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No Acre, seringueiro vive há 25 anos isolado em meio à floresta

Num raio de 27 km da casa de Gildo, só há floresta. Mesmo assim, ele pegou Covid numa das visitas mensais à cidade, que fica a mais de 3 dias de viagem a pé. Existência da habitação só foi descoberta pelo governo em 2019.

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Gildo Conceição mora sozinho em uma propriedade no Complexo de Florestas Estaduais do Rio Gregório (Cferg) – Foto: Arquivo/Ciopaer

Por Aline Nascimento

Um homem de 54 anos vive há 25 isolado dentro do Complexo de Florestas Estaduais do Rio Gregório (Cferg), que fica entre as cidades acreanas de Tarauacá e Cruzeiro do Sul, interior do estado. Num raio de 27 km da casa de Gildo da Silva Conceição, só há mata. Mesmo assim, em maio deste ano, ele pegou Covid durante uma das viagens a Tarauacá, aonde vai uma vez por mês – ele percorre a BR-364 por três dias a pé, pega uma condução e segue até a cidade.

A existência da casa de Gildo só foi descoberta em 2019 pelo governo estado, durante os trabalhos da Secretaria de Meio Ambiente e das Políticas Indígenas do Acre (Semapi). A primeira visita das autoridades ao local ocorreu há 3 meses com ajuda de um helicóptero.

E, na segunda-feira (2), integrantes do governo visitaram-no para saber como ele estava de saúde e entregar doações. Segundo eles, o seringueiro já está recuperado da doença e passa bem.

O extrativista mora em uma clareira de cerca de três hectares aberta no meio da floresta sem energia elétrica e água encanada. Segundo o gestor do complexo de floresta, Victor Melo de Lima, no local há a casa de Gildo e uma casa de seringa e ele não tem esposa e nem filhos.

Gildo tira o sustento da seringa que retira da floresta. Uma vez por ano, Gildo vai até a cidade de Tarauacá vender sua produção e comprar mantimentos.

“Conseguimos identificar essa área dele por satélite, vimos uma abertura no meio da floresta, em um raio de 27 km mais ou menos é só floresta. Quando se olha de cima não consegue ver a clareira, só se tiver em algum ponto específico para ver a abertura mínima de quase três hectares”, contou o gestor.

Por ser um lugar de difícil acesso, o seringueiro não possui telefone e a reportagem não conseguiu contato com ele.

Seringueiro foi achado por imagens de satélite por equipes do governo – Foto: Arquivo/Ciopaer

Infecção pela Covid

Mesmo isolado, em maio deste ano, quando a equipe do governo fez o primeiro contato com o seringueiro, os servidores o encontraram doente, fraco e com sintomas da Covid-19. Ele contou que tinha ido até o município de Tarauacá dias antes comprar mantimentos e quando retornou começou a ficar doente.

“Há três meses fomos fazer um levantamento dos dados dele, pois ainda não tínhamos tido contato com ele e, quando chegamos lá, ele apresentava sintomas de Covid, estava bem fraco. Retornamos no dia seguinte para levá-lo para o hospital. Ele sai uma vez por ano da localidade”, complementou Lima.

Gildo foi levado de helicóptero até a pista de pouso de Tarauacá, onde uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) aguardava por ele. Da pista de pouso, o seringueiro foi levado para o hospital da cidade e ficou quatro dias internado.

Seringueiro recebeu doação de sacolões das equipes da Semapi e do Ciopaer nessa segunda (2) – Foto: Arquivo/Ciopaer

“Fizeram um exame nele e deu positivo para Covid. Fez o tratamento e voltou para a casa dele”, destacou.

Nessa segunda (2), as equipes do Ciopaer e da Semapi estavam em uma região próximo da casa de Gildo e resolveram pousar para saber como ele estava. Segundo o gestor Victor de Lima, o seringueiro estava no meio da mata trabalhando e bem de saúde.

“Lá não tem contato, estávamos em outra missão próximo da área dele, pousamos para ver como estava. Levamos algumas cestas básicas, algumas coisas porque quando ele vai na cidade que volta não tem como levar muita coisa. Se recuperou bem, quando chegamos lá estava cortando seringa”, disse.

O gestor acrescentou também que foi feito o cadastro do seringueiro no Instituto de Terras do Acre (Iteracre). Após o primeiro contato, Lima disse que o seringueiro passou a cogitar adquirir um propriedade mais próxima da rodovia

“Ele demonstrou interesse de adquiri um lote perto da BR, mas dentro da floresta ainda. Ou também perto do Rio Gregório, que são áreas destinadas à moradia. Vamos levar ele para olhar um lote, e vai avaliar. Ele tem um irmão que mora perto da floresta, mas os demais parentes não temos conhecimento”, concluiu.

