Brasil
Dólar sobe quase 2%, e Ibovespa cai, com exterior e falas de diretores do BC
Após três sessões em máximas históricas de fechamento, a bolsa resultou em baixa de 0,95%, aos 135.173,39 pontos
Economia|Estadão Conteúdo
O dólar disparou na sessão desta quinta-feira (22) e voltou a se aproximar do nível de R$ 5,60, insuflado pelo fortalecimento global da moeda norte-americana e pelo avanço das taxas dos Treasuries (títulos americanos), além de certo desconforto com a comunicação do Banco Central brasileiro.
Com máxima a R$ 5,5955, a divisa terminou o pregão em alta de 1,98%, cotada a R$ 5,5904, levando os ganhos na semana para 2,24%. Após dois dias com desempenho superior ao dos pares, o real apresentou as piores perdas em relação dólar entre as divisas emergentes e de países exportadores de commodities mais relevantes.
Após três sessões em máximas históricas de fechamento, o Ibovespa fez hoje pausa para que os investidores colocassem parte do lucro no bolso, o que resultou em baixa de 0,95%, aos 135.173,39 pontos, para o índice nesta quinta-feira. O giro ficou em R$ 22,1 bilhões na sessão, em que o Ibovespa flutuou dos 134.835,74 aos 136.462,18 na máxima do dia, correspondente ao nível de abertura. Na semana, o índice ainda avança 0,91%, colocando o ganho do mês a 5,89% e o do ano a 0,74%.
Movimento do dólar
A barreira psicológica e técnica de R$ 5,55 foi superada ainda na primeira hora de negócios, em sintonia com o ambiente externo. Dados da economia americana e declarações mais cautelosas de dirigentes do Federal Reserve, banco central americano, na véspera do discurso do presidente da instituição, Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole, esfriaram apostas em corte mais agressivo de juros nos EUA neste ano.
”O mercado veio nas últimas semanas bem animado com um ciclo de cortes relevante e hoje, com o discurso de dirigentes do Fed, houve uma moderação. As moedas emergentes sentiram o peso da recuperação do dólar lá fora e do aumento de prêmio na curva de juros americana”, afirma a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack.
”Tivemos um pouco de aversão ao risco hoje por conta do exterior que se refletiu no nosso câmbio. Houve dados divergentes de atividade nos EUA que trouxeram dúvidas sobre os próximos passos do Fed, aumentando a volatilidade”, diz a economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli.
Ao componente externo somaram-se sinais de que há dissenso dentro do Banco Central brasileiro sobre o rumo da taxa Selic. Na terça-feira (20), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que é preciso cautela em relação às expectativas de alta de juros, alimentadas em grande parte por declarações recentes do diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo.
Pela manhã, o diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, afirmou que o “excesso de ênfase” no balanço de risco para inflação “como instrumento de guidance” sobre a condução da política monetária causava “um pouco mais de desconforto”.
Ele ressaltou, contudo, que o comunicado e a ata do Copom refletem uma visão coesa dos diretores do BC.
As máximas do dólar vieram à tarde em meio a declarações de Galípolo. Embora tenha dito que “reafirma todas as suas falas nos últimos dias”, vistas pelos investidores como um sinal de alta iminente da Selic, ele disse que o “balanço de riscos assimétrico” para a inflação não está “relacionado a um guidance” para os próximos passos do Copom.
Galípolo afirmou que “discorda que suas frases recentes colocaram o BC no corner”, ou seja, obrigado a subir os juros em setembro. Ele também negou que suas declarações representem “dissonância” com as de outros diretores do BC ou com as avaliações contidas na ata do Copom.
Parte da apreciação recente do real foi atribuída por analistas justamente ao tom mais duro de Galípolo, que ampliou as apostas tanto de investidores quanto de uma ala de economistas em alta da taxa Selic ainda em setembro.
Era corrente também a avaliação de que a postura coesa do Copom aumentava a credibilidade da política monetária e afastava os temores de um BC leniente com a inflação a partir de 2025, quando Campos Neto será substituído por alguém indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sendo Galípolo o nome mais cotado.
