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Cotidiano

Sobreviventes da forma grave de covid têm sintomas prolongados

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Mais de 89% dos pacientes pós-covid acompanhados pelo HC-SP apresentaram sintomas persistentes, como cansaço e dor no corpo

R7

A maioria dos pacientes que sobrevivem à forma grave da covid-19 tende a apresentar sintomas prolongados ou sequelas da doença, condição que tem sido chamada de covid longa ou subaguda. É o que apontam dados preliminares de estudos que estão monitorando fatores como saúde mental, qualidade de vida, reabilitação física, financeira e cognitiva dessas pessoas.

“Há mais de um ano sofremos as consequências da pandemia de covid-19 e, com o tempo, fomos percebendo que, para além de problemas relacionados à transmissão, infecção e mortes, a covid-19 pode trazer também consequências de longo prazo para pacientes. Como essas implicações ainda não estão completamente entendidas pelos cientistas, é muito importante estimular a troca de conhecimento e de experiências entre pesquisadores de todo o mundo”, disse Luiz Eugênio Mello, diretor científico da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), na abertura do seminário on-line “Long and post-acute COVID-19”, realizado no início de junho. O evento integra a série FAPESP COVID-19 Research Webinars, organizada com apoio do Global Research Council (GRC).

Estrutura de hospitais com leitos de UTI e enfermaria para o tratamento da Covid-19
Foto: CNN Brasil

No evento, cientistas do Brasil e dos Estados Unidos apresentaram resultados preliminares de estudos que estão desenvolvendo a respeito do impacto prolongado da covid-19.

No Brasil, 882 pacientes que estiveram internados no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FM-USP) estão tendo aspectos da vida pós-covid monitorados por pesquisadores a fim de aprofundar o entendimento sobre a presença de sintomas da doença seis meses após a alta hospitalar. Todos os participantes do estudo tiveram a forma grave da doença, sendo que dois terços precisaram de atendimento em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Com seis meses de análise, os pesquisadores observaram que é alta a ocorrência de sintomas após a alta hospitalar. Do total de pesquisados, 89,3% apresentaram sintomas persistentes, como cansaço, dores pelo corpo e dispneia. Além disso, 58,7% relataram pelo menos um sintoma emocional ou cognitivo, como perda de memória (42%), insônia (33%), concentração prejudicada (31%), ansiedade (28%) e depressão (22%).

“Esses sintomas estão todos inter-relacionados. Em outras palavras, o que verificamos é que uma pessoa que reclama de perda de memória também relata insônia, ansiedade e depressão. É importante destacar que esses resultados foram ajustados em relação aos sintomas apresentados antes de as pessoas terem COVID-19”, afirmou Geraldo Busatto, coordenador do Laboratório de Neuroimagem em Psiquiatria (LIM21) do HC-FM-USP e coordenador do estudo.

Busatto explica que, durante o estudo, foram realizadas entrevistas estruturadas com os pacientes, o que permitiu aos pesquisadores categorizar diagnósticos de transtornos psiquiátricos. “Há uma variedade de transtornos entre esses pacientes e um índice similar de estresse pós-traumático (13,65%) em relação aos dados disponíveis sobre a população em geral. No entanto, encontramos índices altos de alucinações (8,71%) e delírios (6,35%)”, ressaltou.

Também foi pedido que os participantes realizassem tarefas cognitivas. “Em comparação com a média brasileira, esses pacientes tiveram um resultado pior, isso especialmente entre os que tinham entre 60 e 75 anos. Já nos testes que analisaram fluência verbal, não houve diferença entre os pacientes e a população brasileira em geral. Isso mostra que, provavelmente, o déficit causado pela covid-19 não é uniforme, algumas áreas da cognição devem apresentar mais déficits que outras”, disse Busatto.

Pós-covid

Outro estudo que também está sendo realizado no Brasil e que envolve mais de 55 centros de pesquisa pretende investigar as consequências de longo prazo da COVID-19 na qualidade de vida de cerca de mil indivíduos adultos que foram hospitalizados.

“Os dados preliminares mostram que seis meses após a alta hospitalar a mortalidade é alta (6,9%), e a re-hospitalização, comum (16%). Entre os pacientes que fizeram uso de ventilação mecânica, esses dados são maiores: 24% morreram seis meses depois da alta hospitalar, contra 2% dos que não precisaram de ventilação mecânica. Em relação à re-hospitalização, ela foi de 40% contra 10% em relação à ventilação mecânica. São diferenças estatísticas significativas, mesmo após o ajuste de covariantes como idade e comorbidades”, contou Regis Goulart Rosa, médico intensivista do Hospital Moinho de Vento em Porto Alegre (RS) e um dos coordenadores do estudo.

Foi observada ainda perda de funções físicas importantes para a realização de atividades do dia a dia. “Houve piora acentuada nos primeiros três meses, apresentando relativa melhora até o sexto. No entanto, entre os pacientes que utilizaram ventilação mecânica, mesmo após seis meses de alta, eles ainda não tinham atingido os mesmos patamares de antes da covid-19”, afirmou Rosa.

