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Tabus quebrados, títulos inéditos, pênaltis… Veja os 16 campeões estaduais deste fim de semana

São Paulo e Náutico quebram tabus, Flamengo e Atlético-MG ampliam vantagem, Grêmio conquista tetra e três equipes levantam suas primeiras taças nas partidas de sábado e domingo

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Carrossel campeões estaduais — Foto: Arte/ge

Por Redação G1.com

Dezesseis campeões estaduais foram definidos neste final de semana, com jogos disputados sábado e domingo. As finais tiveram três taças sendo levantadas após cobranças de pênaltis, e três campeões inéditos – Atlético de Alagoinhas, na Bahia, Real Noroeste, no Espírito Santo, e Grêmio Anápolis, em Goiás.

Teve quebra de tabu do São Paulo, no Paulista, que não vencia desde 2005, e do Náutico, em Pernambuco, que não batia o rival Sport em decisões há 53 anos. Também teve Flamengo e Atlético-MG ampliando liderança nos rankings de títulos e Grêmio tetracampeão gaúcho.

Confira os campeões

Jogadores do São Paulo comemoram título do Paulista — Foto: Marcos Ribolli

Alagoano – CSA

Com emoção dos pênaltis, o CSA conquistou o 40º título alagoano no sábado. No tempo normal, empatou com o CRB por 1 a 1, no Rei Pelé, e depois contou com a estrela do goleiro Thiago Rodrigues, que pegou duas cobranças e ajudou o Azulão a vencer por 4 a 3. O time é o maior campeão estadual com vantagem de sete títulos em relação ao rival

CSA comemora o título alagoano com a taça — Foto: Ailton Cruz/Gazeta de Alagoas

Amazonense – Manaus

A final do Amazonense em 2021 vai ficar marcada na história. A partida teve um golaço de bicicleta de Tiago Amazonense, pelo São Raimundo, mas o Manaus buscou a vitória de virada por 3 a 2 aos 51 minutos do segundo tempo. Mesmo com a derrota por 2 a 1 na ida, o time conquistou o título, já que teve a melhor campanha na primeira fase. Foi a quarta taça estadual do Manaus.

Manaus FC campeão — Foto: João Normando/FAF

Baiano – Atlético de Alagoinhas

Teve campeão inédito na Bahia. Pela primeira vez em sua história de 51 anos, o o Atlético de Alagoinhas conquistou o Estadual. E foi com bastante drama, superando gol contra e expulsão para vencer de virada o Bahia de Feira por 3 a 2 – após empate por 2 a 2 na ida.

Atlético de Alagoinhas campeão baiano — Foto: Atlético de Alagoinhas / Divulgação

Capixaba – Real Noroeste

Após um empate de 1 a 1 neste domingo (ida 0 a 0), no jogo de volta da final do Campeonato Capixaba, o Real Noroeste venceu o Rio Branco VN nos pênaltis, por 8 a 7, nos pênaltis, e conquistou o Estadual pela primeira vez.

Real Noroeste venceu o Rio Branco VN nos pênaltis, por 8 a 7, nos pênaltis, e conquistou o Estadual pela primeira vez

Carioca – Flamengo

Liderado por dois gols de Gabigol, o Flamengo conquistou o tricampeonato carioca com vitória por 3 a 1 sobre o Fluminense, no Maracanã, sábado – após empate em por 1 a 1 na ida. Este foi o 37º título estadual do Fla na história da competição, aumentando a vantagem no topo do ranking.

O jogo ficou marcado por cobrança de Diego no próprio Gabigol no intervalo e por duas falhas do goleiro Marcos Felipe, do Flu. Com a nova taça, o Flamengo chegou a 21 títulos no século.

Jogadores do Flamengo erguem a taça do tricampeonato carioca — Foto: André Durão

Cearense – Fortaleza

O Fortaleza segurou o empate em 0 a 0 com o Ceará, neste domingo, e sagrou-se campeão do estadual 2021 – em decisão de jogo único, com melhor campanha como critério de desempate. Com isso, conquistou a competição pela 44ª vez em sua história. Foi o terceiro Tricampeonato vencido pelo Leão do Pici.

