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Facção criminosa considerada ‘evangélica’ está presente no Acre, diz relatório

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No último ano, o TCP foi além dos limites do Rio de Janeiro e chegou a Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Ceará, Amapá, Acre, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, conforme o levantamento feito pela Abin.

O TCP surgiu em 2002 como uma dissidência do CV e vive em guerra contra a facção no Rio de Janeiro em busca de domínio territorial. Foto: captada 

Um relatório elaborado pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência) mostra a presença da facção criminosa TCP (Terceiro Comando Puro) no território acreano. Nascida no Rio de Janeiro, ela está presente também no Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Ceará, Amapá, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul.

Três agentes da PM (Polícia Militar) do Rio de Janeiro arremessam uma estrela de Davi enorme do alto de uma caixa d’água em Parada de Lucas, na zona norte da cidade.

Até ser destruído em uma operação da PM no último dia 11 de março, o símbolo de neon brilhava forte à noite, avisando a quem o avistasse que aquele era o Complexo de Israel: o conjunto de cinco comunidades na zona norte do Rio dominadas pelo TCP (Terceiro Comando Puro), facção que nos últimos anos ficou conhecida pela presença de traficantes que se dizem evangélicos.

Na mesma operação policial, os agentes demoliram um imóvel de luxo do chefe do tráfico no local, Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como “Peixão”, um “resort” erguido em uma área de proteção ambiental dentro do complexo.

Peixão, contudo, não foi preso. Na verdade, ele nunca passou pelo sistema carcerário. Com 39 anos, sua figura é cercada de mistérios e perguntas em aberto. Não se sabe, por exemplo, qual sua história de conversão. Alguns relatos dizem que ele é pastor, outros que virou evangélico por causa da mãe.

Fato é que a queda da estrela de Davi no topo da caixa d’água em Parada de Lucas foi mais simbólica do que prática.

A facção, na verdade, está em franca expansão, como relatou o coordenador-geral de análise de conjuntura nacional da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Pedro Souza Mesquita, em uma reunião da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência no Congresso no início de novembro.

No último ano, o TCP foi além dos limites do Rio de Janeiro e chegou a Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Ceará, Amapá, Acre, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, conforme o levantamento feito pela Abin.

Um crescimento que, nas palavras de Mesquita, o coloca como “terceiro grupo emergente no contexto nacional”, depois do CV (Comando Vermelho), do qual é rival declarado, e do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Uma das últimas fronteiras cruzadas pela facção foi a do Ceará. Há cerca de três meses, a estrela de Davi que virou marca do grupo começou a aparecer em locais como Maracanaú, na região metropolitana de Fortaleza, ao lado de pichações com dizeres como “Jesus é dono do lugar”.

Em outubro, correu a notícia de que pelo menos quatro terreiros de umbanda na cidade haviam sido fechados a mando da facção, que há anos exercita um amplo repertório de práticas de intolerância religiosa na zona norte do Rio.

O delegado-geral da Polícia Civil do Ceará, Márcio Gutiérrez, disse à BBC News Brasil que os casos ainda estão sendo investigados.

Ele afirmou que a presença do TCP no estado foi identificada pelas autoridades locais em setembro, mês em que 37 membros do grupo foram presos só na região metropolitana.

ALIANÇA COM FACÇÕES LOCAIS E ‘GUERRA’ CONTRA O CV

Ainda segundo Gutiérrez, a entrada do TCP no Ceará se deu por meio da aliança com uma facção local, um expediente também bastante utilizado por CV e PCC em seus respectivos processos de nacionalização.

“Esse é o movimento padrão de expansão das facções criminosas, que é de incorporação dos grupos locais”, diz Carolina Grillo, coordenadora do Geni (Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos) da UFF (Universidade Federal Fluminense).

“Pequenas facções locais acabam se beneficiando de se aliar a essas grandes facções porque elas entram em redes de solidariedade, de contato para compra de drogas, de armas, de suporte em situações de rivalidade.”

No caso cearense, o grupo é o GDE (Guardiões do Estado), facção que ficou conhecida pelos assassinatos violentos de rivais e que, em disputa por territórios com o CV em 2017, transformou a região metropolitana de Fortaleza na área com maior taxa de homicídios do país, de 86,7 para cada 100 mil habitantes.

