílias nos trâmites burocráticos.

Os corpos dos brasileiros devem chegar entre sexta-feira (2) e sábado (3), segundo o Bom Dia Brasil. Além de brasileiros, há entre os mortos cinco bolivianos, um paraguaio e um venezuelano.

O velório coletivo dos jogadores, diretoria da Chapecoense e jornalistas que estavam no avião deve durar cerca de quatro horas, segundo a diretoria do time. O clube acredita, em balanço prelimianar, que 51 vítimas devem ser veladas na Arena Condá, em Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, na sexta-feira (2).

Acidente
O voo que levava a equipe da Chapecoense partiu na noite de segunda-feira (28) de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, em direção a Medellín.

Segundo a imprensa local, a aeronave  perdeu contato com a torre de controle às 22h15 (local, 1h15 de Brasília), entre as cidades de La Ceja e Abejorral, e caiu ao se aproximar do Aeroporto José Maria Córdova, em Rionegro, perto de Medellín.

O Comitê de Operação de Emergência (COE) e a gerência do aeroporto informaram que a aeronave se declarou em emergência por falha técnica às 22h (local) entre as cidades de Ceja e La Unión.

Os motivos do acidente ainda são desconhecidos. A imprensa colombiana chegou a cogitar possível falta de combustível. Uma operação de emergência foi ativada para atender ao acidente. A Força Aérea Colombiana dispôs helicópteros para ajudar em trabalhos de resgate, mas missões de voos foram abortadas nesta madrugada por causa das condições climáticas. Choveu muito na região na noite de segunda, o que reduziu muito a visibilidade.

Equipes chegaram ao local do acidente por terra, mas o acesso à região montanhosa é difícil e a remoção é lenta.

Final de campeonato
O time da Chapecoense embarcou para a Colômbia na noite de segunda (28), para disputar a primeira partida da final da Copa Sul-Americana, contra o Atlético Nacional, na quarta (30). Inicialmente, o voo iria diretamente de Guarulhos (SP) para Medellín, mas o voo foi vetado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Em razão do veto, a equipe tomou um voo comercial até a Bolívia e, de lá, o grupo pegou o voo da LaMia (veja imagens do embarque da Chapecoense em Guarulhos).

Em comunicado, o clube de Santa Catarina informou que espera pronunciamento oficial da autoridade aérea colombiana sobre o acidente.

Em seu perfil no Twitter, o Atlético Nacional lamentou o acidente e prestou solidariedade à Chapecoense: “Nacional lamenta profundamente e se solidariza com @chapecoensereal pelo acidente ocorrido e espera informação das autoridades”.

O primeiro jogo da decisão, marcado para quarta-feira (30), foi cancelado, segundo a  Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol). A CBF adiou a final da Copa do Brasil, entre Grêmio e Atlético Mineiro, que também estava prevista para quarta-feira.

O Itamaraty, pelo telefone, informou que a embaixada do Brasil em Bogotá está em contato com as autoridades colombianas para obter informações sobre o acidente. A assessoria informou que as notícias ainda chegam desencontradas.

O Ministério das Relações Exteriores vai esperar um posicionamento oficial sobre vítimas e circunstâncias do acidente para se pronunciar. Está previsto que divulguem uma nota oficial ainda agora de manhã. O embaixador em Bogotá se chama Julio Bitelli.

A companhia
A LaMia (Línea Aérea Mérida Internacional de Aviación) é uma companhia de aviação que foi inicialmente constituída na Venezuela no ano de 2009 e depois mudou sua sede para a Bolívia (Santa Cruz de la Sierra). A empresa vem sendo desenvolvida para voos não regulares (charter), com o objetivo de permitir o desenvolvimento de atividades no país e no exterior, com aeronaves de grande porte – de passageiros e de carga.

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Acre

Véspera de Natal no Acre será marcada por tempo instável e chuvas intensas

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Previsão indica céu encoberto, pancadas fortes e temperaturas mais amenas em várias regiões

Foto: Sérgio Vale

A véspera de Natal no Acre, nesta quarta-feira (24), será de tempo instável, com muitas nuvens e chuvas a qualquer hora do dia, que podem ser intensas em diversas regiões do estado. A previsão é do portal O Tempo Aqui, que alerta para atenção redobrada de quem pretende se deslocar ou realizar confraternizações ao ar livre.

Segundo o levantamento meteorológico, o cenário de instabilidade atmosférica também atinge áreas do sul e sudoeste do Amazonas, Rondônia, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, além de regiões da Bolívia e do Peru, com possibilidade de volumes elevados de chuva ao longo do dia.