Fortaleza, campeão cearense — Foto: Fabiane de Paula / SVM

Gaúcho – Grêmio

O Grêmio é tetracampeão gaúcho, após empatar com o Internacional por 1 a 1, neste domingo, na Arena – beneficiado pela vitória por 2 a 1 na ida. O tetra se repete após 33 anos, quando o Tricolor do fim da década de 80 chegou a seis títulos seguidos. O Grêmionão é derrotado para o maior rival desde 2014, e conquista seu 40º título estadual

Jogadores do Grêmio festejam conquista do título gaúcho em cima do Inter — Foto: Eduardo Moura/ge.globo

Goiano – Grêmio Anápolis

Outro campeão inédito neste final de semana foi no Goiano. Após empate por 1 a 1 no tempo normal (mesmo placar da ida), neste domingo, o Grêmio Anápolis venceu o Vila Nova por 5 a 4 nos pênaltis e levantou o troféu pela primeira vez em sua história. Já o Vila segue sem conquistar o Estadual desde 2005.

Grêmio Anápolis é campeão goiano de 2021 — Foto: Reprodução / TV Anhanguera

Maranhense – Sampaio Corrêa

Dominante nos dois jogos, com vitória por 1 a 0 na ida e 3 a 1 neste domingo, o Sampaio Corrêa sagrou-se campeão Maranhense sobre o Moto Club. O bicampeonato amplia a vantagem da Bolívia Querida no ranking de títulos estaduais – é o maior vencedor, com 35 taças, contra 26 do rival.

Sampaio é campeão maranhense 2021 — Foto: Afonso Diniz/ge

Mato Grossense – Cuiabá

O Cuiabá saiu em desvantagem contra o Operário neste domingo, na Arena Pantanal, mas buscou o empate por 1 a 1 e conquistou seu décimo título Mato Grossense em 20 anos de história – após vitória na ida por 2 a 1. Para melhorar, o título do Dourado foi invicto, feito que o clube consegue pela terceira vez.

Cuiabá campeão mato-grossense — Foto: AssCom Dourado

Mineiro – Atlético-MG

Com melhor campanha na primeira fase, o Atlético-MG conquistou o título estadual sobre o América-MG após dois empates sem gols – o segundo no Mineirão, sábado. A partida teve pênalti desperdiçado por Rodolfo, do Coelho, e muita reclamação do time perdedor à arbitragem. Este foi o 46º título mineiro do Galo, maior vencedor do estado

Atlético-MG, campeão mineiro de 2021 — Foto: Agência i7/ Mineirão

Paraense – Paysandu

O Paysandu goleou a Tuna Luso neste domingo e garantiu mais um título paraense, seu 49º. A vitória por 4 a 1 contou com fator decisivo do “Gabigol da Curuzu”. O atacante Gabriel Barbosa – homônimo do mais famoso, do Flamengo – entrou no segundo tempo e marcou três gols. O Papão, agora, tem 49 títulos estaduais, três a mais que o maior rival, Remo, que tem 46 taças.

Paysandu comemora o 49º título paraense — Foto: Fernando Torres

Paulista – São Paulo

O São Paulo colocou fim a mais de oito anos de fila e conquistou o Campeonato Paulista ao vencer o Palmeiras por 2 a 0, neste domingo, no Morumbi. É o primeiro título do Tricolor desde a Copa Sul-Americana de 2012. E o primeiro Paulistão desde 2005 – ano marcado por conquistas de Libertadores e Mundial de Clubes. Início perfeito para o técnico Hernán Crespo.

O São Paulo iguala o Santos na terceira posição dos maiores campeões, com 22 títulos. O Palmeiras tem 23 e o Corinthians lidera com 30

Crespo é levantado após conquista de título — Foto: Marcos Ribolli

Pernambucano – Náutico

Após 53 anos, o Náutico voltou a superar o Sport numa decisão e conquistou seu 23º título pernambucano da história. Depois de empate por 1 a 1 no tempo normal (mesmo placar da ida), decisão nos pênaltis, por 5 a 3. Foi o 23º título alvirrubro.

