Acre
Programa ‘Presídios Leitores’ inaugura biblioteca em penitenciária feminina no interior do Acre
Inauguração ocorreu nesta quinta-feira (3). Cinco presos da unidade estão cursando o ensino superior na Universidade Federal do Acre (Ufac).

Biblioteca tem livros que foram doados em programa Presídios Leitores — Foto: Arquivo pessoal
O programa “Presídios Leitores” inaugurou, nesta quinta-feira (3), uma biblioteca na Penitenciária Feminina Guimarães Lima, em Cruzeiro do Sul. Os livros foram arrecadados durante uma das fases do projeto, que incentiva a leitura nas unidades prisionais do estado.
O projeto é uma parceria entre a Universidade Federal do Acre (Ufac) e a direção da unidade. Atualmente, há cinco presos da unidade cursando o ensino superior, dois do regime fechado e os demais no regime semiaberto.
“O slogan do programa é a liberdade passa pela leitura, nós cremos piamente que a liberdade passa pela leitura e isso não se restringe a quem está preso no presídio, mas a liberdade no sentido mais amplo. Nós precisamos de um Brasil que forme leitores, que se preocupe com a formação de leitores e isso não tem sido uma prioridade no Brasil, do programa, que tenta contribuir para a formação de leitores dentro do sistema prisional”, disse Maria José Morais, professora e pesquisadora da Ufac, uma das envolvidas no projeto.
Ela conta que o projeto surgiu da necessidade de ter esse incentivo dentro das unidades prisionais do estado ouvindo o Judiciário, Sistema Penitenciário e também os reeducandos.
“Estamos apresentando os resultados dos programas, que os projetos são submetidos a editais e esses editais buscam recursos para irmos mantendo minimamente a manutenção do projeto”, explica.
Em agosto deste ano, houve a abertura de quatro pontos de coleta para doações e foi aí que esses livros foram arrecadados. Os móveis, como estantes, mesas e cadeiras da biblioteca, foram feitos pelos presos que trabalham na marcenaria da unidade.
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Programa ‘Presídio Leitores’ inaugura biblioteca em penitenciária feminina no interior do Acre — Foto: Arquivo pessoal
”Liberdade passa pela leitura’
Pela resolução 391 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), no ano, o recluso pode ler 12 obras com intuito de remição. Ele então faz a produção textual e, se obtiver nota 5 ou mais, recebe 4 dias de remição.
Vanila Pinheiro, pedagoga da penitenciária Manoel Neri da Silva, explica que todos os livros arrecadados foram catalogados pelos bolsistas do projeto e constam no sistema do presídio para acompanhamento.
“Todos os livros estão no sistema do presídio e uma pessoa vai ficar responsável por acompanhar os títulos que estão sendo lidos pelas presas. Sem contar, que todos os móveis foram produzidos pela marcenaria da unidade.”
Elves Barros, diretor do Presídio Manoel Neri da Silva, disse que atualmente 120 presos, entre homens e mulheres, fazem parte do programa.
“Eu considero que esse projeto é de uma importância ímpar, que é uma oportunidade desses reeducandos estarem remindo pena, de estarem assimilando, buscando, se debruçando nos livros e, além de estar ajudando o preso na remição de pena, está trazendo conhecimento. A gente sabe que o conhecimento traz liberdade para o ser humano”, destaca.
Para o diretor da unidade, o projeto é um grande aliado na reeducação desse preso e também na construção de uma nova perspectiva por meio da leitura.
“Percebemos que todos que participam do programa mudam o comportamento significativamente, tendo em vista que é um preso mais comportado, que só quer remir a pena e isso ajuda bastante nosso sistema, porque não vamos ter trabalho com esse preso. A leitura liberta e, mesmo estando encarcerados, quando buscam informação, você percebe a mudança de comportamento para melhor”, complementa.
Um dos presos, que vai ter sua identidade preservada, e que participa do projeto, diz que a leitura o ajuda a não só passar o tempo, mas adquirir mais conhecimento. Formado em letras e tendo cursado até o quinto período de sociologia, ele está preso há mais de um ano e diz que focou na leitura. Foram 18 livros lidos por ele em mais de um ano de prisão.
“A liberdade passa pela leitura, primeiro rompe o cárcere psíquico e depois uma vida lá fora. A gente pode se reintegrar e continuar com o hábito da leitura. Como professor de letras, ensino quem mora comigo, já li 18 livros, estou mais de um ano preso, e isso me mudou muito. Você aprende algo a mais a cada dia. Viver em liberdade”, finaliza.
Colaborou Bruno Vinicius, da Rede Amazônica Acre.
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Acre
Ausência de alertas nos celulares gera críticas durante enchente atípica em Rio Branco
Defesa Civil municipal reconhece limitações no envio de notificações, enquanto Rio Acre atinge 15,37 m e mais de 400 pessoas estão em abrigos

