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Acre

Com sistema agroflorestal, indígenas apostam em projeto para recuperar 305 hectares de área degradada no AC

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O objetivo é que se torne um projeto piloto para terras indígenas com foco na manutenção e ampliação do viveiro de mudas de espécies fundamentais.

Recuperar a terra degradada e também resgatar os costumes tradicionais dos povos originários. Essas são as metas dos indígenas da Colônia 27, localizada em Tarauacá, no interior do Acre. Considerada a menor terra do povo na região Norte, ela recebe um projeto de recuperação de áreas degradadas por meio de plantio de árvores.

O Sistema Agroflorestal (SAF) consiste em combinar o plantio de árvores ou arbustos com cultivos variados para consumo e comercialização. Essa diversidade aproveita melhor os recursos naturais, como solo, água e luz. Em todo o processo as comunidades são envolvidas, desde a produção de mudas até à comercialização dos produtos gerados, assim gerando renda e também proporcionando a preservação do espaço daquela comunidade.

Segundo Assis Kaxinawá, cacique na terra indígena, a comunidade tem 305 hectares, 60 famílias e 290 huni kuins. Ele conta que a terra passou a ser habitada pela etnia há 50 anos e em 2000 começaram a pensar maneiras de recuperar a terra que já estava bastante maltratada pela ação do homem.

Projeto de indígenas é exemplo para reflorestamento  — Foto: Arquivo pessoal

Projeto de indígenas é exemplo para reflorestamento — Foto: Arquivo pessoal

“Hoje estamos trabalhando na recuperação. De 2000 para cá, criamos o projeto de reflorestamento com mudas nativas, exóticas, com a semente das medicinais e então construímos viveiros. Antes, o que era pasto foi recuperado e também passamos a criar peixe, frango, boi, porco e manter nossos viveiros de plantas medicinais. Todos os indígenas participam do projeto”, explica.

Além de fortalecer a subsistência dos indígenas, o projeto ajuda a gerar renda dentro da comunidade, uma vez que eles conseguem vender o que não é consumido pelos indígenas.

“Primeiro estamos fazendo para comer, fortalecer nossa sustentabilidade e, mesmo assim, temos vendido bastante peixes, bananas, macaxeira, milho e também para ajudar na renda. Hoje temos que lidar com o mundo moderno, tecnologia, e a venda é para compra de alguns produtos e equipamentos”, conta.

Apoio

 

O projeto é um exemplo e foi selecionado para apoio pelo Fundo Brasil de Direitos Humanos no âmbito da Aliança entre Fundos.

O objetivo é que se torne um projeto piloto para terras indígenas com foco na manutenção e ampliação do viveiro de mudas de espécies fundamentais, como mogno, copaíba, cedro, jatobá e cumaru de cheiro. Com isso, os locais serão preservados, afastando a ameaça de fome, perdas culturais e ambientais.

A Aliança entre Fundos reúne três dos mais tradicionais fundos de filantropia para a justiça social no Brasil: Fundo Baobá para Equidade Racial, Fundo Brasil de Direitos Humanos e Fundo Casa Socioambiental.

Para esses fundos, é preciso reconhecer que os fenômenos climáticos e outros desequilíbrios naturais causados pela ação humana impactam de forma diferenciada grupos mais vulneráveis como indígenas e quilombolas. São pessoas que estão na linha de frente do enfrentamento das violações dos seus direitos e cuidam da terra, das florestas e de outros recursos naturais.

Produção é de subsistência e também vendida no município  — Foto: Agda Sardinha/Arquivo pessoal

Produção é de subsistência e também vendida no município — Foto: Agda Sardinha/Arquivo pessoal

De geração para geração

Biná Huni Kuin, agente agroflorestal indígena na terra onde o projeto é executado, conta que as informações são repassadas pelos caciques e que eles ajudam nessa organização para que tudo possa ocorrer em sintonia na aldeia.

