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Extrativismo do látex impulsiona produção de borracha no Amazonas

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Em Manicoré (a 347 quilômetros da capital do Amazonas), a borracha se tornou a principal fonte de renda de famílias que antes atuavam no garimpo ilegal. São cinco as associações no município

Fardos de látex prontos para o processamento: produção em alta em Manicoré. Foto: Divulgação

Com OBS BR-319

É o látex, e não a madeira ilegal ou pastos para o gado a partir de desmatamentos, que movimenta a economia nos municípios de Canutama, Manicoré e Lábrea, situados na BR-319, no Amazonas. Seringueiras nativas proporcionaram 131,5 toneladas de látex em 2023 e as associações de extrativistas estimam produzir 150 toneladas até o final deste mês de dezembro.

São três as causas da retomada da produção nesses municípios: a vasta presença de seringueiras nativas, a oferta de mão de obra e o incentivo do projeto “Juntos pelo Extrativismo da Borracha da Amazônia”, do Observatório BR-319 em parceria com o CNS (Conselho Nacional das Populações Extrativistas) e a ONG WWF-Brasil.

Em 2022, primeiro ano de extração de látex com o apoio do projeto, foram colhidas 60 toneladas de látex e vendidos para a Michelin no Brasil, gerando R$ 900 mil de renda para as famílias participantes.

“Com a retomada da cadeia da borracha, começamos com sete famílias em 2021, que geraram 2.102 quilos. Em 2022, chegamos a 47 famílias com 19.624 quilos e, no ano passado, atingimos 69 famílias e 29,2 toneladas de borracha. Neste ano, temos 101 famílias associadas atuando diretamente com a produção da borracha e a previsão é atingir mais de 40 toneladas”, diz Leandro Nascimento, presidente da Aspac (Associação dos Produtores Agroextrativistas de Canutama), a 640 quilômetros de Manaus.

“Esse projeto está mudando a nossa realidade e a vida de muitas pessoas. A família toda ajuda, com seringueiros e seringueiras, além de seus filhos retirando o látex. Tem família que vai apresentar uma tonelada de borracha na produção de 2024 e isso gera um bom dinheiro para eles realizarem seus sonhos”, acrescenta.

Extrativistas relatam dificuldade para conseguir o kit seringa para extrair o látex. Foto: Divulgação

Em Manicoré (a 347 quilômetros da capital do Amazonas), a borracha se tornou a principal fonte de renda de famílias que antes atuavam no garimpo ilegal. São cinco as associações no município: Apaiga (Associação dos produtores Agroextrativistas do Igarapezinho), Amalcg (Associação dos Moradores Agroextrativistas do Lago do Capanã-Grande), Apacobs (Associação de Moradores Agroextrativistas da Comunidade de Bom Suspiro), Apramad (Associação de Moradores Agroextrativistas Nossa Senhora de Nazaré da Barreira do Matupiri), e Atininga (Associação de Moradores Agroextrativistas do Rio Atininga).

No ano passado a Amalcg produziu 21.350 kg; a Apaiga fez 15.200 kg; as famílias seringueiras da Apacobs colheram 5.871 kg; a Apramad, 4 mil kg; e a Atininga, 3.090 kg.

Natasha Mendes, analista de conservação da WWF-Brasil, afirma que “a revitalização da cadeia produtiva da borracha nessa região é uma forma de resistência frente às mudanças climáticas, altos índices de desmatamento e expansão da fronteira agrária nesta região”. “É uma alternativa sustentável e viável de gerar renda através da floresta em pé, além de trazer dignidade às populações desta região”, diz Natasha.

Para Silvia Elena Batista, secretária de Direitos Humanos do CNS, a retomada da atividade de coleta do látex nesses municípios é fundamental para reduzir o desmatamento e frear a degradação da floresta. “O trabalho na cadeia da borracha tem tirado, inclusive, pessoas do garimpo ilegal, que hoje ganham dinheiro sem causar danos ambientais e esse é um dos motivos pelos quais lutamos pela continuidade, e expansão do projeto, que dá dignidade aos extrativistas”, disse.

