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Acre

Rosana critica governo, ameaça nova greve e aponta novos rumos para o sindicalismo no AC

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“A greve foi apenas suspensa. Se o governo continuar tratando a educação dessa forma, sequer iremos iniciar ao ano letivo”

Tem uma máxima afirmadora de que todo império começa a ruir internamente. A ruptura do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Acre (Sinteac) com o governo estadual pode significar o fim de uma era. A era do mais completo e longevo domínio político nas terras de Galvez de um projeto de poder, que colocou de joelhos o movimento social e algumas instituições tidas como democráticas.

Agora desfiliada do PT, Rosana Nascimento, 46 anos, ingressou na legenda em 2005 e construiu uma história com seus pares talhada a machadadas. Se a máquina petista-estatal ajudou ela a chegar ao controle do maior e mais estratégico sindicato do Acre, entidade que protagonizou os principais movimentos cívicos do estado, entre eles “O Dia D” e os “Foras Romildo e Orleir”, por outro Rosana ajudou muito o petismo no movimento sindical.

Rosana: “Nos dois governos do Tião Viana não houve nenhum investimento na educação”

Rosana: “Nos dois governos do Tião Viana não houve nenhum investimento na educação”

Afinidades e diferenças à parte, o fato é que uma guerra foi declarada. Ela liderou a mais longa greve da história acreana (65 dias) e, na semana passada, aliada a outros sindicalistas, anunciou outro movimento paredista, desta feita contra cortes de salários, o que, segunda ela, caracteriza descaso e perseguição. “Vamos dá uma resposta à precarização da educação e saúde”, ameaçou a sindicalista.

Quanto aos argumentos palacianos de que não existem recursos, notadamente por causa da crise econômica, Nascimento contrapõe expondo aquilo que o petismo tinha como dogma: a propalada inversão de prioridades. “Prioridade é manter uma legião de apadrinhados em cargos comissionados? É pagar pensão para ex-governadores? É investir o dobro em mídia do que em segurança? É entupir a Assembleia Legislativa de dinheiro? É enriquecer empresários sanguessugas? É destinar milhões do orçamento para a Casa Civil e o Gabinete da vice-governadora?”, detona a líder sindical.

À frente do Sinteac e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a ativista admite alguns erros. “Fui ingênua em pensar que o PT pudesse representar os trabalhadores. Trata-se de uma legenda degenerada que vendeu a sua alma para o diabo”, sentencia ela, ressaltando que jamais vai trair a classe a qual representa. “A missão do sindicalista é apenas uma: defender a categoria, diz”.

Em uma das salas do sindicato, Rosana Nascimento recebeu a equipe da ContilNet e concedeu esta entrevista, que traz também uma revelação impressionante: a sindicalista diz quer o governo do Acre pagou cerca de um milhão de reais para um italiano, de Milão, ensinar os acreanos a fritar mandim. Vejam os principais trechos:

ContinNet – Quais são as verdades e mentiras do governo estadual ?

Rosana Nascimento – É muito difícil saber o que é verdade e mentira desse governo, principalmente porque ele firma compromissos e não os cumprem. Agora tem uma mentira cínica: dizer que não pode atender minimamente as nossas reivindicações. O pessoal de apoio, que trabalha nas escolas, está passando uma situação extremamente difícil. Em média, estão recebem R$ 600 e isso e, com o atual custo de vida, não dá sequer para alimentar a família. Por causa da greve, foi a tirada dobra e assim ficou até os dias de hoje. Alguns desses servidores estão passando necessidade. Quase todos os dias a gente faz cota para complementar a renda dessas pessoas. É uma situação crítica, gravíssima e o governo faz cara de paisagem.

O governo petista falou muito em inversão de prioridades. A senhora sabe explicar isso?

