Acre
Educação de Jovens e Adultos transforma vidas com formação profissional, incentivo e busca ativa por novos sonhos

Antônio Leandro é aluno da Educação de Jovens e Adultos do Acre. Foto: Mardilson Gomes/SEE
“Hoje eu me sinto em casa. A escola me acolheu. Me deu liberdade e vontade de continuar.” O relato é de Antônio Leandro da Silva Barbosa, estudante da primeira etapa da Educação de Jovens e Adultos (EJA) na Escola Serafim da Silva Salgado, em Rio Branco.
Como a maioria, a história de Antônio com a escola começou na infância, mas foi marcada dificuldades com a visão e experiências traumáticas de bullying por ele usar óculos com grau muito alto. ”Quando colocava o óculos, meus olhos ficavam grandes, eu achava que todos estavam me olhando, me tirando. Isso me travou, me fez parar”, conta.
A vida seguiu, Antônio cresceu, formou família, uma esposa e dois filhos. Uma vida de muito esforço, tendo que conciliar o trabalho de transporte por aplicativo com a rotina com os cuidados com os filhos autistas. Foi quando ele passou a frequentar a Escola Serafim como pai, acompanhando o mais velho, aluno da unidade, que ele reencontrou o caminho de volta aos estudos.
“Todo dia eu deixava meu filho na escola. A coordenadora me viu, conversou comigo e também falou com a minha esposa. Disse: ‘Manda o Leandro vir se matricular na EJA’. Aí eu pensei: ‘Vou fazer um teste. Se eu conseguir enxergar, continuo. Se não, desisto de novo’. Fui, fiz o teste… e tô aqui, estudando.”
Assim como Antônio, mais de 12 mil estudantes estão matriculados atualmente na EJA em todo o estado. A modalidade atendeu 14.926 alunos em 2024, e a meta da Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE) é alcançar 15.500 matrículas até o fim de 2025. Para isso, ações estratégicas como a Busca Ativa Escolar vêm sendo intensificadas em diversas unidades da rede.
Busca Ativa
Em 2024, a conversa e o convite da coordenadora com relação a Antônio foram, na prática, parte da Busca Ativa Escolar da EJA. Embora ele não soubesse na época, foi um dos muitos estudantes alcançados por essa política pública. Hoje, aos 35 anos, ele segue determinado a concluir o ensino fundamental e servir de exemplo para os filhos.
“Eu mesmo faço busca ativa. Já liguei para colegas que desistiram. Eu digo: ‘Não para, bora continuar’. O que eu quero para mim, quero para os outros também”, afirma Antônio.

Aluno chegou a escola por meio da Busca Ativa Escolar da EJA. Foto: Mardilson Gomes/SEE
Para garantir o acesso à educação, a Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE) tem mobilizado uma grande rede de profissionais e parceiros em todo o estado com foco na Busca Ativa. A iniciativa ocorre durante todo o ano, especialmente no início de cada semestre, com o objetivo de localizar, sensibilizar e reintegrar jovens, adultos e idosos que não concluíram a educação básica.
Com ações realizadas em 26 escolas estaduais em Rio Branco e em 100 escolas nos municípios, a estratégia inclui visitas domiciliares, articulação com lideranças comunitárias, uso de carros e motos de som, faixas, banners, além de inserções em programas de rádio e televisão. Também são usadas redes sociais e meios digitais para informar e mobilizar.
Qualificação e oportunidades
Além de buscar novos alunos que precisam de EJA, pela primeira vez, a Educação do Acre passou a oferecer cursos de qualificação profissional integrados à escolarização na modalidade, ampliando as oportunidades para quem deseja retomar os estudos e entrar no mercado de trabalho.
Hoje, a rede conta com 16 cursos profissionalizantes, ofertados em 46 escolas de 19 municípios, beneficiando diretamente 2.384 estudantes.

Suelen Crislaine tem pela primeira vez a oportunidade de fazer um curso profissionalizante. Foto: Mardilson Gomes/SEE
Uma delas é Suelen Crislaine Pessoa, uma jovem mãe de 23 anos que estuda à noite e cuida da filha de 4 anos anos durante o dia. “É o meu primeiro curso profissionalizante. Eu achava que era difícil, mas descobri que posso aprender sim. É uma oportunidade que nunca tive antes”, conta
Suelen concluirá a terceira etapa da EJA agora no meio do ano, e além do certificado do ensino médio, ela também sairá da rede estadual com o certificado de Operador de Caixa de Supermercado.
Pé-de-Meia: estudar com apoio financeiro
Outro diferencial para os alunos da EJA foi a chegada do programa Pé-de-Meia, um incentivo financeiro do Governo Federal que garante auxílio mensal durante o período de estudos e uma quantia extra ao fim da etapa concluída.