Fardos de látex são levados para Rondônia para o processamento. Foto: Divulgação

Economia e preservação ambiental

Conforme o Observatório da BR-319, a iniciativa envolve 4.170 famílias e contribuiu diretamente para a conservação de 60 mil hectares de floresta na Amazônia a partir do manejo para a produção da borracha, somente em 2022.

Outro resultado positivo é o alcance das ações em Unidades de Conservação que somam 1,3 milhão de hectares em áreas pressionadas pelo desmatamento e outras atividades ilegais. Entre as UCs estão: Reserva Extrativista (Resex) do Lago do Capanã Grande, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Madeira, ambas em Manicoré; a Resex Canutama e a Floresta Estadual (FES) Canutama; além da Resex Médio Purus, em Pauini. Outros municípios amazonenses que também compõem o arranjo da borracha são: Eirunepé, Barcelos e Itacoatiara.

Produção em Lábrea

Em Lábrea (a 852 km de Manaus), a APACJG (Associação dos Produtores Agroextrativistas da Comunidade José Gonçalves) tem 20 anos de atuação. No ano passado, 223 famílias produziram 52,8 toneladas de látex.

Atualmente, a produção parte de Lábrea pela BR-319 até Porto Velho (RO) e, depois, para o município de Sena Madureira, no Acre, onde a borracha é processada. A produção deste município faz parte de outro arranjo, que vende a borracha para o Acre.

“Ainda enfrentamos muitas dificuldades como a falta do kit sangria, que é a tigela, balde e faca, porque não tem no mercado e ainda tem um valor alto. Faltam políticas públicas para fortalecer ainda mais a cadeia produtiva da borracha”, diz Antônio David Brito, presidente da APACJG.

“Essa produção, além de ajudar na geração de renda, também tem um papel social muito importante porque tirou muitos jovens que estavam fazendo coisas ilícitas e hoje ajudam os pais na retirada do látex. Além disso, a associação não tem sede própria. Mas nada impede de lutarmos para crescer cada vez mais e os números estão apontando isso”, disse Antônio David.

Segundo ele, a associação começou com 25 famílias em 2019 e apenas cinco toneladas, e foram crescendo, ano a ano. A meta deles é atingir 60 toneladas na safra de 2024. “Isso é muito bom, porque é uma forma de valorizar o nosso trabalho. Nós somos grandes protetores das florestas e todo esse trabalho precisa ser cada vez mais recompensado”, complementa.

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Hugo Souza explica briga entre jogadores do Corinthians: “Fui apartar”

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Matheuzinho e Yuri Alberto protagonizaram uma discussão durante a partida contra o Vasco

Hugo Souza, do Corinthians, durante partida contra o Vasco • Divulgação/Corinthians

O empate sem gols entre Corinthians e Vasco, nesta quarta-feira (18), na Neo Química Arena, pelo jogo de ida da final da Copa do Brasil, foi marcado por um desentendimento interno no elenco alvinegro.

Durante o segundo tempo, Matheuzinho e Yuri Alberto protagonizaram uma discussão dentro do campo antes da cobrança de um escanteio. A confusão exigiu a intervenção do goleiro Hugo Souza, que entrou no meio para conter a tensão e evitar que a briga ganhasse maiores proporções.

A divergência, no entanto, não ficou restrita aos 90 minutos. Após o apito final, o lateral e o atacante voltaram a discutir no caminho para o vestiário. Matheuzinho tentou conversar com Yuri Alberto, que recusou.

Hugo Souza falou sobre o episódio na zona mista.

”Bom, na verdade ali é o jogo. Todo mundo quer ganhar e quando as coisas não estão acontecendo da forma que a gente imagina, acaba que a cabeça fica um pouco quente. Na verdade eu fui apartar uma discussão entre a gente, mas era uma discussão para a nossa melhora, para gente tentar entender o que estava acontecendo no jogo”, explicou Hugo Souza na zona mista.

Como foi o jogo

Em um jogo bastante disputado no meio e de poucas chances claras de gol, Corinthians e Vasco empataram por 0 a 0, nesta quarta-feira (17), pelo jogo de ida da final da Copa do Brasil.

