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Mulheres que podem ter maior risco para Covid-19 e pouco tem sido falado sobre

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Estudos relacionam o agravamento da infecção pelo novo coronavírus à síndrome dos ovários policísticos

Alessandria Masi - CNN

Em julho de 2020, quando sua família testou positivo para Covid-19, Breanna Aguilar não se encaixou em nenhum grupo considerado de alto risco para a doença.

Ela tem 31 anos, é cuidadora de animais de estimação e ex-professora de fitness que já correu uma meia maratona. Ela era, na maioria das vezes, saudável.

Quando Aguilar pegou a Covid-19, ela perdeu o paladar, teve febre baixa e fraqueza muscular. Ela mal conseguiu manter nada no estômago, mas ganhou cerca de 13 quilos. Mais tarde, desenvolveu dor pélvica, acne cística, sensibilidade mamária, dores de cabeça, confusão mental e fadiga extrema.

Passaram-se meses desde então, mas ela diz que a falta de energia, a dor crônica e a confusão mental – sintomas prolongados da Covid-19 – permanecem e ela não consegue nem caminhar 15 minutos sem precisar de uma pausa. Ela também está lidando com a resistência à insulina e tomando vários medicamentos para manter seus níveis hormonais sob controle. Seu médico disse que ela provavelmente lidará com as consequências da Covid-19 pelo resto da vida.

Mais de um ano após o início da pandemia, um estudo descobriu que algumas mulheres correm um risco maior de contrair Covid-19 em comparação com outras na mesma faixa etária e sexo. Essas mulheres, geralmente jovens e saudáveis como Aguilar, têm uma doença subjacente que não é mencionada em nenhuma lista de comorbidades da Covid-19: síndrome dos ovários policísticos.

A síndrome que afeta cerca de 1 em cada 10 mulheres em idade reprodutiva, é um desequilíbrio dos hormônios reprodutivos que pode levar a ciclos menstruais irregulares, níveis elevados de andrógenos e cistos ovarianos. Mas também pode vir com uma série de outros problemas de saúde, quase todos os quais se sobrepõem às comorbidades da Covid-19.

“A síndrome é completamente subestimada em seu impacto. É uma espécie de problema reprodutivo que não é clinicamente relevante. Mas isso está completamente errado. As pacientes precisam ser vistas como uma população de alto risco”, disse Wiebke Arlt, diretor do Instituto de Pesquisa em Metabolismo e Sistemas da Universidade de Birmingham, no Reino Unido.

Mais da metade das pessoas com a síndrome desenvolve diabetes antes dos 40 anos e até 80% estão acima do peso. Elas têm maior risco de resistência à insulina, doenças cardíacas e câncer endometrial, um câncer que começa no útero. Muitas têm pressão alta e baixos níveis de vitamina D. Essas complicações da síndrome também foram associadas a um risco potencialmente maior de Covid-19 grave.

Apesar de ser comum, a síndrome dos ovários policísticos, bem como as complicações sérias que podem surgir, especialistas em saúde dizem que a condição tem sido esquecida, mal compreendida e pouco pesquisada, deixando pacientes lutando sozinhos ou até mesmo educando os médicos para conseguir o tratamento. E com pouca pesquisa para determinar se as mulheres com a doença apresentam maior risco de Covid-19 mais grave ou sintomas de longo prazo, alguns temem que o mesmo esteja acontecendo com as políticas de saúde pública em torno da pandemia.

“Meu conselho seria incluir mulheres com a síndrome como potencialmente um grupo de alto risco”, disse Katherine Sherif, chefe de Saúde da Mulher no Departamento de Medicina da Universidade de Jefferson e uma renomada especialista em síndrome dos ovários policísticos. Mas ela pontuou: “Estamos trabalhando em um sistema muito grande que está cheio de empecilhos. Ninguém vai chegar e dizer: ‘Oh, bem, não se esqueça da síndrome dos ovários policísticos'”.

“Se Anthony Fauci dissesse, ‘você precisa olhar para os grupos de alto risco como a síndrome dos ovários policísticos’, as pessoas prestariam mais atenção”, disse.

