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Pediu para sair: Zé Ricardo deixa o cargo e não é mais treinador do Vasco
No início do ano, o Vasco, devendo três meses de salários ao elenco, correu o risco de perder jogadores na Justiça. Zé Ricardo foi decisivo na permanência de atletas que queriam deixar o clube.
Treinador desde o ano passado enfrentou problemas políticos, financeiros, de comportamento. Vinha desgastado pelos maus resultados e, por “motivos pessoais”, deixou o cargo neste sábado.

Por Bruno Giufrida e Fred Huber, G1 Rio de Janeiro
A passagem do técnico Zé Ricardo pelo Vasco durou pouco mais de nove meses: 50 jogos, 22 vitórias, 13 empates e 15 derrotas. Resumir a saída do treinador aos 52,7% de aproveitamento em campo, porém, seria leviano. O pedido de demissão foi feito na noite deste sábado, depois da derrota por 2 a 1 para o Botafogo e de reunião de cerca de 50 minutos com a diretoria no vestiário de São Januário. E se a saída foi vista com certa surpresa internamente, para pessoas próximas ficou claro que vinha sendo desenhada há um tempo.
Zé Ricardo estava desgastado. O agora ex-técnico do Vasco esteve no clube em meio ao último (longo e desgastante) processo eleitoral, sobreviveu e teve que estimular o elenco que convivia com atrasos salariais e, em campo, não conseguia entregar os resultados que gostaria. Superou momentos mais conturbados do que a derrota para o Botafogo em si, mas o estresse já o consumia.
Em São Januário, Zé somou 50 jogos, sendo 22 vitórias, 13 empates e 15 derrotas; 79 pontos em 150 disputados. Aproveitamento de 52,7%.
O trabalho começou no dia 25 de agosto de 2017. A primeira impressão foi positiva: Zé Ricardo tirou a equipe de uma situação desconfortável no Brasileirão e conseguiu a classificação para a Libertadores. Na fase preliminar da competição continental, vitórias sofridas e vaga na fase de grupos. Mas a participação na fase de grupos não foi das melhores e o time ficou na terceira colocação, classificando para a Sul-Americana.
Entenda, abaixo, as dificuldades pelas quais passou Zé Ricardo e o que o novo técnico do Vasco encontrará:
Desgaste
O processo eleitoral do Vasco, que teve o presidente Alexandre Campello como vencedor, foi desgastante. O clube, às vésperas da estreia na Libertadores, ainda não tinha um só mandatário – Eurico Miranda, Fernando Horta e Julio Brant dividiam o posto por determinação da Justiça. Os problemas financeiros e a confusão política quase deixaram o Cruz-Maltino sem passagem para o primeiro jogo da competição, no Chile, por falta de pagamento.
No início do ano, o Vasco, devendo três meses de salários ao elenco, correu o risco de perder jogadores na Justiça. Zé Ricardo foi decisivo na permanência de atletas que queriam deixar o clube. O técnico, de acordo com relatos, conversou com alguns de seus comandados para convencê-los a não sair. E conseguiu – ninguém deixou São Januário com processo.

Zé Ricardo Vasco x Paraná (Foto: Paulo Fernandes/Vasco)
O ‘não’ aos milhões
Em fevereiro, Zé Ricardo recusou proposta milionária do Al Ahli – apesar de a papelada com todos os valores e condições nunca ter chegado a São Januário. A proposta dos árabes era de contrato de três anos e cerca de R$ 500 mil por mês, além de bônus por metas atingidas e moradia. Na ocasião, o treinador estendeu seu contrato com o Vasco até dezembro de 2019.

Zé Ricardo, Vasco, despedida (Foto: Bruno Giufrida/GloboEsporte.com)
Resultados
Zé Ricardo também se sentia desgastado pelos resultados e a constante montanha-russa em que vivia no Vasco. Desde o início da temporada, o Cruz-Maltino chegou à final do Carioca, mas teve dias ruins na Libertadores: duas goleadas (4 a 0 para Racing e Cruzeiro, na Argentina e em São Januário, respectivamente) e eliminação na fase de grupos. Na Copa do Brasil, estreou com derrota por 3 a 0 para o Bahia, no jogo de ida das oitavas de final.
Foi na Fonte Nova, inclusive, onde o técnico mostrou o maior abatimento nos quase 10 meses à frente do Vasco. Na entrevista coletiva, se mostrava muito chateado com o desempenho da equipe. Ele foi muito criticado naquela noite por escalar o zagueiro Werley como lateral e ver o Cruz-Maltino ser inoperante fora de casa, quase dando adeus à Copa do Brasil – ali talvez tenha sido o momento mais crítico à frente da equipe.

