Acre
Advogados do Acre presos por agressão e tráfico seguem com registro ativo; OAB se pronuncia
A instituição afirma que cada caso precisa ser analisado de forma diferente, levando em conta suas especificidades
Matheus Mello, ContilNet
Para poder atuar na profissão após concluir a graduação de Direito, o advogado precisa estar habilitado e licenciado na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Entrentanto, ao cometer certas infrações disciplinares, o profissional pode perder o registro , ter a carteira cassada e ficar impossibilitado de trabalhar na advocacia.
A reportagem do ContilNet apurou casos recentes envolvendo advogados acreanos e constatou que mesmo cometendo crimes graves, os profissionais seguem com o registro na Seccional Acre ativo.
Todos os casos checados ganharam grande repercussão na mídia acreana e foram motivo de intensos debates entre juristas. Até o momento, boa parte deles cumprem pena, inclusive em regime fechado.
O presidente do Tribunal de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil no Acre, Andrias Abdo Wolter Sarkis, explicou que o conselho é formado por um grupo de 18 juristas, e 17 votantes, que deliberam sobre os pedidos de cassação dos registros ou penalização por infrações disciplinares.
O representante do Conselho de Ética informou que cada caso precisa ser investigado levando em consideração as suas peculiaridades. Sarkis explica ainda que a maioria dos processos correm em sigilo, como a legislação rege quando se trata sobre trâmites que envolvem advogados investigados. Os acusados são amparados com as chamadas “prerrogativas”.
“É importante que nós entendamos as peculiaridades de cada caso. Às vezes a gente acaba criando uma falsa percepção de um assunto que é diferente daquilo que realmente é. No Tribunal de Ética nós somos cobrados. Não dá para gente suspender alguém sem ter noção real do que é o caso”.
Dos casos analisados pelo ContilNet, apenas dois tem processo disciplinar instaurado no Tribunal de Ética da OAB. O restante nunca foi encaminhado. Segundo o presidente, o motivo: não houve pedido oficial para abertura de processo pelas partes interessadas.
“Existem casos aqui [dentre os apresentados pela reportagem] que tem processo disciplinar correndo e existem outros que não tem, porque cabe a quem representar as vítimas ou as autoridades policiais encaminhar os pedidos via ofício”, explicou.
Ainda em relação aos casos, a OAB não detalhou cada um. De acordo com o Tribunal de Ética, os processos são sigilosos e precisam ser resguardados.
Veja os casos checados pela reportagem
Antônio Djan Melo
Em janeiro do ano passado, o advogado Antônio Djan Melo atropelou 4 pessoas na Avenida Getúlio Vargas, em Rio Branco. Na audiência de custódia, o advogado teve a prisão preventiva decretada. Ele se recusou a fazer teste do bafômetro, porém, a Polícia Militar declarou que o advogado apresentava claros sinais de embriaguez. Duas das quatro pessoas atingidas pelo carro do advogado precisaram de atendimento urgente pela equipe do Samu.

