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O dia em que o Senado virou um faroeste: o tiro que abalou Brasília em 1963 deixou Brasiléia em luto

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O senador de Brasiléia, o suplente Kairala José Kairala. Aos 39 anos, ele estava em seu último dia no Senado — havia assumido o posto em substituição ao titular, José Guiomard

O autor do disparo? Arnon de Mello, pai de Fernando Collor, que décadas depois se tornaria presidente da República e hoje cumpre prisão por corrupção. Foto: internet

Brasília, 4 de dezembro de 1963 — O plenário do Senado Federal testemunhou cenas inéditas em sua história quando um disparo de revólver interrompeu a sessão legislativa, transformando o templo da democracia em palco de um drama pessoal com consequências trágicas. Dois senadores alagoanos — Arnon de Mello (UDN) e Silvestre Péricles (PSD) — travaram um duelo armado que culminou na morte acidental do senador acreano Kairala José Kairala, atingido por um tiro disparado por Arnon.

O episódio, que parecia saído de um filme de western, era na verdade o ápice de meses de tensão entre os políticos alagoanos, cuja rivalidade extrapolara os limites do debate político. Testemunhas relataram que Arnon, pai do futuro presidente Fernando Collor, sacou seu revólver Colt 38 primeiro, errando o alvo original (Péricles) e atingindo Kairala, que assistia à discussão a cerca de 15 metros de distância.

Confronto armado entre senadores alagoanos termina com morte acidental de parlamentar acreano; episódio marcaria família que daria um presidente ao Brasil. Foto: internet

O caso — registrado como o primeiro e único homicídio ocorrido no plenário do Congresso Nacional — teve desdobramentos históricos: Arnon foi absolvido por legítima defesa (apesar de ter dado o primeiro tiro), seu filho Fernando Collor ascenderia à presidência 27 anos depois, e o episódio entraria para a história como um dos momentos mais surrealistas da política brasileira. A arma do crime, curiosamente, permaneceu por anos como peça de museu no próprio Senado.

O episódio, que ainda hoje choca historiadores e parlamentares, aconteceu diante de um plenário lotado. Os protagonistas do embate, Arnon de Mello (PDC) e Silvestre Péricles (PST), carregavam décadas de inimizade política e pessoal em Alagoas.

A animosidade entre as famílias, ambas tradicionais no estado, havia se transportado para o Congresso com ameaças, insultos e tensão crescente. O clima chegou ao ponto em que o presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, determinou revistas e reforço de segurança no local, prevendo o pior.

Em vez de debates e discursos, o que se viu naquele 4 de dezembro foi uma cena digna dos tempos do Velho Oeste: dois senadores alagoanos rivais, armados, frente a frente. Foto: internet

Naquele dia, Arnon subiu à tribuna já alertando sobre possíveis ameaças: “Permita vossa excelência que eu faça meu discurso olhando na direção do senador Silvestre Péricles, que ameaçou me matar”. Silvestre, que havia acabado de entrar no plenário, começou a caminhar em direção ao rival com o dedo em riste, gritando xingamentos. Arnon, visivelmente tenso, sacou um revólver e disparou.

O alvo, no entanto, escapou ileso ao se jogar no chão

Quem não teve a mesma sorte foi o senador suplente de Brasiléia, Kairala José Kairala. Aos 39 anos, ele estava em seu último dia no Senado — havia assumido o posto em substituição ao titular, José Guiomard, e trouxera a esposa e os filhos para acompanhar sua despedida. Kairala tentou intervir, mas foi atingido no abdômen por um dos disparos. Apesar de ser levado ao hospital e passar por cirurgia, morreu horas depois.

O confronto, que era esperado há semanas, acabou vitimando um inocente — o senador acreano José Kairala, alvejado no meio da confusão. Foto: internet

Arnon de Mello foi detido, mas solto pouco depois. Alegou legítima defesa e nunca chegou a ser condenado. O episódio, embora extremo, foi tratado com relativa leniência à época. A morte de Kairala ficou marcada como uma tragédia colateral da disputa entre dois caciques regionais.

Décadas mais tarde, o nome dos Mello voltaria ao centro do noticiário, desta vez com Fernando Collor. Primeiro presidente eleito por voto direto após a ditadura militar, Collor também caiu em desgraça, renunciando em meio a um escândalo de corrupção em 1992, o que levou à abertura do primeiro processo de impeachment presidencial da história brasileira.

A morte de Kairala (Centro), ficou marcada como uma tragédia colateral da disputa entre dois caciques regionais.