A conquista teve sua dose de polêmica. O alvirrubro, Giovanny perdeu sua cobrança, mas o VAR – alegando que Maílson se adiantou – mandou repetir. Ele fez, e posteriormente, o Timbu fechou as penalidades.

Jogadores do Náutico levantam taça estadual após pênaltis contra Sport — Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press

Piauense – Altos

Depois do 2 a 1 na ida, o Altos voltou a vencer o Fluminense-PI, desta vez por 3 a 0, no sábado, e conquistou seu terceiro título estadual. O placar foi construído com o artilheiro Manoel, que marcou dois gols na decisão e deixou o gramado com a artilharia do Campeonato Piauiense (13 gols).

Altos, campeão piauiense de 2021 — Foto: Emanuele Madeira

Sergipano – Sergipe

Após vitória por 3 a 1 no jogo de ida, o Sergipe jogou com o regulamento e sagrou-se campeão sergipano mesmo com derrota por 1 a 0 para o Lagarto, no sábado. Após classificar-se com a pior campanha entre os quatro semifinalistas, o Sergipe superou o favorito Confiança e foi seguro na decisão para levantar sua 36ª taça estadual

Sergipe é campeão estadual em 2021 — Foto: Reprodução/TV Sergipe

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Caso Master: sigilo alimenta especulação sobre envolvidos, diz especialista

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Em entrevista ao CNN Prime Time, Cristiano Noronha detalha que o tema já está sendo politizado no âmbito local em Brasília

• Imagem gerada por IA

O caso do Banco Master, que teve sua liquidação extrajudicial decretada pelo BC (Banco Central), entrou no debate político brasileiro e está sendo explorado por diferentes campos ideológicos.

Em entrevista ao Agora CNN, o cientista político Cristiano Noronha, vice-presidente da Arko Advice, avalia que o sigilo imposto ao caso pelo ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), e a acareação por ele imposta alimentam especulações sobre quem poderia estar envolvido.

“Essa questão da determinação do sigilo, essa decisão de investigar, fazer essa acareação que foi decidida à revelia do que defendia a Polícia Federal, tudo isso acaba alimentando muito essas especulações de quem efetivamente estaria envolvido”, explica.

O especialista também comenta sobre a politização do tema: “O assunto já está sendo politizado no âmbito local em Brasília, porque a gente viu também personalidades políticas defendendo a compra do Banco Master pelo BRB, que é um banco público”, detalha.

Noronha destaca que a revelação do contrato que o escritório de advocacia de Viviane Barci de Moraes, esposa de Alexandre de Moraes, mantinha com o Banco Master serve como munição para a oposição e relembra os diversos pedidos de impeachment do ministro.

Distância estratégica do governo

Questionado sobre a postura do governo de evitar o confronto direto e manter o discurso de autonomia do Banco Central, o vice-presidente da Arko Advice avalia que essa é uma estratégia acertada.

“Faz todo sentido o governo fazer isso, primeiro porque se distancia do problema, insiste em uma decisão absolutamente técnica que o Banco Central tomou e eventualmente não politiza ainda mais esse assunto.”

Com esse distanciamento, Noronha explica que o governo evita ser acusado pela oposição de tentar blindar atores importantes caso venha à tona o envolvimento de figuras relevantes do cenário político e jurídico.

Fonte: CNN

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Zelensky quer mais do que os 15 anos de segurança oferecidos por Trump

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Zelesnky afirmou, nesta segunda-feira (29), ter pedido aos Estados Unidos garantias de segurança “sólidas” contra a Rússia

Após a reunião deste domingo (28/12) entre o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e Donald Trump, nos EUA, a questão territorial continua sendo um dos principais pontos de bloqueio para a obtenção de um consenso.

A Rússia segue exigindo concessões da Ucrânia e a incorporação de Donbass, no leste. Zelesnky afirmou, nesta segunda-feira (29), ter pedido aos Estados Unidos garantias de segurança “sólidas”, com prazos mais longos do que 15 anos contra os russos.