Para o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, as declarações recentes de Campos Neto e dos diretores do BC não combinam com percepção anterior de que o Copom estava unido na avaliação sobre a condução da política monetária.
”Parece que tentaram engrossar o discurso para derrubar o dólar e ficaram assustados com a reação do mercado de colocar alta da Selic na curva de juros”, diz Borsoi. “O comitê parece agora não ter uma mensagem harmônica. Essa mudança é ruim e adiciona mais volatilidade.”
No fim da tarde, Galípolo buscou esclarecer falas, afirmando que deu impressão equivocada ao comentar sobre “ganhar graus de liberdade” e reiterou que “o BC não vai hesitar em subir juro se necessário”.
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MPF recomenda suspensão do Enare por irregularidades em regras para candidatos indígenas

Thiago Gomes/Agência -Pará
Após identificar irregularidades no edital do Exame Nacional de Residência (Enare), o Ministério Público Federal (MPF) recomendou a suspensão imediata do processo seletivo, organizado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). As falhas dizem respeito às exigências para a habilitação de candidatos indígenas nas vagas reservadas.
O MPF quer que o processo seja reaberto caso a recomendação, seja acatada, garantindo prazo adequado para a inscrição dos candidatos indígenas. A investigação começou após uma denúncia apontar que as regras do edital, na prática, impediam a participação desses candidatos.
Entre as irregularidades, o MPF destaca a exigência de documentos como registro civil com identificação étnica, certidão expedida pela Funai, comprovante de residência em terra indígena ou registro que informe o local de nascimento. Para o MPF, a condição de indígena depende apenas do reconhecimento pessoal e da própria comunidade, não podendo ser determinada por órgãos públicos ou pela Justiça.
O MPF também considerou inadequado o prazo de apenas 48 horas para a entrega dos documentos e o pedido de isenção da taxa de inscrição. Segundo o órgão, o edital ignorou as dificuldades enfrentadas por muitas comunidades indígenas, como o acesso limitado à internet e a falta de familiaridade com documentos digitais.
Além disso, o MPF recomendou que a Ebserh e a FGV suspendam o processo seletivo, alterem o edital em até 30 dias, retirando as exigências apontadas, e reabram o prazo para inscrição e isenção da taxa, com pelo menos sete dias de duração.
As duas instituições têm cinco dias para informar se vão acatar a recomendação. Caso contrário, o MPF poderá adotar medidas judiciais.
Com informações do MPF
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Lula reúne ministros antes de regulamentar Lei da Reciprocidade

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República • Ricardo Stuckert/PR
Os últimos ajustes da regulamentação da reciprocidade às tarifas impostas pelos Estados Unidos foram debatidos por integrantes do governo na noite deste domingo (13) em reunião de última hora convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Palácio da Alvorada.
A expectativa é que o decreto seja publicado até terça-feira (15).
O encontro e o prazo previsto para publicação do texto em resposta às tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foram adiantados pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), ainda pela manhã. Durante agenda em São Paulo, ele afirmou que teria que voltar a Brasília porque foi convocado por Lula.
A CNN confirmou a presença de ao menos três ministros na reunião: Fernando Haddad (Fazenda), Carlos Fávaro (Agricultura) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais). A secretária-geral do Ministério das Relações Exteriores, Maria Laura da Rocha, e a secretária executiva da Casa Civil, Miriam Belchior, também participaram. Não houve pronunciamentos.
A regulamentação da Lei da Reciprocidade faz parte da reação do governo brasileiro ao anúncio de Trump sobre a taxação de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.
A avaliação no Planalto é que “alguns adendos” além da aplicação direta de novas alíquotas podem ser incluídos no decreto. Os detalhes, no entanto, são mantidos sob sigilo para evitar reações antecipadas de empresas ou países atingidos.
O governo argumenta que os Estados Unidos mantêm um superávit comercial com o Brasil, tanto na balança de bens quanto de serviços, e não vê justificativa econômica para o chamado “tarifaço”.
A sobretaxação foi anunciada por Donald Trump na última quarta-feira (9). Após a decisão unilateral dos Estados Unidos, Lula afirmou que irá responder ao aumento de tarifas com base na Lei da Reciprocidade.
Fonte: CNN
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