“A comunidade se comunica por meio de reunião para discutir a política do movimento da aldeia, dos projetos. A gente se organiza, debate e discute a melhoria da nossa aldeia e situação. Então, temos agora o fortalecimento porque tudo que produzimos fornecemos também para o município”, explica.

Os agentes florestais atuam na coordenação e execução desse projeto na comunidade. Biná Huni Kuin disse ainda que, desta forma, o conhecimento, antes concentrado somente nos indígenas mais velhos, passa para os mais novos.

“Isso de resgatar nossa prática cultural, espiritual e material é muito importante. Hoje a comunidade vem desenvolvendo um pouco de tudo e não temos tanta floresta, mas conseguimos também ter pesca, caça e desenvolver esse projeto de reflorestamento. A ideia é fortalecer cada vez mais e garantir a cultura viva e forte para que as futuras gerações possam caminhar com essa mesma função e objetivo de fortalecer muito mais. É um conhecimento que não está mais só no pajé, nem nos anciãos, mas os conhecimentos estão sendo compartilhados com os mais jovens, que estão fortalecendo muito mais isso e que deve se expandir ainda mais”, finaliza.

Conhecimentos são passados de geração em geração  — Foto: Agda Sardinha/Arquivo pessoal

Conhecimentos são passados de geração em geração — Foto: Agda Sardinha/Arquivo pessoal

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Acre

Fonte interativa da Praça Revolução é desativada para reforma

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Imagem/ Reprodução Júnior Nascimento

Inaugurada em 5 de julho de 2024 pela prefeitura de Rio Branco, a fonte luminosa e interativa instalada na Praça da Revolução, no centro de Rio Branco, está passando por reforma pouco mais de um ano depois de aberta ao público.

A estrutura, que se tornou atração turística e ponto de lazer para famílias, foi isolada por tapumes enquanto operários realizam trabalhos de restauração.

O local foi projetado com 50 bicos de água, iluminação de LED e sistema de som sincronizado, permitindo que o público interagisse e até tomasse banho durante as apresentações, conhecidas como “dança das águas”.

Imagens divulgadas nas redes sociais pelo internauta Júnior Nascimento mostram que, atualmente, o piso da fonte apresenta afundamento e rachaduras em vários pontos.

“Aquela fonte interativa que custou meio milhão de reais, enquanto já sofríamos com a falta de água na cidade. Será que esse recurso não teria mais utilidade se aplicado no saneamento básico ou no abastecimento de água?”, questionou o morador em vídeo publicado nas redes sociais.

Com investimento de R$ 400 mil, a fonte apresentou problemas desde os primeiros dias de funcionamento. Logo após a inauguração, foi registrado desnível na estrutura, que provocava desperdício de água em um período de crise hídrica na capital acreana.

Menos de um mês depois, a base precisou ser aberta para reparos emergenciais. Em julho de 2024, uma falha hidráulica subterrânea exigiu nova intervenção, e, em outubro do mesmo ano, apenas 10 dos 50 bicos de água funcionavam, com baixa pressão.

Imagem/ Reprodução Júnior Nascimento

 

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Acre

Brasileia tem nomes aprovados para Conferência Nacional das Mulheres

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Foto: Secom/Brasileia

O município de Brasileia esteve representado nessa segunda (11), na 5ª Conferência Estadual de Políticas para as Mulheres, realizada em Rio Branco, com delegadas escolhidas na conferência municipal que ocorreu em junho.

O município contou com uma comitiva de cinco delegadas, dentre elas a gerente do Organismo de Política para as Mulheres, Edilania Braga, a representante do governo, Rosimari Ferreira e as representantes da Sociedade civil, Débora Rocha, Catarina Moreira e Laura André.

A conferência estadual teve como objetivo reunir representantes da sociedade civil, dos movimentos de mulheres e do poder público para avaliar, propor e fortalecer políticas públicas voltadas à promoção da igualdade de gênero, à garantia dos direitos das mulheres e ao enfrentamento de todas as formas de violência e discriminação, além de debater os desafios e avanços na implementação das políticas para as mulheres no estado.