Apesar dos pontos de atrito que parecem inviabilizar um compromisso duradouro a curto prazo, o presidente americano Donald Trump disse neste domingo estar “muito próximo” de um acordo de paz com a Ucrânia, após um encontro com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky em sua residência em Mar-a-Lago, em Palm Beach, na Flórida.

Embora Trump demonstre otimismo, nenhum prazo foi estipulado para colocar em prática os pontos citados no plano de paz anunciado pelos EUA em 28 de novembro e modificado diversas vezes. Na conversa com jornalistas após a reunião, que teve a participação, por telefone, de líderes europeus, Trump e Zelensky admitiram que ainda há várias divergências pendentes entre russos e ucranianos — principalmente em relação às questões territoriais.

A principal dificuldade envolve o Donbass, formado pelas regiões de Donetsk e Lugansk, que continua sem solução. A área é reivindicada pelo presidente russo Vladimir Putin, que alega laços históricos e herança soviética. Mas, de acordo com a Constituição ucraniana, o território pertence à Ucrânia.

Antes da reunião, Zelensky esperava convencer o presidente americano a flexibilizar uma das principais propostas do plano de paz, que inclui a retirada completa das tropas ucranianas da região de Donbass, o que significaria ceder a Moscou áreas ainda controladas por Kiev.

Desde o início da guerra, em fevereiro de 2022, a Rússia tomou cerca de 12% do território ucraniano, após ter anexado a península da Crimeia em 2014. Trump e Zelensky admitiram neste domingo que o futuro do Donbass ainda é incerto. “Não está resolvido, mas estamos chegando perto”, disse Trump. “É uma questão muito difícil”, acrescentou, após afirmar que restam “um ou dois pontos delicados”.

Os Estados Unidos propuseram criar uma zona econômica franca caso a Ucrânia deixasse a região, mas seu funcionamento, na prática, não foi esclarecido. Apesar das dificuldades, “o desfecho das negociações entre a Rússia e a Ucrânia deve ocorrer nas próximas semanas”, afirmou o presidente americano, que também conversou por telefone com Vladimir Putin antes de receber Zelensky e disse que voltará a ligar para o presidente russo.

Garantias de segurança

Em uma mensagem publicada nas redes sociais, Zelensky disse que houve “progressos significativos” nas últimas semanas nas discussões conduzidas por equipes americanas e ucranianas. Segundo ele, os encontros definiram quais seriam as próximas etapas que viabilizariam o plano de 20 pontos, proposto por Trump.

Zelensky afirma que obteve um acordo sobre as garantias de segurança que seriam oferecidas à Ucrânia, mas Trump disse que a questão está resolvida em “95%” e espera que os europeus assumam “grande parte” dessas garantias, com apoio dos Estados Unidos.

Nesta segunda-feira, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse que os Estados Unidos propuseram à Ucrânia garantias de segurança “sólidas” por um período de 15 anos que pode ser prorrogado. Ele disse que pediu a Washington um prazo maior durante sua reunião no domingo com Donald Trump.

“Eu realmente queria que essas garantias fossem mais longas e que consideramos a possibilidade de 30, 40, 50 anos”, afirmou Zelensky em uma coletiva de imprensa online. Segundo ele, o presidente americano vai analisar essa possibilidade. Ele também disse que terá uma nova reunião na Ucrânia “nos próximos dias” com líderes americanos e europeus.

Após a reunião entre Trump e Zelensky, o presidente francês, Emmanuel Macron, reconheceu no X avanços nas garantias de segurança e anunciou uma reunião da “coalizão dos voluntários” no início de janeiro, em Paris, “para finalizar as contribuições concretas de cada um”.

Zelensky e Trump também não deram detalhes sobre os acordos que envolvem a segurança da Ucrânia após o fim do conflito. Nesta segunda, o presidente ucraniano afirmou que só suspenderá a lei marcial, que proíbe, principalmente, que homens ucranianos elegíveis para o serviço militar deixem o país, após o fim da guerra com a Rússia e a obtenção de garantias de segurança.