Riascos lamenta gol perdido em Vasco x Paraná (Foto: André Durão)
Polêmica no Chile: a decepção do comandante
A polêmica foto em que aparecem Rafael Galhardo, Paulão, Gabriel Félix, Erazo, Evander, Fabrício e Wellington, publicada antes da partida contra a Universidad de Chile, em Santiago, foi uma grande decepção para Zé Ricardo. O tom de deboche utilizado nas legendas foi amplamente condenado.
O treinador se sentiu traído, já que sempre foi a público defender o caráter do seu elenco, que conviveu com diversos problemas, como a crise econômica e política do clube, e sempre mostrou empenho dentro de campo. A vitória sobre os chilenos não foi suficiente para colocar panos quentes na situação.
Mesma língua?
Zé Ricardo deu como certa uma troca de jogadores com o Atlético-MG na última sexta-feira. Na negociação, Evander seria liberado para o Galo, que emprestaria Lucas Candido e Marquinhos. As conversas, de acordo com o diretor executivo Paulo Pelaipe, foram autorizadas pelo presidente Alexandre Campello. O treinador, quem indicou a dupla mineira, então, falou publicamente sobre o assunto.
No sábado, porém, depois de reavaliar, a diretoria cruz-maltina decidiu recuar no negócio por causa do histórico recente de problemas físicos de Lucas Candido. Campello, então, vetou a troca. Pelaipe, em entrevista coletiva, negou que o assunto tenha sido decisivo para a saída de Zé Ricardo. Faz parte, porém, de um processo maior de esgotamento do técnico, que já não se sentia à vontade no cargo.
O que não é mais problema de Zé Ricardo…
Dificuldade financeira
O Cruz-Maltino passa por uma grande crise financeira desde o ano passado. Além dos salários atrasados do início da temporada, o clube não tem recursos para fazer investimentos no futebol. As contratações, sempre alertou o presidente Alexandre Campello, precisariam ser sem grandes custos.
Giovanni Augusto, por exemplo, foi contratado por empréstimo até o fim do ano. O mesmo aconteceu com Paulão, que voltou do Internacional nas mesmas condições. Thiago Galhardo rescindiu com o Coritiba para assinar com o Vasco.
Jogadores lesionados
Zé Ricardo conviveu com diversos desfalques nos últimos meses. Para o jogo contra o Paraná, na última quarta-feira, por exemplo, eram 11: Martín Silva (seleção uruguaia), Gabriel Félix (afastado), Rafael Galhardo (entorse no tornozelo), Paulão (afastado), Wellington (afastado), Bruno Silva (lesão na coxa), Evander (afastado), Thiago Galhardo (lesão na coxa), Kelvin (lesão na coxa), Wagner (suspenso) e Desábato (suspenso).
Dos 11, seis voltaram a ficar à disposição contra o Botafogo: Gabriel Félix, Wellington, Paulão, Evander, Wagner e Desábato. Os demais, porém, seguem fora de combate. Diante do elenco enxuto do Vasco, o novo técnico terá problemas para dar uma cara à equipe quando assumir.

Werley tem fratura no braço (Foto: Reprodução)
Críticas
Diante de um elenco sem tantas opções, o substituto de Zé Ricardo terá, também, de decidir como lidar com Gabriel Félix, Paulão, Wellington e Evander. Os quatro, que tinham sido punidos por causa da publicação de uma foto ironizando vaias da torcida, são os maiores alvos de críticas. Diante do Botafogo, o lateral-esquerdo Fabrício, que também estava na imagem, mas não divulgou em suas redes sociais, foi vaiado desde o momento em que entrou em campo.
Wellington também foi muito xingado pelos torcedores antes do início do clássico e no intervalo, mas não entrou em campo.
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Câmara de Porto Walter aprova reajuste e vereadores passam a receber até R$ 1 mil por diária em viagens internacionais
Nova tabela aumenta valores para deslocamentos dentro e fora do Acre; servidores também terão reajuste. Medida foi publicada no Diário Oficial do Estado