Nas microrregiões do leste e sul do Acre, que incluem Rio Branco, Brasileia e Sena Madureira, o tempo permanece fechado, com chuvas frequentes e chance de precipitações fortes. As temperaturas ficam mais amenas e a umidade relativa do ar varia entre 65% e 75% à tarde, podendo chegar a 100% nas primeiras horas do dia. Os ventos sopram fracos, predominantemente do norte, com variações de noroeste e nordeste.

No centro e oeste do estado, abrangendo Cruzeiro do Sul e Tarauacá, o clima será quente e abafado, com sol entre nuvens e pancadas de chuva isoladas, que também podem ser intensas em alguns pontos. A probabilidade de chuvas fortes é considerada média. A umidade do ar oscila entre 55% e 65% no período da tarde, alcançando até 95% ao amanhecer.

As temperaturas mínimas em todo o Acre devem variar entre 20°C e 23°C, enquanto as máximas ficam entre 25°C e 32°C, dependendo da região. Em Rio Branco e municípios vizinhos, os termômetros não devem ultrapassar os 27°C. Já no Vale do Juruá, incluindo Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima e Rodrigues Alves, as máximas podem chegar a 32°C.

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Acre

Rio Acre recua mais de um metro em 24 horas, apesar do aumento das chuvas em Rio Branco

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Nível do manancial caiu 1,34 metro entre terça e quarta-feira, segundo a Defesa Civil

Foto: Sérgio Vale/ac24horas

O nível do Rio Acre, em Rio Branco, apresentou nova redução entre a terça-feira (23) e a quarta-feira (24) de dezembro, conforme boletins divulgados pela Defesa Civil Municipal. Em apenas 24 horas, o manancial recuou 1,34 metro, mesmo com o aumento do volume de chuvas registrado na capital acreana.

Na manhã da terça-feira (23), às 5h12, o rio foi medido em 9,01 metros, com registro de 8,60 milímetros de chuva nas 24 horas anteriores. Já na quarta-feira (24), às 5h16, o nível caiu para 7,67 metros, apesar de uma precipitação maior, que totalizou 14,80 milímetros no mesmo período.

Em ambos os dias, o Rio Acre permaneceu bem abaixo da cota de alerta, fixada em 13,50 metros, e distante da cota de transbordo, que é de 14 metros, afastando, por ora, o risco de alagamentos na capital.

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Acre

Ministério Público do Acre emite nota sobre morte de ativista Moisés Alencastro

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Recebemos com extrema cautela a informação veiculada pela mídia acerca da hipótese de que o homicídio de Moisés Alencastro tenha decorrido de latrocínio, especialmente diante do cenário do crime tal como descrito nas próprias reportagens.

As lesões constatadas na vítima, notadamente múltiplas perfurações por arma branca e indícios de tentativa de degolamento, não se mostram, em um primeiro exame, compatíveis com a dinâmica típica desse tipo de delito patrimonial, sugerindo, ao contrário, violência exacerbada e desnecessária ao fim de subtração de bens.
Trata-se de padrão de agressão que, com frequência, revela desprezo pela condição da vítima e se associa a crimes praticados por motivação de ódio, fenômeno que infelizmente se repete em contextos diversos, como nos assassinatos de mulheres e na eliminação violenta de pessoas homossexuais. Típica ação de homofobia.
Moisés Alencastro era servidor público comprometido com o enfrentamento dessas formas de violência, atuando no âmbito do Ministério Público do Estado do Acre, junto ao Centro de Atendimento à Vítima, justamente na defesa da dignidade humana e da responsabilização penal adequada dos agressores.
Sua morte não pode ser tratada como mais um episódio banal de violência. Ela expõe, de forma dolorosa, a realidade que ainda vivemos e reforça a necessidade de avanços concretos na construção de uma sociedade mais tolerante, livre de toda discriminação, preconceito e homofobia , fundada no respeito à condição humana de todos.
Espera-se que os fatos sejam rigorosamente apurados, com a correta definição jurídica do crime e a responsabilização penal proporcional à gravidade da conduta, para que essa morte não permaneça impune — como o próprio Moisés sempre defendeu em sua atuação institucional.

Destacamos, ainda, a plena confiança no rápido e eficiente trabalho desempenhado pela Polícia Civil na elucidação do caso, inclusive, com a devida qualificação a ser dada ao crime. Desde o primeiro momento, a instituição tem empenhado esforços grandiosos para o enfrentamento deste delito, de modo a dar à sociedade a pronta resposta que se espera.

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