Registro ativo do advogado/Reprodução
Anteriormente, em 2020, ele já tinha sido preso após dirigir também com sinais de embriaguez e se envolver em acidente.
Antônio Djan Melo ainda havia sido preso em 2016, acusado de abusar da confiança de seus clientes. No momento da prisão, o delegado responsável pelo caso informou que o mandado de prisão foi expedido pela 1ª Vara Criminal e que o processo contra Antônio foi iniciado pelas polícias Civil e Federal.
Vania do Nascimento Barros
Ainda em 2022, a advogada Vania do Nascimento Barros foi conduzida à Delegacia de Sena Madureira, interior do Acre, após tentar entregar um celular a um detento no presídio Evaristo de Moraes.
Vania responde em liberdade acusada de infringir o artigo 349-A do Código Penal – Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisional.
Ismael Tavares da Costa
Um dos casos mais recentes é envolvendo o advogado Ismael Tavares da Costa, investigado na Operação Boi de Ouro, acusado de participar de uma quadrilha especializada em roubo de gado no Acre. Ismael foi preso em fevereiro, no Batalhão de Operações Especiais (Bope).
Ismael passou a responder o processo em liberdade, por medidas cautelares, utilizando tornozeleira eletrônica. Ismael ocupava o cargo de conselheiro da Seccional Acre, e teve liberdade concedida em março deste ano.
Rodrigo Machado Pereira
No dia 08 de agosto de 2021, a Justiça do Acre expediu o mandado de prisão contra o advogado acreano Rodrigo Machado Pereira. Ele teria descumprido uma medida protetiva dada em favor da ex-esposa. A mulher havia denunciado o advogado após receber uma série de ameaças.
Na época, ele alegou que estava sob efeitos de remédios controlados por estar em um tratamento contra depressão. O advogado, ficou foragido por alguns dias, e disse que estava viajando no momento da intimação e por isso, não recebeu os mandados.
João Figueiredo Guimarães
Um dos casos que mais viralizou nas redes sociais foi o do advogado João Figueiredo Guimarães, de 74 anos.
Em 2021, o advogado foi pego tentando entrar com cartas e documentos que seriam entregues a presos envolvidos em organizações criminosas, no Presídio Francisco de Oliveira Conde.
Além das cartas e documentos, João tentou entrar também com quase meio quilo de drogas. Anteriormente, o advogado já havia tido passagens pela polícia e respondido processo por corrupção de menores em 2009, estupro em 2010 e crime tentado em 2014.
Levi Bezerra de Oliveira e Kamila de Araújo Lopes
Ainda neste ano, em fevereiro, durante a Operação Columba, a Polícia Federal prendeu os advogados Levi Bezerra de Oliveira e Kamila de Araújo Lopes, acusados de agirem como pombo-correios de uma organização criminosa, em Cruzeiro do Sul, interior do Acre.
Segundo as investigações, os dois eram responsáveis por realizar as trocas de informações entre membros da facção que estão dentro dos presídios e os que estão fora.
Todos os registros analisados pela reportagem foram colhidos no site da Organização dos Advogados do Brasil. Os dados são de domínio público e qualquer cidadão brasileiro pode consultá-los.
Com a palavra a OAB
Em nota assinada pelo presidente Rodrigo Aiache, a Organização dos Advogados do Brasil (OAB) Seccional Acre, explicou como funciona o processo de tramitação no Tribunal de Ética. No esclarecimento, a instituição informa que para realizar a abertura de processo no Tribunal de Ética, a parte interessada precisa se manifestar formalmente. Além disso, o TED não tem papel de investigar os casos, mas sim, de julgar os processos instruídos pelas próprias partes representantes.
Veja na íntegra:
Em relação aos casos apresentados pelo site de notícias ContilNet, a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Acre, vem esclarecer os seguintes pontos:
O colegiado disciplinar da OAB Acre é constituído por uma composição independente, cuja função é processar e julgar ações disciplinares contra advogados e advogadas com base nas previsões do art. 34 da Lei nº 8.906/1994 (Estatuto da Advocacia e da OAB). Nesse contexto, o Tribunal de Ética e Disciplina atua de modo a proceder ao julgamento de processos instruídos pelas próprias partes representantes, sem ter a função de investigação ou apuração dos casos. Portanto, é necessário que a parte ofendida apresente uma representação diretamente ao TED por meio do atendimento presencial, e-mail ou, ainda, por meio de advogado, instruindo o processo com todos os documentos necessários para a apuração do caso.
É bastante comum a apresentação de representações sem qualquer documento comprobatório de suas alegações ou com documentos e dados insuficientes, o que impede a devida apuração das representações. Nos casos apresentados na matéria, verificamos que se trata de possíveis infrações criminais, cujas ações penais estão em curso ou sequer foram propostas. Isso impede a ação de ofício da OAB, uma vez que, na maior parte dos casos, o profissional não utilizou necessariamente sua função de advogado para o suposto cometimento da infração criminal.
Nos casos em que a ação do advogado ou da advogada foi possibilitada pela utilização de sua função profissional, a OAB Acre instaurou processo disciplinar, que se encontra em tramitação sigilosa, conforme determina a lei. É importante destacar que as infrações disciplinares evoluem, ganhando novos contornos. Recentemente, o Conselho Federal da OAB aprovou a inclusão da violência contra a mulher como infração ético-disciplinar. Tal proposição, inclusive, foi aprovada na última semana na Câmara dos Deputados, seguindo para aprovação pelo Senado Federal.
Independentemente da infração cometida ou da forma como ocorreu o cometimento de determinado crime, é importante fazer a devida diferenciação das ações profissionais e das condutas que ocorrem no âmbito pessoal. Mais do que qualquer outra classe, a OAB preza sempre pela defesa do devido processo legal e do contraditório, o que é materializado na tramitação cautelosa e na ampla oportunidade de defesa garantida a todos os advogados e advogadas processados em nosso tribunal de ética.
Rodrigo Aiache Cordeiro
Presidente da OAB/AC
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Acre
Jornalista Wanglézio Braga é indicado para lista dos mais admirados da imprensa do Agronegócio 2025
“neste segundo turno você poderá votar em até 5 opções em cada uma das categorias, indicando os nomes de profissionais e veículos em ordem de 1º a 5º lugar”