Casa do seringueiro foi construída no meio da floresta no inteiro do Acre – Foto: Arquivo/Ciopaer

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Polícia Federal apreende 613 kg de cocaína em galpão de empresa de fachada em Blumenau

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Droga estava escondida em bunker subterrâneo e seria enviada à Europa; um homem foi preso e investigação aponta ligação com cidadãos britânicos procurados internacionalmente

Cocaína estava armazenada em um bunker de empresa de fachada em Blumenau. Fot: captada 

A Polícia Federal (PF) apreendeu 613 quilos de cocaína durante uma operação de combate ao tráfico internacional de drogas em Blumenau, no Vale do Itajaí (SC). A ação contou com apoio da Polícia Militar de Santa Catarina e resultou na prisão de um homem suspeito de integrar a organização criminosa.

A droga estava escondida em um bunker no subsolo de um galpão pertencente a uma empresa de exportação de ligas metálicas, que funcionava como fachada para o esquema. Segundo as investigações, o local era usado para o preparo e armazenamento da cocaína antes do envio para a Europa.

Durante a operação, a PF também cumpriu um mandado de busca em um endereço residencial em Florianópolis ligado ao suspeito, onde foram apreendidos veículos, embarcações, joias e documentos. O inquérito aponta a existência de uma estrutura criminosa internacional com base em Santa Catarina, que contava com suporte logístico de brasileiros e liderança de cidadãos britânicos com histórico de tráfico na Inglaterra e procurados internacionalmente.

A investigação continua para identificar outros integrantes do esquema, que já tinha rotas estabelecidas para o narcotráfico transatlântico.

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Exame toxicológico para primeira CNH é vetado pelo governo federal

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Medida que exigia resultado negativo para condutores de motos e carros foi rejeitada com argumento de aumento de custos e risco de mais pessoas dirigirem sem habilitação; novas regras do Contran para tirar CNH sem autoescola, no entanto, podem alterar contexto

Na justificativa do veto, o governo argumentou que a exigência aumentaria os custos para tirar a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e poderia influenciar na decisão de mais pessoas dirigirem sem habilitação. Foto: captada 

O governo federal vetou a exigência de exame toxicológico para obter a primeira habilitação nas categorias A (motos) e B (carros de passeio). A medida, que seria incluída no Código de Trânsito Brasileiro, foi rejeitada com a justificativa de que aumentaria os custos para tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e poderia incentivar mais pessoas a dirigirem sem a documentação obrigatória.

O veto, no entanto, pode ter perdido parte de sua sustentação após o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) editar resolução que permite a retirada da CNH sem a obrigatoriedade de cursar autoescola, reduzindo significativamente o custo total do processo de habilitação.

Outro ponto do projeto que virou lei, e também relacionado aos exames toxicológicos, permite que clínicas médicas de aptidão física e mental instalem postos de coleta laboratorial em suas dependências — desde que contratem um laboratório credenciado pela Senatran para realizar o exame. O governo também vetou esse artigo, alegando riscos à cadeia de custódia do material, o que poderia comprometer a confiabilidade dos resultados e facilitar a venda casada de serviços(exame físico e toxicológico no mesmo local).

As decisões refletem um debate entre a busca por maior segurança no trânsito — com a triagem de possíveis usuários de substâncias psicoativas — e o impacto financeiro e logístico das novas exigências para os futuros condutores.

Assinatura eletrônica

O terceiro item a ser incluído na lei é o que permite o uso de assinatura eletrônica avançada em contratos de compra e venda de veículos, contanto que a plataforma de assinatura seja homologada pela Senatran ou pelos Detrans, conforme regulamentação do Contran.

A justificativa do governo para vetar o trecho foi que isso permitiria a fragmentação da infraestrutura de provedores de assinatura eletrônica, o que poderia gerar potencial insegurança jurídica diante da disparidade de sua aplicação perante diferentes entes federativos.

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Caixa de som que ficou três meses no mar é achada intacta e funcionando no litoral gaúcho

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Equipamento JBL, resistente à água, foi encontrado na Praia do Hermenegildo após provavelmente cair de um navio a 300 km dali; aparelho ligou normalmente

A caixa de som, projetada para ser resistente à água, sobreviveu à corrosão salina por todo esse período. Ao ser ligada, o equipamento funcionou normalmente. Foto: captada 

Uma caixa de som à prova d’água da marca JBL passou cerca de três meses no mar e foi encontrada intacta e ainda funcionando na Praia do Hermenegildo, no extremo sul do estado. A descoberta foi feita por um morador que passeava de quadriciclo na orla na última segunda-feira (30) e avistou o equipamento entre algas e areia.

Acredita-se que a caixa tenha caído de um container durante um transporte marítimo em agosto, próximo à Praia de São José do Norte, a cerca de 300 quilômetros dali. Apesar do longo período submerso e da exposição à água salgada, que acelera a corrosão, o aparelho resistiu e ligou normalmente quando testado.

O caso chamou atenção pela durabilidade do produto, projetado para ser resistente à água, e pela jornada incomum — percorrer centenas de quilômetros à deriva no oceano e ainda chegar em condições de uso à costa gaúcha. A situação virou uma curiosidade local e um exemplo inusitado de “sobrevivência” tecnológica.

Veja vídeo:

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