Moscou insiste que qualquer envio de tropas estrangeiras para a Ucrânia seria inaceitável. De acordo com o líder ucraniano, qualquer acordo de paz deverá ser aprovado pelo Parlamento do país ou por referendo, e Trump disse estar disposto a se dirigir ao Parlamento em Kiev.

Zelensky anunciou que uma reunião entre representantes ucranianos e americanos ocorrerá na próxima semana, além de outro encontro em janeiro, em Washington, com Trump e líderes europeus. A reunião entre Trump e o presidente ucraniano ocorreu após várias semanas de esforços diplomáticos, especialmente por parte dos europeus, às vezes excluídos do processo liderado por Washington.

A Europa busca garantias de segurança para Kiev que tenham o apoio dos Estados Unidos. “A Europa está pronta para continuar sua colaboração com a Ucrânia e seus parceiros americanos a fim de consolidar os progressos rumo a um acordo de paz”, declarou na noite de domingo para segunda a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Conversa com Putin

Pouco antes da chegada da delegação ucraniana à Flórida, Trump conversou por telefone com o presidente russo Vladimir Putin. O chefe de Estado americano descreveu a conversa como “muito produtiva”, e um conselheiro do Kremlin afirmou que o tom entre os dois líderes foi “cordial”. A discussão durou uma hora e quinze minutos.

Durante a ligação, Putin disse que a proposta de uma trégua de 60 dias, formulada pela Ucrânia e pela União Europeia, apenas prolongaria a guerra, segundo Yuri Uchakov. Kiev precisa tomar rapidamente uma “decisão corajosa” sobre o Donbass, acrescentou o conselheiro de política externa da presidência russa.

Durante o fim de semana, o Exército russo intensificou seus ataques aéreos contra a Ucrânia e atingiu neste domingo a capital e outras regiões do país com centenas de mísseis e drones. O aquecimento e a eletricidade foram cortados em alguns bairros de Kiev.

Zelensky descreveu os ataques russos como uma resposta de Moscou às negociações de paz lideradas por Washington. Trump, no entanto, disse acreditar que Putin é “sincero” em suas intenções de obter a paz.

Novos territórios

Quanto à usina nuclear de Zaporíjia, a maior da Europa, a administração americana propôs que Rússia e Ucrânia compartilhem seu controle.

No local, os trabalhos de reparação das linhas elétricas começaram após um novo cessar-fogo local negociado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), informou a agência neste domingo.

Segundo Trump, os negociadores avançaram nas negociações sobre a usina, que pode “retomar operações quase imediatamente”, disse ele. Putin alertou no sábado que a Rússia continuará sua ofensiva militar na Ucrânia se Kiev não quiser chegar a uma paz rápida. O Exército russo, que avançou nas linhas de frente nos últimos meses, reivindicou neste domingo a tomada de novas regiões ucranianas.

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INSS: empresa que movimentou milhões funcionava em endereço fantasma

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Empresa apontou endereço em condomínio residencial no Jardim Botânico (DF). CNPJ movimentou quase R$ 4 milhões para ONGs investigadas

Uma empresa cujo endereço consta na Receita Federal como sendo no Jardim Botânico, Distrito Federal, movimentou, em apenas dois meses, quase R$ 4 milhões pertencentes a entidades investigadas no caso que ficou conhecido como a Farra do INSS.

A empresa em questão é a Prime Assessoria e Consultoria Financeira LTDA., também registrada como TI Assessoria Financeira. Cadastrada como microempresa – classificação dada a empreendimentos com faturamento anual de até R$ 360 mil, a companhia foi aberta em 2 de janeiro de 2025, no interior de um condomínio.

Metrópoles esteve no endereço e apurou que no local há apenas unidades habitacionais. De acordo com um funcionário do condomínio ouvido pela reportagem, nunca houve registro do empreendimento no residencial – configurando a suspeita de ser uma empresa fantasma.

