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OCB combate deficiência na gestão em cooperativas do Acre

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Foto: Sérgio Vale

Durante entrevista concedida nesta quarta-feira (30), na 50ª edição da Expoacre, o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Valdemiro Rocha, falou sobre os desafios e avanços do cooperativismo no estado. Um dos principais pontos abordados foi a necessidade de ampliar a disseminação de informações sobre o setor.

“Em primeiro lugar, eu acho que é preciso trabalhar muita informação, algo que a OCB e o SESCOOP no Acre têm feito, ou ao menos tentado fazer: levar conhecimento sobre cooperativismo, esse instrumento de organização econômica, para a sociedade — principalmente nas universidades, nos sindicatos rurais e na sociedade civil organizada como um todo”, afirmou Rocha.

Segundo o presidente, o cooperativismo tem grande potencial para promover o desenvolvimento sustentável em qualquer região do país. “Mais de um bilhão de pessoas no mundo inteiro utilizam esse modelo para gerar resultados nas comunidades. Onde há uma cooperativa desenvolvida, o município geralmente tende a apresentar um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais elevado”, destacou.

Rocha mencionou, como exemplo, os estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Minas Gerais, onde o cooperativismo está mais consolidado. “Esses são os cinco estados onde o modelo está mais forte no Brasil. E já que estamos em uma feira agropecuária, vale lembrar que mais de 50% do PIB agropecuário — envolvendo pequenos, médios e grandes produtores — passa por uma cooperativa, seja na produção rural ou na agroindustrialização. No Brasil, o setor já é responsável por mais da metade da produção.”

Fragilidades e desafios nas cooperativas do Acre

Questionado sobre os principais desafios enfrentados pelas cooperativas no interior do Acre, Rocha destacou a deficiência nos processos de gestão. “A gente aplica o que chamamos de autodiagnóstico nas cooperativas, e o que aparece com mais força é a necessidade de melhoria na gestão.”

Ele explicou que essa fragilidade diz respeito a processos burocráticos essenciais, como escrituração contábil, fiscal, tributária, recursos humanos e outros aspectos administrativos. “Esses procedimentos são fundamentais para que a cooperativa esteja apta a captar bons projetos, sejam públicos ou privados. É por meio deles que conseguimos medir a saúde financeira da instituição, usando indicadores adequados.”

Além da gestão, Rocha ressaltou a importância da qualificação dos dirigentes. “Eu sempre digo: não é porque um dirigente é eleito numa assembleia que ele automaticamente se torna um gestor. Ele é um dos donos, sim, mas precisa de formação.”

Para suprir essa lacuna, a OCB tem oferecido programas de capacitação. “Muitas vezes, ajudamos esse dirigente a concluir o ensino fundamental e, em seguida, oferecemos uma graduação tecnológica em cooperativismo, que pode ser feita online, a partir de qualquer município. Temos gestores do Acre estudando junto com profissionais do Paraná, Santa Catarina e São Paulo. É uma experiência que já estamos implementando no estado, com o objetivo de formar lideranças preparadas para conduzir cooperativas com eficiência.”

Valdemiro Rocha, afirmou que um dos principais desafios para o fortalecimento do cooperativismo na região Norte é a formação adequada dos cooperados. Segundo ele, é necessário que o associado desenvolva o que chama de “identidade do cooperado”.

“O grande desafio nosso, não só no Acre, mas em toda a região Norte e também no Nordeste, é atuarmos para que o cooperado passe a ter o que nós chamamos de identidade do cooperado. Ele precisa conhecer seus direitos, seus deveres e saber administrar conflitos de interesse, que são normais dentro de uma cooperativa. Afinal, ao mesmo tempo, em que ele é dono, de maneira coletiva, ele também é usuário dos serviços daquela cooperativa”, explicou Rocha.