Rosana Nascimento – Essa é outra mentira deslavada. Inversão de prioridades é exatamente o que o governo não faz. O governo só investe na educação o dinheiro do Fundeb, que é um repasse do governo federal. Não existe um único investimento de recursos próprios. A ex-deputada Naluh Gouveia aprovou um projeto para o governo investir até 30% na educação. Isso nunca foi efetivado, ou seja, nunca se investiu na ponta onde estão as merendeiras, que trabalham em condições perigosas e insalubres. Os 30% precisam ser investidos nas condições de trabalho como, por exemplo, na climatização das salas de aulas e na adequação das cozinhas. Isto seria investir no ensino-base. Enquanto isso, a Secretaria de Educação está inchada de cargos comissionas. A inversão começaria no orçamento. A Educação, a Saúde e a Produção nunca foram prioridades. Nos dois governos do Tião Viana não houve nenhum investimento na educação.

Quais os motivos de uma greve tão prolongada? E por que não houve avanços?

Rosana Nascimento – O governo foi intransigente e sequer quis negociar. Usando recursos da máquina pública, difundiu mentiras e instalou o terror entre os servidores para desmobilizar o nossa categoria, não obstante à tentativa de desqualificar o Sinteac. Tentavam levar para o campo pessoal, tentando me colocar contra a opinião pública. Não tenho nada pessoal contra o governador e nenhum membro de sua equipe. Alias, não tenho amigos nesse governo. A função de um sindicalista é defender a sua categoria, independentemente de quem estiver no governo. Não houve avanços porque o governo não quis. E aqui vai um aviso: a greve foi apenas suspensa. Se o governo continuar tratando a educação dessa forma, sequer iremos iniciar ao ano letivo.

O governo primeiro fez cortes na educação e, mais recentemente, na saúde. O que está acontecendo e quais as providência que os sindicatos estão tomando?

Rosana Nascimento – No mês passado, a educação fez descontos nos salários dos servidores. Nos ganhamos uma causa e passamos a ter descontos em nossos contracheques. De uma professora como eu, com 25 anos de serviços, dera de R$ 36. Mas descontaram 150, 300 e até R$ 600. Nós fomos secretaria saber o motivo desses descontos e eles disseram que foi um problema na SGA (Secretaria de Gestão Administrativa). Até agora não deram uma justificativa nem devolveram o nosso dinheiro. Este mês descontaram na saúde. O que entendemos com isso? Que estão fazendo um rodízio de descontos para pagar dívidas do governo. No próximo dia 11, iremos fazer uma grande mobilização para denunciar essa expropriação.

O governo estadual gasta, com o aparato estatal e outros órgãos públicos, cerca de R$ 150 milhões anualmente. Comente sobre isso?

Para uma economia pobre como a nossa, ou seja, somos um ente subdesenvolvido, é muito dinheiro para esses dois setores. Mais não acontece por acaso. A Assembleia, que deveria ser uma instituição a serviços dos acreanos, é submissa e atende aos interesses nada republicanos desse governo. Os deputados fazem apenas teatro e não encaminham, e muito menos encampam, bandeiras e lutas dos trabalhadores e desvalidos. O gordo orçamento do Executivo é para manter a luxúria palaciana. Só pra se ter uma ideia, eles gastaram quase 1 R$ milhão pra trazer um cozinheiro de Milão (Itália) para ensinar a gente a fritar mandin. Isso seria cômico se não fosse trágico.

A pensão para ex-governadores foi reativada no governo do PT. A senhora acha isso justo?

Ao contrário, considero imoral e ilegal. O trabalhador precisa de 35 anos de tempo de contribuição para se aposentar. Ter sido governador constitui uma honraria, uma causa republicana e não um meio de vida. Existem ex-governadores acumulando supersalários por causa dessa aberração. Por que o senador Jorge Viana tem que ganhar salários de senador e ex-governador? São R$ 12 milhões gastos anualmente com essa patifaria. Por que o governo tem que pagar dois secretários de Comunicação? Existe um número absurdo de assessores especiais, ganhando R$ 19 mil, que ninguém sequer ver trabalhando. Isso é concentração de renda de um governo que apadrinha seus amigos e familiares.

