Brasil
Bolivianos acusam polícia brasileira de matar quatro índios chiquitanos
Por Congresso Em Foco sobre Mato Grosso
Índios chiquitanos da comunidade de San José de la Frontera, na Bolívia, acusam a polícia brasileira de matar quatro caçadores da aldeia perto da fronteira com o Brasil. Os homens teriam sido confundidos com traficantes. O caso ocorreu na terça-feira, dia 11 de agosto. Nesta quarta-feira (2) o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) enviou uma equipe na região para apurar os fatos.
As vítimas são Arcindo Sumbre García, Paulo Pedraza Chore, Yonas Pedraza Tosube e Esequiel Pedraza Tosube, de 18 anos. Moradores da aldeia relatam que dias depois do episódio, uma viatura com quatro policiais do Grupo Especial de Fronteira (Gefron), núcleo da polícia do Mato Grosso que faz a segurança da região, foi até a comunidade para intimidar os aldeões.
“Eu peço justiça porque ele saiu para caçar e nunca mais voltou. Quero que me ajudem com meu filho de oito anos, porque quem vai me dar comida ou o material para quando começarem as aulas?”, lamentou Cristiane Martíne Ramos, viúva de Paulo Pedraza Chore, num vídeo divulgado pelo site boliviano Pantanal de Comunicacion. Eles vivem sem água e luz.
Familiares afirmam que as vítimas são inocentes e que costumavam sair para caçar na região. A irmã de Yones Pedraza conta que o rapaz levou quatro tiros e foi encontrado com uma orelha cortada e o rosto machucado. “[Os policiais] passam por aqui sem autorização. Nos tratam como animais”, afirmou no mesmo vídeo.
O povo chiquitano vive na área desde antes que fosse traçada a fronteira entre Brasil e Bolívia e a comunidade indígena se estende sobre o território dos dois países. “As informações que chegaram até nós são muito fragmentadas. Precisamos de mais elementos, mas o fato é que esses homens foram assassinados”, afirma Gilberto Viera dos Santos, membro do CIMI do MT.
Parentes dizem que os assassinatos aconteceram em território boliviano e que os corpos foram levados até o hospital de Cáceres, no Mato Grosso. Eles apresentaram denúncia na delegacia de San Matías, município ao qual pertence a comunidade.
O subtentente da polícia boliviana Cristhian Ayala Miranda, que conduziu as investigações, afirmou ao Congresso em Foco que o inquérito apontou que o episódio ocorreu em território brasileiro e que, por isso, já pediu ao Ministério Público boliviano que arquive a denúncia.
Questionada pela reportagem, a Secretaria de Segurança Pública do Mato Grosso informou que desconhece a ocorrência e que “não recebeu qualquer formalização por parte das autoridades do país vizinho sobre este caso, ou qualquer outro”. O governo boliviano afirmou que vai averiguar o caso.
No mesmo dia da morte dos índios, o Gefron realizou uma operação contra o tráfico de droga na altura da BR-070, que liga Cuiabá (MT) a San Matías, na Bolívia. Os policiais realizavam patrulhamento em uma área rural quando se depararam com vários homens armados com três revólveres e uma pistola. Eles teriam desobedecido à ordem e atirado contra os policiais. A ação foi por volta das 15h40.
Quatro pessoas morreram e outras nove foram vistas indo em direção à Bolívia, carregando nos ombros sacos utilizados por mulas para transporte de drogas. A polícia afirma que socorreu os homens que foram transportados ao Hospital Regional de Cáceres, mas que nenhum deles resistiu aos ferimentos. Além das armas, a polícia apreendeu 25 munições de vários calibres. Não há relato de apreensão de drogas na nota do órgão.
MP boliviano investiga Gefron por outro assassinato
O Gefron é suspeito de matar a tiros o boliviano Vicente Tapeosi Masai, no dia 1º de julho, às 19h, no município de San Ignácio de Velasco. O caso está sendo investigado pelo procurador Roger Mariaca, do Ministério Público da cidade de Santa Cruz.
