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Jornalista comenta “o triste fim da Frente Popular do Acre”

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E se encerra a experiência política mais exitosa registrada no Acre: o governo da Frente Popular do Acre (FPA). Exitosa em parte, porque os últimos quatro anos foram decepcionantes, especialmente para os militantes do PT, principal partido dessa coligação. O governo de Tião Viana, em seu último mandato, foi desastroso e findou de forma vergonhosa, decepcionando aqueles que lutaram por esse projeto político. Tião foi incompetente como gestor do Estado e provou nos últimos dias de seu governo ao deixar os servidores sem o sagrado décimo terceiro.

Quem me acompanha sabe que sempre tive muito respeito e admiração por Tião Viana. Este ano, porém, com a condução desastrosa que culminou com vergonhosa derrota de Marcus Alexandre e do PT como um todo no Acre, minha opinião começou a mudar. Tião foi o principal responsável por essa derrota. Suas decisões e escolhas concorreram diretamente para isso. Entre elas, destaca-se a escolha do candidato a vice de Marcus Alexandre para o Governo do Estado: Emylson Farias. Conheço Emylson há muito tempo. É um cara bom. Mas, cá pra nós, diante da conjuntura política que se vivia naquele momento, principalmente na área da Segurança Pública, Emylson Farias não ganharia nem para porteiro de banheiro de rodoviária.

Tião também tem grande responsabilidade com a derrota de seu irmão, Jorge Viana, na tentativa de reeleição ao Senado da República. O governador não fez nada para impedir a candidatura de Ney Amorim. Deveria ele saber que seria difícil que o eleitor votasse em dois candidatos da FPA. Deu no que deu, nenhum dos dois foi eleito. Permitiu, ainda que a tendência Democracia Radical, a nefasta DR, se fortalecesse em baixo de suas barbas. A DR trabalhou mais para a derrota de Jorge Viana do que qualquer outro candidato de oposição.

Empoderada, essa tendência também fez do PT um partido de projetos pessoais daqueles que nunca desejaram o fortalecimento das forças populares, o empoderamento feminino, as políticas para os jovens e o verdadeiro pacto de gerações e de gêneros.

Cercado de assessores incompetentes, especializados em dizer ao governador o que ele queria ouvir, Tião Viana valorizou aqueles que pouco ou quase nada tinham a ver com a construção da FPA.
Desde os meus 16 anos que milito na esquerda. Também dei minha contribuição para o projeto da Frente Popular. Por isso tenho direito e legitimidade para grafar esse texto que agora leem. Quando foi preciso, fiz minhas críticas ao governo e ao PT publicamente e nos fóruns políticos que participei. Creio ter sido eu o único jornalista do Acre a processar o governo e o faria novamente caso necessitasse. Por isso repito: tenho direito e legitimidade para dizer tudo que digo aqui.
Tião Viana, nos últimos quatro anos, atuou como um “Midas” ao contrário. Destruiu o legado da Frente Popular. Entregou a Cameli um Acre bem parecido àquele que seu irmão, Jorge, recebeu de outro Cameli.

Queiram ou não queiram, o atraso no pagamento de parte do décimo terceiro se iguala aos salários que Orleir deixou de pagar aos funcionários públicos lá no final da década de 1990. Isso sem falar dos mais de dez mil terceirizados que não recebem há mais de três meses.

Aquele cuidado que se tinha com o patrimônio público na época de Jorge e Binho, foi deixado de lado. Um exemplo claro são os espaços de cultura como os museus. Está tudo feio, tudo acabado. Vi crescer ali nas laterais do Theatro Hélio Melo, pequenas árvores, os apuís, que mostravam claramente o abandono daquele belíssimo lugar. Depois de meses, alguém teve a coragem de ir lá e cortá-la.