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Acre

Aleac vota nesta quarta-feira Orçamento de 2026, estimado em R$ 13,8 bilhões

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Projeto representa aumento de 13,63% em relação a 2025 e será apreciado em sessão que encerra o ano legislativo; dezenas de outras matérias também estão na pauta

LOA de 2026 e dezenas de projetos serão votados na reta final de trabalhos na Aleac. Foto: captada 

A Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) encerra suas atividades de 2025 nesta quarta-feira (17) com a votação de dezenas de projetos, entre eles a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026, estimada em R$ 13,8 bilhões – aumento de 13,63% em relação ao ano anterior. Do total, R$ 9,3 bilhões são de recursos próprios do estado e R$ 4,4 bilhões vêm de outras fontes.

A LOA será analisada exclusivamente pela Comissão de Orçamento e Finanças antes de seguir para o plenário. Os projetos foram encaminhados às comissões conjuntas nesta terça-feira (16) e devem ser votados em sessão única, marcando o fim do ano legislativo na Casa.

Detalhes do orçamento 2026
  • Total: R$ 13,8 bilhões
  • Aumento: 13,63% em relação a 2025
  • Recursos próprios: R$ 9,3 bilhões
  • Outras fontes: R$ 4,4 bilhões
Tramitação
  • Encaminhamento: Projetos vão às comissões nesta terça-feira (16)
  • LOA: Apreciação exclusiva pela Comissão de Orçamento e Finanças (COF)
  • Votação final: Todos os projetos devem ser votados na quarta-feira (17)

A sessão final do ano é crucial para garantir a continuidade de serviços públicos em 2026, especialmente em ano pré-eleitoral. A aprovação da LOA dentro do prazo é essencial para evitar contingenciamentos e garantir planejamento adequado das ações governamentais no próximo ano.

O deputado Tadeu Hassem, presidente da Comissão de Orçamento e Finanças (COF), conduziu a audiência pública que discutiu a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026 na Assembleia Legislativa do Acre. Foto: captada 

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Acre

Brasiléia recebe carreta do Agora Tem Especialistas com atendimentos de ginecologia e mastologia até sexta-feira

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O espaço oferece consultas nas especialidades de ginecologia e mastologia, com o objetivo de reduzir a fila de espera de pacientes que aguardavam por atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS). Os atendimentos, no entanto, não são abertos ao público em geral

Secretária adjunta de Atenção à Saúde, Ana Cristina Moraes, destacou fortalecimento da saúde da mulher. Foto: Tiago Araújo/Sesacre

Para reduzir o tempo de espera e ampliar o acesso da população ao atendimento especializado, a carreta do programa Agora Tem Especialistas chega a Brasileia por meio da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), em parceria com Ministério da Saúde e os Municípios da Regional do Alto Acre.

A cerimônia de abertura dos atendimentos foi realizada na manhã de segunda-feira, 15, no Hospital Regional do Alto Acre, local onde a carreta realizará atendimentos até sexta-feira, 19, retornando em 6 de janeiro e seguindo até o dia 30 do mesmo mês.

Durante a abertura, a secretária adjunta de Atenção à Saúde, Ana Cristina Moraes, destacou que a ação fortalece o cuidado com a saúde da mulher e garante a presença de especialistas mais próximos da população. “Essa carreta representa um avanço importante, porque leva atendimento especializado em saúde da mulher para Brasileia e também para os municípios de Xapuri, Epitaciolândia e Assis Brasil. É uma iniciativa que reduz a espera por exames e aproxima o serviço de quem mais precisa”, afirmou.

O espaço oferece consultas nas especialidades de ginecologia e mastologia, com o objetivo de reduzir a fila de espera de pacientes que aguardavam por atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS). Os atendimentos, no entanto, não são abertos ao público em geral. Apenas pacientes que já estavam cadastradas e foram pré-agendadas pela Regulação Estadual de Saúde serão atendidas no local.

Cerimônia de abertura dos atendimentos foi realizada na manhã desta segunda-feira, 15, no Hospital Regional do Alto Acre, em Brasileia. Foto: Tiago Araújo/Sesacre

A coordenadora do grupo condutor do Estado e do programa Agora Tem Especialistas, Érika Oliveira, ressaltou que a iniciativa assegura atendimento digno e oportuno às mulheres da região. “Evitando deslocamentos até a capital, levamos a saúde até a população, garantindo acesso no tempo certo e de acordo com o que é preconizado pela política pública do SUS”, destacou.