A resolução atualiza a tabela em vigor desde 2015 e estabelece novos valores destinados a custear despesas com alimentação, hospedagem e locomoção urbana durante compromissos oficiais. Foto: capada
A Câmara Municipal de Porto Walter, no interior do Acre, aprovou um reajuste nos valores das diárias pagas a vereadores e servidores em viagens oficiais. A nova tabela, publicada no Diário Oficial do Estado nesta segunda-feira (22), estabelece pagamentos de até R$ 1.000 por dia para vereadores em viagens internacionais.
Os valores por dia são:
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Dentro do Acre: vereadores R$ 500; servidores R$ 350
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Fora do estado: vereadores R$ 800; servidores R$ 700
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Viagens internacionais: vereadores R$ 1.000; servidores R$ 900
A resolução atualiza os valores vigentes desde 2015 e prevê que as despesas sejam custeadas com recursos do próprio orçamento do Legislativo municipal. Com a publicação, a tabela anterior foi revogada e os novos valores passam a valer imediatamente.
A medida visa cobrir custos com alimentação, hospedagem e locomoção urbana durante compromissos oficiais, mas tem gerado questionamentos sobre a adequação dos valores em um município de pequeno porte e com limitações orçamentárias.

Para deslocamentos dentro do Acre, os vereadores passam a receber R$ 500, servidores efetivos e comissionados R$ 350. Em viagens para fora do estado R$ 800, no caso dos parlamentares e R$ 700 para os demais servidores por diária. Foto: captada
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Empate no STF pode colocar em risco empréstimo internacional do Acre; entenda
Com a declaração de inadimplência, o Acre passou a correr o risco de perder um financiamento considerado estratégico junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)

A ministra Cármen Lúcia votou pela manutenção da decisão e foi acompanhada pelos ministros Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Nunes Marques e pelo próprio Edson Fachin. Foto: captada
Everton Damasceno
O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu, em Plenário Virtual, o julgamento que discute se estados classificados como inadimplentes no Programa de Acompanhamento e Transparência Fiscal (PAF) podem continuar contando com a garantia da União para contratar empréstimos junto a organismos nacionais e internacionais. O resultado terminou empatado, com cinco votos favoráveis e cinco contrários, e a decisão final ficará a cargo do presidente da Corte, ministro Edson Fachin.
O caso envolve diretamente o Estado do Acre, que questiona no STF sua classificação como inadimplente no âmbito do PAF, instituído pela Lei Complementar nº 178/2021. O programa estabelece critérios fiscais para reduzir riscos de inadimplência dos entes federativos e proteger o Tesouro Nacional, responsável por garantir parte das dívidas estaduais.
De acordo com os autos, o Acre foi considerado inadimplente no exercício de 2024 por descumprir exclusivamente a chamada meta 2 do programa, relacionada ao indicador de liquidez relativa. O governo estadual argumenta que a meta não foi atingida em razão de fatores excepcionais e imprevisíveis, como o agravamento da crise na saúde pública e a ocorrência de emergências climáticas que impactaram diretamente as finanças estaduais.
O Estado também apontou perdas significativas de arrecadação provocadas pelas Leis Complementares nº 192 e nº 194, editadas em 2022, que alteraram a base de cálculo do ICMS sobre combustíveis, energia elétrica e serviços de comunicação. Segundo o Acre, essas mudanças reduziram receitas essenciais e comprometeram o cumprimento das metas fiscais previstas no PAF.
Com a declaração de inadimplência, o Acre passou a correr o risco de perder um financiamento considerado estratégico junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O empréstimo é voltado para projetos de modernização da administração tributária e da gestão fiscal, financeira e patrimonial do Estado e depende da garantia da União para ser viabilizado.
Em decisão liminar, a relatora do caso, ministra Cármen Lúcia, atendeu ao pedido do governo acreano e determinou a suspensão temporária da classificação de inadimplência, autorizando a União a atuar como garantidora do empréstimo até o julgamento definitivo da ação.
Na votação encerrada na sexta-feira (19), o Plenário do STF analisava justamente se essa liminar deveria ser confirmada. A ministra Cármen Lúcia votou pela manutenção da decisão e foi acompanhada pelos ministros Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Nunes Marques e pelo próprio Edson Fachin.
A divergência foi aberta pelo ministro Cristiano Zanin, que votou contra o referendo da liminar. Ele citou um caso recente semelhante envolvendo o Rio Grande do Norte, no qual o Estado também foi considerado inadimplente no PAF e não obteve, inicialmente, a garantia da União para novos empréstimos. Naquele episódio, segundo Zanin, houve a construção de um acordo bilateral com o Tesouro Nacional, prevendo medidas concretas para correção da trajetória fiscal.
Para o ministro, obrigar a União a garantir empréstimos de estados inadimplentes pode gerar desequilíbrios no pacto federativo. Zanin argumentou que tal prática acabaria criando tratamento desigual entre os entes, beneficiando aqueles que descumprem regras fiscais em detrimento dos que seguem as exigências legais.
O voto divergente foi acompanhado pelos ministros Dias Toffoli, Flávio Dino, André Mendonça e Luiz Fux, resultando no empate de cinco a cinco.
Com o impasse, caberá agora ao presidente do STF decidir se aguarda a posse do 11º ministro, já indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para desempatar a votação, ou se entende que a liminar não pode ser referendada por falta de maioria. Até que essa definição ocorra, o futuro do financiamento internacional pleiteado pelo Acre permanece indefinido.
Renegociação da dívida
Na última sessão do ano, o Governo do Acre encaminhou à Assembleia Legislativa (Aleac), em regime de urgência, um projeto de lei que autoriza a adesão do Estado ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag).
A proposta, amparada na Lei Complementar Federal nº 212/2025, busca renegociar débitos com a União, reformular o passivo financeiro estadual, reduzir encargos, alongar prazos de pagamento e permitir a conversão de parte dos juros em investimentos na educação profissional.
O projeto foi aprovado no mesmo dia e sancionado na semana passada.
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MP apreende R$ 5 milhões em espécie em endereço de prefeito investigado por corrupção
Com apoio das polícias Civil e Militar do estado, os promotores do Gaeco cumpriram 51 mandados de busca e apreensão e 21 de prisão, por ordem do Tribunal de Justiça do Estado