Parte dos motivos pelos quais a doença passa despercebida em geral e em relação à Covid-19, de acordo com Arlt e Sherif, é porque muitas vezes é descartada como um problema de saúde da mulher – um obstáculo do ovário. No ano passado, aprendemos sobre vários problemas de saúde preexistentes que colocam uma pessoa em maior risco de contrair doenças graves por Covid-19, mas essa síndrome não é um deles.

Para Arlt, que foi coautor do primeiro grande estudo publicado em fevereiro no European Journal of Endocrinology, o nome síndrome dos ovários policísticos é um termo impróprio. Não é um distúrbio do ovário, disse Arlt, mas uma “doença metabólica vitalícia” e deve ser tratada como tal ao avaliar a vulnerabilidade da Covid-19.

“Quanto maior for o risco metabólico, maior será o risco de pegar Covid-19”, disse Arlt. “As pessoas analisaram a obesidade, o diabetes tipo 2, a hipertensão e as doenças cardíacas, mas não analisaram a síndrome sistematicamente antes de nós. Porque simplesmente não consideram isso um fator de risco metabólico. Isso é algo que gostaríamos de mudar”.

‘Algo na síndrome está realmente conduzindo isso’

Arlt e pesquisadores da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, descobriram que mulheres com a síndrome tinham 51% mais chances de infecção confirmada ou suspeita de Covid-19 do que mulheres sem. Usando registros de atenção primária de janeiro a junho de 2020, eles identificaram mais de 21.000 pacientes com a doença e um grupo de controle de mais de 78.000 sem, pareados por idade e localização.

Os pesquisadores então “queriam entender se o aumento da incidência de Covid-19 era apenas por causa da síndrome, ou também por causa dos fatores de risco subjacentes que as mulheres com a doença têm?”, disse o autor principal, Anuradhaa Subramanian, à CNN. Em outras palavras, se uma mulher tem a síndrome e diabetes tipo 2, qual delas a coloca em maior risco de contrair Covid-19?

Em um modelo totalmente ajustado que levou vários fatores de risco em consideração, as mulheres com a síndrome ainda tinham um risco 28% maior de infecção confirmada ou suspeita de Covid-19, de acordo com o estudo.

Subramanian diz que os resultados não surpreenderam. No entanto, “isso nos deu mais confiança de que não se trata apenas dos fatores de risco associados à síndrome, mas algo na doença está realmente conduzindo isso”, disse.

Mas, como as informações foram extraídas de bancos de dados de saúde primária, os pesquisadores não conseguiram verificar se as pacientes com a síndrome tinham sintomas de Covid-19 mais graves ou de longo prazo. Além do mais, a doença não é um transtorno de dimensão única e a Covid-19 pode ou não ter um impacto ou nível de risco diferente dependendo da pessoa. Há muitas perguntas para as quais ainda não temos respostas definitivas, diz Anuja Dokras, diretora do Centro de Síndrome do Ovário Policístico da Penn Medicine.

“Precisamos obter essas informações agora que [Covid-19 já] durou um ano inteiro”, disse Dokras. “Está afetando tantas pessoas que seria bom olhar para trás nesta literatura e apenas investigar, porque esses são fatores de confusão”.

Procura por respostas

Até agora, se as pessoas com síndrome dos ovários policísticos têm complicações mais graves da Covid-19 é anedótico, deixando algumas mulheres apenas com especulações sobre como o Covid-19 afeta a síndrome.

No caso de Aguilar, ela foi diagnosticada com a síndrome depois de ter sido exposta à Covid-19, apesar de provavelmente ter a doença há anos, mas sem reconhecer os sintomas. “Eu tive alguns desses sintomas subjacentes, meu corpo foi capaz de controlá-los até um ponto durante a maior parte da minha vida, e então contrair Covid realmente acabou com todas as defesas do meu corpo e a capacidade de regular qualquer coisa”, disse ela, relatando as informações passadas pelo médico.

Mas ela ainda não sabe por que ou se seus sintomas irão melhorar.

Kris Nealon também passou grande parte do ano passado procurando respostas.

Ela foi diagnosticada com a síndrome aos 12 anos, e o distúrbio a deixou lutando com seu peso e com resistência à insulina. Esses fatores, segundo ela, preocuparam, pois poderia ter sintomas graves de Covid-19 e talvez até precisar de hospitalização. Então, no verão passado, fez o que a maioria fez durante a pandemia: pesquisou no Google. Ela se lembra de ter pesquisado “‘devo me preocupar … resistência à insulina COVID?’ ou ‘síndrome dos ovários policísticos COVID?'”