Em janeiro de 2018, membros do GDE invadiram uma festa e mataram 14 pessoas, a maior chacina do estado. Depois disso, em meio a intensa repressão de autoridades locais, com a prisão de vários líderes, o grupo entrou em derrocada.

Foi nesse contexto de enfraquecimento que membros da facção passaram a aderir ao TCP. Essa aproximação, segundo as investigações, se deu a partir da migração de lideranças do GDE do Ceará para o Rio de Janeiro, onde tiveram contato com líderes do TCP e passaram a costurar a aliança.

“A gente tem informações de inteligência que precisa manter sob sigilo, mas essas lideranças têm papel fundamental. São as pessoas que orientam e que determinam como aquele grupo criminoso vai atuar, as cooperações e as novas formas de financiamento”, afirma Márcio Gutiérrez.

Desde setembro, a Polícia Civil vem monitorando “as consequências e desdobramentos dessa aliança”. “Temos feito diversas capturas e compreendido o método [de atuação da facção]”, completa o delegado-geral.

PRÓXIMA DA MILÍCIA E ALIADA DO PCC

Nesse sentido, Kristina Hinz, pesquisadora associada ao programa de pós-graduação em Ciências Sociais da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), identifica três características fundamentais do TCP, para além do caráter religioso.

  • A relação menos conflituosa com a polícia, o que tem evitado confrontos nas regiões dominadas pela facção no Rio de Janeiro;
  • A formação de uma aliança com o PCC, que “proporcionou um acesso a uma rede maior de crime organizado, e, principalmente, acesso aos seus mercados internacionais”;
  • E a aproximação de grupos milicianos.

O TCP pratica, aliás, um tipo de crime recorrente entre as milícias, o de extorsão, modalidade que tenta reproduzir em outros estados.

No início de novembro, três suspeitos foram presos em flagrante em Maracanaú após tomarem de vendedores ambulantes máquinas para registros de apostas na loteria estadual e exigirem uma porcentagem do valor arrecadado.

O rival CV também é adepto da modalidade e procura replicá-la em outras regiões. Em março deste ano, a facção realizou uma série de ataques a provedores de internet em cidades cearenses em busca de cobrança de valores das empresas, uma espécie de “pedágio”. Segundo Gutiérrez, essa atividade já foi contida pela polícia.

GUERRA CONTRA O CV

O TCP surgiu em 2002 como uma dissidência do CV e vive em guerra contra a facção no Rio de Janeiro em busca de domínio territorial. O conflito é alimentado por um arsenal de armas de grosso calibre, como fuzis, artefatos explosivos, como granadas, e até drones.

O antagonismo ao CV e o objetivo de tomada e controle de territórios é algo que preocupa pesquisadores e especialistas em segurança pública dentro do contexto de expansão geográfica das duas facções.

No Ceará, a taxa de homicídios recuou nos últimos anos, mas as cidades do estado seguem no topo do ranking das mais violentas do país. Três municípios cearenses aparecem entre os dez com maior taxa de homicídios no último Anuário Brasileiro de Segurança Pública, incluindo o primeiro lugar, Maranguape (79,9 por 100 mil). Maracanaú ocupa o 9º lugar (68,5 por 100 mil).

O temor é que a chegada do TCP seja acompanhada de uma intensificação na disputa por comunidades e que isso se reflita em mais mortes.

“Eu acho que sempre há risco”, diz Luiz Fábio Silva Paiva, coordenador do LEV (Laboratório de Estudos da Violência) da UFC (Universidade Federal do Ceará).

“Vai depender muito da movimentação entre os grupos e do próprio estado. Na medida em que esses grupos se acomodam e veem a possibilidade de uma trégua, você vai ter menos conflitos. Já aconteceram momentos assim antes, de dizer que ‘tá tudo apaziguado'”, avalia o pesquisador.

FECHAMENTOS DE ESCOLAS E ‘VILAREJO-FANTASMA’

Não é, contudo, o que se observa no momento no Ceará.

Em agosto, a escalada de violência na disputa entre facções na capital, com episódios de intensas trocas de tiros, chegou a provocar o fechamento temporário de algumas escolas.

No mês seguinte, um vilarejo no município de Morada Nova virou uma “cidade-fantasma” depois que moradores foram forçados a deixar suas casas em meio a um conflito entre grupos rivais.

