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Sindicatos e especialistas questionam venda da Avibras a estrangeiros
O anúncio de que a Avibras Indústria Aeroespacial, empresa brasileira que projeta, desenvolve e fabrica produtos e serviços de defesa, negocia a venda para o grupo australiano Defendtex gerou críticas de sindicatos e especialistas. Eles argumentam que a transferência do controle da companhia para o exterior coloca em risco a capacidade de defesa nacional, fragilizando a soberania do país.
Afogada em dívidas, em recuperação judicial e há mais de um ano sem pagar salários, a companhia é uma das principais empresas da indústria da defesa do Brasil e tem mais de 60 anos de existência.
Nesta semana, em nota, a companhia confirmou o negócio com o grupo australiano, “que visa à recuperação econômico-financeira da Avibras, de forma a manter suas unidades fabris no Brasil, retomar as operações o mais breve possível e manter o fornecimento previsto nos contratos com o governo brasileiro e demais clientes”.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Weller Gonçalves, diz que o negócio é um “crime de lesa-pátria” e que o governo deveria estatizar a indústria.
Segundo ele, é preciso discutir a defesa das fronteiras e do país. “É a principal indústria de defesa que temos, que fabrica foguetes, não é fábrica de chiclete ou de chocolate. São 60 anos [em] que essa empresa está recebendo dinheiro público do governo. É uma empresa privada que desenvolve produtos para o Estado.”
Weller argumenta que, caso o país entre em guerra, precisará de uma Avibras, e que a venda fere a soberania brasileira. “Que garantia temos de que a empresa vai ficar no Brasil? A empresa da Austrália pode estar comprando e, no primeiro momento, ficar aqui e retomar as atividades e depois transferir tudo para a Austrália”, completa.
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) também defende a manutenção do capital nacional da empresa. Para o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, Loricardo de Oliveira, a medida prejudica os esforços de reindustrialização do país que o governo tenta avançar.
“É importante que haja uma conversa para que a empresa se mantenha nacional e mantenha a produção aqui, com conteúdo e tecnologia nacional”, afirmou.
A CUT também se preocupa com o passivo trabalhista, que estaria em torno de R$ 600 milhões. Loricardo informa que tem havido negociação com o Ministério da Defesa e que se tenta criar uma frente parlamentar para defender a indústria da defesa.
“Entendemos que não só a Avibrás, mas o conjunto da produção nacional da indústria da defesa precisa estar no olhar do governo como um produto estratégico de conteúdo nacional”, afirma.
Dependência externa
Especialistas da área da defesa alertam que a venda da Avibras pode ampliar a dependência do país de atores internacionais. O pesquisador Eduardo Brick, do Núcleo de Estudos de Defesa, Inovação, Capacitação e Competitividade Industrial da Universidade Federal Fluminense (DefesaUFF), destacou que quanto maior a dependência externa para aquisição de material bélico, menor a soberania do país e mais frágil a defesa nacional.
“Os países sérios não permitem que uma empresa estratégica de defesa seja vendida para uma empresa estrangeira. Não se pode vender sua capacidade de defesa para uma empresa de outro país. Isso não faz sentido”, afirmou o professor aposentado da UFF.
Para Brick, as empresas que produzem material bélico são mais importantes que as unidades de combate. “Se esses meios são fornecidos por outros países, ficamos sujeitos à vontade deles. Esse outro país pode fornecer, ou não fornecer em determinadas circunstâncias, e isso acontece o tempo todo.”
O especialista citou o caso da Suécia que, após ver suas empresas de defesa compradas por estrangeiros, começou a mudar de postura. “Muitas empresas lá foram compradas por empresas estrangeiras porque tinha acabado a Guerra Fria. Depois, eles concluíram que erraram e estão voltando atrás”, completa Brick.
Governo
O governo ainda não se manifestou oficialmente após a Avibras confirmar a negociação com o grupo australiano. A Agência Brasil questionou os ministérios da Casa Civil e da Defesa para saber se a venda da Avibras é preocupação do governo e se há intenção de interferir nesse caso.
A assessoria do Ministério da Defesa limitou-se a dizer que, sobre esse tema, deveria se procurar diretamente a Avibras”. A Casa Civil não respondeu às perguntas da reportagem.
O deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP), vice-líder do governo na Câmara, que tem base eleitoral na região do ABC Paulista, onde fica a Avibras, por sua vez, diz que o Executivo não teria condições fiscais de estatizar a companhia, que é privada.
“A possibilidade de estatização da empresa exigiria um recurso que o governo hoje não dispõe. Ele teria que garantir o pagamento dessas dívidas, e são quase meio bilhão de dívidas. Não há condições, nesse momento, de financeiramente o governo entrar nessa. Seria uma solução, já que nenhuma empresa nacional se interessou até agora, mas é importante ter a empresa funcionando, né”, afirma.
Sobre a possibilidade de o governo antecipar os recursos dos contratos já firmados com a Avibras, Zarattini disse que o Estado corre risco de não receber os produtos. “O governo antecipa, e a empresa não produz, não entrega, o que já aconteceu. Então, é difícil o governo botar um dinheiro em uma coisa que não recebe o produto”, completou.
Controle operário
O sindicalista Weller Gonçalves lembra que a luta dos trabalhadores da Avibras começou em 18 de março de 2022, quando 400 empregados foram demitidos da empresa.
Em seguida, o Sindicato de São José dos Campos reverteu as demissões na Justiça, mas os 400 trabalhadores ficaram com os contratos suspensos. Como os salários estão atrasados, toda decisão da companhia precisa ser aprovada pelos trabalhadores.
“Quando tem alguma produção extraordinária, a gente chama os trabalhadores, discute, a turma entra, como teve no ano passado um contrato para a Malásia, teve um contrato para o Mali, mas com a garantia de recebimento do salário. Então é o que a gente chama de controle operário que tem hoje na Avibras”, destacou.
Weller disse ainda que, apesar da posição do sindicato ser contrária à venda para os australianos, os trabalhadores veem o negócio como uma possibilidade de receber os salários atrasados. “Nesse sentido, a gente entende a ansiedade do trabalhador de ver isso como uma coisa boa”, destaca.
Fonte: EBC Economia
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Em más condições, ponte metálica em Brasiléia e Epitaciolândia assusta pedestres, motoristas e visitantes
Estrutura deteriorada, com madeira podre e erosão nos pilares, continua sem solução definitiva, enquanto população cobra melhorias