De acordo com a assessoria do MP, o Ministério das Relações Exteriores da Bolívia enviou uma solicitação ao governo brasileiro pedindo os nomes dos policiais do Gefron em serviço no dia da ocorrência. Na noite desta quarta, o Itamaraty respondeu que o tema é de competência do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Segundo o MP, Masai foi morto por um tiro disparado por “pessoas que se encontravam em veículos do Gefron”, especificamente duas caminhonetes brancas, sem placas, com homens a bordo carregando armas de grosso calibre. Masai seguiu de moto as viaturas, foi atingido por um tiro e morreu. Os carros fugiram em direção à comunidade de Serrito, a 20 km do local.
Chiquitanos denunciaram abusos na ONU
No ano passado, Saturnina Urupe Chue, indígena Chiquitano, do Mato Grosso, denunciou os abusos contra seu povo na 42ª sessão da Comissão de Direitos Humanos da Nações Unidas, em Genebra, Suíça. “Hoje somos ameaçados abertamente pelo presidente da República”, que “coloca em risco nossas vidas e a vida do nosso planeta”, afirmou na época, fazendo referência aos constantes ataques verbais do presidente contra os povos indígenas.
Segundo os chiquitanos, o território onde vivem aguarda há décadas a demarcação “Meu povo tem sido atacado e violentado gravemente. O governo do Brasil insiste em não reconhecer nossos direitos constitucionais sobre nossas terras. Muitos Chiquitanos já estão deslocados do território. São obrigados a viver fora, nas cidades não indígenas e abaixo de extrema vulnerabilidade”, completou Saturnina.
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Quatro homens são condenados no AM por tráfico internacional de drogas
Os condenados faziam parte de um esquema criminoso responsável pelo transporte, armazenamento e ocultação de grandes carregamentos de entorpecentes vindos do Peru com destino a Manaus

Maconha apreendida no Amazonas que resultou em condenação por tráfico internacional de drogas. Foto: PMAM/Divulgação
Com Atual
Quatro homens foram condenados pela Justiça Federal em Tabatinga (AM) por tráfico internacional de drogas e posse ilegal de armas de fogo. O caso envolve a maior apreensão de entorpecentes registrada na região e uma das maiores do estado. A sentença foi favorável aos pedidos formulados pelo Ministério Público Federal na denúncia, com penas que ultrapassam 8 anos de reclusão, a serem cumpridas em regime fechado.
A condenação é resultado da operação policial realizada em julho de 2024 na Comunidade Vila Nova, zona rural de Tabatinga, quando foram apreendidos 3,7 toneladas de drogas, entre maconha do tipo skunk, pasta base e cloridrato de cocaína, além de armas de fogo e diversas munições.
Segundo o MPF, os condenados faziam parte de um esquema criminoso responsável pelo transporte, armazenamento e ocultação de grandes carregamentos de entorpecentes vindos do Peru com destino a Manaus (AM), configurando tráfico transnacional.
Na sentença, a Justiça Federal reconheceu que as provas apresentadas, incluindo depoimentos de testemunhas, laudos periciais e documentos apreendidos, demonstraram de forma inequívoca a responsabilidade dos réus.
O juiz aumentou a pena dos réus considerando: natureza transnacional do tráfico de drogas; a grande quantidade e diversidade dos entorpecentes apreendidos; a presença de armas de fogo, agravando o risco à ordem pública. Além das penas privativas de liberdade, os réus foram condenados ao pagamento de multas.
De acordo com o MPF, as circunstâncias da apreensão “demonstram não se tratar de traficantes eventuais, mas de parte de uma estrutura criminosa maior e mais organizada responsável pela internalização de vultosa quantidade de droga no Brasil, através desta tríplice fronteira” diz trecho das alegações assinada pelo procurador da República Guilherme Diego Rodrigues Leal.
Não há possibilidade de recurso e a sentença deve ser cumprida.
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Mailza chegou sem precisar gritar, humilhar ou esmagar
Por trás do sorriso doce e da fala tranquila, existe uma mulher implacável na defesa de seus ideais, blindada contra a ansiedade e imune às pressões

Mailza não pede licença para ser candidata. Ela é candidata. Porque o Acre reconhece nela a liderança de que precisa. Foto: cedida
A vice-governadora Mailza Assis está desenhando, com mãos firmes e coração aberto, o seu caminho para a reeleição em 2026. Em abril, o governador Gladson Cameli deixará o cargo para disputar uma vaga no Senado, e as pesquisas já apontam sua vitória com folga — levando junto quem ele apoiar. Essa força dele, hoje, também será decisiva para Mailza.