Falcão reforçou que o sistema não é automatizado e que exige equipes exclusivas para funcionar plenamente, o que, segundo ele, pode comprometer outras frentes de atendimento emergencial. Foto: captada
A ausência de alertas da Defesa Civil nos celulares da população durante a enchente atípica de dezembro em Rio Branco gerou questionamentos e críticas nas redes sociais. Até esta terça-feira (29), o Rio Acre já desabrigou mais de 400 pessoas, que estão em sete abrigos montados em escolas e centros culturais. Às 12h, o rio marcava 15,37 metros.
Segundo o coordenador da Defesa Civil municipal, tenente-coronel Cláudio Falcão, o sistema de alertas — que depende da integração entre as esferas municipal, estadual e nacional — ainda passa por testes e tem limitações operacionais. Ele explicou que o envio de notificações não é automatizado e exigiria equipes exclusivas, o que poderia comprometer outras frentes emergenciais.
“Nós não conseguimos atender a todos e também essa parte. O sistema não é eletrônico, então precisa de equipes exclusivas. Se nós formos fazer isso, nós deixamos de atender a população”, afirmou Falcão. Ele reforçou que, enquanto as equipes atuam diretamente em bairros e abrigos, falta estrutura para monitoramento contínuo, especialmente em áreas sem sensores eletrônicos, dependendo de vistorias presenciais.
Implementação
Atualmente, de acordo com a Defesa Civil, Rio Branco possui cerca de 230 bairros, dos quais 43 foram afetados diretamente por inundação ou enxurrada até esta segunda-feira (29). As equipes atuam, neste momento, em 19 dessas localidades. O comandante alertou que o envio indiscriminado de mensagens poderia causar pânico.
“Se nós emitirmos um alerta sem controle, vai tocar nos 230 bairros e vai trazer pânico para a população. Além do mais, nós podemos perder credibilidade. Isso não pode acontecer”, comentou.
Apesar das limitações, Falcão reconheceu a importância do sistema de alertas e defendeu maior integração entre os entes federativos para que a ferramenta funcione de forma eficaz.
“Nós precisamos, nesse instante, é do empenho maior. Também da Defesa Civil estadual, junto com a nacional, para que a gente possa ter as condições necessárias para emitir o alerta, que é de extrema importância para toda a comunidade daqui de Rio Branco”, destacou.

De acordo com o gestor, o chamado ‘Defesa Civil Alerta’ não é controlado por um único órgão e depende da atuação conjunta das defesas civis municipal, estadual e nacional. Foto: captada
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Acre
Prefeito de Rio Branco prorroga decreto de emergência após Rio Acre atingir 15,37 metros
Tião Bocalom mantém estado de calamidade por mais um ano em resposta à maior cheia do rio em quase duas décadas; medida reforça ações de socorro e proteção às famílias afetadas