Wanglézio Braga tem ampla trajetória nos meios de comunicação do estado. Foi editor-chefe do jornal O Rio Branco por sete anos, além de atuar como repórter político e de meio ambiente. Foto: cedida
Natural de Rio Branco, no Acre, o jornalista Wanglézio de Lima Braga é um dos 106 profissionais de 86 veículos de comunicação de todo o país listados na edição especial do portal ‘Jornalistas & Cia’. O profissional da mídia acreana foi classificado para a segunda etapa do prêmio “+Admirados da Imprensa do Agronegócio 2025”.
Criada pelo portal ‘Jornalistas & Cia’, a premiação valoriza o trabalho de comunicadores que se destacam na cobertura do setor agropecuário em todo o Brasil. Nesta edição, Wanglézio se destacou pela credibilidade com que trata as pautas do campo, recebendo reconhecimento dos colegas de profissão.
Segundo a publicação, neste ano a quantidade de premiados foi ampliada. “Em vez de Top 30, serão eleitos os Top 50 +Admirados Jornalistas do Brasil”, informa o portal, destacando que “mais da metade (63 nomes) ainda não haviam figurado na lista em anos anteriores”.
Diplomado em Jornalismo e Letras (Português) pela Universidade Federal do Acre (UFAC), Wanglézio Braga tem ampla trajetória nos meios de comunicação do estado. Foi editor-chefe do jornal O Rio Branco por sete anos, além de atuar como repórter político e de meio ambiente. Também teve passagens pelo SBT, onde foi apresentador e repórter, e pela revista Saiba Mais.
Atualmente, é colunista do portal News Rondônia, dos CEOs Fabiano Coutinho e Mauro Brisa, onde publica conteúdos diários com foco nos estados de Rondônia e Acre.

Na lista deste ano, Braga aparece ao lado de grandes nomes da imprensa agro, como Valterno de Oliveira, do Grupo Bandeirantes. Foto Art
Na lista deste ano, o jornalista acreana Wanglézio de Lima Braga aparece ao lado de grandes nomes da imprensa agro, como Valterno de Oliveira, do Grupo Bandeirantes. Para votar, basta acessar: link da votação e seguir as instruções. O nome de Wanglézio Braga está na categoria “jornalistas”.
De acordo com o portal, “neste segundo turno você poderá votar em até 5 opções em cada uma das categorias, indicando os nomes de profissionais e veículos em ordem de 1º a 5º lugar”.

O jornalista Wanglézio de Lima Braga, esteve nos 4 dias festa no município de Epitaciolândia realizando a cobertura do Xll Circuito Country de Epitaciolândia. Foto: oaltoacre
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PM apreende 58 quilos de drogas e arma em operação no bairro Boa União, no Acre
Equipes do BOPE, Choque e Cães surpreenderam suspeito em residência com grande carga de maconha e pasta base de cocaína

Os militares receberam informações de um endereço que possivelmente teria recebido um grande carregamento de drogas. Foto: cedida
Policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (BOPE), incluindo equipes da Companhia de Policiamento com Cães (CPCães), Companhia de Operações Especiais (COE) e Companhia de Choque (CPChoque), apreenderam 58 quilos de entorpecentes e uma espingarda durante uma operação na segunda-feira (5), no bairro Boa União, em Rio Branco.
Os policiais indagaram o indivíduo sobre o material ilícito e ele afirmou que iria entregar para outra pessoa. Em buscas pelo local os militares encontraram uma arma de fogo, tipo espingarda e várias embalagens de entorpecentes supostamente maconha e pasta a base de cocaína, somando ao todo 57, 815kg.
Operação foi deflagrada após denúncia
Os militares agiram com base em informações sobre um grande carregamento de drogas em uma residência. Ao chegarem ao local, encontraram o portão aberto e um homem distraído com o celular. Com ele, foram apreendidos três pacotes de maconha.
Arma e mais drogas escondidas no local
Durante buscas, os policiais encontraram:
– 57,815 kg de drogas (maconha e pasta base de cocaína)
– 1 espingarda
O indivíduo foi levado à Delegacia de Flagrantes (Defla), junto com todo o material apreendido, para as devidas providências. A operação reforça o trabalho integrado das unidades especiais da PMAC no combate ao tráfico de drogas no estado.
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Polícia Civil do Acre lança plataforma digital com dados detalhados sobre mortes violentas entre janeiro e março deste ano
Ferramenta interativa revela que 40 pessoas foram assassinadas no estado no primeiro trimestre de 2024; maioria das vítimas são homens