Foram formuladas propostas para o plano estadual e nacional de políticas para as mulheres, bem como elaboradas propostas para a 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, que será realizada em Brasília, no mês de setembro.

“Estar na 5ª Conferência Estadual e garantir que Brasileia tenha três representantes na etapa nacional é motivo de muito orgulho. Isso mostra que nosso município está comprometido com a defesa dos direitos das mulheres e com a construção de políticas públicas mais justas e efetivas. Vamos levar para Brasília a voz e as demandas das mulheres de Brasileia, com a certeza de que cada proposta é fruto de um trabalho coletivo e de muita luta”, destacou Edilânia Braga, gerente do Organismo de Política para as Mulheres.

Foto: Secom/Brasileia

Brasileia saiu fortalecida com a participação da delegação na conferência, pois terá três representantes na Conferência Nacional, Edilania Braga, Rosimari Ferreira e Catarina Moreira.

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Acre

Exportação de gado vivo do Acre dispara 85% em 2025, enquanto abate cresce apenas 11%

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Dados do Idaf revelam sangria do rebanho para outros estados; comercialização entre proprietários diferentes teve salto de 146%, enquanto transferências caíram 32

Os números mostram que o percentual de crescimento de abate dos frigoríficos do Acre é muito menor do que o crescimento de saída de bovinos vivos. Foto: internet 

O Acre vive um paradoxo em sua pecuária em 2025: enquanto a exportação de bovinos vivos para outros estados disparou 85% nos primeiros sete meses do ano, o abate local cresceu apenas 11%, segundo dados oficiais do Instituto de Defesa Agroflorestal (Idaf) analisados pelo Fórum Empresarial de Desenvolvimento e Inovação.

O Fórum, mostra que continua alto o volume de saída de bovinos vivos do Acre para outros estados. Entre janeiro a julho de 2025, houve crescimento de 85% da saída de bovinos vivos do Acre, comparada ao mesmo período do ano passado. A análise de fluxo é assinada pelo professor Judson Valentim, pesquisador da Embrapa/AC.

Os dados do Idaf mostram que não houve nenhum mês de 2025 que tenha havido recuo na saída (comercialização + transferência) de bovinos vivos.

Veja a tabela:

Sangria do rebanho acreano

Os números revelam uma mudança preocupante no fluxo da pecuária:

  • 183.379 cabeças foram comercializadas para outros estados entre janeiro e julho (aumento de 146% em relação a 2024)

  • 25.738 animais foram transferidos para o mesmo proprietário em outros estados (queda de 32%)

  • 88% do gado que saiu do Acre foi vendido para terceiros

“Os dados mostram uma migração acelerada do rebanho para outros estados, com os frigoríficos locais absorvendo apenas parte pequena desse crescimento”, explica o professor Judson Valentim, pesquisador da Embrapa/AC que assina a análise.

Abate local não acompanha ritmo

Enquanto o estado exporta mais animais vivos, os frigoríficos acreanos apresentaram desempenho modesto:

  • 379.885 cabeças abatidas em 2025 (aumento de 11%)

  • Abril foi o único mês com queda no abate comparado a 2024

Impacto econômico e regulatório

O relatório destaca que as medidas da Sefaz no início do ano não inibiram o comércio interestadual, como demonstra o crescimento recorde das vendas. A disparidade entre os números de exportação e abate local levanta questões sobre:

  • Capacidade de processamento da indústria frigorífica acreana

  • Competitividade dos preços praticados nos outros estados

  • Estratégias para reter mais valor agregado no estado

Com a tendência de alta nas exportações, especialistas alertam para a necessidade de políticas que equilibrem a balança comercial e estimulem o abate local, garantindo maior retorno econômico para o Acre. Os próximos meses serão cruciais para avaliar se o estado conseguirá reter mais seu rebanho ou se continuará como exportador de matéria-prima pecuária.

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