Um estudo semelhante, realizado com pacientes norte-americanos, vai monitorar por seis meses 1.500 sobreviventes da covid-19. O intuito é acompanhar variações na saúde cardiopulmonar e mental, bem como questões socioeconômicas.

Os dados de 253 pacientes coletados um mês após a alta hospitalar mostram que 54,9% apresentavam algum sintoma cardiopulmonar. Entre os pesquisados, 15,9% continuavam a precisar de suplementação de oxigênio em suas residências. Ainda de acordo com a pesquisa, os pacientes também apresentavam sintomas como tosse (23%), falta de ar antes de dormir (13,4%), batimentos cardíacos irregulares ou acelerados (19,1%) e dor no peito, cansaço ou angina (11,3%).

“Uma descoberta preocupante está no fato de que muitos dos pacientes que apresentam alguma dessas dificuldades retornam para suas casas sem nenhum auxílio para lidar com esses novos problemas. Isso se soma ao aspecto destacado na pesquisa de que 53% dos respondentes tiveram suas finanças drenadas após a hospitalização. Além disso, 38% tiveram que pedir ajuda para que parentes cuidassem deles e 20% tiveram que mudar de trabalho. Há um impacto socioeconômico da covid-19 e também da covid longa”, disse Catherine Hough, que coordena o estudo realizado na Oregon Health & Science University.

A recuperação da covid-19 pode ser lenta para muitos pacientes. O estudo realizado nos Estados Unidos mostrou que 85% dos pacientes ainda não tinham se restabelecido completamente um mês depois da alta hospitalar. Do total, 65% apresentavam alguma incapacidade e 63% tinham algum problema cognitivo significativo. “Ao analisar os mesmos dados três meses após a alta dos pacientes, observamos pouca mudança em relação a esses sintomas: 75% dos pacientes ainda não tinham se restabelecido completamente, 60% apresentavam alguma incapacidade e 54% apresentavam algum problema cognitivo significativo.”

Hough ressaltou que os estudos sobre a covid longa precisam considerar doenças e outros problemas de saúde que já estavam presentes antes da infecção pelo SARS-CoV-2. O vírus, segundo a pesquisadora, “pode ser um amplificador de problemas anteriores”.

Quebra-cabeça

Os mecanismos imunológicos que levam a essa variação de sintomas e sequelas pós-covid também estão sendo pesquisados. “Há uma variação grande na forma como o sistema imunológico humano monta uma defesa contra o coronavírus, por isso temos essa multiplicidade de prognósticos: assintomático, leve, moderada, ou covid-19 severa. Da mesma forma, sabemos que, enquanto algumas pessoas vão apresentar apenas a versão aguda da doença, outras terão uma versão mais prolongada, com sintomas e sequelas que poderão perdurar por meses”, explicou Carolina Lucas, pesquisadora do laboratório Akiko Iwasaki, na Yale School of Medicine nos Estados Unidos.

Em um estudo publicado na revista Nature, Lucas identificou quatro assinaturas imunológicas preditoras, que seriam capazes de distinguir e prever a trajetória da doença em cada paciente ao investigar parâmetros imunológicos e clínicos de 113 pacientes, entre casos moderados (fora da UTI) e casos graves (na UTI), ao longo de até 53 dias após o aparecimento de sintomas.

O grupo de pesquisadores observou que, entre os pacientes com doença moderada que se recuperaram, havia ainda uma maior abundância das proteínas envolvidas na cura e no reparo do tecido. No entanto, naqueles com a forma agravada da doença, as citocinas eram mais misturadas, aparecendo em combinações que são incomuns para infecção viral. Mais pessoas morreram nesse grupo.

Há ainda uma questão de timing. Os resultados das análises indicaram que os pacientes em estado grave não conseguiram controlar a carga viral ao longo do tempo e apresentavam níveis mais elevados de interferon, uma classe de proteínas produzidas por células de defesa para combater patógenos.

Outro aspecto identificado pelos pesquisadores está na correlação entre a carga viral e as quantidades de citocinas envolvidas nas funções antivirais, independentemente da gravidade da doença.

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Cotidiano

Caixa começa a pagar saldo do FGTS retido pelo saque-aniversário

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Foto: Marcello Casal JrAgência Brasi

A Caixa Econômica Federal inicia, nesta segunda-feira (29), o pagamento dos valores do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) que estavam retidos para trabalhadores que optaram pelo saque-aniversário e foram demitidos ou tiveram o contrato suspenso de 1º de janeiro de 2020 a 23 de dezembro de 2025.

A liberação dos recursos foi autorizada pela Medida Provisória (MP) 1.331/2025, publicada na terça-feira (23), pelo governo federal. Ao todo, serão liberados cerca de R$ 7,8 bilhões, beneficiando aproximadamente 14,1 milhões de trabalhadores em todo o país.