Estrutura histórica entre Brasiléia e Epitaciolândia sofre com deterioração crônica e reparos paliativos, colocando em risco a segurança de quem circula no local. Foto: cedida
A Ponte Metálica José Augusto, que liga as cidades de Brasiléia e Epitaciolândia, no Acre, está em condições precárias, causando medo em pedestre, motoristas e visitantes que dependem da travessia diariamente. Construída na década de 1980 e considerada patrimônio da região de fronteira, a estrutura apresenta pranchas apodrecidas, caibros deteriorados e erosão nos pilares, colocando em risco a segurança de quem circula no local.
Os problemas não são recentes. Entre 2017 e 2018, a ponte quase foi interditada devido ao desgaste avançado de suas estruturas de madeira. Na época, prefeituras e governo do estado realizaram reparos emergenciais, mas as intervenções não resolveram o problema de forma permanente.
Em 2019, parte da estrutura foi recuperada, com substituição de pranchas, lixamento e pintura do metal, mas a falta de uma nova ponte de mão dupla mantém a região refém de uma travessia obsoleta e perigosa.

Em março de 2019, o governo do estado recuperou as partes da estrutura que ficam na cabeceira de ambos os lados. Foto: arquivo
Enquanto isso, a madeira continua apodrecendo, e os reparos realizados são apenas paliativos. A situação preocupa ainda mais por se tratar de uma rota estratégica, próxima à BR-317, que dá suporte ao tráfego internacional entre Brasil, Peru e Bolívia (via Departamento de Pando).
Veja reais condições da Ponte José Augusto, com Carlos Portela:
Insatisfação da população
Frustrados com a demora em uma solução definitiva, moradores de Brasiléia e Epitaciolândia voltaram a protestar nas redes sociais, reclamando do descaso com o principal acesso entre os dois municípios. A ponte, que já foi símbolo de integração, hoje representa risco e abandono, exigindo ações urgentes das autoridades.
O que dizem as autoridades?
Até o momento, não há informações sobre um projeto de reconstrução ou reforma completa da ponte. Enquanto isso, a população segue convivendo com os mesmos problemas há décadas, em uma região que merece infraestrutura adequada para o desenvolvimento econômico e social.