O mesmo aconteceu em muitos outros lugares.
Um dos projetos que mais me doeu ver abandonado foi o Floresta Digital, criado por Binho Marques. Esse foi um dos mais importantes programas de inclusão digital e social. Mas, para Tião Viana, o Floresta Digital não tinha a mesma importância quanto aquele programa que trazia bodes e cabras do Nordeste para Acre.
Cheguei a fazer uma crítica pública em relação a isso lá no início do primeiro mandato de Tião Viana.

A TV Aldeia, que deveria ter sido um polo de irradiação da cultura e educação acabou como sucata. Só funcionou por tanto tempo graças aos abnegados funcionários da emissora.

Não se pode creditar a Tião Viana, no entanto, todo o mal feito à área de comunicação no Acre. O mérito é mesmo de todos os três governadores da Frente Popular. Começou lá atrás com Jorge Viana. Jorge foi aquele que deu início ao fim da imprensa do Estado e fez isso tão bem que o seu sucessor, Binho Marques, não fez grande esforço para continuar esse trabalho. Tião, idem. Hoje, temos uma imprensa morta, subserviente e incapaz de sobreviver aos duros anos que virão pela frente. E, como jornalista, me incluo a esse marasmo jornalístico criado pela Frente Popular e seus governantes. É claro que existem exceções, mas, no geral, nos tornamos todos jornalistas de coisa nenhum.

A prioridade do governo Tião Viana foi para projetos que pouco ou nada renderam. Um levantamento recente divulgado em um site local, mostrou que menos de dez por cento de suas propostas de governo foram realmente cumpridos. Os lançamentos das obras e programas não contavam com participação popular. Também não foram pensados a partir de planejamentos e estudos que levassem em conta o público alvo. Por isso tanto insucesso.

Aí alguém me diz: “Por que só agora você diz tudo isso?”. Porque, para mim, o momento certo é esse. Na verdade, o momento certo seria o último dia do ano, o dia 31 de dezembro de 2018, mas acabei envolvido em uma porção de outras coisas, por isso não conclui esse texto em tempo. Então, vai agora.

Outro motivo é que sou primeiro militante político, depois jornalista. Como militante, a gente pensa sempre em proteger aquilo que defende e acaba se omitindo. Assumir isso não é fácil, mas é preciso dizer que eu e outros tantos que pensam igual, têm culpa, também, por toda esse quadro que pintei acima. Quem se omite tem igual responsabilidade do autor do dano. E, sendo assim, confesso estar envergonhado.

Sobre aquele respeito e admiração que disse ter por Tião Viana, confesso que se transformaram em aversão. Para mim, Tião nada mais é que um homem pequeno detentor de um ego enorme.

Quero deixar claro que ao escrever esse texto, ao fazer críticas a Tião Viana, à FPA e ao PT, não estou validando o Governo de Gladson Cameli, nem me vendendo aos que até outro dia eram oposição. De jeito nenhum! Continuo pensando a mesma coisa sobre esses.

E quanto ao PT? Ainda acredito no PT. Acho que esse é um partido capaz de se reerguer e voltar aquele partido verdadeiramente dos trabalhadores. Para tanto, é preciso que homens e mulheres de luta expulsem esses boçais que se apossaram dele.
Feito o meu desabafo, aproveito para desejar a todos um 2019 de muita luta, mas de sucesso e muitas conquistas.

Tião Vitor
Militante político e jornalista

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Rio Tarauacá sobe mais de 3 metros em 24 horas e começa a atingir as primeiras áreas da cidade

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O Rio Tarauacá registrou elevação superior a três metros em apenas 24 horas e já começou a atingir as primeiras áreas urbanas do município. A rua Simão Leite Damasceno foi a primeira a ser alcançada pelas águas após a elevação repentina do nível do rio.

De acordo com o prefeito Rodrigo Damasceno, na sexta-feira, 26, o rio estava com 6,64 metros. Na última medição realizada neste sábado, 27, o nível chegou a 9,62 metros, ultrapassando a cota de transbordamento no município, que é de 9,50 metros.

“Estamos acionando toda a nossa equipe para ficar monitorando a situação e, se for o caso, iniciar as ações necessárias”, afirmou o prefeito.