A Neo Química Arena, estádio do Timão, recebeu uma bela festa dos 47.339 torcedores presentes, segundo maior público do local no ano. A partida teve dois gols invalidados por impedimento — Rayan pelo time carioca e Memphis Depay pelo paulista.

Hugo Souza avaliou que o Corinthians apresentou um desempenho abaixo do esperado.

”Ficou claro que fizemos um jogo abaixo do que esperávamos. Talvez ter um pouco mais a bola e botar o nosso plano de jogo em prática. A gente sabe que precisa melhorar e agora é corrigir o que fizemos hoje. O que aconteceu hoje pode servir de aprendizado para a gente. Que bom que não perdemos o jogo hoje. Foi difícil, a equipe do Vasco é qualificada. O plano deles hoje funcionou mais do que o nosso”, afirmou.

Sem vantagem para nenhum dos lados, a definição do campeão da Copa do Brasil virá no Maracanã, domingo (21), com mando da torcida vascaína. Os ingressos já estão esgotados.

“A gente tem certeza que vai melhorar e fazer um jogo melhor lá, porque se a gente quer ser campeão, a gente precisa fazer um jogo melhor”, concluiu o goleiro.

Fonte: CNN

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PF prende filho do “careca do INSS” em nova fase de operação contra fraudes

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Foto: reprodução/TV SENADO

A PF (Polícia Federal) prendeu, nesta quinta-feira (18), Romeu Carvalho Antunes, filho de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”,  em mais uma fase da operação Sem Desconto, que apura irregularidades no pagamento de descontos associativos a aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

Ao todo, estão sendo cumpridos 52 mandados de busca e apreensão, 16 mandados de prisão preventiva e outras medidas cautelares, expedidos pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Entre os alvos da operação também está o senador Weverton Rocha (PDT-MA), vice-líder do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

As ações da PF ocorrem nos estados de São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais e Maranhão, além do Distrito Federal.

A operação desta quinta tem como objetivo “esclarecer a prática dos crimes de inserção de dados falsos em sistemas oficiais, constituição de organização criminosa, estelionato previdenciário e atos de ocultação e dilapidação patrimonial”.

 

Fonte: CNN

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MP do Amapá aciona Estado e parceiros por danos a pacientes em mutirão de catarata

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Ação civil pública pede indenização de ao menos R$ 9 milhões e pensão vitalícia a vítimas que perderam a visão após surto de infecção

O Ministério Público do Amapá (MP-AP) ajuizou uma Ação Civil Pública para responsabilizar o Estado do Amapá, o Centro de Promoção Humana Frei Daniel Saramate (Capuchinhos) e a empresa Saúde Link pelos danos causados a pacientes durante um mutirão de cirurgias de catarata realizado em 2023. A ação requer indenização por danos morais e materiais coletivos, além do pagamento de pensão vitalícia aos pacientes que tiveram perda total da visão.

Ao todo, 141 pessoas foram afetadas por um surto de endoftalmite após os procedimentos. Destas, 17 perderam completamente a visão e dezenas sofreram sequelas graves à saúde. O mutirão ocorreu no Centro de Promoção Humana – Capuchinhos, dentro de um programa socioassistencial do governo estadual.

De acordo com o MP-AP, inspeções realizadas pela Vigilância em Saúde identificaram condições higiênico-sanitárias inadequadas, falhas no controle de infecção e riscos à segurança dos pacientes. Um relatório do EpiSUS-Avançado concluiu que o episódio foi resultado de uma falha sistêmica e evitável, apontando negligência e imprudência por parte dos responsáveis. O Conselho Regional de Medicina também havia emitido alertas prévios sobre os riscos existentes nas instalações.

Com base nas provas técnicas e nos depoimentos colhidos, o MP-AP pede o reconhecimento da responsabilidade civil solidária dos envolvidos, a condenação ao pagamento de indenização por danos morais coletivos no valor mínimo de R$ 9 milhões e a concessão de pensão vitalícia às vítimas que perderam totalmente a visão.

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