O Executivo de Rio Branco prorrogou nesta segunda (29/12), por mais um ano, o estado de emergência diante da nova cheia do Rio Acre, que já alcança cerca de 20 mil moradores na capital e em comunidades rurais. Foto: captada
O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, prorrogou por mais um ano o decreto de emergência na capital após o Rio Acre atingir a marca histórica de 15,37 metros. A medida foi tomada diante da cheia severa que já alagou dezenas de bairros e deslocou centenas de famílias, o estado de emergência diante da nova cheia do Rio Acre, que já alcança cerca de 20 mil moradores na capital e em comunidades rurais.
Em coletiva de imprensa, o prefeito Tião Bocalom (PL) disse que a medida é necessária para garantir socorro imediato. “Vamos ampliar as ações de saúde e assistência às pessoas atingidas”, disse.
O boletim oficial registra 364 pessoas atendidas em abrigos improvisados nas escolas Anice Dib Jatene, Álvaro Vieira, Maria Lúcia Moura Marin, Georgete Eluan Kalume e Maria Gouveia Viana, além do Centro de Cultura Mestre Caboquinho. Alguns desses locais já não comportam novos desabrigados. Para ampliar a capacidade, o Executivo iniciou a construção de 60 unidades no Parque de Exposições Wildy Viana.
Ao meio-dia, o Rio Acre atingiu 15,37 metros. O coordenador da Defesa Civil, tenente-coronel Cláudio Falcão, descreveu o cenário como inédito para dezembro. “Em 55 anos de monitoramento, só vimos algo parecido em 1975. Agora já é a sexta enchente consecutiva”, afirmou. Ele advertiu para os próximos meses: “Janeiro, fevereiro e março são muito perigosos. Pode ser que, pela primeira vez, tenhamos um transbordamento duplo”.
Sem previsão de chuvas até terça (30/12), Falcão alertou que elas devem retornar já na virada do ano (31/12). “A tendência é que o volume volte a subir, e precisamos estar preparados”, explicou. O militar também relatou desmoronamentos em 12 pontos da cidade e mencionou riscos na estrutura do Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco (Saerb), como a possibilidade de rompimento da adutora e de balseiros atingirem as bombas, o que poderia comprometer a captação e o abastecimento.
No bairro Papouco, o desbarrancamento às margens do rio trouxe de volta a crise. O secretário de Assistência Social, João Marcos Luz, chamou o episódio de tragédia anunciada. “Não dá para continuar do jeito que está. Precisamos mudar a vida dessas famílias”, afirmou, retomando a justificativa para a retirada das famílias anunciada meses atrás.
A Defesa Civil mantém vigilância constante e reforça que o telefone 193 está disponível para emergências.
A prorrogação do decreto permite a manutenção e o reforço de ações emergenciais, como o atendimento às famílias desabrigadas, o monitoramento hidrológico em tempo real e a articulação direta com a Defesa Civil estadual e o governo federal. O nível do rio, que superou a cota de transbordamento (14 metros) no último sábado (27), continua sendo acompanhado de perto, com previsão de novas chuvas nos próximas dias.
Com André Gonzaga
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Acre
Rio Acre segue em elevação e permanece acima da cota de transbordo em Rio Branco
Boletim da Defesa Civil aponta nível de 15,37 metros ao meio-dia desta segunda-feira

Foto: Jardy Lopes
A Defesa Civil Municipal de Rio Branco divulgou, nesta segunda-feira (29), um novo boletim informando que o nível do Rio Acre permanece acima da cota de transbordo na capital acreana, mantendo o cenário de atenção máxima.
De acordo com as medições oficiais, às 5h21 o rio marcava 15,32 metros. Às 9h, o nível subiu para 15,36 metros, atingindo 15,37 metros ao meio-dia, confirmando a tendência de elevação ao longo do dia.
Apesar de não haver registro de chuvas nas últimas 24 horas em Rio Branco, com índice pluviométrico de 0,00 milímetro, o manancial segue significativamente acima da cota de alerta, fixada em 13,50 metros, e da cota de transbordo, estabelecida em 14,00 metros. O boletim foi assinado pelo coordenador municipal da Defesa Civil, Cláudio Falcão.

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