Mailza não é apenas a candidata oficial do governo. Ela é o símbolo de uma nova política no Acre — uma política que combina firmeza com gentileza, estratégia com empatia, coragem com serenidade. A orientação de Gladson é cristalina: quem quiser estar com o governo, estará com Mailza. Quem hesitar, estará fora desse projeto.
No comando do Estado, Mailza terá em suas mãos a potência da máquina pública. Mas, seu maior trunfo não está nos cargos ou na estrutura: está na sua liderança natural, na capacidade de inspirar confiança sem levantar a voz, na força que brota do seu jeito firme e ao mesmo tempo acolhedor.
Por trás do sorriso doce e da fala tranquila, existe uma mulher implacável na defesa de seus ideais, blindada contra a ansiedade e imune às pressões.
Para muitos, ainda é difícil aceitar o que já se tornou evidente: Mailza rompeu a barreira das dúvidas e provou seu valor. Ela não apenas decolou — ela já está em pleno voo.
E o mais poderoso: ela chegou até aqui sem precisar gritar, sem humilhar, sem esmagar. Venceu pela postura, pelo exemplo, pela inteligência emocional e pela capacidade rara de unir pessoas em torno de um propósito maior.

A orientação de Gladson é cristalina: quem quiser estar com o governo, estará com Mailza. Quem hesitar, estará fora desse projeto. Foto: cedida
Os desafios seguirão surgindo — porque a grandeza sempre incomoda. Mas, Mailza sabe que sua força está exatamente em não se desviar do seu caminho, mesmo quando tentam reescrever as regras.
Mailza não pede licença para ser candidata. Ela é candidata. Porque o Acre reconhece nela a liderança de que precisa.
Agora, seu desafio é maior e mais bonito: apresentar um projeto de governo ousado, transformador, capaz de tocar fundo a alma dos acreanos — mostrando que o futuro se constrói com sensibilidade, coragem e visão.
* Luiz Calixto é o atual secretário de Governo
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Ministério da Saúde envia para Cruzeiro do Sul novo remédio que reduz tratamento da malária de 7 para 3 dias
Cruzeiro do Sul, responsável por 60% dos casos de malária no estado do Acre, deve se beneficiar diretamente dessa inovação. A tafenoquina age eliminando as formas latentes do parasita Plasmodium vivax no fígado

A redução do tempo de tratamento facilita o acompanhamento, com supervisão no primeiro dia e administração dos demais dias em casa ou sob supervisão. Foto: cedida
O Ministério da Saúde anunciou o envio da tafenoquina, um novo medicamento que integra o tratamento da malária e reduz o período terapêutico de sete para apenas três dias. O objetivo é aumentar a adesão dos pacientes ao tratamento, já que muitos interrompiam a medicação antes do fim ao apresentarem melhora dos sintomas.
A técnica do Ministério da Saúde, que visitou a UPA de Cruzeiro do Sul e o Hospital Regional do Vale do Juruá, destacou que a tafenoquina já passou por todos os testes e possui aprovação da Anvisa, sendo segura e sem registros de reações adversas significativas até o momento.
Cruzeiro do Sul, responsável por 60% dos casos de malária no estado do Acre, deve se beneficiar diretamente dessa inovação. A tafenoquina age eliminando as formas latentes do parasita Plasmodium vivax no fígado, evitando recaídas comuns com o tratamento convencional. Além disso, a redução do tempo de tratamento facilita o acompanhamento, com supervisão no primeiro dia e administração dos demais dias em casa ou sob supervisão.
Esse avanço representa um passo importante para a meta de eliminação da malária no Brasil até 2035, alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, e traz esperanças para o combate a essa doença que historicamente afeta o Vale do Juruá.
“Estamos diante de um avanço histórico no combate à malária no Brasil”, afirmou o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério, durante cerimônia de entrega dos medicamentos.
A previsão é que até o final do ano todos os municípios da Amazônia Legal recebam o novo tratamento. Populares que apresentarem sintomas como febre alta, calafrios e dor de cabeça devem procurar imediatamente as unidades de saúde.
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