Os problemas já são antigos, em 2019 a travessia quase precisou ser interditada devido às pranchas desgastadas e boa parte das pranchas e caibros podres. Hoje não é diferente. Foto: cedida
Situação Crítica
- Problemas Atuais:
- Pranchas de madeira podres
- Erosão nos pilares metálicos
- Estrutura de sustentação comprometida
- Histórico de Reparos:
- 2017/2018: Quase interdição por desgaste extremo
- 2019: Substituição parcial de madeiramento e pintura emergencial
Dados da Ponte
Característica | Detalhe |
---|---|
Ano de Construção | Década de 1980 |
Extensão | 120m sobre o Rio Acre |
Capacidade | Mão única (limitação histórica) |
Importância | Liga Brasiléia/Epitaciolândia e dá acesso pela BR-317 à Bolívia e Peru |
Riscos Identificados
- Segurança:
- Madeiramento com apodrecimento avançado
- Ferragens oxidadas
- Mobilidade:
- Congestionamentos frequentes
- Risco de colapso estrutural
Reivindicações da População
- Construção urgente da nova ponte binacional (projeto parado)
- Manutenção estrutural profunda
- Plano de conservação permanente
Contexto Geopolítico
A ponte é vital para:
- Escoamento de produção local
- Turismo binacional
- Integração com Bolívia (via Cobija) e Peru
Veja vídeos, rede sociais com Carlos Portela:
Alerta:
Moradores relatam que veículos pesados continuam trafegando, acelerando o desgaste. Especialistas recomendam inspeção técnica imediata para avaliar risco real de colapso.
(Atualizado em 15/05/2025 – Fatos, vídeos da deterioração disponíveis nas redes sociais)

Os reparos realizados são apenas paliativos realizados nesta tarde de terça-feira, dia 15, houve reclamações e longas fila, já que o trabalho foi realizado em hora de pico. Foto: cedida

A madeira continua apodrecendo, e os reparos realizados são apenas paliativos. A situação preocupa ainda mais por se tratar de uma rota estratégica, próxima à BR-317. Foto: cedida
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Com investimentos de mais de R$ 1,2 milhão, governador entrega equipamentos para modernização e fortalecimento das atividades do Imac

Governador entregou equipamentos nesta terça-feira, 15, na sede do Imac. Foto: Diego Gurgel/Secom
O governador do Acre, Gladson Camelí, esteve na sede do Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) nesta terça-feira, 15, para efetivar a entrega de equipamentos para a modernização e fortalecimento das atividades do instituto no estado. Somados, os investimentos totalizam R$ 1.254.700, proveniente de recursos próprios do Imac, Fundo da Amazônia e Fundo Especial do Meio Ambiente (Fecca).
Entre os equipamentos estão drones, computadores e notebooks que vão ajudar na agilidade dos processos e melhoria da qualidade dos serviços à população.
“Mais uma vez venho reforçar aquela política que tenho afirmado, que é de criar condições para que todos os nossos servidores do Estado possam exercer melhor e com mais praticidade o seu trabalho para que a gente melhore e cuide das pessoas. Esse é o nosso objetivo do Estado: criar as condições para que os nossos servidores possam desenvolver cada dia mais os seus serviços”, destacou.
Camelí destacou que essa fiscalização é essencial, não só para a preservação da natureza, mas também para a saúde humana. “A deterioração do nosso meio ambiente acarreta uma série de problemas que se reflete na própria qualidade de vida da nossa população. Portanto, temos que ter responsabilidade como gestores públicos na execução das nossas funções”, completou.
Em sua fala, em nome do presidente do Imac, André Hassem, agradeceu o empenho de toda a equipe governamental pela dedicação no desenvolvimento das ações.
Já a vice-governadora Mailza Assis acredita que sua gestão, ao lado do governador, entra para a história como a que mais reestruturou sedes para que os servidores possam desenvolver seu trabalho com eficiência, agilidade e segurança:
“Este governo deu atenção aos cenários, às estruturas, prédios e equipamentos que dão mais condições para os servidores trabalharem melhor. Nós que temos uma política forte de meio ambiente, temos que observar de perto todas essas ações. Temos política com boas práticas e somos exemplo internacional pelas ações voltadas para o meio ambiente, por isso precisamos continuar sendo essa referência”.