Como será o pagamento

O pagamento será feito em duas etapas:

Primeira etapa: a partir de 29 de dezembro, com liberação de até R$ 1,8 mil por conta vinculada, limitado ao saldo disponível. Nesta fase, a Caixa estima liberar cerca de R$ 3,9 bilhões.
Segunda etapa: pagamento do saldo restante, também estimado em R$ 3,9 bilhões, a partir de 2 de fevereiro de 2026, de forma escalonada até 12 de fevereiro de 2026.

Crédito automático na conta

Os valores serão liberados automaticamente, sem necessidade de solicitação por parte do trabalhador. O crédito será feito prioritariamente na conta bancária cadastrada no aplicativo FGTS.

Segundo a Caixa, cerca de 87% dos trabalhadores já possuem conta cadastrada no aplicativo (app) e receberão o dinheiro diretamente no banco. O crédito vale para contas cadastradas até 18 de dezembro.

Quem não tem conta cadastrada poderá sacar o valor nos canais físicos da Caixa, como:

casas lotéricas;
terminais de autoatendimento;
correspondentes Caixa Aqui;
agências da Caixa.
O saque pode ser feito com Cartão Cidadão e senha. Em terminais da Caixa, também é possível usar biometria ou apenas a senha. Os valores ficarão disponíveis enquanto a medida provisória estiver em vigor.

Quem não poderá sacar

Os recursos não poderão ser sacados nos seguintes casos:

valores usados como garantia em empréstimos de antecipação do saque-aniversário
contas com bloqueio judicial, como em casos de pensão alimentícia
Nessas situações, o saldo permanece indisponível.

Quem tem direito à liberação

Tem direito ao saque o trabalhador que:

optou pelo saque-aniversário;
teve o contrato de trabalho suspenso ou rescindido entre 1º de janeiro de 2020 e 23 de dezembro de 2025;
possui saldo na conta do FGTS referente ao contrato.
A liberação vale para rescisões por:
demissão sem justa causa;
despedida indireta, culpa recíproca ou força maior;
falência ou falecimento do empregador;
término de contrato por prazo determinado (inclusive temporários);

suspensão total do trabalho avulso.

No caso de rescisão por acordo entre empregado e empregador, o trabalhador pode sacar 80% do saldo disponível.

Como consultar se tem direito

O trabalhador pode verificar se tem valores a receber pelos seguintes canais:

aplicativo FGTS (opção Informações Úteis)
telefone 0800-726-0207 (opção FGTS)
agências da Caixa
Para saber o valor exato, basta consultar o extrato no aplicativo FGTS. Os créditos aparecem com a descrição “SAQUE DEP 50S” ou “SAQUE DEP 50A”.

O que é o saque-aniversário?

Em vigor desde 2020, o saque-aniversário permite que o trabalhador retire anualmente, no mês do aniversário, uma parte do saldo do FGTS, além de um valor adicional. Em contrapartida, em caso de demissão sem justa causa, ele não pode sacar o saldo total, apenas a multa rescisória. Essa regra motivou a liberação excepcional agora autorizada por medida provisória.

É possível pedir o retorno ao saque-rescisão, forma tradicional de saque do FGTS, mas a mudança só passa a valer 25 meses após o pedido.

Mais informações estão disponíveis no site da Caixa e no aplicativo FGTS.

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New City e AAB vencem e são finalistas do Campeonato Estadual

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Foto FEAB: Campeonato Estadual chega em um momento decisivo

Por caminhos diferentes, New City e AAB conquistaram neste sábado, 27, na quadra do CEBRB, as classificações para a final da etapa de Rio Branco do Campeonato Estadual de Basquete, no masculino.

O New City venceu o Old School por WO e o AAB derrotou o Atlético por 62 a 27.

Decisão no sábado

O departamento técnico da Federação Acreana de Basquete (FEAB) programou para sábado, 3, a partir das 14 horas, na quadra do CEBRB, a decisão entre New City e AAB. Contudo, a competição ainda não tem uma data para ser finalizada. As equipes de Feijó e Tarauacá ainda irão se enfrentar em dois jogos para definir o classific

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Tião Farias acerta com Independente e vai jogar no Amapá

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Foto Sueli Rodrigues: Tião Farias fez uma grande temporada pelo Tricolor

 

O goleiro Tião Farias, bicampeão pelo Independência, acertou com o Independente, do Amapá, para a disputa do Campeonato Estadual da Copa do Brasil.

“A proposta do Independente foi muito boa e não poderia perder essa oportunidade. Jogar a Copa do Brasil é sempre uma excelente oportunidade”, disse o goleiro.

Independência e Adesg

Segundo Tião Farias, ocorreram consultadas do Independência e da Adesg.

“A Adesg chegou a fazer uma proposta, mas tinha assinado com o Independente. A ideia também é abrir mercado para ter mais oportunidades”, declarou Tião Farias.

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