Nealon não encontrou respostas. Ela teve Covid-19 em outubro e diz que seus sintomas eram leves. Mas quando se transformaram em dores musculares e articulares, fadiga extrema, depressão, insônia e confusão mental, ela fez o que foi recomendado: conversar com seu médico.

No caso de Nealon, ela falou com vários. Tendo vivido com a síndrome por mais da metade da vida, estava ciente das complicações e queria saber como isso poderia afetar seus sintomas de Covid-19 de longo prazo.

Ela diz que o primeiro médico afirmou que sua única comorbidade que poderia influenciar os sintomas de longo prazo da Covid-19 era o peso.

“Ele tem sido bom e compreensivo, mas … você pode vê-lo ficar tipo, ‘Problemas de mulher, não se preocupe com isso. Este é o seu pulmão'”, disse. Ela disse a ele que a síndrome está ligada à ansiedade e à depressão e perguntou se isso poderia estar relacionado à fadiga e à insônia pela Covid-19. Ela também perguntou sobre seu coração, explicando que a síndrome e a Covid-19 podem causar complicações.

Mas, além de sugerir que perder peso pode ajudar, Nealon se lembra de seu médico dizendo “não tem nada a ver com a síndrome.

Depois da Covid-19, Nealon também notou que seus sintomas da síndrome dos ovários policísticos “enlouqueceram”. Ela diz que sentiu uma dor extrema na parte inferior do abdômen. Um ultrassom mostrou que suas trompas de falópio “de repente pareciam muito preocupantes”, segundo avaliação, e ela teve um cisto estourado no ovário.

Ela foi ao ginecologista, o médico que primeiro a diagnosticou com a síndrome, e perguntou: “Isso tem alguma coisa a ver com [que] eu acabei de ter Covid?”

Ela diz que seu médico afirmou: “Não, não há literatura sobre isso.”

E não havia. Semanas após o teste de Nealon dar positivo, Allison Roach e Chitra Gotluru, duas estudantes de medicina da Florida International University, terminaram seu artigo explorando o risco potencialmente mais alto de mulheres com a síndrome para morbidade relacionada à Covid-19. Nenhum conjunto de dados de pacientes com ambos os diagnósticos existia, disseram.

Risco ‘óbvio, mas não comprovado’

A pesquisa de Roach e Gotluru, publicada na edição de março da revista Obstetrics and Gynecology, mostra que o risco potencialmente maior para pacientes com a síndrome dos ovários policísticos se resume a “comorbidades, andrógenos e lipotoxicidade”.

Pessoas com a doença geralmente apresentam níveis e sensibilidade mais elevados de andrógenos, hormônios sexuais masculinos. Isso poderia “afetar diretamente a suscetibilidade à Covid-19”, escreveram Roach e Gotluru. Os andrógenos funcionam como um “portal”, em termos muito simples, para permitir a entrada da Covid-19, diz Roach.

Além do mais, é comum que as pessoas com a síndrome tenham inflamação crônica – um sistema imunológico que está em um estado quase constante de luta contra os danos. A regulação deficiente da insulina e a obesidade podem levar a um acúmulo tóxico de ácidos graxos no tecido, conhecido como lipotoxicidade, potencialmente danificando órgãos.

Isso também pode desencadear a secreção de células de sinalização imunológica chamadas citocinas. Embora as citocinas sejam uma parte vital da resposta imunológica do corpo, o excesso pode causar o que é conhecido como uma tempestade de citocinas. Adicionar uma infecção por Covid-19 a isso pode causar mais secreção de citocinas, potencialmente desencadeando uma dessas tempestades e fazendo com que o sistema imunológico ataque as células do corpo, não apenas o patógeno. E há pesquisas que sugerem que isso pode ocorrer “esteja você acima do peso ou não”, disse Gotluru à CNN.