Agora, mais de 60 anos depois do incidente no Senado, o nome Collor volta a ocupar as manchetes por um novo episódio que marca a crônica política do país. Na última sexta-feira (25), Fernando Collor foi preso em Maceió, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A detenção ocorre após a condenação do ex-presidente a 8 anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O senador suplente de Brasiléia, Kairala José Kairala. Aos 39 anos, ele estava em seu último dia no Senado, e foi atingindo onde estava assistindo à discussão a cerca de 15 metros de distância a discursam, Foto: internet

Arnon de Mello foi detido, mas solto pouco depois. Alegou legítima defesa e nunca chegou a ser condenado. O episódio, embora extremo, foi tratado com relativa leniência à época. Foto: internet

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Caso Master: PF colhe depoimentos nesta terça e pode rever acareação

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Fachada do Banco Master • Banco Master

Os depoimentos de Daniel Vorcaro, presidente do Banco Master; Paulo Henrique Costa, ex-presidente do BRB; e Ailton de Aquino, um dos diretores do Banco Central, devem ser colhidos na tarde desta terça-feira (30).

O procedimento, marcado para começar a partir das 14h, foi determinado pelo ministro Dias Toffoli, relator do processo envolvendo a investigação do caso, que tramita em sigilo no Supremo. O procedimento será fechado.

A fase de depoimentos poderá rever uma decisão de Toffoli que determinou uma acareação entre os envolvidos no caso, prevista também para esta terça.

Segundo um comunicado do STF (Supremo Tribunal Federal), uma delegada da PF (Polícia Federal) vai colher os depoimentos e decidirá se mantém ou cancela o procedimento de acareação.

Daniel Vorcaro, Paulo Henrique Costa e Ailton de Aquino serão ouvidos pela PF separadamente, por videoconferência. Na sequência, caso a delegada entenda que houve contradições nos depoimentos, prosseguirá com a acareação com os três em uma mesma sala de sessão virtual. Essa etapa também será fechada.

Os depoimentos vão ocorrer no âmbito de uma determinação paralela de Toffoli, que havia ordenado que a PF ouvisse os investigados até 15 de janeiro. Como a corporação marcou as oitivas para esta terça, a fase será realizada antes da acareação.

O processo de acareação foi mantido mesmo após um parecer negativo da PGR (Procuradoria-Geral da República) e um pedido do próprio BC para que o confronto entre os envolvidos não ocorresse – o que acabou sendo negado pelo ministro relator do caso.

Ao negar os pedidos para suspender a acareação, Toffoli afirmou que nem o BC nem Aquino são investigados, mas que a participação da autoridade monetária é “salutar” e “de especial relevância para o esclarecimento dos fatos”.

Mesmo com a negativa de Toffoli, o novo posicionamento de condicionar a realização da acareação à decisão da delegada da PF, demostrou um passo atrás do ministro.

Enquanto os depoimentos serão conduzidos por uma delegada da PF, a acareação, se ocorrer, deverá ser conduzida por um juiz-auxiliar do gabinete de Toffoli.

Acareação é procedimento inusual

Segundo apurou a CNN, as diligências determinadas pelo ministro Dias Toffoli na investigação sobre as fraudes do Banco Master expõem um procedimento considerado inusual nos bastidores do STF.

Sob o argumento de que as medidas são urgentes e devem ocorrer sem demora, a ordem dos fatores chamou a atenção de uma ala do tribunal. Essas fontes avaliam que o mais adequado seria o contrário – aguardar os depoimentos e, caso sejam constatadas divergências, contradições ou incongruências, convocar a acareação.

Além disso, medidas dessa natureza em meio ao recesso não são comuns. A Corte costuma atuar no “plantão” apenas quando há possibilidade de destruição de provas, continuidade delitiva e ameaça à ordem pública.

No caso Master, há uma avaliação interna de que esses riscos já foram minimizados, pois os investigados já estão submetidos a uma série de restrições, como o uso de tornozeleira eletrônica, a proibição de contato entre si e a retenção dos passaportes.

O presidente da instituição, Daniel Vorcaro, por exemplo, está impedido de exercer atividades financeiras enquanto estiver no centro das investigações sobre a emissão de títulos de crédito falsos.