Ferramenta visa modernizar a gestão da informação e ampliar a transparência nas ações da Polícia Civil. Imagem: ilustrativa.
A Polícia Civil do Acre disponibilizou uma nova plataforma digital com painéis interativos que detalham informações sobre mortes violentas em todo o estado. Segundo os dados, 40 pessoas foram assassinadas entre janeiro e março deste ano, sendo 38 homens e apenas duas mulheres.
O sistema possibilita a consulta por categorias como homicídio, feminicídio, latrocínio, mortes por intervenção policial e acidentes de trânsito. A análise aponta que 14 dos homicídios registrados estão ligados a disputas entre facções criminosas.
A iniciativa visa aumentar a transparência e auxiliar no planejamento de políticas públicas de segurança. A plataforma está disponível para acesso público e deve ser atualizada periodicamente.
Entre as vítimas, a imensa maioria era do sexo masculino: 38 homens e apenas duas mulheres. A análise dos dados mostra ainda que 14 dos homicídios estão diretamente relacionados à disputa entre facções criminosas.
A capital Rio Branco concentrou a maior parte dos assassinatos no trimestre, com 22 casos. Em seguida aparecem os municípios de Cruzeiro do Sul (5), Brasiléia (2), Feijó (2), Jordão (2), Sena Madureira (2), Assis Brasil (1), Capixaba (1), Porto Acre (1), Rodrigues Alves (1) e Xapuri (1).”
Março foi o mês mais violento do período, com 19 assassinatos registrados. Em janeiro ocorreram 13 mortes e, em fevereiro, 8. Quanto aos instrumentos utilizados nos crimes, 57,5% dos homicídios foram cometidos com arma de fogo, enquanto 10% envolveram armas brancas.
A motivação dos crimes também foi analisada: além dos 14 casos relacionados ao conflito entre facções, outros 12 homicídios ainda estão sob investigação. Doze foram provocados por motivos fúteis, um por legítima defesa e outro teve motivação passional.
O delegado-geral da Polícia Civil, José Henrique Maciel Ferreira, destacou a importância da nova plataforma como ferramenta de apoio à atuação policial. “A visualização desses dados de forma interativa e dinâmica contribui significativamente para o direcionamento das nossas ações. É um recurso que nos permite agir com mais estratégia e assertividade”, ressaltou.

Segundo os dados, 40 pessoas foram assassinadas entre janeiro e março deste ano, sendo 38 homens e apenas duas mulheres. Foto: cedida
Segundo o delegado-geral da Polícia Civil do Acre, José Henrique Maciel Ferreira, a inovação vai permitir que o trabalho policial seja ainda mais direcionado.
“A visualização desses dados de forma interativa e dinâmica contribui significativamente para o direcionamento das nossas ações e para a identificação de padrões que possam ser combatidos com mais eficiência. É um recurso que nos permite agir com mais estratégia e assertividade”, afirmou.
O responsável pelo desenvolvimento dos painéis é o agente de polícia Raurimar Sousa Muniz, coordenador de Tecnologia e Informação (Cotin) da PCAC. Ele explica que o principal objetivo foi tornar os dados mais acessíveis para uso prático no dia a dia da gestão e das investigações.
“Nosso foco foi criar uma ferramenta intuitiva, que facilitasse a leitura dos dados e permitisse identificar rapidamente os principais pontos de atenção. Com esses painéis, é possível perceber tendências, fazer comparativos e identificar áreas de risco com muito mais clareza”, disse o agente.
Para o diretor do Departamento de Inteligência da Polícia Civil, delegado Nilton Boscaro, os dashboards são uma conquista importante para a Segurança Pública.
“Trabalhar com dados bem organizados e atualizados é fundamental para que possamos antecipar situações críticas e definir prioridades com base em evidências. É uma ferramenta que agrega valor não apenas à investigação, mas também ao planejamento de políticas públicas”, destacou.
A Polícia Civil do Acre reafirma, com essa iniciativa, seu compromisso com a modernização dos processos, o uso responsável da tecnologia e a prestação de um serviço público cada vez mais eficiente e alinhado às necessidades da sociedade.

O delegado-geral da Polícia Civil do Acre, José Henrique Maciel Ferreira, reafirmou que a inovação vai permitir que o trabalho policial seja ainda mais direcionado. Foto: cedida
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