Para Vitor Galdino o apoio financeiro ajuda na continuação dos estudos. Foto: Mardilson Gomes/SEE
O programa atende jovens como Vitor Galdino que, aos 19 anos, está concluindo a última etapa da EJA. “Quando eu soube que tinha direito ao Pé-de-Meia, eu nem acreditei. É um dinheiro que ajuda muito a continuar na escola ”, afirma o aluno que também faz o curso de operador de caixa.
O programa prevê R$ 200 de pagamento único na matrícula, quatro parcelas de R$ 225 ao longo do ano, mediante frequência mínima mensal de 80%, bônus de R$ 200 para quem participar do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Para ser elegível, o estudante deve estar matriculado na EJA da rede pública, ter entre 19 e 24 anos, ser integrante de família no CadÚnico com renda per capita de até meio salário mínimo, possuir CPF regular e manter frequência mínima de 80%.
Matrículas abertas até 30 de junho
As matrículas para a EJA seguem abertas até o dia 30 de junho, em todas as escolas da rede estadual que ofertam a modalidade. Jovens a partir de 15 anos (para o ensino fundamental) e adultos que não concluíram seus estudos podem se inscrever com um documento oficial com foto e comprovante de residência.

Antônio Leandro: “Nunca é tarde para comecar”. Foto: Mardilson Gomes
E para aqueles que estão em dúvida se devem ou não iniciar os estudos na EJA do Acre, o Antônio Leandro, personagem do começo desta matéria, tem um recado: “Nunca é tarde para recomeçar. O estudo abre portas, melhora nossa autoestima e muda a nossa história”.
Para saber mais, procure a escola mais próxima ou acesse o site da SEE: see.ac.gov.br.
Comentários
Acre
Justiça determina que governo do Acre nomeie 20 policiais penais em Sena Madureira
De acordo com o MPAC, há insuficiência grave de policiais penais na UPEM, o que impede o cumprimento mínimo da Lei de Execução Penal (LEP)