Segundo ele, as equipes da Defesa Civil e da Assistência Social do município estão acompanhando de perto o cenário. A expectativa é que o rio comece a dar sinais de vazante a partir da manhã deste domingo.

VEJA O VÍDEO:

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Defesa Civil emite alerta de alto risco de inundação no Acre neste domingo

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Foto: Sérgio Vale

A Defesa Civil do Acre emitiu um alerta de alto risco hidrológico para este domingo, 28, diante da previsão de fortes chuvas em Rio Branco e em outras regiões do estado. O aviso aponta alta possibilidade de transbordamento do Rio Acre e de seus principais afluentes, o que pode provocar inundações em áreas urbanas e rurais.

De acordo com o órgão, o cenário é de atenção máxima, especialmente nas localidades ribeirinhas e em áreas historicamente atingidas por cheias. A previsão indica volumes elevados de chuva, capazes de provocar elevação rápida dos níveis dos rios.

Em Rio Branco, a situação já é considerada crítica. O Rio Acre encontra-se aproximadamente meio metro acima da cota de transbordamento, medindo 14,40m ao meio-dia, com vários bairros atingidos e os abrigos começaram a ser montados no Parque de Exposições Wildy Viana.

A Defesa Civil reforça que a população dessas áreas deve permanecer atenta aos comunicados oficiais e seguir as orientações de segurança.

O alerta permanece válido enquanto persistirem as condições de chuvas intensas previstas para o estado.

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Regularização fundiária beneficia quase 40 mil pessoas e reforça protagonismo feminino

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A entrega de títulos definitivos de propriedade no Acre vai além da garantia documental e representa um impacto social direto para milhares de famílias. Levando em consideração dados do IBGE, que apontam que na região norte a média é de três pessoas por família, o número de títulos entregues pelo governo do Estado alcança um benefício indireto para quase 40 mil pessoas, que passam a viver com mais segurança jurídica, dignidade e acesso a políticas públicas.

A regularização fundiária assegura direitos fundamentais, fortalece a cidadania e possibilita que famílias tenham acesso a crédito, investimentos, herança legal e valorização de seus imóveis. Cada título entregue representa uma transformação concreta na vida de quem há anos aguardava o reconhecimento oficial de sua moradia ou área produtiva.

Esse trabalho segue os princípios da Lei nº 13.465, de 2017, conhecida como Lei da Regularização Fundiária, que trata da regularização urbana e rural em todo o país. A legislação estabelece, de forma clara, a preferência pela mulher no registro do título de propriedade, especialmente quando ela é chefe de família, reconhecendo seu papel central na manutenção e organização do lar.

A escolha do governador Gladson Camelí (PP) e da vice-governadora Mailza (PP) de montar um time majoritariamente feminino para conduzir esse processo no Acre reforça o compromisso com a Constituição Federal e com a promoção da justiça social. À frente do Iteracre está uma mulher, Gabriela Câmara, acompanhada por mulheres em posições estratégicas, como a chefia do cadastro, do patrimônio, do gabinete, da regularização urbana e da regularização rural. Um time forte, técnico e sensível à realidade das famílias acreanas.

Os dados nacionais reforçam a importância dessa política. Segundo o Censo do IBGE 2022, o Brasil registrou cerca de 7,8 milhões de mulheres vivendo com filhos sem a presença do cônjuge ou de outros parentes. Esse tipo de composição familiar estava presente em 11,6% das famílias em 2000 e passou para 13,5% em 2022, demonstrando que, a cada ano, mais mulheres assumem a chefia dos lares brasileiros.

Nesse contexto, a política de regularização fundiária executada no Acre ganha ainda mais relevância ao garantir que essas mulheres tenham seus direitos assegurados, promovendo autonomia, segurança e estabilidade para milhares de famílias. A entrega de títulos, portanto, não é apenas um ato administrativo, mas uma ação concreta de transformação social e valorização do papel da mulher na construção de um Acre mais justo e regularizado.

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