Segundo o trabalhador, na casa apontada como sendo a sede da empresa mora um homem cujo nome não é mencionado em qualquer documento oficial da TI Assessoria. O portal tentou contato com o morador, mas não obteve sucesso.

Segundo o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) enviado à CPMI do INSS, o dinheiro movimentado pela empresa é proveniente de depósitos e retiradas feitos pela Associação dos Aposentados do Brasil (AAB) e da Federação dos Agricultores Familiares e Empreendedores Rurais do Centro Sul e Sudeste, ligada a Conafer.

Tanto a AAB quanto a Conafer são investigadas por aplicar descontos ilegais nas aposentadorias e pensões do INSS.

Rendimento incompatível

Conforme os dados, a TI Assessoria recebeu, em dois meses, recursos de forma concentrada das associações investigadas e distribuiu esses valores para mais de 500 contrapartes. Do montante total movimentado na conta da empresa, R$ 1,97 milhão se refere a créditos e R$ 1,95 milhão, a débitos.

A movimentação milionária do empreendimento chamou atenção do sistema de monitoramento de Prevenção à Lavagem de Dinheiro (PLD), que classificou o rendimento da TI Assessoria como “incompatível” com “seu perfil, tempo de existência e porte”.

Segundo o sistema PLD, “não foram identificadas informações que explicassem a movimentação” dos valores da TI Assessoria Financeira. Além disso, na conta da empresa, “não houve manutenção de saldo em conta” devido a “rápida evasão dos recursos”. Após o fluxo milionário, o CNPJ foi encerrado em 5 de maio, quatro meses após ser aberto.

A reportagem apurou que uma das sócias da empresa é Thamyrez Maia de Oliveira, diretora financeira da Conafer. A mulher, segundo um depoimento concedido pelo presidente da associação, Carlos Roberto Ferreira Lopes, à CPMI do INSS, é esposa do presidente do Instituto Terra e Trabalho (ITT) Vinícius Ramos da Cruz – um dos presos no esquema de descontos ilegais. Vinícius é cunhado de Lopes.

Ainda conforme revelado por Lopes à CPMI, o instituto atua como “braço de execução” de várias entidades, incluindo a Conafer.

Sede no mesmo endereço

A Confederação Nacional dos Agricultores Familiares (Conafer) e a Associação dos Aposentados do Brasil (AAB) têm como sede o mesmo prédio empresarial, localizado no Setor Comercial Sul de Brasília, no Distrito Federal.

As informações, que divergem apenas no número da sala, constam no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica das instituições e foram concedidas à União no momento da criação das empresas. Os CNPJs, inclusive, permanecem ativos, com os mesmos dados, perante a Receita Federal.

Tanto a Conafer quanto a AAB aparecem na lista de Processos Administrativos de Responsabilização (PAR) instaurados pela Controladoria-Geral em setembro deste ano.

A Conafer, por exemplo, teria desviado ao menos R$ 640 milhões de aposentadorias associadas à instituição. Em 17 de novembro, a Polícia Federal cumpriu mandado de prisão contra dirigentes da associação. O presidente, Carlos Roberto Ferreira Lopes, não foi localizado. Ele é apontado como chefe do esquema que contava com núcleos político, financeiro e de comando para cometer as fraudes.

A Associação dos Aposentados do Brasil, por sua vez, também seria responsável por desvios milionários. A AAB, segundo as investigações, teria solicitado descontos em benefícios de pessoas mortas há décadas. Um levantamento feito pela CGU identificou que a instituição solicitou indevidamente, em mais de 27 mil casos, a inclusão de descontos associativos de pessoas já falecidas.

Devido aos fatos, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, que apura as fraudes, aprovou requerimento para convocar Dogival José dos Santos, presidente da AAB, para prestar depoimento no Senado Federal. Em 6 de novembro, parlamentares pediram quebra de sigilo bancário e fiscal do dirigente da instituição.