Para o MP, há direito subjetivo à nomeação dos aprovados dentro das vagas, conforme entendimento do STF (Tema 784). Foto: captada
Saimo Martins
A Vara Cível da Comarca de Sena Madureira determinou que o Governo do Acre convoque e nomeie, em até 30 dias, pelo menos 20 aprovados no concurso da Polícia Penal (Edital 001/2023 – SEAD/IAPEN) para atuarem na Unidade Penitenciária Evaristo de Moraes (UPEM). A decisão, assinada pelo juiz Caique Cirano de Paula, atende a pedido de tutela de urgência ajuizado pelo Ministério Público do Estado do Acre (MPAC) em Ação Civil Pública.
A medida foi tomada após uma série de inspeções do Ministério Público, através do promotor Júlio César Medeiros, da Defensoria Pública e do próprio Judiciário apontarem um cenário crítico na unidade prisional, marcado por déficit de servidores, violações de direitos básicos e risco iminente à segurança.
Déficit de servidores e violações de direitos básicos
De acordo com o MPAC, há insuficiência grave de policiais penais na UPEM, o que impede o cumprimento mínimo da Lei de Execução Penal (LEP). Entre as violações identificadas estão a irregularidade no banho de sol — que chega a ocorrer apenas uma vez por mês — precariedade no fornecimento de água, problemas na qualidade da alimentação, ausência de equipe de saúde adequada e inexistência de Grupo de Intervenção, único caso no Estado.
Relatórios da Defensoria Pública e do Juízo da Execução Penal reforçaram a grave situação, caracterizada pelo Ministério Público como expressão local do Estado de Coisas Inconstitucional reconhecido pelo STF no sistema prisional brasileiro.
Concurso com vagas abertas e aprovados sem nomeação
O concurso da Polícia Penal previa 261 vagas, e 308 candidatos concluíram o curso de formação. No entanto, apenas 170 foram convocados até agora. Para o MP, há direito subjetivo à nomeação dos aprovados dentro das vagas, conforme entendimento do STF (Tema 784).
O diretor da unidade informou que seriam necessários, no mínimo, 30 novos servidores, sendo 16 para formação do Grupo de Intervenção e 12 para reforçar a equipe educacional.
Decisão determina ações imediatas
Na decisão, o juiz afirma que não há violação ao princípio da separação dos poderes, uma vez que o Judiciário apenas determina o cumprimento de obrigações legais já previstas. O magistrado destacou a urgência diante do risco à integridade física de internos e servidores, além das violações massivas de direitos fundamentais.
Segundo ele, o Ofício nº 7.499/SMCRI00, expedido pelo Juízo da Execução Penal e que estabeleceu prazos curtos para regularização do banho de sol, atendimento em saúde e fornecimento de água potável, evidencia a gravidade da situação. O juiz ressaltou que a normalização dessas atividades depende diretamente de efetivo de segurança suficiente para garantir a movimentação dos presos e a ordem interna. Ele apontou que a privação crônica de banho de sol, a ausência de assistência à saúde e as falhas no fornecimento de água elevam o risco de instabilidade interna a níveis perigosos. A falta de um Grupo de Intervenção, conforme observou o Ministério Público, transforma a UPEM em uma “bomba-relógio”, ameaçando a segurança de servidores, internos e da população. O magistrado concluiu que, diante do histórico de violência, rebeliões e evasões no sistema prisional acreano, o Poder Judiciário, provocado pelo Ministério Público e apoiado em recente atuação da Defensoria Pública, não pode se omitir frente à evidente falha do Poder Executivo na implementação das políticas penitenciárias necessárias.
O Estado deverá adotar uma série de medidas no prazo de 30 dias, conforme determinação judicial. Entre elas está a nomeação de pelo menos 20 policiais penais aprovados e formados no concurso, para atuação imediata na Unidade Penitenciária Evaristo de Moraes (UPEM). Também deverá ser criado e capacitado um Grupo de Intervenção, composto por no mínimo 16 policiais penais.
A decisão determina ainda que as vagas de estudo oferecidas aos internos sejam ampliadas de 40 para 80, além da obrigatoriedade de garantir banho de sol diário com duração mínima de duas horas, conforme prevê a Lei de Execução Penal (LEP). Outro ponto imposto é a regularização do fornecimento de água potável, que deverá ocorrer pelo menos três vezes ao dia, com horários fixos divulgados em todos os blocos da unidade.
O magistrado ainda determinou que o Estado realize a manutenção preventiva do sistema de bombeamento de água, assegurando uma reserva técnica para situações emergenciais. Em caso de descumprimento das medidas, foi fixada multa diária de R$ 10 mil, limitada a 30 dias.
“Realize a manutenção preventiva do sistema de bombeamento de água, a fim de garantir o fornecimento de água potável, no mínimo, três vezes ao dia aos internos, em horários fixos, com fixação do cronograma de liberação de água sendo afixado em todos os blocos, com manutenção de reserva técnica de água para situações emergenciais. Fixo, a título de astreintes, multa diária no montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais), limitada a 30 (trinta) dias”, diz a decisão.
Comentários
Acre
Acre tem 152 obras federais paradas, com R$ 1,2 bilhão paralisados durante governo Lula, aponta TCU
Dados atualizados até abril de 2025 mostram que saúde e educação concentram maior número de obras interrompidas; causas das paralisações não são detalhadas no painel do tribunal

O Ministério das Cidades reúne 31 obras suspensas, impactando projetos de habitação e urbanização. O DNIT contabiliza 12 interrupções em frentes relacionadas à malha viária e logística estadual. Foto: captada
O Acre convive com 152 obras federais paralisadas, que somam cerca de R$ 1,2 bilhão em investimentos represados, segundo dados do Tribunal de Contas da União (TCU) atualizados até abril de 2025. As áreas de saúde e educação são as mais afetadas, com 50 e 32 obras interrompidas, respectivamente.
O levantamento, foi consultado na última quarta-feira (3), não detalha os motivos das paralisações, mas revela um cenário crítico para a infraestrutura e os serviços públicos no estado. No Ministério da Saúde, as obras paradas incluem unidades básicas, estruturas intermediárias e equipamentos que, se concluídos, ajudariam a desafogar o sistema hospitalar e ampliar o acesso à população.
Já o Ministério da Educação tem paralisadas 32 obras, como escolas, creches e outros equipamentos essenciais para regiões com carência de vagas e infraestrutura limitada.
Outros órgãos também aparecem com números expressivos: o Ministério das Cidades tem 31 obras suspensas (habitação e urbanização), e o DNIT contabiliza 12 paralisias que afetam a malha viária e a logística estadual. Completam a lista o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (11 obras), Ministério do Esporte (9), Funasa (3), Ministério da Agricultura e Pecuária (2), além do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos e o Ministério do Turismo, com 1 obra cada.
A falta de detalhamento sobre as causas — que podem incluir entraves administrativos, questões jurídicas, falhas de execução ou falta de repasse de recursos — dificulta a análise e a busca por soluções para retomar investimentos essenciais ao desenvolvimento do estado.