O presidente ressaltou que essa realidade se aplica, principalmente, às cooperativas do meio rural. “Você tem que formar esse cooperado para que ele de fato tenha identidade de cooperado, para que ele não se comporte apenas como um cliente da cooperativa. E, do lado da gestão, também é fundamental investir na formação de quadros para atuarem no conselho fiscal e no conselho administrativo das cooperativas, assim como na gestão cotidiana.”

Foto: Sérgio Vale

Rocha pontuou que as cooperativas urbanas estão mais avançadas nesse aspecto. “Nas cooperativas do meio urbano, essa questão da formação já está razoavelmente resolvida. E isso se deve muito ao fator educacional. O cooperado urbano, geralmente, já chega num nível de escolaridade mais elevado, o que agiliza os processos.”

Rocha também mencionou outras cooperativas urbanas, como as de odontologia e crédito, que contam com dirigentes que, em sua maioria, já possuem graduação, e muitos têm mestrado ou até doutorado. Isso mostra que, no meio urbano, algumas cooperativas têm a vantagem de contar com quadros técnicos mais preparados”.

Valdemiro Rocha ressaltou o papel estratégico do cooperativismo de crédito no fortalecimento das cadeias produtivas do estado. Segundo ele, o apoio financeiro tem sido fundamental para o desenvolvimento da bovinocultura, suinocultura e produção de grãos. “Se utilizarmos, no nosso caso, principalmente o cooperativismo, conseguimos fortalecer algumas cadeias importantes. A bovinocultura, que já é muito forte no Acre, a cadeia de suínos e também a área de grãos, que está caminhando bem. Vale lembrar que o Sicoob, Sicredi e Credicis no Acre investem muito fortemente na bovinocultura de corte, e também no financiamento da nossa produção de soja, milho e café”, explicou Rocha.

O dirigente chamou atenção para a importância de se valorizar o cooperativismo de crédito. “Às vezes falamos muito pouco sobre esse ramo, mas ele é essencial. Sem acesso ao crédito, não se consegue o capital de giro adequado para fortalecer essas cadeias produtivas e conquistar novos mercados”, destacou.

Rocha também mencionou a relevância da integração logística com o Peru e os investimentos relacionados ao corredor interoceânico. “Temos a possibilidade de utilizar a infraestrutura do Peru, que surgiu com investimento chinês, para escoar nossos produtos. E estamos nos preparando para isso também na área de transporte.”

Cooperativismo de transporte ganha fôlego no Acre

O presidente da OCB revelou que uma nova frente está sendo estruturada no estado: o cooperativismo de transporte de cargas. Um dos destaques é a revitalização da Cooperativa Transoce, que atuará no transporte de mercadorias entre o Brasil e o Peru.

“Estamos fortalecendo o ramo do cooperativismo de transporte. Acabamos de ajudar a revitalizar a Cooperativa Transoce, que vai operar no transporte de cargas entre Brasil e Peru. Esse é um passo importante para integrar ainda mais nossa economia com os mercados vizinhos”, afirmou.

Rocha, falou sobre a importância da formação técnica para os jovens que desejam atuar no mercado de trabalho, especialmente no setor cooperativista.

Questionado sobre a hesitação de alguns jovens em seguir o caminho da formação técnica, Rocha foi direto: “Grande parte da mão de obra que utilizamos como gestores ou como assistência técnica para as nossas cooperativas foi formada pela UFAC e pelo IFAC. Nós também temos parceria com essas instituições para assistência e desenvolvimento de ações junto às cooperativas, principalmente as cooperativas do setor agro.”

Rocha destacou que a qualificação técnica e o comprometimento com os estudos são diferenciais para quem deseja conquistar espaço no mercado. “A dica que eu dou é: se o jovem faz uma graduação bem feita, com pouco esforço ele pode fazer uma especialização ou um MBA e se qualificar para atuar em uma área mais específica, que tenha demanda no mercado”, afirmou.