Para Sherif da Jefferson University, o risco de sintomas mais graves de Covid-19 para pacientes com a síndrome é “óbvio, mas não comprovado”. Óbvio porque “Se a testosterona aumenta a inflamação, e se … os homens que estão no hospital com complicações de Covid e têm altos níveis de testosterona, faz sentido que isso coloque as mulheres com a síndrome em maior risco”.

Isso não está provado, diz ela, porque existem muito poucas pesquisas.

Com base em sua própria pesquisa sobre a síndrome e doenças cardíacas, Sherif disse: “O que é importante que as pessoas entendam é que isso independe da obesidade”.

“É o alto nível de insulina e de testosterona que confere um risco maior para Covid em comparação com controles de peso equivalente”, disse ela. “Então, você tem duas mulheres que pesam 100 quilos. Aquela com síndrome tem mais probabilidade de se tornar diabética ou ter apneia do sono, ou ficar doente por causa de Covid”.

Sem esses dados, alguns médicos e pesquisadores dizem que isso é algo que as pacientes com a síndrome devem estar cientes, mas não devem entrar em pânico. Se você tiver Covid-19, é importante informar ao seu médico que você tem síndrome dos ovários policísticos e todos os medicamentos que está tomando, disse Gotluru.

“Avise seu especialista … que existem pesquisas que são preocupantes sobre a síndrome e que você gostaria de ser cautelosa”, disse.

Enquanto isso, mulheres como Aguilar e Nealon ainda buscam respostas. Nealon diz que seus médicos ainda não estabeleceram uma conexão entre as consequências da Covid-19 e sua síndrome. Ela não está surpresa.

“É assim que funciona, apenas com a síndrome, nada de falar sobre a relação com a Covid”, disse Nealon. “Você vai a um médico com uma lista de sintomas e escuta ‘você está gorda’ ou ‘você está pensando demais nas coisas'”.

Aguilar diz que ter que educar constantemente as pessoas tem sido exaustivo por causa de seus dois novos diagnósticos.

“Muitas pessoas gostam de falar que a taxa de sobrevivência é tão alta e a taxa de mortalidade tão baixa, mas o que eles não estão levando em consideração é o grau em que vidas estão mudando por causa de doenças que estão surgindo, ou os sintomas prolongados que são tão debilitantes”, disse Aguilar. “É difícil superar.”

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Festival de dança O Corpo Negro oferece 60 atrações gratuitas no Rio

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O início do festival de dança O Corpo Negro, um dos maiores do gênero no país, será marcado por uma performance na Praia de Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, no próximo domingo (28), às 16h, em alusão ao Dia Mundial da Dança, comemorado em 29 de abril. Na ocasião, os dançarinos do grupo DeBonde ocuparão o calçadão da praia, na altura da Rua Figueiredo Magalhães, com o espetáculo Debandada, uma intervenção que atravessa e é atravessada pela rua.

“A gente queria destacar e celebrar essa data junto com a cidade do Rio de Janeiro e a sociedade, antes da nossa abertura oficial, e apresentar uma pílula da nossa programação que vai acontecer ao longo do mês de maio”, disse à Agência Brasil o analista técnico de Artes Cênicas do Serviço Social do Comércio do estado (Sesc RJ), André Gracindo.

O festival chega à sua quarta edição este ano e é realizado pelo Sesc, englobando espetáculos criados e executados por artistas negros, selecionados por um edital. A programação gratuita se estenderá até 31 de maio nas cidades do Rio de Janeiro, Niterói, São Gonçalo, Nova Iguaçu, Barra Mansa, Volta Redonda, Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis.

Abertura oficial

Os espetáculos serão apresentados em unidades do Sesc RJ, escolas e universidades e espaços públicos, totalizando obras de 32 companhias e grupos de dança, oriundos dos estados do Rio de Janeiro, da Bahia, do Ceará, do Espírito Santo, de Goiás, do Maranhão e de São Paulo. A abertura oficial do projeto está marcada para terça-feira (30), às 20h, no Sesc Tijuca. O evento contará com a presença dos artistas da programação, dos curadores convidados Diego Dantas, Gal Martins e Jaílson Lima, e do público em geral.