A violência do crime organizado colocou o estado no debate nacional sobre segurança pública, tema apontado como principal preocupação pelos eleitores e um dos grandes assuntos que devem mobilizar as eleições de 2026.

Paiva estuda há mais de dez anos a formação e presença de facções no Ceará e elenca uma série de fatores para explicar porque o estado segue no topo do ranking de municípios com as maiores taxas de homicídio do país.

O Ceará, ele diz, tem uma localização estratégica, um atrativo para grupos criminais. “É fácil sair daqui para praticamente todas as cidades do Nordeste. Você tem uma conexão tanto com o Norte quanto com o Sul.”

Ele aponta também uma combinação explosiva entre demanda e oferta, com a expansão do consumo de drogas no estado, tanto na capital quanto no interior, e a presença de “agentes criminais motivados”, com “disposição para fazer trânsito de drogas”, que hoje circulam por portos e aeroportos, inclusive clandestinos.

“Não é à toa que os números de homicídios, de conflito armado o tempo todo, são muito significativos”, completa Paiva.

Essa presença massiva de mão de obra para o crime, em sua avaliação, é uma decorrência “do próprio desenvolvimento do estado”, que foi muito desigual. O Ceará passou por um processo de expressivo crescimento econômico na última década, mas com manutenção de altos índices de pobreza e desigualdade.

‘TODOS PREFEREM O SILÊNCIO PORQUE TÊM MEDO DE PERDER A VIDA’

Moradores de áreas controladas pelo CV em Fortaleza que conversaram sob condição de anonimato com a reportagem também temem que a chegada de uma facção rival intensifique a escalada de violência.

Na prática, contudo, é uma mudança com muito sabor de “mais do mesmo”. Há anos, residentes de áreas conflagradas vivem sob uma série de limitações por conta das disputas entre grupos criminosos. Muitos estão acostumados a ouvir “chuvas de balas” à noite, evitam sair de casa e frequentar bairros dominados por facções rivais.

A dinâmica de conflito permanente chega a separar famílias dentro da mesma cidade. Uma das pessoas ouvidas pela BBC News Brasil comentou, em tom de lamento, que, apesar de viver a poucos quilômetros da irmã, não a encontra mais e, por isso, ainda não teve chance de conhecer a sobrinha que nasceu há poucos anos.

“Hoje os adolescentes se trancam em casa. Têm medo de falar qualquer coisa sobre o assunto”, diz Reginaldo Silva, gerente de advocacy (promoção) e participação juvenil da ONG cristã Visão Mundial, que atua em defesa dos direitos da criança e do adolescente.

Foi essa organização que tentou alertar as autoridades cearenses que estudantes que acabaram sendo assassinados em Sobral em setembro vinham sendo ameaçados por frequentarem uma escola em área controlada por uma facção diferente daquela que dominava a região em que viviam.

“Eu já recebi ligação de adolescente dizendo: ‘Olha, eu estou aqui embaixo da minha cama porque está acontecendo tiroteio e eu estou com medo’. Hoje não tem mais esse relato que chega abertamente”, afirma Silva. “Todos preferem o silêncio porque têm medo de perder a vida.”

A organização, que atua na capital e em outras cidades no Ceará, identificou um aumento da violência em algumas das regiões onde houve entrada do TCP, assim como episódios de intolerância religiosa em Maracanaú e na vizinha Pacatuba.

TRAFICANTES EVANGÉLICOS?

A presença de traficantes que se dizem evangélicos não é exclusividade do TCP, ainda que o grupo tenha particularidades que vêm chamando a atenção de pesquisadores dentro do contexto do que alguns têm denominado de “narcopentecostalismo”.

Especialistas apontam que a influência de religiões sobre as dinâmicas de poder do tráfico sempre existiu e não é algo particular ao protestantismo. Esse fenômeno, agora ligado à fé evangélica, é um reflexo do próprio avanço dessa religião entre os brasileiros. A adesão de membros de grupos criminosos a elas está dentro desse processo de expansão.

Em um artigo sobre a criação do Complexo de Israel, a coordenadora do LePar (Laboratório de Estudos em Política, Arte e Religião) da UFF, Christina Vital da Cunha, aponta que, nas décadas de 1980 e 1990, não era raro encontrar traficantes no Rio de Janeiro que se identificavam com religiões de matriz africana, dinâmica que foi se transformando no ritmo do crescimento do neopentecostalismo.