Fonte: Conteúdo republicado de CNN NOTICIAS

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Dois homens fogem da delegacia de Parintins (AM); polícia divulga imagens

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Foragidos são Felipe dos Santos Azevedo, de 23 anos, e Wellington Matheus Alves Pinto, de 25 anos • Repro

Dois homens fugiram da Delegacia Interativa de Polícia (DIP) de Parintins, no interior do Amazonas, e estão sendo procurados pela Polícia Civil do Estado (PC-AM). A corporação divulgou imagens dos suspeitos e pede apoio da população para localizá-los.

Os foragidos são Felipe dos Santos Azevedo, de 23 anos, e Wellington Matheus Alves Pinto, de 25 anos. Segundo a PC-AM, Felipe responde pelos crimes de roubo e porte ilegal de arma de fogo. Já Wellington Matheus é investigado por organização criminosa e homicídio.

Os dois conseguiram fugir da delegacia em circunstâncias que ainda estão sendo apuradas. A Polícia Civil não informou quando a fuga ocorreu, nem os detalhes sobre como os suspeitos escaparam da unidade policial.

O caso ocorre em meio ao reforço das ações de segurança no interior do Amazonas, após a fuga de 14 presos de uma unidade prisional em Maués, registrada na semana passada. Na ocasião, os detentos escaparam durante o banho de sol, por um buraco aberto na grade de proteção da unidade.

Após o episódio em Maués, um grupo operacional foi montado com agentes da Companhia de Operações Especiais (COE) e da tropa de Choque, deslocados de Manaus para apoiar as buscas por foragidos em diferentes regiões do estado.

A PC-AM reforça que informações sobre o paradeiro de Felipe dos Santos Azevedo e Wellington Matheus Alves Pinto podem ser repassadas de forma anônima às autoridades.

*Com informações da Agência Brasil

Fonte: Conteúdo republicado de CNN NOTICIAS

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China lança exercícios militares com disparos reais ao redor de Taiwan

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A China realizou, nesta terça-feira (30), horário local, 10 horas de exercícios com disparos reais ao redor de Taiwan, no segundo dia dos maiores exercícios de guerra já conduzidos por Pequim em torno da ilha, com o objetivo de cortar rapidamente seus vínculos com apoio externo em caso de conflito.

China lança exercícios militares com disparos reais ao redor de Taiwan • Reuters

O Comando do Teatro Oriental informou que os exercícios ocorreriam até as 18h no horário local no mar e no espaço aéreo de cinco áreas ao redor da ilha, demonstrando a determinação das Forças Armadas chinesas de “combater o separatismo e promover a unificação sem hesitação”.

Na segunda-feira (29), a Administração de Segurança Marítima da China designou outras duas zonas onde haveria disparos reais, tornando os exercícios “Missão Justiça 2025” os maiores até agora em termos de área total coberta e realizados em regiões mais próximas de Taiwan do que manobras anteriores.

Os exercícios de guerra começaram 11 dias depois de os Estados Unidos anunciarem um pacote recorde de US$ 11,1 bilhões em armas para Taiwan, o que provocou a ira do Ministério da Defesa chinês e alertas de que o Exército “adotaria medidas enérgicas” em resposta.

Os exercícios — a sexta grande rodada da China desde 2022, quando a então presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, visitou a ilha governada democraticamente — têm como objetivo ensaiar um rápido cerco a Taiwan para destruir seus estoques de armas e impedir esforços de reabastecimento a partir do Japão ou de bases americanas próximas, segundo analistas.

“Isso constitui uma provocação flagrante à situação internacional”, afirmou um alto funcionário da segurança de Taiwan, que pediu anonimato devido à sensibilidade do tema. “Como uma das rotas marítimas mais críticas do mundo, eles buscam remodelar a ordem internacional de acordo com sua própria agenda.”

O funcionário disse que Taipé está monitorando de perto se a China buscará “novas provocações” nos exercícios desta terça-feira, incluindo o sobrevoo de mísseis sobre Taiwan, de forma semelhante às manobras chinesas de 2022.

“A China está tentando avançar na afirmação de domínio sobre toda a cadeia de ilhas por meio de táticas de pressão extrema de diversas maneiras”, disse o oficial.

Os militares chineses afirmaram ter mobilizado destróieres, bombardeiros e outras unidades nesta terça-feira para treinar ataques a partir do mar, defesa aérea e operações antissubmarino, a fim de “testar a capacidade das forças navais e aéreas de coordenar ações para contenção e controle integrados”.

Taiwan rejeita a reivindicação de soberania feita pela China e sustenta que apenas seu povo pode decidir o futuro da ilha.

Fonte: Conteúdo republicado de CNN NOTICIAS

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