Na oportunidade, será feita homenagem a Mestre Manoel Dionísio, criador da Escola de Mestres-Salas, Porta-Bandeiras e Porta-Estandartes, em atividade no Rio de Janeiro, que forma novos bailarinos e preserva os repertórios da dança e do carnaval há cerca de 33 anos. André Gracindo salientou que Mestre Dionísio é um dos baluartes de um dos saberes da dança no Brasil, que são os movimentos relacionados ao samba e, mais especificamente, ao carnaval. Durante o encontro, será lançado o curta-metragem Dionísio, um Mestre, realizado pela coreógrafa, diretora de teatro e realizadora audiovisual Carmen Luz.

Serão mais de 60 atrações gratuitas e 200 atividades, englobando espetáculos de dança, shows, mostra audiovisual, oficinas e debates, que ocorrerão o longo de um mês. “A gente tem dois espetáculos de samba, um que fala mais especificamente do samba gafieira. Ao mesmo tempo, a gente tem espetáculos de hip-hop, espetáculos de dança afro, de dança contemporânea, performances. É uma variedade bastante grande de oferta que o público vai poder conhecer um pouquinho do que esses artistas estão produzindo na contemporaneidade e experimentar esses sabores, percebendo, ao mesmo tempo, essa variedade da cultura brasileira, de criações e estética”, destacou Gracindo.

Protagonismo

André Gracindo salientou que, nesta quarta edição, o Sesc continua com o objetivo de reforçar a importância e o papel dos artistas negros na cultura brasileira, especialmente na dança, a partir do princípio de que o artista pode criar o que quiser, seja na dança contemporânea, no samba, no hip-hop, no funk etc. “Não existe um lugar próprio. A ideia do projeto é desconstruir também esse estereótipo de que boa parte da sociedade tem quando fala da cultura negra, de um lugar já construído. A gente quer justamente bagunçar isso e dizer ‘a pessoa está trabalhando, produzindo, criando e cada um tem a sua trajetória, inclusive a trajetória que vem de culturas de África’.”

O festival vai oferecer ao público dez espetáculos inéditos, selecionados por meio de edital lançado no ano passado pelo Sesc RJ para a programação do evento. Entre as estreias nacionais, está O Som do Morro, no qual o coreógrafo carioca Patrick Carvalho narra a própria história. Entre os becos e vielas, o premiado bailarino apresenta seu jeito genuíno de coreografar. Outra estreia é a da performance Vogue Funk, que mistura baile funk com os elementos da cultura ballroom, trazendo a periferia negra e LGBTQ+ para o centro do palco. A história de personalidades da dança brasileira também está representada em Isaura, espetáculo idealizado e performado por Aline Valentim. O trabalho conta a história da bailarina, professora e coreógrafa Isaura de Assis, uma das grandes referências das danças negras no estado.

Crianças

Pela primeira vez, o festival terá uma programação dedicada ao público infantil, concentrada no Sesc Tijuca. A ideia é conversar sobre questões da estrutura do racismo na sociedade brasileira. “A gente acredita que ter representatividade dentro do palco, contando histórias sobre personagens negros, com corpos negros dançando, alguns vocabulários oriundos da África, é muito importante. Quanto mais cedo a gente conversa sobre isso, menos oportunidade se dá para que o racismo continue estabelecido no seio da sociedade”, disse Gracindo.

Por isso, o analista técnico de Artes Cênicas do Sesc RJ acredita que olhar para o segmento infantil é fundamental para que haja uma aproximação desse assunto como uma experiência estética, de dança, para que a criança possa conhecer outros corpos com os quais não está acostumada e outras histórias sendo contadas. Entre os destaques, a estreia do espetáculo A Menina Dança, que apresenta a menina Maria Felipe, com ritmos e danças africanas e cantigas, em uma coreografia que aborda o enfrentamento à colonização do país. Outra estreia é o espetáculo Gbin, da Cia Xirê (RJ), que aborda matrizes afrodescendentes na cena da dança contemporânea.

Programação paralela

Apesar de o destaque ser a dança, o festival O Corpo Negro terá programação paralela com música, filmes e outras atividades integradas. Haverá shows de música com Jonathan Ferr, um dos nomes mais celebrados da nova geração do jazz brasileiro, na abertura, além do dançante Baile Black Bom, e rodas de samba em várias unidades.