Em seu trabalho de campo, a pesquisadora acompanhou essa mudança nos murais e grafites que coloriam as comunidades cariocas. Com o passar dos anos, símbolos que faziam referência à umbanda e ao candomblé foram sendo substituídos por mensagens e imagens cristãs ligadas às crenças neopentecostais.

Esse fenômeno ganhou complexidade mais recentemente, quando a religião foi além das escolhas individuais de traficantes e passou a influenciar a identidade de grupos criminosos, como é o caso do TCP.

Os discursos, símbolos e ritos religiosos foram incorporados na conduta criminal da facção, observa Kristina Hinz, pesquisadora associada ao programa de pós-graduação em Ciências Sociais da Uerj.

“Notavelmente, as facções narcopentecostais se utilizam do discurso religioso para legitimar a expansão dos seus territórios e nos confrontos com outras facções”, destaca.

“O combate de inimigos passa a ser compreendido como guerra espiritual. Isto tem ocorrido principalmente em confrontos com o Comando Vermelho, tradicionalmente relacionado a religiões de matriz africana”, completa.

Como conciliar, entretanto, a contradição entre a prática criminal, com assassinatos, torturas e extorsões, e a postura que se espera de fiéis cristãos? Hinz diz que a violência praticada por grupos ligados ao narcopentecostalismo “é legitimada com discursos do combate bélico e violento em nome da purificação religiosa e do combate das forças diabólicas, do mal”.

Na comunidade evangélica mais tradicional, a rejeição da ideia de que traficantes possam ser de fato cristãos é muito forte. A lógica é que “ser evangélico” não significa só aderir às crenças da religião, mas ter atos e um estilo de vida de acordo com certos preceitos. Por isso, a ideia de um criminoso evangélico seria, portanto, inaceitável.

Paiva aponta que o TCP não pratica uma “teologia profunda”, mas destaca a força que essa retórica tem na criação de uma “unidade ideológica”.

“É um grupo que conseguiu, dentro da esfera criminal, de fato tornar a religião como elemento motivador das coisas”, avalia o sociólogo.

Uma combinação que, diante do avanço do protestantismo, pode continuar atraindo adeptos. O último censo realizado entre a população carcerária no Ceará mostrou que 43,2% dos quase 20 mil presos eram evangélicos. Outros 33% eram católicos e os demais seguiam outras crenças.

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Maioria dos trabalhadores de Rio Branco vive sob forte pressão financeira, aponta pesquisa

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Os dados revelam uma realidade complexa. Enquanto a maior parte dos lares (25,5%) tem três moradores, seguidos por 24% com duas pessoas e 20,5% com quatro, uma fatia significativa de 17% abriga cinco ou mais indivíduos

Para 36,5% da população, a renda obtida pelo núcleo doméstico é declarada insuficiente para cobrir as necessidades básicas. Foto: captada 

Ascom Fecomércio/AC

A combinação de baixa renda, avanço da informalidade e alto nível de endividamento está empurrando a maior parte dos trabalhadores de Rio Branco para um cenário de forte restrição orçamentária. A conclusão é da pesquisa do Instituto DataControl, encomendada pela Fecomércio/AC e divulgada nesta quinta-feira, 4.

Segundo o estudo, realizado com 200 pessoas economicamente ativas no final de novembro de 2025, 61,5% sobrevivem com até R$ 1.518 por mês, enquanto 51,5% possuem dívidas parceladas, das quais metade compromete mais de 20% da renda familiar. O aperto é tão grande que 27,5% recorrem a “bicos” para completar o orçamento, 16,5% buscam empréstimos e 10% deixam de pagar alguma conta considerada menos essencial. Apenas 41% conseguem poupar qualquer valor ao final do mês.

O levantamento mostra que 83,3% exercem alguma atividade remunerada, mas nem sempre em condições estáveis. Apenas 35,5% têm vínculo formal. Outros 17% trabalham sem contrato, sendo 11,5% realizando bicos e 5,5% atuando como empresários. Há ainda 12,5% de aposentados. Esse cenário de precariedade se reflete no fato de que 38% dos entrevistados não declaram um emprego fixo.

A taxa de desemprego atinge 16,7% da população e revela profunda desmotivação. 44,4% dos desempregados não procuram mais uma vaga, enquanto 31,9% buscam trabalho há mais de dois anos e 17,4% sequer lembram desde quando estão sem emprego. O estudo também aponta que 19,5% trocaram de emprego no último ano, reforçando o cenário de instabilidade.