Com uma equipe multiprofissional, a carreta oferece consultas, realiza exames e encaminha, quando necessário, casos mais complexos para o Hospital de Amor, em Rio Branco, instituição parceira do projeto, para que o tratamento tenha início de forma rápida e segura.

Para o secretário municipal de Saúde de Xapuri, Daniel Lima, a iniciativa representa um ganho concreto para os municípios mais distantes da capital. “Xapuri está a cerca de 200 quilômetros de Rio Branco, e esse deslocamento gera custos e desgaste, principalmente para os pacientes. Quando o atendimento especializado passa a ser ofertado na própria regional, o acesso se torna mais fácil e mais humano. Essa ação garante mais comodidade, reduz barreiras e fortalece a assistência em saúde para a população do interior”, afirmou.

Moradora da zona rural de Brasileia e uma das pacientes atendidas pela carreta, Águeda Augusta Alves relatou a experiência de realizar os exames sem precisar se deslocar até a capital, destacando a facilidade do acesso e a importância da iniciativa para quem vive longe dos grandes centros.

“Antes, para fazer esses exames, eu precisava ir até Rio Branco, o que é cansativo e exige tempo, além da espera pelo resultado. Com a carreta aqui, tudo fica mais perto e mais viável para quem mora na zona rural. Fui orientada pela agente de saúde, fiz o agendamento e consegui realizar os exames com mais facilidade. Esse projeto ajuda principalmente quem mais precisa e permite que, se for identificado algum problema, o encaminhamento para o tratamento aconteça de forma mais rápida”, relatou.

Com uma equipe multiprofissional, a carreta oferece consultas, realiza exames e encaminha, quando necessário, casos mais complexos para o Hospital de Amor, em Rio Branco. Foto: Tiago Araújo/Sesacre

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Pedro Longo pede agilidade no pagamento de verbas rescisórias e reforça apelo por festas sem fogos barulhentos

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Durante a sessão ordinária desta terça-feira (16), na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), o deputado Pedro Longo (PDT) usou a tribuna para registrar votos de pesar, cobrar maior celeridade no pagamento de verbas rescisórias a servidores provisórios e reforçar um apelo à população e aos órgãos públicos para que as festas de fim de ano sejam realizadas sem o uso de fogos com estampido.

No início do pronunciamento, o parlamentar manifestou solidariedade pelo falecimento do ex-deputado estadual e ex-prefeito de Sena Madureira, Nilson Areal, destacando a relevância política e o respeito que ele construiu ao longo da vida pública. “Nilson foi uma pessoa extremamente marcante na vida política de Sena Madureira, muito respeitado e admirado pela população, algo que ficou evidente no momento do velório e do sepultamento”, afirmou, ao estender condolências à família do ex-parlamentar.

Em seguida, Pedro Longo voltou a tratar da situação dos servidores provisórios que aguardam o pagamento das verbas rescisórias vinculadas ao Instituto de Administração Penitenciária (Iapen). O deputado reconheceu o compromisso do governo com a quitação dos valores, mas alertou para a necessidade de mais agilidade no processo. “O pagamento está garantido, mas não está ocorrendo com a rapidez que gostaríamos. Essas famílias enfrentam um momento difícil e precisam desses recursos, especialmente neste período que antecede o Natal”, ressaltou, agradecendo o acompanhamento feito pelo secretário Luiz Calixto e pelo secretário adjunto Guilherme Duarte.

Encerrando sua fala, o parlamentar também fez um apelo à sociedade acreana e às administrações públicas para que evitem o uso de fogos com barulho durante as festividades de fim de ano. Segundo ele, a prática causa sofrimento a pessoas com transtorno do espectro autista, crianças, idosos, pessoas enfermas e animais. “Reitero o pedido para que o poder público não utilize e fiscalize a utilização desses fogos. É uma questão de respeito e sensibilidade com quem mais sofre nesse período”, concluiu.

Texto: Andressa Oliveira

Foto: Sérgio Vale

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