A leitura das informações revela que os setores de saúde e educação, pilares essenciais do atendimento direto à população, concentram o maior número de obras interrompidas no estado. Foto: captada
O Ministério da Educação, com 32 obras que incluem escolas, creches e outros equipamentos educacionais. A interrupção desses projetos impacta diretamente a expansão da oferta de ensino e o atendimento a crianças e jovens em regiões onde a carência por infraestrutura permanece elevada.
O levantamento do TCU também aponta paralisações em outras pastas relevantes. O Ministério das Cidades acumula 31 obras interrompidas, incluindo projetos de urbanização e habitação. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) aparece com 12 obras, afetando frentes ligadas à malha viária e logística do estado.
Distribuição por pasta ministerial
- Saúde: 50 obras paralisadas (unidades básicas, estruturas intermediárias)
- Educação: 32 obras (escolas, creches, equipamentos de suporte)
- Cidades: 31 obras (habitação e urbanização)
- DNIT: 12 obras (malha viária e logística)
- Integração Regional: 11 obras
- Esporte: 9 obras
Impactos diretos
- Saúde: Sistema hospitalar não é desafogado
- Educação: Déficit de vagas e infraestrutura permanece
- Logística: Transporte de insumos e atendimento a municípios isolados comprometido
Falta de transparência
- Causas: Painel não detalha motivos das paralisações
- Entraves: Dificuldade em identificar problemas administrativos, jurídicos ou financeiros
Apesar do impacto econômico e social gerado pela interrupção dos investimentos, o painel do TCU não detalha os motivos que levaram cada projeto à condição de paralisação, deixando abertas questões sobre problemas contratuais, falhas de execução, falta de repasses ou entraves administrativos.
As paralisações refletem um problema crônico na execução de obras públicas no Acre, estado historicamente dependente de investimentos federais. A falta de explicações oficiais sobre as causas das interrupções dificulta a busca por soluções e prolonga o sofrimento da população que aguarda por serviços essenciais.
Comentários
Acre
Prefeito de Rio Branco anuncia Natal com árvore maior, drone show e iluminação em LED em todas as regionais
Tião Bocalom apresentou as novidades do “Acender das Luzes do Natal de Vida, Esperança e Dignidade 2025” e garantiu decoração em bairros e programação cultural intensa, com Festival de Drones marcado para 20 de dezembro

Bocalom também adiantou que o município prepara atividades especiais para o Réveillon, mantendo o padrão dos anos anteriores. Foto: captada
O prefeito Tião Bocalom apresentou, em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (5) na Praça da Revolução, as principais novidades da decoração e programação natalina de Rio Branco para 2025. Com o tema “Natal de Vida, Esperança e Dignidade”, o evento trará iluminação em LED e uma árvore de Natal 4 metros maior que a do ano passado.
— Agora trabalhando com muito LED. A nossa árvore de Natal esse ano tem 4 metros a mais do que o ano passado. A população vai ver, vai ficar muito bonito — afirmou Bocalom.
A iluminação não se restringirá ao Centro: todas as dez regionais da cidade receberão itens decorativos reutilizados de anos anteriores, e avenidas importantes serão embelezadas com novos equipamentos. O prefeito relacionou o investimento ao espírito natalino e ao compromisso da gestão com a população.
A programação cultural prevê cantatas, corais locais, artistas regionais e, como ponto alto, o Festival de Drones, marcado para o dia 20 de dezembro.
— Eu prefiro gastar o dinheiro com o Festival de Drones, que tem o quê? 3, 4 anos que o mundo conheceu esse trabalho, do que gastar com um artista só que sempre está vindo aqui para o Acre levando o nosso dinheiro embora — declarou Bocalom.
As luzes natalinas permanecerão acesas até 10 de janeiro, e o município prepara também atividades especiais para o Réveillon. Sobre o transporte público durante o período festivo, o prefeito adiantou que a gestão divulgará em breve os detalhes para garantir mobilidade e segurança.

Você precisa fazer login para comentar.