Agentes do MP-MA apreenderam R$ 5 milhões em dinheiro vivo em endereço ligado a prefeito. Foto: MP-MA/Divulgação
O Ministério Público do Maranhão deflagrou nesta segunda-feira (22) a Operação Tântalo II, que apura fraudes em licitações e lavagem de dinheiro na gestão do prefeito de Turilândia, Paulo Curió (União Brasil). Em um endereço alvo de buscas, em São Luís, os promotores apreenderam quase R$ 5 milhões em dinheiro vivo.
A reportagem do Estadão pediu manifestação de Curió, da prefeitura e da Câmara de Turilândia, o que não havia ocorrido até a publicação deste texto. O espaço está aberto para manifestações.
Turilândia é um município com cerca de 31 mil habitantes, localizado a pouco mais de 150 quilômetros de São Luís. Com apoio das polícias Civil e Militar do estado, os promotores do Gaeco cumpriram 51 mandados de busca e apreensão e 21 de prisão, por ordem do Tribunal de Justiça do Estado.
A vice de Curió, Tânya Mendes (PRD), foi presa nesta segunda. A promotoria apreendeu R$ 100 mil em espécie em um endereço ligado a Tânya.
Segundo o MP, o esquema investigado envolve o desvio de R$ 56 328.937,59 dos cofres públicos, por meio de empresas de fachada supostamente criadas pelo prefeito e aliados políticos.
As ordens judiciais foram expedidas pela 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Maranhão, por decisão da desembargadora Maria da Graça Peres Soares Amorim. Ela bloqueou R$ 56 milhões dos investigados.
A ofensiva desta segunda, 22, é um desdobramento da Operação Tântalo, deflagrada em fevereiro deste ano.
O nome da operação faz referência a Tântalo, personagem da mitologia grega condenado a uma punição eterna no submundo. Ele permanecia em um lago de águas cristalinas, com frutos ao alcance da vista, sem jamais conseguir saciar a sede ou a fome.
De acordo com o Ministério Público do Maranhão, a “metáfora é utilizada para representar o esquema investigado, no qual recursos públicos destinados a contratos para fornecimento de bens e serviços não resultaram em benefícios efetivos à população”.

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