Para o assessor da Fecomércio-AC, Egídio Garó, os dados reforçam uma tendência já percebida no setor produtivo. “Estamos diante de um mercado de trabalho que emprega, mas ainda não garante estabilidade financeira para grande parte das famílias. A renda é baixa, o endividamento é alto e a margem para poupar é mínima”, afirmou.

Os dados revelam uma realidade complexa. Enquanto a maior parte dos lares (25,5%) tem três moradores, seguidos por 24% com duas pessoas e 20,5% com quatro, uma fatia significativa de 17% abriga cinco ou mais indivíduos, o que intensifica a demanda por recursos. Contudo, essa carga muitas vezes não é distribuída de forma proporcional. Em 44,4% das famílias, o sustento recai sobre os ombros de uma única pessoa, e em 39,5%, apenas dois membros arcam com todas as despesas.

É neste cenário que a percepção de insuficiência se cristaliza. Para 36,5% da população, a renda obtida pelo núcleo doméstico é declarada insuficiente para cobrir as necessidades básicas. “Isso evidencia um descompasso estrutural entre o tamanho das responsabilidades e a capacidade financeira disponível para suportá-las”, detalhou o assessor da Fecomércio-AC, Egídio Garó.

A gestão das dívidas e a capacidade de planejamento financeiro revelam um cenário de constante tensão. O estudo aponta que 33,3% gastaram mais com compromissos, enquanto 37,5% mantiveram o nível de desembolso. Para mais da metade (54%) dos entrevistados, as parcelas mensais já representam uma dificuldade clara para o equilíbrio das contas. Ainda que a maioria (57,5%) declare realizar algum tipo de planejamento de gastos, a prática não é suficiente para evitar os apertos.

Quando o orçamento estoura, uma esmagadora maioria de 77,5% depende da negociação de prazos de até 30 dias para se reerguer, e 9,5% necessitam de mais de 45 dias, indicando uma fragilidade significativa na capacidade de absorção de choques.

A pesquisa também detalhou o perfil do mercado de trabalho de Rio Branco. 53% dos trabalhadores são mulheres, e 61,5% estão na faixa etária economicamente mais ativa, entre 16 e 44 anos. Em termos de formação, 37% concluíram o ensino médio, enquanto 16% possuem diploma de nível superior. A estrutura ocupacional é liderada pelo setor de serviços (21,5%), seguido pelo comércio (19%) e pelo setor público (16,5%).

A mobilidade urbana também pesa no bolso e no tempo dos trabalhadores. 29,5% consideram grande a distância entre casa e trabalho, enquanto 27,5% usam transporte coletivo, 18,5% a moto e 15% o carro próprio.

Egídio Garó explicou que os números são um alerta claro para a necessidade de mais oportunidades de emprego formal e de melhor remuneração em Rio Branco.

“A alta proporção de pessoas com a renda comprometida e sentindo a insuficiência de seus ganhos demonstra que a recuperação econômica precisa chegar com mais força ao bolso do trabalhador”, concluiu.

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Nota pública sobre atendimentos da Secretaria de Agricultura, Cageacre e Emater

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A medida é temporária e visa garantir a continuidade dos serviços públicos enquanto são realizados ajustes administrativos e estruturais nas sedes dos órgãos

O governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Agricultura (Seagri), da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e da Companhia de Armazéns Gerais e Entrepostos do Acre (Cageacre), informa que as instituições listadas abaixo estarão com atendimentos presenciais nos seguintes locais:

  • Emater – pontos de atendimento na Secretaria de Estado de Indústria, Ciência e Tecnologia (Seict), localizada no Hotel Pinheiro – Rua Rui Barbosa, 450, Centro – Rio Branco – AC;
  • Cageacre – Rua Estado do Acre, número 16, no Bairro da Base; pontos de atendimento no Mercado dos Colonos, localizado na Rua Estado do Acre, número 16, no bairro da Base, Centro – Rio Branco – AC;
  • Seagri – ponto de atendimento no novo prédio da Secretaria de Educação, situado na Avenida Nações Unidas, 1955, em frente ao 7º Batalhão de Engenharia de Construção (7º BEC), nas salas 501 e 502.