Donos de igrejas no DF

Metrópoles apurou que, antes de comandar a associação, Dogival era motorista. Ele e Lucineide dos Santos Oliveira (outra sócia da AAB) são donos de igrejas evangélicas localizadas na capital da República.

Uma dessas igrejas, em nome da mulher, fica na região do Recanto das Emas (DF). Estranhamente, no mesmo endereço da instituição religiosa, está cadastrada uma empresa pertencente a Samuel Chrisostomo do Bomfim Junior, contador da Conafer.

Metrópoles esteve no local e encontrou apenas a instituição religiosa, erguida entre um centro catequético e um terreno baldio. Apesar disso, segundo dados da Receita Federal, a loja de Samuel está ativa no espaço, o que conduz à suspeita de ser uma empresa fantasma.

Reprodução/ Google Maps

Outros CNPJs distintos em nome de Samuel e de Lucineide operam em um sobrado na mesma região administrativa. Além dos empreendimentos da dupla, funcionam no endereço empresas pertencentes a Cícero Marcelino de Souza Santos, assessor do presidente da Conafer.

Cícero – que chegou a afirmar, durante a CPMI, que lucrava “uns trocos” com o dinheiro que deveria ser destinado aos beneficiários do INSS – foi preso em 17 de novembro, durante operação da PF.

Em 16 de outubro, durante depoimento, Cícero admitiu que abriu empresas para prestar serviços a pedido de Carlos Lopes. Ele disse que recebia planilhas de pagamentos para as entidades da Conafer e, posteriormente, fazia o repasse. Pontuou ainda que não conhece Samuel Chrisostomo, apesar de ter CNPJ de instituição sediada no mesmo local de empresas do homem.

Santos também negou saber de onde vinham os recursos recebidos pela Conafer. Ele e a esposa, no entanto, teriam movimentado R$ 300 milhões da instituição desde 2019.

Durante a CPMI, as empresas de Cícero foram apontadas como empreendimentos de natureza laranja. “A única coisa que estou vendo aqui nesta CPMI é que as pessoas que os sindicatos ajudam são os próprios dirigentes e seus familiares, as empresas dos dirigentes, dos familiares, ou dos laranjas e familiares dos laranjas. E você é um laranja, suas empresas são empresas laranjas”, disse a deputada Adriana Ventura (Novo-SP).

Operação

A Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram, em 13 de novembro, nova fase da Operação Sem Desconto, investigação que mira esquema nacional de descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões. A ação mobilizou equipes em 17 estados e no Distrito Federal.

Ao todo, foram cumpridos 63 mandados de busca e apreensão, 10 mandados de prisão preventiva e diversas medidas cautelares. Entre os presos estão:

  • Alessandro Stefanutto – ex-presidente do INSS;
  • Antônio Carlos Antunes Camilo, conhecido como Careca do INSS;
  • Vinícius Ramos da Cruz – presidente do Instituto Terra e Trabalho (ITT);
  • Tiago Abraão Ferreira Lopes – diretor da Conafer e irmão do presidente da entidade, Carlos Lopes;
  • Cícero Marcelino de Souza Santos – empresário ligado à Conafer; e
  • Samuel Chrisostomo do Bonfim Júnior – também integrante da Conafer.

Os alvos estão espalhados por Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Distrito Federal.

Como o esquema funcionava

Segundo as investigações, os suspeitos atuavam inserindo dados falsos em sistemas oficiais para incluir beneficiários em associações ou entidades fictícias. A partir disso, eram feitos descontos mensais indevidos diretamente nos pagamentos de aposentados e pensionistas, muitos deles sem qualquer conhecimento sobre as cobranças.

Os alvos são investigados por formar organização criminosa voltada à obtenção de vantagens financeiras por meio de estelionato previdenciário, além de corrupção ativa e passiva para facilitar o acesso fraudulento aos sistemas do INSS.

Também há apurações sobre ocultação de patrimônio, supostamente utilizado para dificultar o rastreamento dos valores desviados

O outro lado

Metrópoles tentou contatar as pessoas envolvidas nessa reportagem tanto por e-mail quanto por telefone, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto para futuras manifestações.

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