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Discussão no PS termina com três pessoas feridas e três policiais agredidos em Rio Branco

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Uma discussão generalizada envolvendo a Polícia Militar e familiares de um casal resultou em agressões e deixou Diego Araújo da Silva, de 35 anos, Leandro Araújo da Silva, de 32, e Raimundo Felipe da Silva Ghellere, de 25 anos, feridos a tiros na noite desta sexta-feira, 19, no pátio do Pronto-Socorro, localizado na Avenida Nações Unidas, em Rio Branco.

Segundo informações da Polícia, um casal chegou à unidade hospitalar com uma criança para receber atendimento. Ao entrar no Pronto-Socorro, já no ambulatório, os dois iniciaram uma discussão, pois apenas uma pessoa poderia permanecer na sala. Diante disso, o médico plantonista pediu que o homem se retirasse do local.

Vigilantes da unidade foram acionados, retiraram o homem do hospital e o conduziram até o pátio. Familiares, insatisfeitos com o ocorrido, chegaram ao local e iniciaram uma discussão generalizada.

Uma guarnição da Polícia Militar foi acionada devido às ameaças. Ao chegar ao local, três policiais foram cercados pelos familiares, que passaram a agredir o comandante da viatura com socos, um soldado com golpes de capacete na cabeça e outro com socos, além de tentarem tomar a arma de um dos policiais.

Durante a confusão, um soldado reagiu e efetuou quatro disparos, que atingiram Diego, Leandro e Raimundo nas regiões do abdômen e das pernas.

Rapidamente, várias guarnições da Polícia Militar chegaram ao pátio do hospital, contiveram a situação e prenderam uma mulher.

Funcionários do Pronto-Socorro deixaram suas salas e conduziram os feridos até a sala de trauma, onde receberam atendimento médico.

Agentes da Polícia Civil da Equipe de Pronto Emprego estiveram no local e iniciaram as investigações. O caso ficará posteriormente à disposição da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

VEJA VÍDEOS:

 

 

 

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Acre registra mais de 4,5 mil casos de sífilis entre 2023 e 2025, diz Sesacre

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Dados oficiais revelam que Rio Branco responde por metade dos casos; especialistas alertam para subnotificação e riscos da sífilis congênita, enquanto diagnóstico e tratamento gratuitos são subutilizados

A tabela divulgada pela Sesacre também mostra que, entre os infectados, os homens aparecem em maior quantidade. A população mais atingida é formada por jovens com idade entre 15 e 25 anos. Foto: captada 

O Acre registrou 4.546 casos de sífilis entre 2023 e 2025, segundo levantamento da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre). Deste total, mais de dois mil foram contabilizados apenas na capital Rio Branco. A doença atinge principalmente homens jovens, com idade entre 15 e 25 anos — público considerado prioritário para ações de prevenção.

Os números acompanham uma tendência mundial de crescimento da infecção, acendendo alerta para os serviços de saúde pública. Apesar de ser uma IST de diagnóstico simples e com tratamento eficaz, os registros permanecem elevados. Em 2024, o Brasil somou 35,4 mil diagnósticos da doença.

No estado, a preocupação maior é com a sífilis congênita, transmitida da gestante para o bebê. Josadaque Bezerra, coordenador do Núcleo de ISTs da Sesacre, reconhece uma leve melhora no cenário local, mas ressalta que o problema ainda demanda atenção.

“Precisamos melhorar bastante em relação ao nível nacional”, afirmou a coordenador do Núcleo de ISTs da Sesacre.

A Sesacre reforça a importância da população buscar atendimento médico aos primeiros sinais. Testes rápidos estão disponíveis em todas as unidades básicas de saúde, e o tratamento é gratuito. “A população é o principal ator desse processo”, destacou Bezerra.

Dados alarmantes:
  • Total de casos (2023–2025): 4.546
  • Rio Branco: mais de 2 mil notificações
  • Faixa etária mais vulnerável: 15 a 25 anos
  • Gênero mais afetado: Homens
  • Casos de sífilis congênita (2024): 65 no estado
Tendência nacional e local:

O crescimento acompanha uma tendência mundial de aumento da sífilis, infecção sexualmente transmissível (IST) com diagnóstico simples e tratamento gratuito no SUS. Em 2024, o Brasil registrou 35,4 mil casos.