Novos equipamentos serão usados para agilizar processos. Foto: Diego Gurgel/Secom
Nova era de modernização
O presidente do Imac enfatizou que esse é o pontapé de uma série de ações de fortalecimento do instituto, que já deve inaugurar nos próximos meses a nova sede e implantar o Sistema de Meio Ambiente do Acre (S-Imac). Hassem destacou que o governador Gladson Camelí tem feito história ao reestruturar os espaços públicos.
“Todo esse equipamento é para ajudar toda a área técnica, e, com isso, nós vamos dar melhores condições de atendimento e mais celeridade para assistir o homem do campo, o agricultor, o pecuarista e os empreendedores do nosso estado. Prevemos também nos próximos meses o nosso sistema, que vai possibilitar que todos os procedimentos sejam digitais, e o agricultor vai poder acessá-lo da comunidade dele”, revela.
Em sua fala, o presidente reforçou, ainda, que os investimentos no Imac colaboram para um ambiente de negócios fomentado, impactando na economia do estado, já que gera emprego e renda, pois qualquer obra precisa do licenciamento ambiental.
“Você traz condições melhores de arrecadação para o Estado e dá uma resposta para que possa ter a circulação, porque o PIB passa pelo Imac, que é onde se inicia tudo. Hoje, para buscar uma linha de crédito em qualquer instituição bancária, tem que ter a licença ambiental, e trabalhamos hoje para ampliar isso e dar mais agilidade nas respostas do Estado”, reforça.

Parceria entre os poderes e instituições garantem avanços em diferentes áreas. Foto: Diego Gurgel/Secom
Elo entre as instituições
Estiveram presentes na entrega, o presidente da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), Nicolau Júnior, e o promotor Alekine Lopes, da Especializada de Defesa do Meio Ambiente da Bacia Hidrográfica do Baixo Acre. Os dois destacaram a importância do elo das instituições em prol da população.
“O Acre está crescendo e o Imac também está crescendo junto. Qualquer licença ou obra que ocorra no Estado, o Imac está presente. Cada passo que o governo tem dado, cada avanço do governo, a população é beneficiada. Enquanto presidente da Aleac vamos estar justamente pra isso, para que as coisas aconteçam este ano. O Estado está gerando emprego e renda e quem ganha é a população”, acrescentou o presidente da Aleac.
Já o promotor Alekine Lopes frisou que a modernização dos sistema é um importante passo para que os produtores entendam os processos e tenham mais conhecimento do valor gerado pela preservação, agilizando procedimentos e expandindo acessos.
“Não adianta fazermos qualquer coisa sem as condições tecnológicas. O MP [Ministério Público] hoje em dia está no meio, entre o cidadão e o Poder Executivo, e precisamos mudar a abordagem. Embargar, multar, faz parte, mas precisamos apostar em tecnologia para que o produtor entenda que preservar o meio ambiente também gera renda e não é antagônico ao desenvolvimento e acredito que, neste sentido, os sistemas agroflorestais são nossa salvação”, avalia.
- Parceria entre os poderes e instituições garantem avanços em diferentes áreas. Foto: Diego Gurgel/Secom
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Acusado de assassinar ex-mulher no Acre ameaça matar mais pessoas
O pedreiro Gilberto Gomes, 59 anos, conhecido como “Ceará”, continua foragido após ser acusado de assassinar a ex-companheira, Janice Rocha de Lima, 41 anos, e balear o filho dela, Jonathas Lima Rocha, de 19 anos, na última quarta-feira, 9, no bairro Seis de Agosto, em Rio Branco (AC).
O crime, classificado como feminicídio, chocou a capital acreana não apenas pela brutalidade, mas também pelas ameaças feitas pelo suspeito.
Em um novo episódio nesta terça-feira, 15, Gilberto enviou um áudio revelando a intenção de matar outras pessoas próximas à vítima, incluindo nomes citados diretamente na gravação, como “Vampeta”, “Aline” e “Luciana”. O áudio foi enviado por Gilberto a Jonathas Lima, filho da vítima.
“Eu não queria te matar, não, cara. Atirei só nos seus braços pra você não me maltratar. Mas eu te amo, Jonathas, tá? Vou mandar vinte mil reais pra você, e a Lander é sua. Você vai atrás do pedão, porque essa Lander tá paga, tá? A Lander tá lá no meu tio, no João Eduardo. Lá tem duas pistolas e um trinta e oito. Eu tô com 45 aqui, e vou matar mais gente aí. Vou matar o Vampeta, a mulher dele, a Aline e a Luciana, tá?””, diz trecho do áudio enviado.
Segundo a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), o crime ocorreu quando Gilberto invadiu o apartamento de Janice sob efeito de álcool e, diante da recusa dela em retomar o relacionamento, efetuou disparos. Janice morreu no local, enquanto Jonathas foi socorrido com vida.
A polícia segue em busca de Gilberto, que já responde a diversas denúncias por ameaças e violência doméstica. Informações sobre seu paradeiro podem ser repassadas de forma anônima à Polícia Civil. A Justiça do Acre decretou a prisão preventiva de Gilberto, mas, mesmo procurado pela polícia, ele segue foragido
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