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Justiça decide que marido de Nayara Vilela irá a júri popular por morte da cantora em Rio Branco
Decisão de levar o empresário Tarcísio Araújo da Mota ao Tribunal do Júri foi proferida na última terça-feira (18) em Rio Branco. Artista foi achada morta em abril de 2023 em casa

Nayara Vilela foi encontrada morta na noite de 24 de abril de 2023, na casa onde morava com o marido, na Estrada das Placas, em Rio Branco. Foto: captada
O empresário Tarcísio Araújo da Mota, marido da cantora morta Nayara Vilela, deve ir a júri popular pela morte da esposa. A decisão é da Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC), que foi proferida na última terça-feira (18) em Rio Branco, e vem quase seis meses após um recurso do Ministério Público (MP-AC) que questionou a última decisão da Justiça acreana sobre o caso.
Nayara Vilela foi encontrada morta em casa na noite de 24 de abril de 2023 na Estrada das Placas, em Rio Branco. As investigações buscavam descobrir se a cantora foi instigada ao suicídio pelo marido ou se o crime se tratava de um feminicídio. O empresário foi denunciado pelo MP por feminicídio, violência doméstica e omissão em janeiro do ano passado.
O recurso do MP foi aceito pelos desembargadores Denise Bonfim e Samoel Evangelista. O único que votou contra foi o magistrado Francisco Djalma, que se manteve favorável à primeira decisão. Ainda não há data prevista para acontecer o júri popular.
Na declaração do Ministério Público, a procuradora Kátia Rejane, que apresentou o recurso para que Tarcísio seja levado a júri, disse que o ambiente que Nayara estava submetido contribuiu para que a artista tirasse a própria vida.
A procuradora falou ainda que Tarcísio apresentou ‘desprezo’ diante do sofrimento da esposa e que os vídeos periciados mostram que ele filmava a vítima sem fazer nada para impedir o suicídio.
“O histórico de violência doméstica anterior, o registro de boletins de ocorrência era de conhecimento do réu que, inicialmente, se apresentou como figura protetiva, mas, posteriormente, adotou comportamento controlador, abusivo e violento […] o réu não apenas se absteve de intervir como também reforçou com palavras e atitudes a fatal decisão da vítima”, frisou.

Nayara Vilela e Tarcísio Moura tinha um relacionamento conturbado. Foto: Arquivo pessoal
No ato de defesa, o advogado Wellington Silva argumentou que o cliente dele não foi uma pessoa agressiva com Nayara. Ele complementou ainda dizendo que não há boletins de ocorrência anteriores à fatalidade.
“O próprio Tarcísio sugeriu à vítima a ter tratamento psicológico. Ele pagou o tratamento psicológico e ela fez duas ou três idas à terapeuta, ao psicólogo, com o incentivo do próprio marido”, frisou.
Desdobramentos
Em maio deste ano, a Justiça havia decidido que não houve dolo no crime. Logo, não seria o caso de submetê-lo a júri popular. A decisão ocorreu 21 dias após a audiência de instrução do caso.
“Fica afastada a possibilidade de imputação ao réu a título de responsabilidade penal pela omissão, não sendo possível atribuir-lhe o resultado naturalístico da morte da vítima com fundamento no instituto do crime omissivo impróprio”, destacou o magistrado Alesson Braz, na época.
Contudo, na denúncia do MP, o órgão destacou que o empresário agredia moralmente Nayara, “dizendo palavras ofensivas, tal como a chamando de ‘louca’, além de que tentava ter controle sob sua vida”, e pediu que ele fosse a júri popular pelos crimes.
Para o MP, Tarcísio se omitiu na cautela da arma utilizada pela vítima, deixando a pistola municiada em local acessível e conhecido por ela, mesmo sabendo que a esposa sofria de transtornos psicológicos e já tinha tentando tirar a vida anteriormente.
Na época em que o MP disse que iria recorrer da decisão, o órgão pediu a aplicação do Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Nayara começou a cantar aos 5 anos de idade em eventos da escola e, aos 14, na igreja católica. Foi aos 16 que ela teve a primeira experiência em uma banda. Foto: captada
Relacionamento conturbado
Nayara e Tarcísio começaram a se relacionar em 2022 e ambos estavam terminando relacionamentos anteriores na época. Amigos, conhecidos, familiares e funcionários do casal relataram que as brigas entre eles eram constantes.
Os dois oficializaram a união em uma festa luxuosa cerca de um mês antes da morte da cantora.
Conforme a perícia feita nos telefones da vítima e do empresário, as brigas eram resultados do ciúme excessivo que Nayara tinha do marido. As confusões, constantemente, começavam com Nayara.
Horas antes da morte, Nayara teria iniciado mais uma briga com o marido por conta de ciúmes e se trancou no banheiro com uma pistola. Tarcísio gravou alguns vídeos, que viralizaram na época, mostrando a esposa no chão do cômodo chorando e ameaçando tirar a própria vida.
Um dos pontos questionáveis pelo MP-AC no processo foi a suposta omissão do empresário ao estado emocional da esposa.
“O réu tinha o dever legal de proteger a vítima, com quem era casado, e agiu com omissão ao negligenciar o estado de saúde mental da esposa, além de permitir que uma arma de fogo permanecesse acessível, mesmo sabendo do histórico de tentativas de suicídio”, defendeu o órgão.