Já a mostra audiovisual vai oferecer ao público mais de 65 sessões de filmes. Entre eles, o documentário Othelo, O Grande, que aborda a vida e obra do comediante e ator Grande Otelo, que rompeu barreiras para um ator negro na primeira metade do século 20, trabalhando com nomes do cinema mundial. Também será exibido Diálogos com Ruth de Souza, que apresenta rico material da vida de uma das grandes damas da dramaturgia nacional, a primeira artista brasileira indicada ao prêmio de melhor atriz em um festival internacional de cinema.

Embora a programação audiovisual se estenda até 31 de maio, o evento de encerramento do festival ocorrerá no dia 26, a partir das 14h, no Viaduto de Madureira, zona norte do Rio, região conhecida como disseminadora da cultura negra pelo tradicional Baile Charme.

Fonte: EBC GERAL

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Criciúma goleia o Vasco em São Januário no Campeonato Brasileiro

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O Criciúma venceu o Vasco por 4 a 0 em São Januário, neste sábado (27). Em atuação memorável o Tigre colocou fim ao jejum que durava 20 anos, sem vencer o Cruzmaltino fora de casa.

Criciúma quebra jejum de 20 anos, diretoria vascaína demite o técnico Ramón Díaz logo após o apito final  Foto: Celso Da Luz/ Criciúma E.C 

G1.com

Baile carvoeiro!

O Criciúma foi a São Januário e vai voltar para casa com uma goleada por 4 a 0 sobre o Vasco na quarta rodada do Campeonato Brasileiro. Fellipe Mateus (2), Bolasie e Higor Meritão marcaram os gols que garantiram o triunfo catarinense.

Ironia e protestos

A torcida vascaína protestou contra o time durante praticamente todo o segundo tempo. Foram gritos de “time sem vergonha”, vaias e ofensas a jogadores e membros da diretoria. O auge da revolta foi o aplauso irônico ao quarto gol do Criciúma.

O primeiro tempo

O primeiro tempo começou sem sal e terminou pegando fogo. Depois de 15 minutos sem nenhuma finalização, aos poucos os times foram crescendo e criando oportunidades. O Vasco foi quem teve a primeira chance, em cabeçada de Vegetti. Mas foi o Criciúma que abriu o placar. Fellipe Mateus soltou uma pedrada de trivela de fora da área para fazer 1 a 0. A chance do empate vascaíno foi novamente nos pés do centroavante argentino em um pênalti, mas ele parou em Gustavo, que defendeu o sexto pênalti no ano. No fim, os catarinenses ainda tiveram mais três oportunidades de ampliar, mas Léo Jardim apareceu para evitar.

O segundo tempo

Se a primeira metade da partida foi de equilíbrio, a segunda foi um passeio do Criciúma. Logo nos primeiros minutos, Fellipe Mateus aumentou a vantagem com uma finalização cruzada. Aos 9, Bolasie ampliou em um golaço. Deu lindo corte em Hugo Moura dentro da área e finalizou de canhota no alto. Meritão fez o quarto aproveitando a letargia vascaína em cobrança de escanteio. Os catarinenses ainda tiveram chances de ampliar com Éder e Felipe Vizeu, mas o 4 a 0 foi mesmo o placar final.

No fim, os catarinenses ainda tiveram mais três oportunidades de ampliar, mas Léo Jardim apareceu.

Provocação?

Bolasie brincou com a bola no começo do segundo tempo e irritou os jogadores do Vasco. O congolês marcou o primeiro gol pelo Criciúma.

Como fica?

O Criciúma conquistou a primeira vitória na Série A e chegou a cinco pontos em três partidas, na 7ª colocação. Com 3 somados em quatro jogos, o Vasco fica em 16º à beira da zona de rebaixamento.

Próximos compromissos

O Carvoeiro volta à campo na próxima terça-feira, quando enfrenta o Bahia, às 19h, na Fonte Nova pela Copa do Brasil. Na mesma competição, o Vasco viaja para encarar o Fortaleza na quarta-feira, também às 19h.

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Administração Biden adia planos para proibir cigarros mentolados

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O atraso ocorre dois anos depois que a Food and Drug Administration anunciou pela primeira vez as regras propostas para a proibição.

Casa Branca atualizou discretamente o website do seu Gabinete de Informação e Assuntos Regulatórios  para refletir que qualquer proibição final do mentol não aconteceria pelo menos até Março.