A medida é temporária e visa garantir a continuidade dos serviços públicos enquanto são realizados ajustes administrativos e estruturais nas sedes dos órgãos. O governo do Estado agradece a compreensão de todos e reforça o compromisso com a eficiência e a qualidade no atendimento à população.

Rynaldo Lúcio dos Santos

Presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural

Pádua Cunha

Presidente da Companhia de Armazéns Gerais e Entrepostos do Acre

José Luís Tchê

Secretário de Estado de Agricultura

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Governo do Acre celebra conquista de servidor público em premiação nacional de fotojornalismo

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Para o governo do Acre, o prêmio reafirma a importância do investimento público na qualificação das equipes de comunicação

Imagem vencedora é de reportagem que retrata coleta de coquinhos caídos das palmeiras, sementes de um ouro vegetal que alimenta sonhos e sustenta famílias: o murumuru. Foto: Pedro Devani/Secom

A Secretaria de Estado de Comunicação, por meio da Agência de Notícias do Acre, conquistou o segundo lugar no Prêmio Ampla de Jornalismo, na categoria Fotojornalismo, com um trabalho assinado pelo fotojornalista Pedro Devani. A imagem premiada ilustra a reportagem “Do murumuru ao mundo: mulheres do Acre moldam a bioeconomia com saber ancestral e cuidado com a floresta”, escrita pela repórter Tácita Muniz.

O reconhecimento reforça a excelência do trabalho desenvolvido por profissionais da comunicação do Estado e evidencia o resultado direto dos investimentos que o governo do Acre vem realizando na capacitação contínua de seus servidores.

Promovido pela Ampla Amazônia, o prêmio reconhece as melhores produções jornalísticas sobre Amazônia, inovação, impacto social e ambiental. A cerimônia oficial foi realizada nesta quarta-feira, 3, em Belém (PA), reunindo grandes nomes da comunicação e do jornalismo da região.

A Ampla Amazônia é uma organização apartidária, representativa de lideranças da Amazônia. Um laboratório de ideias e gerador de debates. Buscando fomentar o empreendedorismo no Pará e na Amazônia, dialogando com o setor público e fortalecendo o setor privado.

Ampla Amazônia é uma organização apartidária, representativa de lideranças da Amazônia. Foto: Marcos Nascimento

Pedro Devani também foi convidado a participar da cerimônia, simbolizando a importância da presença de profissionais que atuam diariamente na produção de conteúdo sobre a Amazônia. “Estou muito feliz”, afirmou Devani. “É um prêmio que destaca a bioeconomia na Amazônia, valorizando uma família de mulheres, que tira seu sustento da coleta diária de murumuru, coquinho. Há um detalhe curioso: a mulher retratada na foto que fiz é paraense e reside em Cruzeiro do Sul há mais de dez anos.”

“Sinto-me honrado por representar a Agência e, mais ainda, por este reconhecimento à fotografia e aos fotógrafos. Neste momento, represento o Acre, sendo o único a ganhar este prêmio de fotografia até agora. Lembro que no ano passado a [jornalista] Tácita [Muniz] se inscreveu e conquistou o terceiro lugar na categoria texto”, concluiu.

Pedro Devani tem mais de três décadas atuando na comunicação pública do estado do Acre. Foto: Marcos Nascimento

Para o governo do Acre, o prêmio reafirma a importância do investimento público na qualificação das equipes de comunicação. “Essa conquista demonstra que investir na formação e no aprimoramento dos nossos servidores gera resultados concretos. Pedro Devani é um exemplo do comprometimento e do talento que temos dentro do Estado”, destacou a secretária de Comunicação, Nayara Lessa.

Para o governo do Acre, o prêmio reafirma a importância do investimento público na qualificação das equipes de comunicação. Foto: José Caminha/Secom

Pedro atua como fotojornalista em diversas coberturas institucionais, registrando o cotidiano acreano com sensibilidade e rigor técnico. Sua vitória, além de celebrar o talento individual, reforça o compromisso do governo em fortalecer o jornalismo público, valorizando profissionais que ajudam a contar a história do Acre e da Amazônia com responsabilidade e profundidade.

A premiação representa mais um marco para o reconhecimento nacional da comunicação pública do Acre, que segue se destacando pela qualidade do conteúdo produzido e pela valorização dos servidores que constroem diariamente essa narrativa.

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