Fala da autoridade:

“O Acre teve uma leve melhora em relação a outros anos, mas, comparado ao nível nacional, precisamos avançar”, afirmou Josadaque Bezerra, coordenador do Núcleo de ISTs da Sesacre.

Orientação à população:
  • Procure uma UBS ao notar sintomas
  • Testes rápidos estão disponíveis em todas as unidades
  • Tratamento é gratuito e deve ser feito até o fim
  • Uso de preservativos é a principal forma de prevenção

A Sesacre planeja intensificar campanhas educativas nas escolas e unidades de saúde, com foco nos jovens e gestantes – grupo crítico para prevenir a sífilis congênita.

Dado importante: A sífilis não tratada pode causar complicações graves, como cegueira, paralisia e danos neurológicos. A transmissão vertical (mãe-bebê) é a mais preocupante.

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Headscon Acre projeta games da Amazônia Legal para a Gamescom Alemanha e a Gamescom LATAM

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Realizada no Acre desde 2023, a Headscon Acre se consolida como uma das principais plataformas de visibilidade e acesso ao mercado para criadores de games da Amazônia Legal. Em sua edição de 2025, o evento sediou a segunda edição da Mostra Competitiva de Games da Amazônia Legal com premiação de aproximadamente R$ 60 mil. Essa é uma iniciativa do Instituto Gamecon que conecta estúdios da região a grandes vitrines internacionais, como a Gamescom Alemanha e a Gamescom LATAM.

A Mostra teve sua primeira edição em 2024 e, em 2025, ampliou o alcance da proposta ao reunir 10 jogos finalistas da região Norte, com produções do Acre, Amazonas, Pará e Amapá. Os vencedores garantiram vagas em delegações oficiais para a Gamescom Alemanha e para a Gamescom LATAM, com apoio para participação nos eventos e acesso direto a publishers e agentes do mercado global.

Na edição de 2025, o prêmio de Melhor Jogo (Júri Técnico) ficou com Catventure: The Curse of the Dark Tower, do Retrocat Studios (PA). Já o Melhor Jogo pelo voto do Júri Popular foi conquistado por Carbon-0, desenvolvido pelo estúdio Moonlight Games, do Acre.

O projeto acreano também recebeu reconhecimento pela força narrativa e pelo diálogo com temas ambientais e sociais. Para o desenvolvedor André Lucas Lima Siqueira, o jogo é uma forma de dar visibilidade à região por meio da linguagem dos games.

“Temos algumas empresas que estão causando mal ao mundo, com poluição, desperdício de recursos. Nosso jogo acompanha Ícaro e sua irmã Maria na busca pelo pai desaparecido, enquanto descobrem o que estava acontecendo. O objetivo é mostrar um pouco da nossa região na gameplay e evoluir o jogo até termos locais daqui jogáveis. A gente quer mostrar o nosso estado e a nossa região nesse jogo”, afirma André Siqueira.

Porta de entrada para o mercado internacional

Além dos vencedores, todos os finalistas da Mostra recebem material oficial de apresentação e participam de ações voltadas ao networking e à circulação profissional. A participação na Gamescom Alemanha e na Gamescom LATAM representa, para muitos estúdios amazônicos, o primeiro contato direto com o mercado internacional.

Ao longo de três edições realizadas no Acre, em 2023, 2024 e 2025, a Headscon tem fortalecido o ecossistema de games da Amazônia Legal. Após a primeira edição da Mostra Competitiva, Ciro Facundo, representante do estúdio acreano K Games, foi um dos selecionados para apresentar seu trabalho na Gamescom, na Alemanha, destacando que a região produz jogos com qualidade técnica, identidade cultural e potencial competitivo no cenário global.

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