“Ainda há mais conversas a serem travadas e isso levará muito mais tempo”, disse o secretário do Departamento de Saúde e Serviços Humanos, Xavier Becerra, em comunicado na última sexta-feira.

FDA anunciou os seus planos para proibir os cigarros de tabaco mentolados em 2021 , seguido das suas propostas de regras para a proibição em 2022 . A medida tinha como objetivo melhorar a saúde das pessoas com maior probabilidade de fumá-los, incluindo crianças e negros americanos.

De acordo com o FDA , quase 85% dos fumantes negros usam cigarros mentolados, em comparação com apenas 30% dos fumantes brancos. Os homens negros têm a  maior taxa de mortalidade por cancro do pulmão nos EUA e tanto os homens como as mulheres negras têm muito menos probabilidade de serem diagnosticados com a doença numa fase inicial, quando esta é muitas vezes mais tratável, do que os americanos brancos.

A proibição da proposta – e agora o adiamento – levantou questões sobre o efeito que poderia ter sobre os eleitores negros meses antes de uma eleição presidencial controversa.

A proibição já foi adiada pelo menos uma vez , com promessas de que seria promulgada até ao final do ano passado, indo e vindo. Nessa altura, a Casa Branca atualizou discretamente o website do seu Gabinete de Informação e Assuntos Regulatórios  para refletir que qualquer proibição final do mentol não aconteceria pelo menos até Março.

Na altura do adiamento de Dezembro, um funcionário de um grupo nacional de saúde pública que trabalhava para retirar os produtos do mercado disse à NBC News que estava “profundamente preocupado” com o facto de a proibição não entrar em vigor antes das eleições de 2024.

“Tudo se torna mais difícil num ano eleitoral porque as pessoas estão distraídas e a largura de banda é esticada”, disse o responsável em Dezembro.

A declaração de Becerra não indicou se ou quando a proibição seria decretada pela administração Biden e não forneceu mais detalhes sobre as conversas em torno do assunto.

“Cada dia que o presidente Biden não consegue finalizar essas regras, ele perde uma oportunidade incrível de reduzir as mortes e doenças associadas ao uso do tabaco”, disse Wimmer no comunicado.

Depois que o adiamento foi anunciado na tarde de sexta-feira (26), os defensores do antitabagismo e da saúde começaram a expressar sua frustração.

“Dois anos completos após a divulgação de regras propostas apoiadas por extensas evidências científicas – e mais de uma década desde que a FDA começou a examinar os cigarros mentolados – a administração não conseguiu tomar medidas decisivas para remover do mercado estes produtos mortais e viciantes”, Nancy Brown, CEO da American Heart Association, disse em um comunicado. “A inacção da administração está a permitir que a indústria do tabaco continue a comercializar agressivamente estes produtos e a atrair e viciar novos utilizadores”.

O presidente e CEO da American Lung Association, Harold Wimmer, disse que a organização está “profundamente consternada” com o fato de a Casa Branca continuar atrasando as ações.

“Cada dia que o presidente Biden não consegue finalizar essas regras, ele perde uma oportunidade incrível de reduzir as mortes e doenças associadas ao uso do tabaco. Acabar com a venda de cigarros mentolados teria ajudado a eliminar as dramáticas desigualdades de saúde entre quem usa produtos de tabaco nos Estados Unidos Estados Unidos”, disse Wimmer no comunicado.

Laurent Huber, diretor executivo da Action on Smoking and Health, disse que 789.724 americanos que fumam todos os dias, incluindo 199.732 fumantes negros, deverão parar de fumar assim que a proibição for promulgada.

Carol McGruder, copresidente do Conselho Afro-Americano de Liderança para o Controle do Tabaco, expressou consternação após o atraso. “Se a administração Biden acreditasse que as vidas dos negros são importantes, eles teriam acabado com a venda de cigarros com sabor de mentol. Em vez disso, eles parecem estar cedendo às grandes empresas do tabaco, que têm como alvo racista nossa comunidade há décadas”, disse McGruder em um comunicado.

“Centenas de milhares de negros americanos morrerão nos próximos anos devido à inação de hoje”, disse ela. “Que vergonha, presidente Biden!”

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