Ainda não há data definida para a realização do júri popular. A defesa de Tarcísio informou à imprensa que irá recorrer ao Pleno do Tribunal de Justiça, composto por 12 desembargadores. Foto: captada
Audiência
Após mais de dois anos, a Justiça começou a ouvir, no dia 8 de maio,testemunhas e demais envolvidos no caso. A audiência de instrução durou três dias e ouviu cerca de 10 pessoas, entre profissionais da polícia, amigos, familiares e conhecidos do casal.
Tarcísio não compareceu presencialmente. No final da audiência, o MP-AC pediu que o empresário fosse pronunciado a júri popular pela morte da cantora e a defesa do réu solicitou prazo para apresentação das alegações finais por escrito.
As apurações do crime foram feitas pela Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (Deam) com base nos vídeos divulgados nas redes sociais que mostraram uma discussão entre a cantora e o marido momentos antes da tragédia.
Inicialmente, o caso foi analisado pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que descartou a hipótese de feminicídio. No entanto, diante de novos elementos, o inquérito foi encaminhado à Deam, que aprofundou as diligências e concluiu pelo indiciamento do marido da vítima
A cantora foi velada em Sena Madureira, interior do Acre, onde morava parte da família dela. A morte da artista causou comoção e amigos fizeram homenagens pelas redes sociais. Em dezembro de 2023, a Polícia Civil indiciou o empresário pelo crime.

Nayara Vilela foi achada morta em casa em abril de 2023. Foto: Divulgação
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Vídeo mostra Antônia Lúcia invadindo Câmara e causando confusão com seguranças
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Sena Madureira registra 47 casos de estupro infantil em 2025; MPAC alerta para omissão de familiares
Ministério Público do Acre destaca que omissão de familiares, especialmente de mães que protegem companheiros agressores, é crime e agrava a situação das vítimas; campanha educativa será lançada para estimular denúncias

O município de Sena Madureira registrou 47 casos de estupro infantil entre janeiro e novembro de 2025, segundo dados do Ministério Público do Acre (MPAC). Foto: captada
O município de Sena Madureira registrou 47 casos de estupro infantil entre janeiro e novembro de 2025, segundo dados divulgados pelo Ministério Público do Acre (MPAC). Os números acenderam um alerta entre as autoridades, que intensificam ações de enfrentamento e convocam a população para colaborar.
De acordo com o MPAC, a participação da comunidade é fundamental para identificar abusadores e proteger crianças e adolescentes. O órgão destacou um ponto sensível nas investigações: a omissão de pais ou responsáveis, principalmente quando tentam proteger o cônjuge agressor.
“Em muitos casos, as mães escolhem apoiar o companheiro em vez de oferecer o suporte necessário à criança. Essa omissão também é crime e agrava ainda mais a situação da vítima”, alerta o Ministério Público.
Para fortalecer o combate aos abusos, a rede de proteção infantil do município — que reúne Conselho Tutelar, MPAC, Poder Judiciário e órgãos da administração pública — está desenvolvendo uma campanha educativa. A iniciativa visa conscientizar a população sobre a importância do cuidado, da vigilância e, principalmente, da denúncia.
Crítica do MPAC
- Omissão familiar: Mães que apoiam companheiros agressores em vez de proteger crianças
- Responsabilização: Omissão também configura crime
- Participação social: Comunidade é fundamental para identificação de abusadores
Ações em curso
- Campanha educativa: Rede de proteção (Conselho Tutelar, MP, Judiciário e administração pública)
- Objetivos: Conscientização sobre cuidado, vigilância e denúncia
- Foco: Proteção de crianças e adolescentes, principais vítimas
Os números expõem uma crise silenciosa no interior acreano, onde fatores culturais e a fragilidade das redes de proteção permitem a perpetuação de abusos sexuais contra crianças. A iniciativa busca romper o ciclo de violência e omissão que caracteriza muitos desses casos.

Os números acenderam alerta máximo entre as autoridades, que destacam um fator agravante: a omissão de pais ou responsáveis, especialmente quando tentam proteger o cônjuge agressor em detrimento da proteção da criança vítima. Foto: art
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PM de Sena Madureira apreende 12 armas, 7,4 kg de drogas e cumpre 12 mandados de prisão em novembro
Balanço do 8º Batalhão registra 4.838 abordagens, 254 operações e 251 ações comunitárias no mês; veículo roubado foi recuperado

De acordo com o relatório, o batalhão realizou 4.838 abordagens, ampliando a presença policial nas ruas e reforçando ações preventivas. Foto: art
O 8º Batalhão da Polícia Militar divulgou nesta quinta-feira (4) o balanço operacional referente a novembro de 2025, com números que evidenciam a atuação no policiamento, combate ao crime e aproximação com a comunidade na região.
De acordo com o relatório, foram realizadas 4.838 abordagens, além de 254 operações voltadas ao enfrentamento da criminalidade e 251 ações comunitárias, que buscam fortalecer o vínculo entre a PM e a população.
As ações resultaram em:
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72 conduções à delegacia;
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12 mandados de prisão cumpridos;
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7,4 kg de drogas apreendidos;
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12 armas de fogo e 3 armas brancas recolhidas;
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1 veículo com registro de roubo ou furto recuperado.
A PM destacou que os números refletem o impacto direto no combate ao tráfico e a outros crimes, e reforçou o compromisso de ampliar a presença nas ruas e as ações de segurança no município e região. O balanço consolida uma atuação que integra repressão qualificada e iniciativas de prevenção e proximidade com a comunidade.

A PM também recuperou um veículo com registro de roubo ou furto. Foto: art


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